Candor Lunar - Livro 1 escrita por Denise Kellner, AngusMarcos


Capítulo 21
Capítulo 21 – O Som do Trovão


Notas iniciais do capítulo

Hey! Pessoas! Bom diaaaaaaaa!
+ Um episodio maravilhosos pra vocês!!



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O medo é um sentimento interessante.

Há diversos tipos de medo: os medos estranhos, os irracionais, os medos sentimentais, medos psicológicos, medos pessoais e por aí vai. Conheci pessoas que têm medo de aranhas, medo de altura e há aquelas pessoas que tem medo até de sair em público ou medo de outras pessoas. Eu, por outro lado, nunca tive medo em minha vida; acho que por isso quando sinto medo ele é muito mais avassalador, afinal, eu nasci em uma família onde ninguém morre de velhice ou de doenças ou em acidentes, eu mesma sou virtualmente invulnerável a quase tudo... pelo menos era o que eu pensava.

Mas, quando você fica cara a cara com a morte, os seus medos afloram em sua mente como um vulcão em erupção espalhando temores por todo o seu corpo; e agora eu percebo qual é o maior medo que eu tenho: o de jamais rever a minha família.

Jamais rever o sorriso sincero e tranqüilo no rosto de Carlisle, os modos gentis e educados de Esme, o jeito desastrado de Charlie e a presença doce de Renée; nunca mais rir das loucuras de Alice ou assistir filmes com Rosalie, ler um livro junto com Jasper ou ganhar de Emett em algum jogo bobo que ele invente; nunca mais abraçar minha mãe... morrer sem nunca mais beijar Jacob.

... eu morreria estando brigada com meu pai.

... morreria jovem.

Então uma lembrança de Jasper pairou em minha mente e eu pude ouvir sua voz em minhas lembranças... “Se você tiver que morrer algum dia... morra lutando”. Jasper não havia me dito isso apenas no caso de uma luta corporal ou de uma guerra, esse era um conselho que valia para todas as ocasiões da vida, se você tiver que lutar por algo... lute por aquilo que for certo e jamais, jamais fraqueje ou sinta medo porque se você luta por algo nobre ou para defender alguém mais fraco que você... sua morte nunca será em vão. A nobreza de espírito e o valor da alma não vêm

de berço, elas são adquiridas com as escolhas que fazemos... você pode nascer em um lugar violento aonde todas as pessoas lhe insultem ou lhe agridam, mas isso não significa que você se tornará violento ou injusto... a nobreza consiste em fazer o que é certo independendo das circunstâncias que te cercam. Lutar por algo correto é a chance que temos de provar a nós mesmos que somos bons... e que nossa alma é limpa e sincera.

Eu morreria hoje... e morreria para defender Quilan porque ele não passava de uma criança e eu jamais permitira que qualquer vampiro, por mais poderoso que fosse, fizesse mal a ele. Eu não sei o que trouxe estes intrusos para nosso lar e não me importo, eles não têm o direito de nos ameaçar ou de nos agredir e eu não permitirei que covardes levantem a mão contra uma criança... principalmente quando se trata de uma criança que eu amo.

Eu estava ajoelhada no chão da floresta e os raios do sol cintilaram em minha pele, o gosto do sangue me incomodava e meu rosto ardia como fogo aonde o vampiro me golpeou, eu sentia minha pele rachada e minha visão parecia duplicar a mata que me cercava. O vampiro líder caminhava para mim com um sorriso de sarcasmo no rosto, eu varri cuidadosamente o chão da floresta com a mão direita e encontrei um galho nodoso e pesado da árvore que meu corpo a pouco destroçara, eu o segurei com força aguardando o vampiro se aproximar um pouco mais... os latidos de Quilan enchendo meus ouvidos.

- Vamos, criança... não precisa acabar de uma forma trágica, afinal, nós podemos ser civilizados, não é mesmo? - disse o vampiro se inclinando e minha direção e estendendo a mão para mim.

Neste momento eu reuni todas as forças que tinha, toda a minha raiva e a minha angústia e levantei o pesado galho da árvore com a velocidade de um tornado em direção à jugular do maldito, ele não esperava por este repentino revide e o galho atingiu-o com uma força sobre-humana despedaçando-se em milhares de lascas de madeira. Eu esperava que o golpe surtisse mais efeito, mas o vampiro cambaleou apenas três ou quatro passos para trás... foi a abertura que eu precisava para me distanciar dele.

Mais veloz do que jamais tentei me mover, eu me agachei sobre o solo fofo da floresta e flexionei com força as minhas pernas... a impulsão fez com que eu literalmente voasse pela mata como um projétil fervendo de raiva. Atravessei com furor uma cortina verde de folhagens em direção aos latidos de Quilan, o vampiro mais jovem estava sobre ele pronto a desferir um golpe mortal, gritando eu me choquei contra seu corpo diamantado e o impacto o fez ser atirado contra um barranco há quase cem metros de onde estávamos.

Eu rapidamente coloquei Quilan em pé, mas uma de suas patas fraquejou... provavelmente estava quebrada.

“Você consegue correr?” - eu perguntei aflita através do elo mental que eu criei.

“Não... eu não consigo pisar direito” – ele me respondeu num gemido.

“Escute, sua perna vai sarar logo porque você tem um fator de cura acelerado, tudo o que tem a fazer é...”

“NESSIE... CUIDADO!!” – gritou Quilan em minha mente, mas era tarde demais.

O vampiro velho e de sotaque estranho gingou o corpo em nossa direção, eu me levantei rápido mas ele já havia erguido a perna no ar para me atingir no estômago, eu fui mais ágil que ele e me virei de lado para aparar o golpe, recebi o chute no braço direito e mais uma vez o impacto me atirou para longe sobre uma formação rochosa que aflorava ali perto. O choque fez com que as rochas se fragmentassem e partissem sobre meu corpo... imediatamente eu senti meu braço direito amortecer.

Quilan latiu alto e avançou sobre o velho conseguindo morder sua mão, o vampiro uivou de dor... as garras e presas dos lobos são capazes de rasgar a pele dos vampiros tão fácil quanto rasgariam papel. Mas sua valentia teve um preço, não podendo se mover com a perna quebrada, Quilan também levou um chute potente na altura do quadril e voou para o meio das folhagens... eu me apoiei no braço esquerdo e gritei horrorizada para ele, mas ele não saiu do meio da mata e meu coração se enfureceu novamente.

Eu consegui me pôr em pé, mas no momento em que o fiz senti uma mão imensa e poderosa agarrar minha nuca erguendo-me no ar, com uma força descomunal meu corpo foi baixado de encontro às rochas. Eu ouvi as rochas se partirem e imediatamente fiquei tonta, ainda no chão

senti um impacto maior quando o mesmo vampiro pisou com ferocidade em minhas costas afundando-me ainda mais no solo pedregoso... esse golpe arrancou todo o ar dos meus pulmões.

Em seguida, ele me ergueu no alto pelos cabelos e parecia que eles seriam arrancados de minha cabeça... o sol cegou minha visão e eu notei que um braço forte me sustentava a vários centímetros do chão, o cheiro de sangue invadiu minha mente deixando-me estranhamente enjoada e eu baixei o olhar para encarar o vampiro que me atingira covardemente por trás.

- Seu sangue tem um cheiro delicioso, minha querida menina. – falou o vampiro líder, sorrindo – Ele é quase irresistível...

E então ele me aproximou de seu rosto ainda sustentando o peso do meu corpo pelos meus cabelos, passou sua língua voluptuosamente pela minha garganta até meu rosto sugando o sangue que escorria em profusão dos vários cortes em minha face. Eu trinquei os dentes em angustia e fazendo isso senti minha pele reclamar, o vento bateu em meu rosto e eu percebi nele uma poeira brilhante que, muito provavelmente, se desprendia da minha pele trincada.

- Ah, é realmente uma pena que meu mestre queira você viva. Seu sangue tem um sabor maravilhoso... Meraviglioso – ele sussurrou em meu ouvido com a boca vermelha do meu próprio sangue.

- Vamos embora antes que apareça mais alguém – disse o vampiro mais jovem que já havia se recuperado do impacto do meu corpo.

- Olhe o que aquele cão maldito fez comigo... !! – urrava o velho mostrando a mão dilacerada para o vampiro que me segurava.

- Não reclame tanto, Alexandrovich... poderia ser bem pior – falou o líder sem desmanchar o sorriso no rosto – Agora espere um momento, eu não posso permitir que essa menina tão linda fuja de nós, não é mesmo?

E dito isso ele golpeou com a mão livre a minha perna esquerda, eu pude ouvir minha própria voz gritar de dor e ecoar pela floresta vazia, ouvi o estalo da minha pele de diamante quando ela cedeu e rachou... senti um líquido quente escorrer pela minha perna e o cheiro de sangue se intensificou no ar.

- Andem logo... – disse o jovem impaciente e ele já havia se afastado de nós, quando, subitamente, Quilan s urgiu do meio das folhagens e saltou nas costas do velho, ele mordeu a parte de trás do crânio do vampiro fazendo-o urrar de dor.

Antes que o mais novo tivesse qualquer reação eu levantei minha perna direita com todas as forças que me restavam, meu joelho direito subiu zunindo aproveitando a proximidade com o líder e atingiu-o novamente no queixo, agora com muito mais força que meu golpe anterior. Só que, infelizmente, isso apenas serviu para enfurece-lo e eu percebi que ele era poderoso demais para mim... urrando de raiva o vampiro me soltou, mas antes que meu corpo tocasse o solo ele me golpeou no tórax com o dobro da força... novamente eu fui atirada para o alto e ao cair meu corpo foi arrastado por vários metros pelo solo da floresta. A cada metro eu sentia minha pele rachar e se abrir com o atrito e quando eu parei ao me chocar com uma elevação do terreno eu percebi que agora meu corpo não passava de um grande hematoma.

Eu não sabia quanto tempo mais eu poderia resistir. Eu me sentia exausta como se tivesse corrido por mil quilômetros; minhas roupas estavam rasgadas e sujas e eu tinha várias contusões por todo o meu corpo. Mas eu não poderia deixar Quilan lutando sozinho com três vampiros adultos, sendo assim, apoiei-me com o braço esquerdo tentando com todas as forças me levantar, mas no momento em que fiz isso minha perna machucada falhou e eu caí pesadamente no chão. Tentei novamente até que me ergui apoiando o meu peso na perna boa, arqueei as costas para me recompor e uma dor lancinante quase me levou ao chão novamente, o vampiro me golpeara na altura do diafragma e eu não conseguia inspirar o ar normalmente e quando tentei um silvo assustador saiu de meus pulmões...

Meu braço direito pendia inerte ao lado do meu corpo e o sangue ensopava minhas roupas... com a mão esquerda eu juntei do chão uma pesada pedra e mancando corri em direção aos vampiros e Quilan. O líder e o jovem haviam cercado o pequeno lobo, o velho se contorcia no chão segurando a cabeça que fora mutilada... eu não esperei nem um segundo, aproveitando que me encontrava numa parte mais elevada do terreno, saltei para o alto e atirei com força a pesada rocha que trazia na mão contra o vampiro líder, a pedra pulverizou-se contra o seu rosto fazendo-

o desequilibrar-se... eu pousei com o joelho no estômago do vampiro mais jovem atirando-o longe.

Antes de eu conseguir alcançar Quilan o velho se atirou sobre mim com as presas expostas, em seu ódio cego ele errou o bote o que me deu a oportunidade de girar o corpo e atingi-lo no peito com meu cotovelo, ele caiu gemendo. Mas ainda estávamos em desvantagem, o vampiro mais jovem voltou e me atingiu com uma seqüência de golpes furiosos, com apenas um braço para me defender eu recebi a maioria dos ataques, Quilan percebeu o perigo em que eu me encontrava e veio como um raio atacar o agressor... ele pulou com as garras nas costas do vampiro e eu tive a oportunidade de socar mais uma vez seu estômago... com dor o vampiro se dobrou e desabou no chão.

Subitamente o vento cantou, eu me virei a tempo de ver o líder vindo em minha direção e no momento em que pensei em recuar eu decidi que talvez a melhor defesa fosse o ataque, para tanto, tomei impulso e me atirei sobre ele o que o deixou nitidamente surpreso... subi um pouco minha perna direita para distraí-lo mas no meio do caminho troquei o movimento e o peguei no contrapé de defesa, ergui minha mão quando ele baixou as dele para defender meu chute simulado e o atingi no rosto, sem parar para pensar desferi mais um golpe em linha reta mirando o seu diafragma mas ele aparou o golpe com facilidade segurando o meu punho.

Com as costas da mão direita ele me deu um tapa vigoroso no rosto o que me desequilibrou totalmente e em seguida desferiu um chute em meu estomago me atirando para o alto. Eu caí de costas no chão e ao abrir os olhos eu o vi no ar, havia saltado quase na altura das copas das árvores e agora caia como um meteoro sobre mim armando um golpe que com certeza me liquidaria, eu não consegui me mover mas por sorte senti uma força me puxando e me afastando do ataque do vampiro... quando o líder caiu o seu golpe foi tão devastador que abriu uma pequena cratera no solo da floresta.

Eu olhei para trás a tempo de ver que fora Quilan quem abocanhara o capuz da minha jaqueta me puxando para longe do alcance do ataque, o lobo agora pulou por cima de mim mirando a garganta do vampiro... mas o líder era muito rápido. Com um tapa atirou Quilan contra uma árvore no momento em que eu me levantava, ele agilmente me agarrou pelas vestes e me atirou

para o alto... eu caí muito longe de onde estava, e minha cabeça parecia recheada de vento, nem pensar estava sendo fácil... tudo acontecia em segundos.

Eu tentei me levantar mais uma vez mas o máximo que consegui foi ficar de joelhos; ouvi então um urro terrível numa mescla de dor e fúria vindo do líder dos vampiros, então o estrondo de um golpe foi seguido pelo ganido de dor de um lobo. Quando o medo desceu gélido pela minha espinha eu vi Quilan saltar no ar e correr pela mata em minha direção, no momento em que meus olhos pousaram sobre ele o horror tomou conta de minha alma.

A mandíbula de Quilan fora quebrada e a parte inferior de sua boca pendia totalmente frouxa em seu rosto de lobo, foi à visão mais aterrorizante que eu já havia presenciado... ele correu de encontro a mim e eu o abracei com força.

“Nessie – ele falou desesperado em minha mente – Minha boca...”

“Calma... Quilan, calma... vem aqui, isso vai doer muito, querido, mas é preciso encaixar sua mandíbula no lugar para que ela se cure... está bem?” – Eu disse rápido e então, com minha mão sã eu peguei a parte inferior do maxilar de Quilan e o encaixei com um estalo na parte superior... ele uivou de dor e tentou se livrar de meu aperto mas eu não deixei – “Quilan, eu sei que está doendo, mas você precisa ficar assim até sua boca sarar... está bem? Não vai demorar... eu prometo”.

Eu me encolhi perto dele e mais uma vez meu desespero aumentou quando eu vi o líder dos vampiros vindo ao meu encontro, seu olhar antes de sarcasmo agora queimava numa fúria fria, seu rosto estava marcado pelas presas de Quilan quando o menino abocanhou seu rosto. Ele flexionava as fortes mãos e eu sabia que desta vez eu morreria, meu corpo inteiro protestava de agonia quando eu fazia o menor movimento, meu peito ardia quando eu respirava e eu limpei o sangue que corria sobre meu olho antes de me levantar precariamente, empurrando Quilan para trás de mim.

- Agora, criança, eu realmente terei de machucar você. – o vampiro falou com raiva.

Mas, subitamente, eu ouvi um som alto como o de uma explosão... o som de um trovão, ecoante e retumbante entre as árvores da floresta e vi quando o corpo do vampiro mais velho voou pelos

ares e chocou-se com uma violência absurda conta o líder... os dois amontoaram-se pesadamente pelo solo da floresta...

Eu olhei surpresa para a direção de onde o som ecoou, de onde o velho vampiro foi atingido e atirado para cima do líder, e qual foi a minha surpresa quando lá, no alto de uma elevação do terreno surgiu, delicada e graciosamente e com o rosto mais assustado que eu poderia imaginar... Kaori.

Kaori veio me salvar.

Com uma lufada forte de vento ela se moveu em minha direção parando bruscamente e me segurando no momento em que meu corpo perdeu as forças e caia no chão, o olhar que Kaori me lançou apenas aumentou a minha própria desconfiança de que meu estado estava pior do que eu poderia imaginar. Os olhos dela, de um dourado amendoado e brilhante, se abriram numa mescla de susto e desespero e ela lançou um rápido olhar para Quilan, usando seu dom ela uniu as nossas mentes.

“Menino... rápido, uive para chamar ajuda!!”

“Eu não posso – reclamou Quilan angustiado – Não consigo mover minha boca ainda”.

“A mandíbula dele está quebrada, Kaori” – eu suspirei.

“Então teremos de esperar você se curar, mas eles não vão demorar muito para se recuperarem, vamos, temos que ir agora”.

Infelizmente, quando Kaori me colocou em pé eu cambaleei e ela teve de me segurar novamente, com um movimento veloz ela abraçou minha cintura e com a mão livre agarrou Quilan, tomando impulso ela saltou pela floresta; seu salto foi curto, obviamente inviabilizado pelo peso extra que ela carregava, Kaori tentou nos afastar o máximo possível dos vampiros para que Quilan tivesse tempo o suficiente para se recuperar... nossa única salvação era a possibilidade que ele chamasse as matilhas.

Mas, então, enquanto Kaori se movia pela floresta, fomos atingidas por uma força invisível que a desequilibrou levando-nos todos ao chão, Quilan rapidamente se pôs em pé gritando em nossa mente.

“Eles estão escondidos!!!”

Foi quando eu senti um golpe forte em meu ombro que veio do nada e compreendi o que o lobo quis dizer: eles estavam novamente camuflados. Isso não foi uma boa notícia, afinal, se lutar com três vampiros furiosos já era difícil quando você podia vê-los, imagina lutar sem poder localizar seu oponente. O golpe me atirou de encontro a uma árvore e eu vi que Kaori também estava sendo espancada... a atenção dos três vampiros parece ter se desviado inteiramente para ela, afinal, Kaori representava uma ameaça maior por ser uma vampira pura.

Imediatamente, eu me atirei de encontro a ela e por pura sorte me choquei com algo sólido no ar, Quilan também foi nos ajudar e suas garras atingiram um outro oponente invisível. O mais rápido que pude eu grudei em Kaori ajudando-a a se levantar.

“Eles ficam invisíveis”. – eu pensei rápido.

“Provavelmente um deles têm esse dom... o de camuflar seus companheiros”.

“Mas qual deles?”

“Eu acho que sei...”.

Então, rápida como uma cobra ela deu seu bote, voou em direção a Quilan que aparentemente lutava com o vazio e se abaixou no solo... seu punho direito subiu feito um aríete acertando o ar como se ele tivesse a densidade do aço. Um som estrondoso ecoou e eu soube, com os vampiros surgindo do nada na minha frente, que Kaori acertara o alvo; o mais jovem dos três voou para os céus com o golpe e se espatifou contra um grande abeto, ele provavelmente era o vampiro que possuía o dom de camuflar os outros.

É óbvio que isso não melhorou muito a nossa situação.

Eu preciso dizer que mesmo caída no chão e quase morta, eu me surpreendi com Kaori... notei que a diferença entre um vampiro puro e uma híbrida como eu era muito grande, Kaori se movia com uma fluidez natural quando estava atacando... eu jamais tive essa experiência com a minha família porque jamais entramos em atrito com outros vampiros. Kaori não era nem de longe uma

vampira forte como Emett ou Jasper... mas era extremamente veloz, talvez, até mais veloz que meu pai que era o mais rápido entre os Cullen. E ela parecia sentir menos os golpes que recebia, mas agora, enfrentando frente a frente o poderoso líder dos vampiros eu temi pela vida dela... ele era forte demais, parecia ter nascido apenas para uma coisa: matar.

O vampiro líder e Kaori trocavam golpes poderosos mas, obviamente, Kaori levava uma desvantagem porque apesar de ser muito rápida era bem mais fraca que o vampiro e, para piorar, eu vi o velho correndo em direção aos dois. Não pensei duas vezes e me levantei para ajudar Kaori, claro que com um braço e uma perna literalmente destroçados eu não poderia fazer muita coisa, então simplesmente me atirei em cima do velho para alterar sua direção... por sorte, ele parecia extremamente ferido pelos ataques anteriores de Quilan porque caiu e não se levantou mais.

Quilan fugia do vampiro mais jovem que já havia voltado para a luta, eu não poderia permitir que ele ferisse a criança e novamente me levantei e fiz o mesmo... Arremessei-me contra o vampiro e segurei com força seu corpo sob o meu, mas eu estava fraca demais e ele girou no chão ficando sobre mim e começando a me esmurrar, o máximo que fiz foi afastar um pouco meu braço e acertá-lo com força na garganta usando o osso de meu pulso... o impacto feriu minha mão boa mas este golpe pareceu afeta-lo pois ele caiu pesadamente no solo com a cabeça virada num ângulo estranho e terrível... por sorte eu consegui quebrar o seu pescoço.

Eu me virei a tempo de ver Kaori caída no chão e o líder dos vampiros caminhando em minha direção, eu tentei em vão me pôr em pé... minhas forças haviam se exaurido quando eu golpeei o jovem vampiro e agora eu não poderia oferecer mais nada. Se o líder dos intrusos estivesse vindo para me buscar então ele cumpriria as suas ordens pois eu não conseguiria resistir mais; meu corpo estava alquebrado, meu braço direito não respondia e eu não sentia minha perna esquerda, o cheiro de meu próprio sangue me deixava enjoada e minha respiração estava curta e entrecortada... um chiado horrível escapava de meus pulmões e eu sabia que não estava bem.

Foi neste momento, quando o líder se aproximava, que Kaori saltou em suas costas... por uma sorte impressionante ela conseguiu dobrar o braço direito do vampiro para trás e o segurou com força para que ele não o soltasse, com as mãos livres Kaori agarrou os cabelos do monstro

puxando-os para trás. O vampiro ficou louco e se atirou contra as árvores que se acumulavam ali por perto, ele esmagava Kaori contra os troncos numa tentativa de faze-la se soltar... Kaori estava sofrendo mas eu não poderia ajudá-la agora, eu não agüentava mais.

“Quilan...!!!” – berrou Kaori em nossas mentes – “Rápido”.

Eu então me virei para o pequeno lobo que me olhava com preocupação, ele percebeu que Kaori não resistiria por mais tempo ao ataque do vampiro, afastando-se de nós, Quilan correu até o alto da colina que se erguia majestosa um pouco mais à frente e uma vez no alto ele endireitou o corpo em toda a altivez dos lobos... eu vi seu peito se inflar enquanto ele inspirava o ar puro da floresta buscando fôlego, Quilan ergueu sua cabeça para o alto olhando o céu de anil e sua boca se abriu para o chamado selvagem. Logo, um uivo reverberou pela floresta silenciosa... mas não o uivo de uma criança e sim o uivo de um lobo jovem no ápice de sua existência, e foi um uivo de aviso, um uivo de chamado, um uivo avisando de que havia perigo na floresta dos Quileutes.

Assim que Quilan emitiu o seu chamado, Kaori sucumbiu ante a força descomunal do líder dos vampiros, ela foi atirada perto de mim e correu ao meu encontro... agilmente ele me puxou para perto dela erguendo-me em seu colo, seu rosto estava assustado e eu notei que sua pele também estava trincada em muitos pontos devido aos golpes do vampiro.

“Renesmee... fale comigo, por favor!!” ela disse em minha mente chacoalhando levemente o meu corpo.

“Kaori... onde está o vampiro mais forte?” - eu perguntei num sussurro mas a resposta não veio de Kaori.

- Sua maldita... - eu ouvi a voz do vampiro num ódio incontido – Você ainda vai me pagar caro por esta intromissão, você não sabe aonde foi se meter.

Ele se aproximava de nós e meu coração diminuiu em meu peito, mas, subitamente, como o clangor das trombetas dos anjos, um uivo estrondoso irrompeu da floresta fechada chacoalhando as folhas das árvores... e não era o uivo de um lobo criança... este era o uivo de um Alfa, de um Grande Lobo e eu reconheceria a “voz” naquele uivo mesmo que estivesse surda: meu Jacob.

Jacob estava vindo.

- Agora, seu covarde – eu ri encarando o vampiro líder – Você terá de se acertar com alguém do seu tamanho.

O vampiro rugiu para mim mas o velho dilacerado agarrou o braço do líder e havia medo em seu olhar.

- Vamos embora, se os outros Filhos da Lua surgirem... nós não teremos chance.

- Você acha que eu me esconderei como um covarde? - gritou o líder.

- Nós não temos chance, eles são muitos... ouça-os... ouça-os, eles estão vindo para cá e são muitos... dezenas... - lamentou o velho.

Neste momento, o líder parece ter ouvido o mesmo que eu... dezenas de pesados corpos moviam-se velozmente pela floresta como arautos da vingança, estariam conosco em pouco tempo. Analisando suas alternativas, o líder acabou acatando o pedido do velho, ele foi até o mais jovem cujo pescoço eu quebrara e o juntou do chão, obviamente, eu não o havia matado mas ele estava seriamente ferido. Com o companheiro nos ombros o vampiro ainda voltou seu olhara para mim e para Kaori e sua voz inundou-nos de medo e receio.

- Você ainda será minha, criança – ele prometeu.

- E você. - ele disse olhando para Kaori – Eu ainda terei o prazer de desmembra-la.

- Vamos, seu velho maldito – ele gritou para o companheiro – Vamos ao encontro do açoite de nossos mestres pois eles não costumam perdoar fracassos.

E eles se foram, saíram correndo pelo meio da mata rumando para longe dos lobos que corriam em nossa direção... eu sentia o perfume suave de Kaori tentando se sobrepor ao cheiro do meu próprio sangue. Quilan se aproximou de mim encostando o focinho gelado em meu rosto, ele choramingou ao ver o meu estado mas eu estava feliz porque ele conseguiu se curar de todos os ferimentos. Kaori me olhava com preocupação e eu sabia o que tinha que fazer.

- Kaori...

- Não – ela me interrompeu – Não diga nada... não precisa dizer nada, apenas descanse.

- Me perdoe... – eu disse e eu mesma fiquei aflita pela fraqueza com que minha voz soou.

- Não há nada a ser perdoado, Renesmee... você é jovem e os jovens têm dificuldades em controlar o seu temperamento e suas ações, mas eu gostaria muito que nós pudéssemos ser amigas.

- Nós somos amigas... agora. – eu consegui dizer não resistindo há um sorriso teimoso que brotou em meus lábios.

- Então, está tudo bem. – ela disse retribuindo meu sorriso.

- Você fica mais bonita quando sorri, Kaori.

- Estou reaprendendo a fazer isso.

- Eu fui muito injusta com você durante todos estes meses.

- Renesmee, não se preocupe com isso agora... com o tempo você vai perceber que nós duas somos muito parecidas, ao menos cometemos erros iguais.

- Como assim? - eu perguntei curiosa.

- Na época de minha juventude, quando eu ainda era humana, as pessoas eram muito mais intolerantes com os deslizes dos jovens... eu fiz o mesmo que você, não resisti e fiz amor com meu namorado antes do casamento. Entretanto, quando meu pai soube, ele me deserdou e me expulsou de casa... e nós nunca mais nos falamos, eu nunca mais revi a minha família; por sorte, Damon me amava e se casou comigo e eu fui morar na pequena fazenda que ele tinha... caso contrário eu não teria para onde ir. Você tem sorte de seus pais ficarem apenas chateados com você...

Mesmo estando completamente acabada eu me espantei com aquela súbita revelação de Kaori... por um segundo eu fiquei pasma. Então, no fim de tudo, a vampira que eu insultei e humilhei e que por meses evitei... era mais parecida comigo do que eu jamais poderia imaginar, até o mesmo deslize nós duas cometemos apesar de que as conseqüências que ela enfrentou foram muito piores. Eu encarei Kaori e realmente senti por ela um sentimento novo que até então eu não tinha notado... o de amizade.

- Obrigada por ter me contado isso... – minha voz saiu fraca outra vez.

- Apenas para você ver que não é a única que cometeu este equivoco, mas você precisa saber que tem a chance de repará-lo. – ela respondeu sabiamente.

- Você se arrependeu?

- Não – Kaori respondeu depois de um tempo – Não porque amava Damon e por que não fiz com leviandade, mas se eu pudesse ter escolhido outro caminho... eu o faria. Este meu ato impensado custou-me a família que eu amava mais que tudo, minha mãe e minhas irmãs ficaram devastadas quando eu fui expulsa de casa e a saudade delas me corrói até hoje. Então é complicado... não é um arrependimento, mas uma espécie de culpa.

- Entendo você... – eu suspirei.

- Eu sei. Agora, você deveria falar com Edward... ele está sofrendo muito por não poder falar com você e Jacob. – Kaori revelou.

- Sério? Mas eu achei que ele estava furioso com nós dois...

- Renesmee...

- Me chame de Nessie... – eu disse a interrompendo.

- Nessie – Kaori começou com um sorriso – Seu pai não está furioso, ele está com medo.

- Medo? Meu pai? Medo de quê?

- De que agora você e Jacob venham a se casar antes do tempo que ele previu e que você deixe a casa dele e vá morar longe.

- Ele não quer que eu me afaste?

- Claro que não... Edward te ama tanto e com uma intensidade tão avassaladora que só de pensar que ele te perdeu para Jacob... ele fica completamente arrasado.

E então uma culpa maior ainda apertou meu coração, meu pai... meu perfeito pai tinha medo de me perder; isso apenas ampliou ainda mais a minha dor, no fim das contas não fora meu pai quem havia sido injusto todos estes dias... mas eu. Eu deveria ter me sentado com ele e conversado ao em vez de me isolar pensando num modo de ficar com Jacob... ah, o que eu poderia fazer para reparar este meu erro mesquinho?

- Jacob já está chegando – informou Kaori.

- Você está sentindo frio? - eu perguntei de repente com um arrepio, o corpo gelado de Kaori não ajudava muito a me aquecer.

- Não, nós estamos no sol... você está com frio?

- S-sim... – eu disse me encolhendo enquanto minha visão obscurecia completamente.

- Isso não é bom... seus lábios estão roxos de frio... Nessie? Nessie... fala comigo....Renesmee? Abre os olhos Nessie.... NESSIE?????? RENESMEE????????? ACORDE.....abre os olhos menina...pelo amor de Deus....NESSIE???? QUILAN.......VAI BUSCAR O JACOB..........NESSIE NÃO ESTÁ BEM....

“Mas o que ela tem, dona Kaori???”

- QUILAN....RÁPIDO.....VAI BUSCAR AJUDA... RENESMEE!!!!!!!???????? Oh, meu Deus.... ela está tão gelada... você está me ouvindo Nessie? Por favor, resista... por favor... não morra em meus braços agora...não morra em meus braços agora... não morra em meus braços... eu já vi uma criança morrer... não quero ver outra... Por favor, Nessie...por favor...

- Nessie...por favor... não morra...... Renesmee? Querida? Reage, Nessie...

- Renesmee???.........................

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Notas finais do capítulo

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Denise