Candor Lunar - Livro 1 escrita por Denise Kellner, AngusMarcos


Capítulo 8
Capítulo 8 - A Crise de Ciúmes de Renesmee.


Notas iniciais do capítulo

1000 Agradecimentos a BinhaBlack pela linda recomendação. Muito obrigada flor, por ser sempre tão simpática e carinhosa!!
Bora ler? Conversamos nos reviews...
Die



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A floresta fria me acolheu com desconfiança. Havia uma tênue tensão em cada folha de árvore e em cada gota de orvalho que pingava da vegetação úmida, tirei as roupas sem pensar muito e um segundo depois já corria pela mata em forma de lobo; menos de vinte metros eu já me amaldiçoava e retornava para abocanhar pelo menos as minhas calças, já havia aprendido a duras penas que por mais que não precisasse era sempre bom ter um par de calças por perto porque nunca se sabe quando precisamos delas.

“Seth...” – eu chamei com urgência.

“Jacob...”

“O que está havendo?”

“Embry, Paul, Sam e Jared emboscaram o vampiro intruso próximo à borda leste de La Push.”

“Jacob” – chamou Sam em minha mente – “Acho melhor você vir até aqui...”


Eu visualizei em minha mente o local em que os lobos me aguardavam, um pequeno e pantanoso vale que se espreguiçava pela ala mais ao leste da Reserva, uma planície curta e lamacenta aonde quase ninguém ia; na mente de Sam eu vi os acontecimentos que começaram quando Paul e Jared faziam uma busca pelo perímetro, eles deram de cara com um cervo morto recentemente cujo sangue ainda quase nem fora totalmente drenado, o cheiro do vampiro era muito fresco e eles o seguiram até este pequeno vale. Foi por isso que não conseguíamos distinguir seu cheiro, o odor era facilmente perdido em lugares com solos instáveis e úmidos como aquele charco; vi os lobos reunidos em volta de uma grande árvore.


“Seth?”

“Estarei lá num segundo, chefe.”

“Eu já estou próximo. Leah? Quilan?” – eu chamei porque querendo ou não, Quilan pertencia a minha matilha por ser filho de Leah.

“Estamos aqui, Jake – respondeu Leah – Eu apenas pude sentir a apreensão do pequeno Quilan – Aguardamos você.”

Eu vi quando Seth chegou à minha frente, eu levei pelo menos mais meio minuto até atingir o terreno pantanoso onde raras e esparsas árvores cresciam; não era um lugar bonito, a umidade tornava tudo pegajoso e a lama era fétida e gelada, os lobos – todos os quarenta vieram com o uivo de Sam – estavam em guarda rodeando um imenso salgueiro que se erguia majestoso e altivo sobre os outros pequenos arvoredos que nos cercavam.


Eu caminhei até Sam que se encontrava muito próximo à árvore e olhava desconfiado para cima com seus olhos amarelos e ariscos.

“Está lá em cima.” – ele disse.

“Apenas um?”

“Sim, nós não pudemos vê-lo porque era muito veloz.”

“Será que é perigoso?”

“Todos os vampiros são.” – disse Sam caçoando.

“Nós não conseguimos subir em árvores, qual o plano?”

“Aguardar um pouco, ele pode tentar saltar para uma das árvores menores e então nós o pegaremos.”

“Deveríamos permitir que ele se explicasse, talvez vá embora à base de conversa.”

“Jacob, nós somos aliados e amigos de Carlisle e sua família, mas não podemos generalizar ou estender esta simpatia a todos os vampiros que encontramos pela frente.”

“Tudo bem, vou derrubar a árvore então.”


Na verdade eu falei em tom de brincadeira a ultima frase, eu até poderia realmente derrubar a árvore apesar de demorar um pouco e acho que faria mais mal do que bem, só que algo não se encaixava em minha mente, era um vampiro que matava animais e não humanos e fazia isso há muito tempo porque vampiros não mudam seu “cardápio” de uma hora para outra. E acho que todos os vampiros “vegetarianos” mereciam uma chance de poder se explicar.

“Talvez não seja mal... – eu disse a Sam – Vamos dar uma chance a ele.”

“Você aí em cima – disse Paul em tom irônico – Você veio em missão de paz?”


E qual foi a nossa surpresa quando, de repente, uma voz feminina invadiu nossa mente... era delicada e seu tom melodioso era típico dos vampiros: doce, suave e quase musical como se tudo se harmonizasse com aquele timbre perfeito, entretanto, eu senti medo naquela voz.


“Por favor – disse a vampira – Eu não quero fazer mal a ninguém.”

“Como pode fazer isso?” - perguntou Sam alarmado.

“Você se comunica através de pensamentos? – perguntei gentilmente.

“Sim – ela respondeu oculta na árvore – Eu não pretendo mais caçar no seu território, estava aqui por não ter escolha.”

“Não ter escolha?” – indaguei.

“Isso mesmo, eu estava sendo caçada”.

“Escute - eu disse de modo tranqüilo – Você pode descer, nós não faremos mal a você.”


Como ela não respondeu, percebi que não acreditou em mim, sendo assim:

“Espere um segundo” – eu disse e corri para os arbustos mais próximos, lá eu me transformei novamente e vesti minhas calças que estavam empapadas de babo da minha boca, ainda bem que as trouxe junto, sorte extra de lobo... eu acho.

Aproximei-me da árvore e me postei ao lado de Sam, seja lá quem fosse, ela provavelmente achou uma imagem fantástica, um índio imenso parado ao lado de um lobo descomunal.

– Vê? - eu gritei para o alto – Não somos monstros.

“Sua voz – ela disse em minha mente – Mas não pode ser, você era...?”

– O lobo vermelho que acabou de sair? - eu respondi – Sim, nós todos somos transmorfos e podemos nos transformar em lobos, eu não peço para que todos se tornem humanos porque você veria o maior desfile de índios nus do estado.

“Não entendo” – ela disse alarmada.

– Escute – comecei novamente – Nós não faremos mal a você, pode descer da árvore.... prometo, pode confiar em mim, temos amigos vampiros que moram aqui perto e acho que você provavelmente já sentiu o cheiro deles. Nós queremos apenas esclarecer as coisas porque este é nosso território e nos preocupamos com estranhos vagando por ele.

Ela continuou em silêncio, não estava certa sobre nossas intenções o que me fez deduzir que ela não possuía o mesmo dom de Edward ou Nessie de ler o pensamento das pessoas, ela podia apenas se comunicar através do pensamento, tinha apenas o dom de telepatia.

– Sam, faça com que o os lobos se afastem um pouco e relaxem – eu disse e caminhei até mais perto do tronco da árvore abrindo meus braços em sinal de paz – Moça, eu prometo que não farei mal a você.

Acho que porque os lobos se afastaram um pouco ou porque eu pareci tão tranqüilo em relação a tudo que a voz dela se fez presente novamente em minha mente.

“Está bem”.


Súbito e quase sem qualquer ruído, ela se desprendeu do galho onde estava escondida e pousou suavemente à minha frente. Não posso dizer que não fiz cara de assombro, vampiras são um problema, lindas demais para qualquer mortal.

Era diferente no mínimo, nada com o que eu já havia visto, era oriental, provavelmente japonesa e seus olhos não eram tão oblíquos como sugere a etnia, eram, na verdade, olhos levemente puxados o que lhe dava um ar caricaturado dos desenhos japoneses da TV; realmente era “vegetariana” porque seus olhos eram dourados e brilhantes como o dos Cullen rendendo-lhe um porte celestial e divino como um anjo de luz pousado na minha frente. Era muito mais baixa que eu, claro, tinha a estatura de Bella mais ou menos, mas havia algo nela que era mais belo que a maioria dos vampiros que eu conhecia, era mais madura e deveria ter algo em torno de 25 ou 28 anos de idade, seu rosto era jovial e tenso, mas sua voz era uma voz de mulher, firme e exata; os cabelos lisos caiam-lhe emoldurados abaixo dos ombros e seus braços fecharam-se em torno do corpo como se estivesse tensa – assim como Nessie fazia. Eu realmente nunca tinha visto uma garota japonesa tão linda em toda a minha vida.


Não sei por que, mas meu coração deu um pulo anormal quando olhei para ela, talvez fosse compaixão, afinal ela era terrivelmente linda, mas estava com as roupas gastas como se tivesse fugido por muito tempo, seu rosto perfeito também trazia sinais de lama de sua fuga desenfreada dos lobos.

Mas, o que me chamou realmente a atenção foram seus olhos, não a cor ou o formato melodioso, mas a expressão... ela estava assustada e desde que me conheço por lobo eu não lembro de ter visto algum dia um vampiro assustado. Ela parecia tão vulnerável, tão frágil que eu não pude nem por um segundo pensar nela como um predador mortífero, sorri e percebi que estava meio nervoso, algo realmente estranho.


– Bom, eu sou Jacob Black, e você? - eu disse estendendo a mão para ela.

A vampira me olhou desconfiada por um segundo e então estendeu a mão apertando a minha, seu toque gelado não me incomodou porque eu já estou mais do que acostumado com vampiros e ela notou isso, entretanto, ela pareceu surpresa pelo quão quente minha pele era.

– Eu me chamo Kaori Sayuri.

– Legal, e então Kaori, o que te levou a vir para cá? Você me disse que estava sendo caçada.

Ela me olhou, aqueles olhos dourados me perscrutaram como se decidindo a contar ou não o que quer que a estivesse incomodando, ela parecia ainda mais linda quando estava indecisa, em seguida observou os lobos esperando para ouvir sua historia e então seu olhar recaiu sobre o horizonte escuro e distante onde uma fraca luz de luar tentava romper o teto insuperável de nuvens.

– É uma longa história, aqui não é seguro e eu não posso permanecer parada durante muito tempo no mesmo lugar.

– Sabe, se você se sentir melhor nós poderemos ir até a casa de Carlisle, ele é o patriarca de uma família de vampiros que vivem aqui em Forks e...

– Não – ela me cortou de repente – Eu prefiro não me envolver com outros vampiros.

– Ah, mas você não precisa se preocupar, eles são “vegetarianos” como você, digo, não consomem sangue humano, apenas animal... além do mais, Carlisle é um bom homem e ele e sua família jamais fariam algo de ruim a outro vampiro.

Quando terminei de falar Sam deu um rosnado atrás de mim e eu não precisava de telepatia para saber o que significava.

– Escute – eu continuei – Se você não me acompanhar até lá terá que sair daqui, os lobos não gostam de vampiros em seus territórios, em outra época você provavelmente estaria morta... então, é me acompanhar ou se mandar, com o perdão da palavra.


Kaori me estudou por alguns segundos, era difícil de ela compreender tudo, quarenta lobos imensos a encarando, um índio seminu e a possibilidade de dar de cara com uma família de vampiros, eu não sei o que ela escondia, mas deveria ser grave o suficiente para ser tão cuidadosa e tão amedrontada com tudo. Ela estudou a floresta escura por um tempo como se conseguisse ver as bordas das fronteiras que teria de atravessar para sair dali, no fim ela suspirou e olhou para mim com uma expressão de angustia.

– Vejo que não tenho escolha...

– Acredite, ninguém quer lhe fazer mal... ao menos não aqui.

– Ao menos não aqui... – ela murmurou para si mesma.

– Vem, confie em mim. – eu disse estendo a mão para ela me seguir – Seth, Lea, me acompanhem até a casa dos Cullens, por favor, se não Sam terá um espasmo se eu caminhar sozinho por ai com uma vampira desconhecida.


Eu comecei a caminhar lentamente, Seth e Leah ao meu lado e Kaori seguiu atrás silenciosa e sorrateira como um animal rondando uma presa perigosa.

“Ela deve estar com muito medo de algo para não ter escolhido ir embora...” – disse Seth na minha mente...

– É – eu respondi evasivo para ela não perceber o que ele me havia comentado.

Mas então eu me toquei: Seth não tinha falado comigo e sim com Leah. Eu não estava transformado e nem poderia tê-lo ouvido, isso explicava por que ele me olhava agora com uma expressão indagante naquela face lupina.

“Jake, você pode me ouvir?” – ele perguntou surpreso.

– Mas como... ? Eu nem estou transformado.

– Ah me desculpem - Kaori disse logo atrás – Eu acabei conectando todos em meus pensamentos.

– Então seu dom funciona como uma espécie de rede telefônica em grupo? - eu perguntei sorrindo.

– Por aí... eu posso me comunicar telepaticamente e consigo conectar todos que quero dentro desta “rede” de comunicação por pensamentos, eu vou parar com isso, desculpem.

– Não – eu me apressei em dizer - pode deixar, é mais prático eu poder ouvir os pensamentos deles, mas você também consegue ler o que todos pensam ou só funciona como forma de comunicação.

– Não consigo ler pensamentos, só quando a pessoa... ou lobo no caso, falam comigo através da mente, se você não dirigir seu pensamento para mim em forma de dialogo eu não poderei ouvi-lo, por exemplo.

– Entendo, é que há um vampiro nesta família que estamos te levando que é capaz de ler pensamentos.

– Sério? Mas que família é essa?

– Carlisle Cullen é o líder assim digamos, ele e a esposa Esme moram com os filhos, Edward, Alice, Jasper, Emett e Rosalie além da esposa de Edward, Bella e sua filha Renesmee.

– Filha?

– Sim, ela não é uma criança imortal se é o que está pensando, Bella engravidou enquanto ainda era mortal e Edward teve que transforma-la para que ela não morresse após o parto de Renesmee.

– Engravidou quando era mortal?

– Olha, é uma história bem longa... te conto depois.

– É uma família muito grande, nunca vi algo assim. E este Edward é o vampiro especial do grupo?

– Ah não, além dele há Bella, Alice e Jasper com outros dons... Bella possui um escudo que a protege de ataques mentais, Alice prevê o futuro e Jasper influencia o comportamento das pessoas.

– Hum... há uma vidente, então?

– Sim, por que?

– Nada.

“Do que você fugia?” – perguntou Seth.

– Dos problemas.


Durante algum tempo caminhamos em silêncio pela floresta escura, ora ou outra eu podia ouvir os sons distantes de grandes animais ao redor, patas gigantescas pisando com cuidado o solo fofo da mata, eu deveria saber que Sam não permitiria que viéssemos sozinhos... os lobos nos cercavam. Kaori estava quieta e andava com a cabeça baixa atrás de nós, como uma prisioneira no corredor da morte, tive uma impressão ruim como se ela pensasse realmente que planejávamos fazer-lhe algum mau; seja lá o que fosse que a incomodava, deveria ser algo bastante ruim porque ela nem ao menos tentou fugir de nós ou resistir... era como se qualquer escolha que ela tomasse a levasse a um fim terrível.

Seu olhar agora não era assustado, mas sim, entristecido. Kaori parecia ter chegado ao fim da linha e eu me senti péssimo com isso, não queria que ela pensasse que faríamos algo contra ela, não queria que ela se sentisse assim, ela parecia tão exausta como se toda a sua vida tivesse sido um sofrimento só.


– Faz muito tempo que você consome sangue animal? – eu disse puxando papo.

– Sim. – ela respondeu com sua voz baixa.

– Hum, desculpe perguntar... mas quantos anos você tem?

Kaori me olhou de forma estranha, eu me virei para ela e parecia que ninguém jamais havia sentido interesse por ela antes.

– Não sei, eu não tenho certeza... acho que 62.

– Não esquenta, você é jovem ainda. – eu disse rindo querendo brincar.

– Não consigo entender como você pode levar isso tão calmamente.

– Eu já lhe disse, é uma longa história.

– Não entendo uma família tão grande de vampiros e ainda mais com lobos gigantes como cães de guarda.

“Nós não os servimos, sua sanguessuga estúpida.” – rosnou Leah virando-se para Kaori.

– Escute, moça. – eu parei encarando-a – Eu não pedi para você ficar, lhe demos a opção de ir embora e por alguma razão você não quis sair, agora terá de seguir nossas regras porque esse terreno é nosso, sinto muito, mas você não pode ficar passeando por aí ou os lobos comerão sua cabeça... o jeito é ficar com os vampiros onde é mais seguro até você decidir o que fazer. Eu já lhe disse: nós não queremos confusão e os vampiros que vou lhe apresentar não são do mal, beleza?

Kaori ergueu os olhos para mim e então concordou lentamente com a cabeça, dizendo:

– Eu sinto muito, Jacob... você apenas tenta me ajudar e eu estou sendo injusta desconfiando de você. Perdoe-me, mas eu já fui traída muitas vezes em minha vida.

Eu sentia pena de Kaori, ela estava na minha frente com suas vestes puídas e esfarrapadas, a face suja e seus braços em volta do corpo, não havia como não deixar de pensar em tudo o que ela já sofreu... parecia uma flor linda e maltratada pelo tempo. Eu me aproximei dela e segurei seu ombro desajeitadamente, ela continuou olhando para mim.

– Kaori, eu não vou trair você. Pode confiar em mim.

Ela me encarou por uns instantes e então me deu um meio sorriso e, por Deus, se o meio sorriso dela já era desconcertante imagine só o que um sorriso de felicidade não faria... ela era muito mais linda quando não parecia tensa o tempo todo.

“Jake?” – disse Seth me tirando da mira daqueles olhos hipnóticos.

– Vamos. – eu respondi por fim.


Kaori caminhou mais próximo de nós agora e quando estávamos perto da mansão de Carlisle eu dispensei Leah e segui apenas com Seth; a uns dois quilômetros dali eu direcionei meus pensamentos para Edward sabendo que ele poderia ouvi-los tranqüilamente desta distância.

“Estou com uma visitante, Edward... não se preocupem, está tudo bem, ela está apenas perdida”.

Alguns minutos depois saímos no jardim de Esme pelo mesmo caminho que eu sempre fazia para chegar à casa dos Cullen quando vinha da floresta, Kaori grudou em mim literalmente depois que viu toda a pompa da mansão. Eu não sei o que aconteceu com essa moça, mas nunca vi uma mulher tão assustada. Seguimos até o portal de entrada, Seth ali ao meu lado com a língua de fora como um cachorrinho esperando o dono para brincar; Kaori estava oculta atrás de mim, provavelmente ela sentiu o cheiro dos vampiros dentro da casa.

Um segundo depois a porta se abriu e Carlisle surgiu na porta de entrada com seu semblante tranqüilo e apaziguador.

– Boa noite, Jacob.

– Olá Dr. Cullen... hum, nós temos visitas.

Dito isso, os outros membros da família surgiram no portal de entrada, Carlisle revirou os olhos ante a curiosidade de seus filhos; Esme estava lá com o braço enganchado em Carlisle, Alice e Jasper um pouco atrás com Emett e Rosalie, Edward e Bella de mãos Dadas e Nessie com um sorriso luminoso no rosto por ver que eu estava bem.

– Pessoal – eu anunciei – Esta é Kaori.

– Tudo bem – disse Edward – Nós não lhe faremos mal.


Eu olhei para os Cullen e seus rostos simpáticos... menos Nessie, ela estava com a cara fechada e fuzilava com os olhos alguma coisa, só então eu soube o que era. Kaori estava agarrada ao meu braço e procurava se esconder um pouco atrás de mim, sua outra mão estava passada em minha cintura, até que ela se recompôs e sacudiu um pouco a poeira da roupa e se pôs ao meu lado. Eu fiquei com pena dela, os Cullen majestosos e limpos nas roupas de grifes escandalosas com que Alice vestia a todos – menos Bella – e ela ali, toda maltrapilha.

– Olá. – ela disse com uma vozinha falha.

– Por favor. – falou Esme carinhosamente – Entrem, não queremos que fiquem aqui fora, está começando a chover e já está tarde, Seth, se quiser eu lhe trago uma calça de Edward emprestada.

“Não obrigado, Sra. Cullen, eu tenho que ir para casa mesmo, já está tarde e preciso acordar cedo para trabalhar”.

– Está bem, querido, mas que pena eu fiz uma torta de queijo que você adora, passe amanhã aqui para comer um pedaço senão Jacob comerá tudo e.... espere, Seth? Eu ouvi você?

– É o dom de Kaori. – disse Edward lendo o pensamento dela – Ela tem a habilidade de conectar-se ao pensamento dos outros a fim de que todos se comuniquem através da mente... é uma espécie de telepatia.

– Mesmo? Que interessante... – disse Carlisle com seu olhar clínico.

– Entrem. – reforçou Esme.


Na porta de entrada Kaori parou e olhou para as botas que usava, eram botas estilo trilhas e talvez uns dois números acima do que ela realmente usava, sujas e encardidas, ela fez menção de tirá-las quando olhou o piso laminado e imaculado da mansão mas Esme a impediu dizendo que aquilo era uma bobagem. Sentamos-nos todos na sala e Kaori sentou-se próxima a Carlisle e Esme no sofá olhando todos com receio, Nessie se apressou e acomodou-se no meu colo correndo me dar um beijo estrondoso... que todos olharam. Edward me encarou e eu fiz uma cara de “eu não tive culpa”. Nessie então se virou e encarou Kaori que me olhou acanhada, não pude discernir o que aquele olhar significava porque antes de qualquer coisa a voz de Nessie ecoou na minha mente.

“Foi por ela que você saiu correndo daquele jeito?”

“Claro que não Nessie – eu completei correndo – Eu nem sabia dela, cheguei lá e vi todos os lobos reunidos... espere, veja por si mesma...”

Nessie então usou seu dom para absorver as minhas lembranças desta noite.

“Você foi tão educadinho.” – ela disse numa voz venenosa.

“Como assim?”

“Você nunca foi tão sutil”.

“Eu só impedi que todos os lobos a matassem, e acho que fiz certo porque afinal de contas a menina não quer causar nenhum mal”.

“Você ficou muito nervosinho quando a viu pela primeira vez, Jacob Black.”

“Nessie, você está com ciúmes?”

“Você a achou linda... e ficou todo doce com ela, qual é a sua?”

“Nessie, pelamordedeus, eu apenas senti pena da pobre menina, ela estava lá desprotegida e se assustou com tantos lobos gigantes na frente dela, além disso...”

“Pare de a chamarela de menina... ela tem 60 anos de idade”.

“O que estou querendo dizer é que acho que ela já se ferrou demais na vida e eu apenas fiquei com pena da coitada.”

“Que lobo piedoso você é?”.

“Escute – eu disse e neste ponto já estava ficando chateado – Eu fiz o que achei certo está bem? Você viu, nós demos a ela a opção de ir embora, mas ela não quis e a única solução que encontrei foi trazê-la até aqui para evitar maiores confusões.”

“Ela é mais bonita do que eu?” – Nessie cobrou raivosa.

“Não... claro que não, de onde tirou essa idéia, Renesmee?”

“Você a acha bonita.”

“As vampiras são bonitas num geral...”

“Ah, quer dizer então que eu não sou mais bonita que as vampiras que você conhece?”

“Nessie, o que você tem?”

“Nada.”

“Você está exagerando, Renesmee”.

“Bem, vamos ouvir a sua queridinha ali... depois teremos uma conversinha Sr. Jacob Black salvador das vampiras indefesas.”


Legal, realmente legal... eu tento fazer algo correto e bom e levo uma saraivada de besteiras na cara, ótimo, dois dias de namoro e Renesmee teve uma crise de ciúmes... garanto que o chato do Edward nunca teve esse problema porque afinal de contas a Bella nunca achou um cara mais lindo e perfeito do que esse chupacabras metido.

Edward riu e só então me toquei que ele estava lendo minha mente e parecia se divertir com minha pequena discussão com Nessie.

“Vai lá... divirta-se com os meus problemas”.

Ele revirou os olhos e não disse nada.


...vida de homem comprometido é uma coisa de louco.


Nessie com uma crise de ciúmes?


Francamente. O que mais me faltava acontecer?



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Notas finais do capítulo

Bjks!