Capítulo 49: O Arquipélago de Esmeralda, decisões tomadas podem ser revertidas?

Hellt estava em seu quarto, rabiscava em seu caderno, pensava em muita coisa: passado, presente, um futuro, porém o barulho constante lá fora o impedia de se desligar da realidade.

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- COMO VOCÊ PODE QUEBRAR A BÚSSOLA ASSIM? – Rebeka fala em posição de soco desferido pra baixo, Daniel estava pregado no chão, ele recebera o soco da navegadora por quebrar a bússola dela.

- Go to hell! De novo Daniel! – Gabriel fala com desânimo.

- Como assim? Que tipo de pessoa quebra uma bússola dentro de um navio duas vezes? – Jonas pergunta não acreditando na reincidência do ato.

- Foi sem querer daquela vez e foi sem querer agora, desculpa... – Daniel fala, porém começa a ser chutado pela navegadora.

- Nosso honroso capitão fez isso para testar nossa capacidade! Temos que superar tudo se quisermos ser piratas, é essa a lição que ele quer nos ensinar! – Naty fala com chamas nos olhos.

- Go to hell! Queria ter sua fé! – o músico fala pra espadachim.

- Olha, o arquipélago de Esmeralda... – Jonas fala ao avistar aquelas ilhas no horizonte. – Talvez eles tenham outra bússola lá...

- Não se preocupa, eu tenho mais uma bússola reserva, problema que é a última, dá pra gente se virar... – a navegadora fala acalmando a tripulação, de repente a porta se abre bruscamente, Hellt sai de dentro do navio e vai até a borda, todos os olham.

- Esmeralda... Como será que estão as coisas lá? – ele pergunta pra si mesmo olhando as ilhas, então ele se vira para seus companheiros e começa a falar-lhes:

- Senhores é aqui que eu desço... – “desço? Como assim?” a tripulação pensava naquelas palavras. – Foi um prazer viajar com vocês, mas agora estou em casa...

- Casa?! Você vai embora Hellt? – o capitão pergunta e o desenhista responde positivamente o que causa o desespero do garoto. – Não Hellt você não pode ir, não gosta mais da gente?

- Não tem nada disso Daniel, eu sempre falei que desceria na minha casa, que não sou pirata, não se lembra garoto? – o desenhista fala.

- Eu lembro sim, mas eu pensei que ia fazer você mudar de ideia... Sou eu né? Eu posso mudar, posso ser menos bobo se me esforçar aí você não vai ficar bravo mais e... – o garoto fala quase chorando.

- Daniel não torne as coisas mais difíceis, você é um excelente capitão... – Hellt tenta acalmá-lo.

- Go to hell! Então porque não fica no navio? A gente precisa de você aqui, o Daniel precisa... – o músico fala tentando convencer o desenhista.

- Você é um guerreiro honrado Hellt, não abandone sua honra! – Naty também argumenta com alteração contra a decisão do desenhista.

- Não existe honra pra quem abandona sua família e nem pra quem se rende a vingança. – Hellt fala com a mão no rosto, era visível que segurava o choro.

“O Daniel chorando, o Hellt chorando, a Naty alterada, não entendo o que ta havendo com eles? Hellt é tão importante assim? Ele me ajudou bastante na luta contra a marinha, mas um cara tão rabugento... Eu não imaginava que ele fosse tão importante assim na tripulação!” Jonas pensa calado.

- Hellt olha... Você não quer pensar melhor? Você não acha que é meio de repente essa decisão...? – Rebeka fala tentando fazer o desenhista mudar de ideia. – Se bem que você sempre falou que não era pirata...

- Rebeka, por favor, pára a caravela. – o mais alto pede educadamente.

- NÃO! – o capitão grita. – Não faz isso Rebeka, se o navio não parar ele não pode descer e vai ficar aqui! – Daniel fala imperativamente.

- Daniel não é assim que as coisas são resolvidas, você não pode obrigar que ele fique aqui se ele não quer. – Jonas argumenta.

- Mas eu não quero que ele vá embora Jonas, eu não quero... – era assustador para a tripulação o quanto seu capitão estava triste e desesperado.

- Não precisam parar, eu coloquei minhas coisas nessa mochila impermeável, posso ir nadando até lá.

- Mochila impermeável?! Hei essa mochila é minha! – Jonas fala nervoso. – Como você descobriu o código para abrir a mochila? Você ta levando minhas coisas? Você mexeu nelas? – o atirador estava visivelmente preocupado se o desenhista havia mexido em seus pertences.

- Eu aprendi seu código te observando abrir e fechar a mochila, tirei todas as suas coisas daqui e deixei no quarto, não se preocupe eu não mexi em nada. – o mais alto fala e logo em seguida pula no mar.

- Não Hellt!!! – Daniel fala desesperado correndo para pular no mar, a tripulação o segura forte para que ele não pule.

- Me solta, eu não posso deixar ele ir! Eu não posso... – ele movimenta o corpo de forma a tentar se soltar, porém um movimento de sua mão acerta Rebeka e a derruba.

- Não Rebeka... Desculpa, desculpa... – a navegadora parecia desacordada, a queda lhe causou um galo na cabeça, entretanto não se machucou sério. Ela abre os olhos e o capitão a abraça. – Me perdoa Rebeka, não vai embora também! – o desespero se torna cada vez mais latente.

- Não se preocupa garoto, foi só um acidente eu to bem. – a navegadora fala tentando o tranquilizar.

- Não dá pra pegar ele agora, ele nada muito rápido! Desgraçado levou minha mochila! – o atirador fala furioso.

- Qual é o seu problema Jonas? Por que você não gosta do Hellt? Ele lutou contra a marinha pra te salvar se lembra? – o capitão fala repreendendo o atirador.

- Eu sei... É que... Desculpe... – o jovem de óculos responde meio sem graça.

- Eu vou pro quarto. – o jovem capitão fala e se vai pro interior da caravela.

- Falei merda demais! Parabéns Jonas! – o atirador fala pra si mesmo se sentindo muito mal pelo que fizera.

- Não se preocupe cara, o Daniel ta assim por causa do Hellt ir embora, ele não ta realmente bravo com você go to hell! – o guitarrista fala. – Muito foda isso, o Hellt ta aqui há tanto tempo que eu não pensei que ele fosse realmente embora.

- Apelar para a honra dele não adiantou para fazê-lo ficar, é uma pena realmente. – a espadachim também argumenta. – Não se preocupe honroso atirador, nosso capitão reconhece seu valor e sua honra, ele só está de cabeça quente.

- Ai, eu vou parar a caravela pra cuidar do galo na minha cabeça, a gente aproveita e pensa no que vamos fazer certo? – Rebeka fala com a mão no galo em sua cabeça, de fato viajar com um navegador com a cabeça ruim não é uma atitude lúcida.

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“É estranho estar de volta, toda volta é estranha...” Hellt pensa ao sair da água na praia, ele caminha adentrando a ilha até chegar num simples vilarejo, era onde Hellt nasceu e viveu, é onde sua casa está. Ele passa numa barraca de flores e compra algumas tulipas, foi quando uma voz familiar lhe chega aos ouvidos.

- Bem vindo de volta garoto... – era uma voz masculina, grave e mais velha, Hellt se vira e sorri.

- Augusto, há quanto tempo...!– o mais alto abraça aquele senhor, Augusto era baixo e calvo, possuía barba e bigode brancos assim como seu cabelo, andava de bengala e meio encurvado, tinha um sorriso sincero e agradável.

- Você cuidou bem da minha casa e da minha horta Augusto? – Hellt pergunta.

- Cuidei como se fosse minha, eu sempre cuido garoto... – o senhor de idade fala sorrindo o que provoca risos em Hellt também.

- Então deixa eu ir, to morrendo de saudades deles! – o desenhista fala e se dirige para o que seria sua casa, adentrando mais o vilarejo. O velho senhor pensava sorrindo: “Esse garoto ta sempre com pressa, vou tentar acompanhá-lo para que ele me conte as novidades...”

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Batidas na porta do quarto são escutadas no interior da caravela ACD.

- Daniel, sou eu o Jonas, eu posso entrar? – o atirador pergunta e não ouve resposta, decide entrar assim mesmo, o gordinho estava sentado numa rede folheando um caderno.

- Eu só queria te pedir desculpas Daniel, você tem toda razão, é muita ingratidão minha, o Hellt salvou minha vida lá na marinha mais de uma vez e eu só pensei na minha mochila. – o atirador fala se aproximando do garoto.

- Não foi culpa sua, aquela mochila deve ser importante pra você né? Eu que não deveria ter falado daquela forma... – o garoto fala ainda folheando.

- Quem fez esses desenhos todos? – o jovem de óculos pergunta.

- Foi o Hellt, esse caderno é dele... – Daniel fala mostrando os desenhos que folheava. Hellt havia desenhado os inimigos e aventuras que passara na tripulação, na últimas páginas desenhos de pessoas que nenhum deles havia visto, casais, crianças, idosos, olhar aqueles desenhos deixava o jovem capitão feliz, foi nesse instante que Jonas teve uma ideia:

- Cara, mas o Hellt é realmente um “feioso!” – fala fazendo referência ao xingamento que Daniel usa. – Como ele pôde ter esquecido o caderno dele aqui? Agora a gente é obrigado a descer do navio e levar pra ele, aí quem sabe aproveitar pra convencê-lo a voltar... – a sugestão de Jonas causou uma feição de felicidade incontida no menino.

- Isso mesmo, que ótima ideia! Jonas fala pra todo mundo que a gente vai atracar nas ilhas Esmeralda, o Hellt vai voltar se a gente conversar direito eu sei! – o garotinho fala e o atirador sai do quarto, do lado de fora Rebeka ouvira toda a conversa, ela havia se dirigido ao quarto dos garotos para conversar com o menino.

- Valeu Jonas, obrigada por trazer a alegria do garoto de volta, estava começando a ficar preocupada com ele. – a navegadora fala com um leve sorriso.

- Não se esqueça que eu também faço parte dessa tripulação. – o jovem fala, também sorrindo, e se dirige correndo até a parte superior da caravela, lá Naty e Gabriel observavam o horizonte.

- Tenho medo que essa viagem pirata termine guitarrista do inferno, o espírito de nosso honroso capitão está despedaçado, temo pelo fim da tripulação. – ela fala, mas antes que o garoto pudesse responder algo Jonas bate a porta saindo ferozmente de dentro da caravela.

- Preparem-se, vamos descer e trazer Hellt de volta! – o atirador fala decididamente, contudo será que uma decisão tomada poderá ser revertida?

Preview:

- Esse lugar é bem simples não é? – Jonas fala observando as construções ao redor, usava as mesmas roupas de quando conheceu seus nakamas.

- Onde será a casa do Hellt? – Daniel pergunta olhando atentamente para as pessoas....

- Acho que seria bem útil se perguntássemos as pessoas onde o Hellt mora, acho bem possível que as pessoas saibam. – a espadachim opina...

- Ótima ideia Naty! Vamos perguntar... – Daniel fala animado e começa a correr pra frente, porém olhando para seus colegas atrás de si, a colisão com alguém era inevitável, ele trombou com um senhor idoso. – Desculpa senhor. – ele fala sem graça, por sorte foi uma trombada leve e o senhor não se machucou.

- Não tem problema garoto... – o idoso fala sem prestar muita atenção no jovem capitão, até que ele olha bem pro garoto e sua feição muda, estava surpreso agora. – Daniel?! Isso é... – o senhor perde a fala.

- Você conhece esse homem Daniel? – Jonas pergunta.

- Não que eu me lembre. – o gordinho responde ao atirador...

Próximo capítulo: Revendo a família, um passado que jamais será esquecido, parte I