Dormi na casa dos Cullen, tia Alice me acordou bem cedo para me arrumar. Com essa baixinha de volta em minha vida minhas manhãs serão sempre assim. Tomei banho, sem lavar os cabelos. Quando saí do banheiro dela, me fez sentar numa cadeira e de lá só saí quando fiquei definitivamente pronta. Enfiou uma calça jeans clara em mim, uma blusa de mangas rosa - bebê com rendas de flores na borda, só não tirou meu all-star por que era “bonitinho”, me deixou usá-lo, em meus cabelos prendeu duas borboletas prata que balançavam as asas quando eu me mexia. Eu gemi.

– Não reclame, foi você mesma quem se recusou a ir com seu uniforme de líder! – disse ela animada.

– Argh!

– Elizabeth, se não se aquietar vou vestir aquele uniforme em você! – disse ela ameaçadoramente, então me calei, daquela baixinha se espera tudo. Ela me assusta as vezes.

– Alice, Lizzie!Vamos, senão chegaremos atrasados! – gritou Rosalie no andar de baixo.

– E eu nem tomei café! – eu reclamei.

– Para ficar bem vestida é preciso sacrificar algumas coisas Lizzie. – disse ela. Eu bufei irritada.

Me puxou pela mão e descemos as escadas. Indo para fora, onde nos esperavam.

– Vai no seu carro? – perguntou Edward.

– Vou sim. – eu disse – por que não vem comigo tio Emmett? – ele olhou meu carro com uma careta. Por que todos os garotos o olham assim?

– Er... Hã, acho melhor não. – disse ele.

– Por que? – perguntei.

– Por que... Por que... Hã, eu quero ir com meu mano! – disse ele e bateu no ombro de Edward levemente com o punho.

– Desde quando você...

– Argh!Ele não quer ir por que seu carro é muito feminino! – disse Tia Alice impaciente.

Olhei para o lindo carro, somos apenas eu e você!Eu pensei. Entrei animada em meu lindo Porsche.

– Tudo bem então, nos vemos na escola. – eu disse e dei a partida fechando o vidro automaticamente.

No caminho Edward tentou me ultrapassar, mas eu acelerava mais. Eu ria, eu uma quase humana e quase vampiro ganhava de um vampiro de verdade?Eu gargalhava alto, com certeza eles ouviam, mas escutei uma música no rádio e desacelerei. Era linda, eu amava de mais.

Cheguei ao estacionamento e o carro prata de Edward já estava ali. Peguei minha mochila e saí do carro trancando automaticamente com o botão. Eles com certeza foram pegar os horários então segui para minha primeira aula. Trigonometria. Segui para a sala, entrei e sentei no meu lugar.

Estava indo para o prédio seis para aula História America, quando virei ao corredor vi Taylor conversando intimamente com Henrique, fiquei estática no lugar. Droga!Teria que passar por ali!Eu choraminguei internamente.

Vai lá Elizabeth, você consegue!Eu pensava encorajadamente. A quem eu estou tentando enganar? Eu sou fraca e não vou conseguir!Algo me cutucou e eu dei um passo a frente, depois outro... Quando percebi já tinha passado por eles, nem olhei para trás e segui meu rumo.

– Sabe, hoje eu estou muito desanimada. – comentou Joane quando nos sentávamos com nossas bandejas de comida.

Eu ri.

Vi de longe quando Henrique chegou ao refeitório e Taylor o chamar. Depois de pegar seu almoço se sentou com ela, aquilo estava me incomodando. E ao mesmo tempo eu me repreendia por sentir isso, ele não era nada para mim. Eu nem devia me importar!Como disse, ele era um humano qualquer.

Os Cullen entraram no recinto e eu os chamei, negaram e eu fiz minha carinha pidona que ao mesmo era de anjinho. Reviraram os olhos, mas atenderam meu pedido. Edward me olhou um pouco hesitante. Ela nem vai perceber... Eu pensei Vai se admirar o quanto ela é distraída!

Ele riu discretamente, só eu sabia que estava rindo.

Sentaram-se à mesa, Joane que estava se deliciando com seu iogurte de morango, olhou para cima pela movimentação. Olhou eles boquiaberta.

– Joane, esses são Edward, Bella, Alice, Jasper, Emmett e Rosalie, são meus er... Primos. Isso, primos distantes.

– Por que nunca me contou sobre eles? – perguntou ela a mim um pouco magoada.

– Eu já contei sim, os Cullen lembra? – eu disse e ela deu um sorriso sem graça.

– Ah, claro. É um prazer conhecê-los. – disse Joane a eles.

– Oi. – disseram juntos, menos tia Rosalie. Que achava qualquer humano uma ameaça. Mandei um olhar reprovador à ela.

– Estranho o Henrique não sentar com a gente hoje não é Lizzie? – perguntou Joane de repente descontraída.

– Sabe que eu nem notei. – eu disse a ela. Que me olhou confusa, dei de ombros.

Alguém pigarreou atrás de mim. Me virei lentamente.

– Oi Lizzie. – disse Nicholas.

– Oi.

– Como está a cabeça? – perguntou ele.

– Não dói mais.

– Desculpe novamente. – disse ele.

– Tudo bem, são águas passadas. – eu lhe assegurei. Sorriu.

– Ok, vou indo até mais. – disse ele.

– Até. – acenei.

– Quem é ele? – perguntou Bella – ele é familiar.

– Ah, é o Nicholas Newton. – eu disse, Edward fechou o punho com raiva. Calma. Foi um acidente e mais não gosto dele!Eu pensei o tranqüilizando, que relaxou um pouco.

– Lizzie! – sussurrou Joane. Olhei para ela.

– O que?

– A Taylor, está vindo aqui! – disse ela aflita.

Enrijeci na cadeira e esperei com o nariz empinado. Um sorriso escapou de meus lábios. Vi de relance o sorriso de orgulho de tia Rose.

– Elizabeth Black... – começou ela quando chegou até mim – estou esperando uma resposta. Do por que não apareceu no ensaio ontem! – sua voz subiu duas oitavas.

– Primeiro, não grite, minha cabeça vai explodir!Segundo, não te devo nada. Não pude ficar pelo simples fato de que eu estava passando mal e minha cabeça estava fraturada. Então não pude ficar para o ensaio. – eu disse calmamente.

– Muito bem, mas não fale novamente assim comigo. – disse ela e voltou ao lugar.

– Vai sonhando. – eu murmurei.

O sino tocou e levantamos, indo para nossas aulas.

Joane e eu esperávamos em frente ao ginásio as garotas chegarem, eu disse a minha família que iria depois do treino então foram embora. Finalmente elas chegaram, mas com uma nova pessoa ao seu lado.

– O Henrique vai assistir o treino hoje. – disse Taylor sorrindo.

Dei de ombros.

– Oi Lizzie. – por que meu senhor?Ele não podia simplesmente seguir seu rumo?

Assenti e dei um leve sorriso. Durante todo o ensaio ele não falou comigo de novo. Seguíamos os passos de Taylor que estava na frente.

– Me dê um T, me dê um I me dê um G um E um R um S! Vaai Tigers! – dizíamos, e agitamos os pompons. – Um dois os Tigers te derrotam depois, três quatro eles te mandam para o espaço, cinco seis desistam de vez! – agitamos novamente os pompons.

Repetimos mais uma vez.

– Lizzie, não temos muitas coreografias, que tal fazer algumas? – perguntou Taylor.

– Tudo bem. – dei de ombros. Joguei meu cabelo para trás, Joane e eu nos dirigimos à arquibancada, pegamos nossas mochilas e saímos, era o jeito voltar com o uniforme para casa. Não estava com cabeça para ir me trocar.

– Crie os melhores passos! – disse Joane sorrindo animada.

– Pode deixar. – eu disse, caminhamos até o estacionamento. Cheguei até meu carro. – tchau Joane, até segunda.

– Tchau amiga. – disse ela, me abraçou e entramos em nossos carros. – vou te ligar várias vezes hein. – gritou da janela de seu carro.

– Estarei esperando. – eu gritei de volta. Dei a partida e segui meu rumo.

Tia Alice me acordou cedo na manhã de sábado, para organizar a pequena festinha surpresa para mamãe e papai.

– Por que eu tenho que fazer isso?Não pode fazer sozinha tia? - perguntei bocejando – hoje é sábado!O começo do feriado!Todos acordam tarde! – eu reclamei.

– Não, isso vai mudar comigo aqui agora.

– Disso eu tenho certeza! – eu disse e Bella deu uma risada.

– Pare de reclamar, está parecendo Bella reclamando!Vamos ao trabalho! – cantarolou tia Alice animada. Só está baixinha mesmo para me obrigar a fazer as coisas , ela colocou tio Emm, tio Jasper e eu para fazer as coisas da festa, ela me encarregou a encher as bexigas e arrumar a mesa de comida.

– É para você arrumar os doces, não come-los! – disse tio Emmett.

Dei de ombros e pus um brigadeiro na boca mastigando devagar para melhor saborear. Gemendo, estava delicioso.

– Ah, Lizzie, não vai sobrar nada! – queixou-se tia Alice.

– Não sei qual é o propósito dessa festa, já que eles nem estavam viajando nem nada. – eu disse.

– É que queremos surpreende-los, já leu ou assistiu Alice no país das maravilhas? – perguntou ela me fitando.

– Sim.

– Então?O chapeleiro maluco junto de seus amigos festejam mesmo sem propósito. Por que não podemos fazer isso também?Vamos imaginar uma festa de...

– Desaniversário? – eu perguntei rindo. Me lembrando do filme Alice no país das Maravilhas.

– Na uh! – disse ela desgostosa, por eu estar brincando com ela.

– Uma festa de... Desorganização! – eu disse sorrindo de repente.

– Deso... o que? – perguntou ela.

– Desorganização! – eu repeti.

– Como é isso?

– Uma festa onde é tudo desorganizado? – eu perguntei por que era óbvio!

– Na uh, é muito desorganizado!

– Tia vai ser legal!Vamos, derrubem algumas coisas no chão, as bexigas todas no carpete, os enfeites alguns rasgados e jogados por aí! – eu disse e tio Emmett fez tudo com vontade – espalhe os confetes por cima de tudo, Vó Esme vai ama isso! – eu disse sarcasticamente.

Tudo já estava pronto, tudo espalhado e bagunçado, isso que é uma festa de Desorganização!

– Olha a faixa!Está torta! – disse tia Alice com as mãos na cintura e fazendo beicinho.

– Claro, é uma festa de desorganização, queria o que? – perguntei a ela.

Ela gemeu. Pela primeira vez eu é que fui a cabeça hoje para organizar, ou melhor, desorganizar uma festa. Subi para o quarto dela e tomei um banho, pois estava precisando. Saí do banheiro e ela já me esperava com aquele sorrisinho!

– Há-há pode ter arrumado tudo, mas eu é que mando agora! – disse ela, eu gemi contrariada.

Fez uma maquiagem leve em mim, separou um vestido de algodão verde oliva com rendinhas de flores nas bordas, uma sapatilha cor creme, me fez vestir tudo sem reclamar, não queria sofrer as conseqüências. Fez leves cachos nas pontas de meu cabelo naturalmente ondulado.

– Prontinho, está linda. – disse ela e me colocou de frente ao espelho. Pela primeira vez concordava em algo com essa baixinha.

– É. – disse ainda em transe. A garota no espelho sorriu levemente, analisando cada parte dela.

Desci as escadas, tia Alice foi se arrumar. Todos já estavam apresentáveis, até vô Carlisle tinha retornado de seu novo trabalho.

– Fiu, fiu! – assoviou tio Emmett quando eu entrei no campo de visão deles. Senti minhas bochechas esquentarem.

– Não precisa sentir vergonha meu bem, está linda. – elogiou vó Esme.

– Obrigada vó. – eu agradeci.

– É com você agora Lizzie. – disse Edward e estendeu a mão me oferecendo meu celular, peguei e apenas procurei na agenda, apertei e esperei. Tia Alice acabava de descer as escadas e ficou ao lado de tio Jasper.

– Alô?Lizzie, está tudo bem? – perguntou mamãe preocupada.

– Sim, eu só queria pedir um favor a você e ao papai. – eu disse com minha voz encantadora.

– Então diga bebê. – disse ela.

– Eu quero que venham a casa dos Cullen direto.

– Por que?

– Mamãe! – a repreendi.

– Ok, ok sem mais perguntas, vamos aí, estamos chegando.

– Ta, beijos, até depois.

– Até depois bebê. – disse ela e desligou. Apertei “end.” E devolvi o celular ao meu avô.

– Uau, rápido! – disse tia Alice, sorri.

Esperamos um tempinho, quando escutamos o som do Rabbit que papai reformou há pouco tempo. Só sei que é um por que ele me disse. Sorri entusiasmada, amava surpresas, mas fazê-las não eram o meu costume e sim tê-las.

– Façam silêncio. – disse Tia Alice sem emitir som algum, apenas movimentou os lábios. Assentimos, como já estava escuro deixamos as luzes desligadas. Escutamos duas portas abrirem e serem fechadas em seguida.

– Tem certeza que ela veio para cá? – perguntou papai à mamãe.

– Sim, ela disse para vim direto. – disse mamãe, mas com certeza tinham passado em casa para tomarem banho. Eles caminharam para perto da casa e ouvimos o som da maçaneta rodar. – está aberta! – entraram lentamente e gritaram:

– Surpresa! – disseram eles, pois eu disse outra coisa.

– Tiaaa! A gente tinha combinado que seria Bem vindo a festa de Desorganização! – eu disse tudo num fôlego só.

– É muito grande!

– Não importa! – eu choraminguei. Depois que eu percebi que era surpresa para meus pais, olhamos para eles, que estavam paralisados nos lugares. – mãe! – eu disse estalando os dedos em frente ao seu rosto paralisado.

– O-o que? – disse ela.

– Não vai dar nenhum abraço em sua mãe? – perguntou Bella a ela. Piscou várias vezes, como se tentando se certificar que estava mesmo vendo Bella a sua frente, deu um passo a frente hesitante e mamãe já estava em seus braços. – senti tanto sua falta meu bebê! – passava a mão nos cabelos de Nessie.

– Eu... eu também mamãe! – disse ela e seus olhos brilharam com as lágrimas que caíram quando piscou. Sorri e percebi que chorava também. Passei a costa das mãos para enxugar meus olhos.

– Que festa hein. – comentou papai olhando ao redor.

– Foi idéia de Lizzie, uma festa desorganizada. – disse vó Esme.

– Essa é a garotinha do papai! – disse Jacob.

Riram de minha careta.

– Mais de onde tirou esse negocio de desorganização? – perguntou mamãe ainda abraçada com vó Bella.

– Como no filme Alice no País das Maravilhas!A festa de desaniversário do chapeleiro maluco! – eu disse.

– É muito inteligente meu amor. – elogiou papai.

– Obrigada papai. – eu disse vermelha. Ele riu.

Todos se cumprimentaram, abraços, elogios, etc. Conversaram bastante e papai quase devorou a comida toda. Junto er... comigo. Eu comi bastante.

– Agora que todo mundo fez as pazes... É hora da diversão! – disse tia Alice. Foi até o aparelho de som e o ligou, depois uma música horrível e a voz da cantora pior ainda preencheu a sala de estar.

– Alice, pelo amor de tudo que é sagrado! – queixou-se tia Rosalie tampando os ouvidos com as mãos teatralmente.

– O que é isso?Unhas de gatos arranhando a lousa? – perguntou vô Carlisle.

– Não, são gatos dentro de uma sacola de batata. – disse tio Emmett.

– Não gente, são gatos sendo torturados com água quente! – disse vô Edward.

– Você disse que era hora da diversão não a da tortura tia! – eu disse rindo e os outros me acompanharam.

– Chatos, ela é uma cantora nova. Não custa nada dar uma chance. – disse tia Alice.

– O caso é que, é muito ruim! – eu disse. – tem que melhorar muito essa menina, põe alguma música do Muse!

– Ok. – disse ela contente, pois gostava da banda Muse. Foi até o aparelho e pôs o Cd da banda. Logo a música Neutron Star Collision (Love is Forever) tocou e eu me juntei com tia Alice e juntas dançamos no centro da sala onde havia vários balões espalhados. Tiraram muitas fotos nossas, estava divertido.

Há quanto tempo não me sentia assim?Feliz?Meu coração só faltava saltar de tanta felicidade, mesmo assim, agora, mesmo tendo tudo de volta... Ainda faltava algo... Que eu não podia dizer o que seria, era a resposta que eu esperava ansiosa por saber.

– Está tão pensativa. – comentou mamãe quando eu estava num canto um pouco afastada dos outros. Sentou ao meu lado no começo da escada.

– Não é nada. - menti. Ela ficou calada, o que me fez virar o rosto e fita-la. Ela arqueou a sobrancelha esperando. Respirei fundo. – bem, mãe, eu... Sinto um vazio aqui. – pousei minha mão em cima do coração. – não pense que não estou feliz, não é isso. É que... – deixei a frase morrer.

– Entendo, como disse a você, jamais uma única pessoa nesta terra, neste mundo, não tenha amado alguém, é difícil isso acontecer meu amor. Todos sempre acabam amando alguém... – disse ela com um sorriso enorme. E eu entendi... Ela estava feliz por possivelmente eu estar amando alguém!Levantei-me num milésimo de segundo.

– Espera, não acha que eu estou amando não é? – eu ri. – mãe, não imagine coisas!Eu só... – suspirei o que ia dizer?Sinto algo por um humano e eu não sei explicar o que é isso?

– Lizzie!Não é nada disso! – a felicidade no seu tom de voz a denunciou.

– Mãe!Eu não amo ninguém. – eu disse calma de repente.

– Tudo bem. – disse ela ainda sorrindo. Mais que coisa!

Fui até o aparelho de som e coloquei uma música animada, Katy Perry, Firework. Dancei sozinha, depois o pessoal se juntou a mim. Estava demais. Esqueci da quase discussão entre mim e mamãe.

A noite se passou assim. Todos juntos novamente, mas vô Carlisle teve que voltar ao trabalho em Seattle, conseguiu trabalhar como médico geral no hospital de lá. Como eu não conseguia mais resistir ao sono, ele me venceu e tio Emmett junto de tio Jasper teve que arrumar a bagunça da festa.

Dormi rodeada pelas pessoas que eu amo demais. Aquele que amor que chegava a doer. Meu avô tocou a canção que fez para mim no piano e assim eu dormi.