Capítulo 11: A bússola quebrada e a necessidade de um navegador

Aquele dia passava devagar, Gabriel dormia no saguão, Hellt estava no leme e Daniel estava olhando o horizonte debruçado.

- Que tédio!!! O dia hoje ta muito chato! – o gordinho estava muito chateado com o dia parado. – Gabriel acorda, acorda cara... – Daniel falou balançando o guitarrista tentando acordá-lo, difícil missão, o sono do músico é pesado.

- Gabriel olha a Lucinda te chamando! – Hellt viu a insistência de Daniel e resolve ajudar falando tais palavras, Gabriel acorda.

- Lucinda... Onde? – Gabriel falou meio zonzo, o gordinho falou pra ele que queria ouvir uma música, queria festejar para afastar o tédio. – Tédio? Go to hell pro tédio! Comigo e minha guitarra aqui não existe o tédio!!! – Falou o adolescente decidido e começou a dedilhar sua guitarra freneticamente, tocava uma música que ele chamava de black in black.

- Rock é muito legal! – Daniel falava enquanto curtia a música do guitarrista.

- Tomara que não demore chegar na próxima cidade, precisamos comprar comida de novo, o Daniel come bastante. – Hellt falou fechando os olhos por um instante, quando os abriu foi instintivamente pegar a sua bússola foi então que notou que ela não estava no lugar onde a deixara. – Cadê a bússola? – o desenhista falou assustado.

- Aqui Gabriel essa é a coisa que aponta as cidades que eu te falei que o Hellt tem. – o mais baixo falou mostrando a bússola em sua mão para o músico.

- Isso é uma bússola comum Daniel, não é algo tão estranho como você disse. – o guitarrista falou.

- Hei moleques! Devolvam minha bússola, eu preciso dela! – o artista falou nervoso.

- Devolve isso pro Hellt cara, se isso quebrar a gente se fode muito! – Gabriel falou com consciência pois sabia a importância gigantesca de uma bússola.

- Ta eu vou entregar, opa... – esse “opa” soou nos ouvidos de Hélio e de Gabriel de forma latente.

- Gabriel me fala que ele não quebrou a bússola... – o desenhista falou suando frio.

- Go to hell! Você quebrou a bússola cara?

- Foi sem querer. – o gordinho falou mostrando o artefato quebrado sorrindo sem graça.

- Não acredito nisso!!! – Hellt desceu até onde os garotos estavam.

- Calma cara, talvez a gente consiga consertar não é? – o guitarrista falou com medo, não queria ficar a deriva no oceano, porém escutaram um barulho de algo caindo no mar.

- Daniel não me diz que... A bússola caiu na água? – Hélio perguntou com muito receio da resposta.

- Foi um acidente desculpe. – Falou sorrindo para seus companheiros, Hellt o olhou com face e demônio para o garoto e começou a chutá-lo.

- MALDITO! ERA NOSSA ÚNICA BÚSSOLA!!! AGORA A GENTE TÁ A DERIVA SEU IDIOTA!!! – uma poeira subia dos chutes do desenhista.

- Go to hell! Eu saí de Liros pra morrer a deriva na primeira viagem?! – Gabriel falou apoiado no deck.

- É por isso que precisamos de um navegador. – Hélio se aproximou e falou com o músico.

- Vocês podiam pensar em alguma coisa pra gente escapar dessa. – Daniel falou todo inchado se aproximando deles.

- VOCÊ NOS COLOCOU NESSA SITUAÇÃO!!! – os companheiros do gordinho falaram nervosos ao mesmo tempo.

- Merda de situação! Vou cozinhar alguma coisa, de barriga cheia talvez a gente pense melhor... – essas palavras de Hélio animaram Daniel porém fizeram um calafrio correr pela espinha de Gabriel.

“Go to Hell! Acho que ainda não digeri o almoço de dois dias atrás, como esse cara consegue fazer comida tão mal?” era o que o músico pensava com uma face de pânico.

- Acho melhor você não preparar nada... – o músico falou.

- Algum problema com minha comida garoto? – o desenhista com sua face de demônio perguntou ao guitarrista.

Gabriel se lembrou daquele dia que instintivamente disse que a comida de Hellt era ruim e recebeu um soco que o jogou longe, depois deste golpe ficou desacordado por dez horas.

- É lógico que não, sua comida é ótima! – o adolescente disse suando frio. – Só falei isso porque nossa comida está acabando e não temos mais bússola, podemos demorar muito tempo até achar uma cidade ou ajuda pra nossa situação, é por isso que acho que deveríamos racionar comida por enquanto... – a desculpa foi boa, o desenhista concordou o gordinho não, Daniel queria comer de qualquer jeito só que Hellt falou com ele que eles só não comeriam porque ele quebrou a bússola, o garoto não aceitou tal coisa e a discussão se estendeu, eles nem repararam a aproximação de um navio enorme.

- Cansei de falar com você filhote de hipopótamo, não vai ter comida e pronto! – falou nervoso. – O que a gente realmente precisava nesse navio era um navegador, se tivéssemos um não estaríamos nessa situação brigando por comida... – Hélio falou pensativo quando Gabriel chamou sua atenção para a embarcação se aproximando, o músico deu a ideia de pedirem ajuda aquele grande navio.

- Acho que sua ideia não vai dar certo Gabriel. – Daniel falou. – Olha aquela bandeira, são piratas. – por incrível que possa parecer o gordinho estava certo, uma bandeira negra tremulava, ossos cruzados e um coração entre eles.

- Go to hell! Por que a gente não entra nesse navio quebra tudo e pega a bússola deles? – o músico deu a ideia.

- É uma boa ideia mas tenho certeza que o Daniel vai exagerar, ele vai afundar o navio antes que a gente ache a bússola. – Hellt se pronunciou.

- Uau caras! Eu não sabia que existiam mais dessas coisas que apontam as ilhas mais próximas. – a ignorância do garoto chega a assustar seus companheiros.

- Go to hell! Ele é saudável certo?

- Tem que ser né? Se Deus não desse saúde ele não teria mais nada! – Hellt falou e Gabriel concordou.

Nesse instante os três se juntaram e fizeram um plano enquanto que um pirata olhava em um binóculo a aproximação daquela pequena caravela.

- Capitã olha! Um barco a deriva com três pessoas.

- Me deixa ver... – a capitã pegou o binóculo de seu subordinado. – Estranho, o navio tem uma bandeira pirata mas seus tripulantes não parecem piratas? – de fato uma tripulação de três com dois meninos não era exatamente o que se esperava de um navio pirata. – Eles nem se vestem como piratas. – falava da roupa de Gabriel idêntica a do dia do salvamento de Lucinda, os buracos de bala foram costurados pelo desenhista, Hellt da cintura para baixo usava as mesmas vestimentas do dia do salvamento também, porém usava uma camisa cinzenta de abotoar e Daniel usava seu mesmo colete, bermuda e sandálias entretanto usava outra camisa branca, essa não tinha aquela linha para deixar a gola justa, essa tinha uma gola redonda. – Isso não importa, eles são alvos fáceis e vamos saquear o que tiverem!

Os piratas atracaram ao lado da caravela ACD e pegaram facilmente seus três tripulantes que nem esboçaram reação, os levaram até a presença da capitã que os amarrou no mastro principal a uma altura um pouco acima do piso, os piratas saquearam a caravela dos três jovens pegando dinheiro e comida, pegaram também os cassetetes de Hellt e a guitarra de Gabriel.

- Hellt... – Daniel chamou em voz baixa. – Essa é a pessoa mais estranha que já vi!

- É estranha mesmo, esse rosto não me é estranho, acho que ela tem uma recompensa. – o desenhista disse tentando se lembrar.

- Certeza que isso é gente? Parece uma criatura que fugiu do inferno! – o músico falou.

- Silêncio! – A mulher falou em voz alta. – Eu sou Olívia do grande martelo azul. – a pirata se apresentou, era uma mulher de estatura média e muito gorda, era de pele clara, seu cabelos cacheados e ruivos, seus olhos pretos, tinha uma verruga com cabelos em sua bochecha direita, usava botas com salto médio e um sobretudo azul igual ao grande martelo em suas costas e ao chapeu que usava, chapeu esse que possuía uma pena branca, tinha cílios postiços e muita maquiagem no rosto, usava um batom rosa que fazia um desenho de coração em seus lábios, atrás dessa notável mulher sua tripulação estava a sorrir e comemorar o dinheiro que achara naquela pequena caravela.

- Que bagunça é essa aqui em cima? Por que a gente parou? Eu disse que a gente tinha que sair daqui rápido porque tinha uma tempestade vindo não disse? – uma garota jovem fala em um tom em que todos escutam, ela estava descansando na parte interior do navio mas ficou transtornada com a parada demorada da tripulação naquele lugar no meio do oceano.

- Rebeka, que bom que resolveu se juntar a nós. – a capitã falou em tom de piada. – Saqueamos um navio a deriva, agora eu to pensando em como vamos matar seus tripulantes.

Rebeka se assustou com aquelas palavras, afinal daqueles três tripulantes dois eram garotos e um era só uma criança, ela pensava no quanto piratas são crueis, “não vou deixar um garotinho morrer na minha frente, mas o que eu posso fazer pra ajudar?” tentava formular algo para soltar aqueles jovens e libertá-los da fúria da mulher conhecida como Olívia do martelo azul.

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- Ta certo, faz o seguinte Olívia mata o mais velho e deixa os outros dois vivos. – Rebeka falou apontando para Hellt.

- Por que eu tenho que morrer? – Hélio perguntou nervoso.

- Cala a boca! Só um monstro para pegar crianças e transformar em piratas! – a garota respondeu também nervosa.

- Ta pensando que eu transformei esses merdinhas em piratas? Ta louca! – o desenhista retrucou ainda furioso.

- Fica quieto Hellt ela quer nos ajudar. – Daniel falou.

- Nos ajudar não, ela quer me matar e salvar vocês! – o artista continuava transtornado.

Próximo capítulo: O sonho de uma jovem navegadora e o plano executado