Fui levada a uma sala embaixo de toda a mansão, o lugar era escuro e parecia úmido, na sela só havia um colchão nojento que estava no chão imundo, o segurança, um cara alto, forte de cabelo e olhos claros me prendeu ali e se sentou numa cadeira de frente para a sela e ali ficou me olhando, ou melhor, vigiando.

-quanto você vai ganhar pra ficar aqui me vigiando nesse lugar imundo?

Perguntei e ele não respondeu me encarou sem paciência.

-te pago o dobro.

Disse sorrindo e ele revirou os olhos. Ainda bem que não aceitou. Nem dinheiro eu tenho, nesses últimos dias eu e Bodhi roubamos dos mercados durante a noite.

Bodhi...

Como aquele cara teve coragem de matar Bodhi ali na minha frente, pior como Elena, a mulher que me trouxe ao mundo que me deu a vida, como ela pode estar fazendo isso? Tirando-me tudo que eu tenho. 1° Tom, agora Bodhi, quem vai ser o próximo?

Uma lágrima solitária escorreu de meus olhos, me deixei escorregar pela parede e cair no chão, deitei a cabeça nos joelhos e a lágrima solitária se transformou em um choro com soluços.

Tentava limpar as lagrimas dos olhos, mas era um esforço inútil, pois outras se seguiam, levantei o rosto e olhei para o segurança que olhava pro teto, na tentativa de me dar privacidade.

-pode ao menos me dizer porque diabos estão fazendo isso comigo?

-pelo mesmo diabo que matou a irmã de seu amigo Bodhi.

Bufei e revirei os olhos. Tinha de dar um jeito de sair dali e não ficar sentada no chão molhado chorando, se não saísse daqui iria perder mais pessoas, e não queria nem pensar nessa possibilidade.

Levantei-me e fui até as grades da sela, olhei pro homem tentando encontrar seus olhos naquele lugar escuro, mas não consegui, então assim mesmo falei:

-eu não tenho como te pagar o dobro do que eles te pagam. Pelo menos não enquanto estiver presa aqui.

-sabe me dizer qual é o dobro de NADA?

Arqueei a sobrancelha e disse:

-então não ganha nada pra fazer isso?

-não.

-então porque ainda está aqui?

-isso não é da sua conta.

-tudo bem, me desculpe, não quero me intrometer na sua vida.

Voltei pro meu canto e me sentei, ficamos em silencio até ele resolver falar novamente.

-você é diferente dela.

-dela quem?

-sua mãe.

-ela não é minha mãe.

-eu sei que deve odiar ela.

-mais que tudo nessa vida.

-eu infelizmente não posso dizer o mesmo.

Não iria perguntar por que e parecer uma intrometida de novo, então disse:

-só, por favor, me diga por que ela está fazendo isso comigo?

-ela quer ser a única com esses poderes, ela pode ter todos os poderes se quiser e tem, mas ela tem limitações, não pode passar os poderes dela pra qualquer pessoa, só pra quem ela realmente ama o que significa ninguém. Mas você também consegue ter todos os poderes e tem a maioria, só que diferente dela pode passar seu poder especial pra qualquer pessoa, e por isso ela está furiosa, diz que ela é e sempre foi a única e tem de continuar assim, mesmo que isso siguinifique matar a própria filha.

Concordei, pensando no que ele disse então a resposta que dei a Bodhi não era verdadeira, quer dizer não nesse sentido, eu realmente amava Bodhi e vou ser grata á ele eternamente.

-como eu pensava. Elena é só uma pessoa insensível e imoral, que só liga para seus próprios interesses e não vê problema algum em matar e enganar pessoas pra conseguir isso.

Ele escutou e não disse nada, pensava no que eu disse pra ele sobre Elena e isso me fez lembrar.

-porque não consigo ler a mente da maioria aqui?

-todos nós aprendemos a colocar um tipo de escudo na mente para pessoas como você. Mas alguns como eu não gosta de colocá-los.

-há entendi.

-o que você pretende fazer?

-ir embora daqui, mas só depois de matar todos.

-só peço uma coisa.

-o que?

-mate todos, mas deixe o líder comigo.

-não gosta dele?

-o odeio. Na verdade dois favores. Não mate meu irmão.

-e quem é ele?

No mesmo minuto um homem baixo de cabelo curto e olhos claros, bonito entrou no meu campo de visão.

-fazendo amizade com a prisioneira Sammy.

Disse ele com um tom brincalhão olhando pra mim.

-prazer Dean, irmão do Sammy.

-prazer, Taylor.

-é nós sabemos, todos sabem por aqui.

Eu sorri e Sammy olhava pra nós dois, se levantou da cadeira e deu lugar pro irmão mais baixo.

-acabou meu turno Taylor, até amanhã.

-até.

Dean olhou pro irmão e disse:

-se cuida maninho e coloca o escudo.

Sammy assentiu e saiu de la me deixando com seu irmão.

Fiquei em silêncio e Dean ficava me olhando, finalmente disse:

-o que está achando do seu quarto no melhor hotel de toda a Alemanha?

-ótimo. É tudo tão bonito e aconchegante.

Ele riu e eu o segui rindo, pela primeira vez estava rindo no dia inteiro, de verdade, sem sarcasmo ou cinismo, duas coisa que Tom odiava em mim. Acabei me lembrando de sua voz ao telefone.

-se ao menos tivesse pegado o celular.

Pensei em voz alta e Dean disse:

-não iria pegar, não aqui embaixo de tudo.

-é mesmo.

-então já tem algum plano?

Todos aqui esperavam que eu me revoltasse contra todo o conselho?

-plano? Eu não sou boa nisso. Literalmente.

-e quem bolou o plano pra invadir aqui?

-meu amigo. Bodhi.

-sinto muito por ele.

-está tudo bem, eu vou passar por essa, não vou deixar que a morte dele seja em vão.

Ele assentiu e disse:

-se tiver algo que eu possa fazer é só falar.

Pensei um pouco. Tinha de armar um bom plano. E com toda certeza precisaria de ajuda.

-consegue um desenho de toda a planta da casa e seus esquemas?

-Sammy pode cuidar disso.

Ele disse piscando pra mim.

-ótimo. Consegue armas ou qualquer coisa do tipo que possamos usar contra eles?

-claro, no meu carro existe um arsenal.

Sorri, um plano estava tomando forma em minha mente.

-sabe lutar você ou o Sammy?

-o que?Sabe com quem está falando senhorita Taylor?

Ri de sua pose de super-herói barato e disse:

-eu fiquei com os melhores seguranças do mundo.

-só tem um pequeno problema.

-o que?

-vai ter de bolar um plano, aprender a usar uma arma e a lutar no período de uma semana.

-nossa eles até marcaram o dia de minha morte. Que organizados.

Ri, não com sarcasmo, uma semana era tempo suficiente pra aprender a lutar e usar uma arma, o único problema mesmo seria bolar o plano.

-é tempo suficiente.

Dean sorriu e piscou pra mim.

-você é das minhas.