Olhei no meu relógio. Eram 17h em ponto, o horário combinado. Olhei em volta e não vi Miley. Esperei mais um pouco. Depois de cinco minutos, vi ela se aproximando de mim, a uns 50 metros. Quando então, de algum canto, surgiu uma sombra que me prendeu em seu abraço. Não entendi nada. Só pude sentir lábios úmidos tocando os meus. Não era a Miley. Não era tão bom quanto ela. Estava tudo escuro e ouvi na distância alguém gritando "IDIOTA!". Não entendi nada. O que era aquilo? O que estava acontecendo?

Empurrei aquilo pra longe de mim. Sem nem olhar o que era, corri atrás da Miley, que já tava longe. Gritei o nome dela mas nada adiantou. Ela sumiu em meio as pessoas que passavam pelo píer. Ao chegar em casa, tentei ligar pra ela. Nada. Peguei minhas chaves do carro, de novo, e dirigi até a casa dela. Bati na porta. Ela abriu e instantaneamente empurrou a porta, mas eu impedi que ela fechasse.

– SAI DAQUI! - Ela gritou. - EU TE ODEIO!

– Miley, foi uma armação. - Falei calmamente.

– NÃO! EU VI VOCÊ AGARRANDO A SEL, NÃO ADIANTA INVENTAR DESCULPAS. - Ela gritava muito alto. Ela chorava muito. Muito mesmo.

– Miley, não acredita nisso, por favor. - Minha voz começava a falhar.

– Sai da minha casa. - Ela abaixou o tom de voz, ainda muito irritada. - AGORA! - Ela tornou a gritar. Ainda não saí.

– Miley... - Falei.

– Tá tudo acabado. - Ela me interrompeu tirando o anel e jogando no chão. - Pode ir.

Peguei o anel e saí da casa dela derrotada. Quando entrei no carro, perdi as forças. Não consegui segurar meu corpo e senti ele caindo sobre o volante. Com a cabeça apoiada nele e as mãos no rosto, comecei a chorar compulsivamente. Tentei controlar mas não consegui. Era um sentimento muito forte que tomava conta de mim. Só queria ficar ali e chorar tudo que eu tinha pra chorar.

Só queria desaparecer, chorar, não sei o que eu queria. Queria a Miley, disso eu tinha certeza. Mas aquela vadia descontrolada acabou de nos separar.

Depois de mais de uma hora ali, só derrubando lágrimas, liguei o carro e dirigi pra qualquer lugar. Quando percebi, estava na casa do Zac.

– Nossa. Que péssimo. - Ele falou quando eu contei a história. - O que você vai fazer agora?

– Você vai a uma festa hoje?

– Vou, porque? - Ele perguntou curioso.

– Porque eu vou com você. - Respondi. - Preciso me distrair.

– Você precisa é conquistar ela de volta. Mas quem sou eu pra te dizer o que fazer?

Fiquei conversando com ele por um tempo, tentando ao máximo fugir do assunto Miley ou Selena. Quando anoiteceu, fomos no meu carro até uma festa na casa de algum amigo do Zac. Taylor, Tay e Liam estavam lá. Tay ainda parecia louca por Taylor e Liam estava péssimo, assim como eu. Agora eu o entendo. Nós dois perdemos Miley. A festa começou e eu comecei a beber. Bebi Vodka, Tequila, cerveja, tudo que eu podia beber, bebi. Nunca havia bebido na minha vida. Não achava isso legal, mas agora dane-se pro que é legal e o que não é. Quero matar essa dor horrível no meu peito. Esse vazio. E o álcool era incrível pra fazer esse papel. Bebi muito, cheguei até a dançar, coisa que eu nunca fazia. Nunca mesmo. Quando percebi, estava no chão e um círculo de pessoas estava ao meu redor, olhando pra mim. Depois disso, minha visão escureceu e não pude ver mais nada.

Quando acordei, estava na cama do Zac e vi algumas pessoas em volta de mim. Rezei para que Miley estivesse ali, mas quando minha visão ficou clara, vi Zac, Taylor e Tay. Taylor balbuciou alguma coisa relacionada a "Estamos indo". Ele e Tay saíram do quarto então.

– Demi? O que aconteceu? - Zac falou devagar e alto pra mim.

– Nem eu sei. - Falei coçando a cabeça.

– Você bebeu demais. Nunca vi alguém beber tanto assim. Achei que você fosse entrar em coma alcoolico. Você nunca bebeu.

– O que aconteceu hoje, doeu muito. Precisava de algo que curasse a dor. - Falei devagar. Ao tentar me levantar, senti uma pontada fortíssima na cabeça. - Agora preciso de algo que cure a minha dor de cabeça.

Quando me levantei completamente e olhei pela janela, vi que já estava claro. Olhei no relógio. Eram quase 14h. Passei o resto da tarde ali e só voltei a noite, quando já me sentia melhor. Desabei na cama quando cheguei em casa. Sonhei com Miley a noite inteira. Sonhei que ela ainda estava nos meus braços e dizia que me amava. Me beijava com grande intensidade. Era estranho como eu sentia aquilo tão forte, mesmo sendo um sonho.