No dia seguinte acordei, lavei meu rosto, tomei café, vi tv, fiz de tudo, mas o tempo tudo pensando nela. Peguei meu celular e tentei ligar. Ninguém atendia. Esperei até de tarde, quando tomei banho e fui até a casa dela. Bati com força na porta e a mãe dela abriu.

-Demi? O que aconteceu? - Ela disse preocupada ao ver meu estado deplorável.

- Longa história, a Miley tá aí?

- Ela acabou de sair.

- Quando ela volta?

- No final do verão.

- QUE?! - Me engasguei.

- Ela foi pra casa da vó dela, ela acabou de sair, deve entrar no ônibus daqui a pouco.

- O ÔNIBUS VAI PRA ONDE? - Me desesperei.

- Seattle. Se você correr, quem sabe não consegue falar com ela?

- AH! BRIGADA! –Disse e corri até o carro.

Dirigi em altíssima velocidade até a Central Rodoviária. Passei por todos os sinais bem rápido. Ignorava o fato que um policial podia ver ou que eu podia sofrer um acidente. Parei em frente a Rodoviária e adentrei nela, esbarrando em todos. Parei em frente a um painel que mostrava os horários. O ônibus pra Seattle sairia em 5 minutos. Nesse momento, me via em câmera lenta, como num filme de comédia romântica, que o mocinho, bem no final do filme, corre desesperadamente atrás da mocinha. Tão clichê. Mas ela poderia me perdoar e ficar ou não me perdoar e entrar no ônibus pra Seattle. Continuei esbarrando em todos e quando cheguei na área externa, pude vê-la bem de longe entrando no ônibus. Continuei correndo pra me aproximar do ônibus. A pouco menos de 15 metros do ônibus, ele começou a andar. Vi Miley encostada na janela, ouvindo música. Parei em pé e desisti. Me apoiei nos meus joelhos e respirei.

(...)

- Nesse momento, eu sou a pessoa mais triste do mundo. - Falei pra Zac.

- Você ainda pode fazer alguma coisa.

- O quê? - Perguntei esperançosa.

- O ônibus dela saiu só tem umas 2 horas. Ela vai pra Seattle. Seattle fica a umas 17 horas daqui, de estrada. Seu pai ainda tem milhas na United Airlines?

- Tem, porque? - Perguntei sem entender. Ele fez um sinal com a cabeça e então caiu a minha ficha. Eu teria que pegar um voo pra Seattle e esperaria ela no terminal de lá.

- Mas relaxa, você só vai se estressar mais se sair agora. São 5 horas de avião. Pega o primeiro voo da manhã.

Fui pra casa, comprei passagens pela internet. O voo sairia as 6 da manhã. Fui dormir bem cedo, pra chegar bem cedo no aeroporto. Acordei as 4h, fiz uma mochila, tomei banho e as 5h, corri pro aeroporto. Quando cheguei no LAX, o voo sairia em 30 minutos. Entrei na recepção do aeroporto e olhei pro painel dos voos. Estava atrasado. Fiquei bem irritada. Sentia cada grama de adrenalina que corria no meu sangue, intensamente. Queria chutar tudo, entrar no avião e eu mesma pilotar. Fui no banheiro, lavei meu rosto e procurei me acalmar. Fiz o check-in e sentei num banco no meu terminal. Fiquei lá esperando. O voo atrasou 45 minutos, eu teria apenas 15 minutos pra chegar no terminal de Seattle. Durante o voo, eu não parava quieta. Tentei dormir, tentei me acalmar, não conseguia. Ficava pensando em todas as possibilidades. Em tudo que poderia acontecer. Ela não saía da minha cabeça nem por um segundo.

Corri pelo aeroporto de Seattle com a minha mochila. Nunca corri tão rápido. Nem naquela vez que saímos do restaurante italiano sem pagar. Era como se eu fugisse de um tigre prestes a me comer viva. Corri até não sentir minhas pernas. Peguei o primeiro táxi em frente ao aeroporto, despertando uma multidão enfurecida que esperava numa longa fila. Apenas ignorei os xingamentos e ordenei que o taxista fosse pro terminal de Seattle. Mandei ele acelerar como se dependesse da vida dele. Cheguei no terminal de Seattle e olhei pro painel. Dizia lá que o ônibus de Los Angeles chegaria em apenas duas horas. Senti uma raiva de Zac pelo erro de cálculo. Sentei em um banco em frente a estação que ela chegaria. Fiquei olhando pra área de desembarque o tempo todo. Depois de uma hora, acabei dormindo (tensíssima). Quando acordei, olhei no relógio. Já havia passado a hora dela chegar em apenas 5 minutos. Corri pelo terminal, procurando ela. De longe, vi uma senhora mais velha abraçando-a. Ela estava acompanhada da família. Todos sorriam. Aparentemente essa senhora era a vó dela. Me toquei que eu estava pensando demais e corri com a mochila nas costas mais uma vez na velocidade "tigre". Parei a uns 3 metros dela. Ela estava de costas, não me via.

- MILEY! - Gritei. Já estava sem forças pra correr. Ela virou-se graciosamente, ainda sem reconhecer minha voz, com um belo sorriso no rosto.

- Demi? - Ela perguntou com uma voz rouca. - O que você tá fazendo aqui?

- Eu vim, de Los Angeles. Só por você... - Então fui interrompida.

- Miles, ela tá te incomodando? - Um garoto da nossa idade perguntou.

- Tá tudo bem Ted. - Ela falou enquanto se aproximava de mim.

- Acredite, eu nunca percorreria essa distância pela Selena. - Falei com uma voz fraca. - Nem por outra pessoa. - Fiquei em silêncio esperando a reação dela. - Eu te amo, Miley. Você é a minha garota dos sonhos. Você é tudo pra mim. - Fiquei em silêncio de novo.

Sem fazer um ruído, ela se aproximou de mim com muitas lágrimas escorrendo.

- Eu também te amo. - Ela falou.

Nesse momento eu a puxei pela cintura e a segurei bem forte em meus braços. Encostei levemente meus lábios nos dela e a beijei lentamente. Ela pôs a mão no meu cabelo e começou a acariciar a minha cabeça. Cada vez que nos beijávamos, era ainda melhor. Foi como se tivéssemos ficado um ano sem nos ver. Senti algo se regenerando no meu peito. Senti o amor de volta a mim. Senti uma parte de mim de volta. A sensação era maravilhosa. Essa mistura de amor com alívio que me deixava nas nuvens.

- Eu nunca vou deixar você ir embora. - Falei quando paramos de nos beijar.

- Eu nunca vou embora. Nunca mais. - Ela falou limpando as lágrimas do rosto.

Olhei pra trás e vi a família dela com um enorme sorriso no rosto. A vó dela até chorava.

- Vamos? - Miley disse segurando minha mão. Adorava quando ela falava isso. Isso me deixava feliz. Eu estava feliz e ela também.