My Heart, Your Skin escrita por bramadas


Capítulo 7
They're Red Hot


Notas iniciais do capítulo

Ahhhhh, desculpem a demora! Ultimamente to um pouquinho enrolada pra escrever... Mas enfim, taí o novo capítulo, espero que gostem! (:



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Pisquei, atônita.
Sei que eu deveria ter uma reação diferente, ou pelo menos positiva para que meu pai ficasse alegre, mas simplesmente não consegui.
A primeira coisa que pensei quando ele disse esse nome, foi que não era uma banda que eu gostava, muito menos que eu conhecesse. Depois comecei a pensar melhor e pensei que talvez eu já tivesse escutado esse nome antes... Em Nova York, talvez? Vai saber. Eu olhava pro meu pai, que parecia o cara mais feliz do mundo.
Bom, pelo menos ele estava feliz fazendo seja lá o que quer que seja, certo? Isso me confortou um pouco, o importante era estar feliz. Minha mãe havia degradado qualquer traço de humor que pudesse restar na vida do meu pai. E ela ainda acha que lhe devo satisfações, francamente. Enquanto eu olhava distraída pro meu pai, Lauren começou a apertar meu braço, uma coisa que fazíamos uma com a outra desde pequenas, quando queríamos dizer algo, mas que ninguém podia escutar. Desviei meu olhar em direção a ela, que tinha uma expressão preocupada no rosto, seus olhos estavam praticamente saltando pra fora de tão arregalados e ela havia botado uma mão sobre a boca, num gesto de espanto exagerado. Franzi a sobrancelha pra ela, porque ela estava fazendo essa cara? E então ela apontou em direção àquelas pessoas que provavelmente eram os integrantes da tal banda. Dei de ombros e lancei um olhar rapidamente a eles, ainda tentando entender o motivo do espanto dela. Ah, rapidamente localizei John, o cabeça-vermelha, ele estava nos olhando.  Estranho, estávamos todos em silêncio, parecia. Assim como John, senti outros pares de olhares voltando se para mim. E então congelei. Anthony estava lá. Bem do lado de John, me lançando um sorriso despretensioso. Quase tive vontade de tacar alguma coisa nele. É claro que ele sabia! Como sou idiota. Era disso que ele estava rindo no quarto de Lauren antes de eu prendê-lo no closet. Ele sabia quem era meu pai. Ele conhecia meu pai. E ele não ia me contar nada! Idiota, idiota, idiota (Não sei se estou me referindo a mim, ou a ele, francamente).
Não acredito! Isso é algum tipo de pegadinha? Só pode ser! É muita coisa acontecendo em apenas um dia, Santo Deus. Porque, de todas as pessoas no mundo, tinha que ser logo ele a estar ali? Porque, Meu Deus? Porque?
Fechei os olhos rapidamente, eu não queria acreditar. Quando abri de novo, ele ainda estava lá. Com um sorrisinho sonso, ainda teve a coragem de dar de ombros pra mim, como se não tivesse culpa de nada. Então ele não tinha morrido durante sua “fuga inesperada”, concluí (Sabe-se lá como ele conseguiu esta façanha). Ele estava firme, forte e inteirinho, bem ali na minha frente. Que pena que aquela bunda gigante não tenha ficado agarrada no duto de ventilação, seria engraçado também! Talvez ele achasse graça disso, quem sabe? Ok, retiro o que eu disse, não posso ficar desejando o mal das pessoas só porque estou com raiva. Muito menos de uma pessoa a quem eu deveria ser grata. Meu pai logo se adiantou, cortando o silêncio que reinava no recinto, talvez tivesse percebido que havia algo de errado por eu demorar tanto a falar, mas duvido que imaginasse o que era.
-  E então, Charlotte? Você gostou? – Ele perguntou de um jeito idiota. Ou talvez eu só estivesse com raiva de tudo e estava descontando isso até no meu pai. Não era uma teoria muito impossível de acontecer.
O que eu deveria dizer? Ser falsa e dizer que tinha adorado? Não, eu não podia fazer isso.
Aliás, eu nem sabia o que eu estava fazendo aqui. O que isso tem haver com o trabalho do meu pai, afinal? Gloria deve estar em algum lugar, pensei, rastreando o camarim. Mas nem sinal dela. De repente, um dos caras junto com Anthony e John se levantou e veio até nós, ele tinha uma cara engraçada e quando sorriu para nós, pude ver uma pequena fendazinha entre seus dentes, o que o deixava mais simpático do que ele já aparentava ser.
Antes que eu pudesse responder a pergunta de meu pai, ele nos cumprimentou.
- Hey, sou Michael. Mas acho que vocês vão gostar mais de me chamar de Flea. – Ele disse, rindo novamente, o que me deixou um pouco mais confortável e desviou minha tensão por estar naquela situação por alguns segundos.
-  Então, Flea.. Poderia nos dizer o que está acontecendo? – Lauren perguntou. Às vezes é bom ter uma amiga que não tem papas na língua, elas simplesmente saem por aí, perguntando as coisas quando você esta embasbacada demais pra falar (Como eu).
Michael, ou “Flea”, como até ele parecia preferir ser chamado, acenou positivamente com a cabeça, lançando um olhar amistoso para o meu pai, que retribui.
- Claro. Parece que Charles ainda não contou as boas novas... De qualquer forma, é um prazer conhecê-las, ouvi muito falar de você em especial, Charlotte. – Ele disse, olhando pra mim, e dando uma olhada de relance para trás, tão rápido que se eu não estivesse desconfiada de tudo e todos naquele momento, eu não teria percebido. E bom, lá estava a insinuação de que alguém andara falando muito de mim novamente. Era a segunda vez que me falavam isso hoje, o que eu deveria pensar? Só podia chegar a conclusão de que algo estava errado. Meu pai não pode ter falado TANTO assim de mim, isso não é possível. Pelo silêncio, notei que todos esperavam que eu falasse alguma coisa.
-  Ah.. Err.. É um prazer conhecer você também... Flea. – Eu disse, acrescentando o apelido para tentar parecer um pouco menos antipática. E talvez eu tenha tentado dar um sorriso também, mas provavelmente ficou parecido com uma careta feia ou algo assim.
-  Então, voltando ao assunto... – Meu pai começou a falar, de forma lenta e delicada. Lembro-me de quando ele falava assim, presenciei isso a vida inteira. Ele só se pronunciava dessa forma quando queria nos contar alguma coisa da qual não sabia se iríamos aprovar ou não, então ele ia contando aos poucos... Lá vem bomba. Não sei se posso agüentar mais uma. – Charlotte, Lauren... Eu disse que ia contar no que tanto ando trabalhando, certo? Bom foi nisso. Ou neles. Ou melhor, com eles. E me sinto renovado, feliz... E orgulhoso. Me sinto até um pouco sortudo, porque foi realmente um golpe de sorte encontrar algo que mudou minha vida de forma tão boa. E eu queria que vocês conhecessem essa parte nova do meu dia-a-dia, porque é muito importante pra mim. – Ele disse, como se fosse a explicação mais plausível em todo o universo.
- O quê? O que mudou sua vida de forma tão boa? Não entendi. – Perguntei. De repente o outro cara, provavelmente o quarto integrante da banda, soltou uma risadinha. Isso bastou para que todos me olhassem com uma cara de “dãrrrr”. Desculpa gente, não foi tão óbvio pra mim. O que ele tinha haver com esses caras? Aliás... Com Anthony? Grrr. Com essa banda? Será que... Não, ele não sabe tocar, nem cantar, nem nada envolvido com isso, certo? Mas.. Será que ele resolveu se juntar à essa banda? Santo Deus, isso seria mais louco do que qualquer coisa que vi ele fazendo desde que me declaro por gente. Minha mãe vai matar ele, o que seria um pouco interessante, só pelo fato de ver minha mãe irritada. Porque é claro que ela não mataria ele... Ou não. Nunca sei o que esperar dela. Sério.
- Ele é o nosso novo empresário. – Flea disse, dando dois tapinhas nas costas do meu pai.
- ELE É O QUE? - Eu tentei perguntar, mas o espanto se refletiu em minha voz, o que a fez sair totalmente esganiçada. Foi horrível. Eu não me espantaria se todo mundo saísse correndo e se escondesse debaixo de alguma mesa, inclusive meu pai.
Ele começou a rir e se virou para Flea:
- Eu não disse? – Ele perguntou, ainda sorrindo – Filhos... – E sacudiu a cabeça levemente, como se estivesse se recordando de alguma coisa. Flea se virou em minha direção e botou uma mão no meu ombro amigavelmente, tipo quando alguém vai dar um conselho, sabe?
- É, parece que seu pai conhece você muito bem. – Ele disse, dando um suspiro e se encaminhando de volta ao sofá.
- Hã? Do que vocês estão falando? – Eu perguntei, olhando do meu pai em direção a Flea, procurando uma resposta.
- A gente pode contar pra ela, né? – Perguntou o outro cara que ainda não tinha se apresentado, ele era alto, tinha olhos claros e era bem bonito, por sinal. Mas tinha todo um jeitão, assim... Diferente, digamos. Só que parecia ser muito gente boa.  Vi meu pai dando de ombros.
- Flea já quase me entregou, mesmo. Se vocês não contarem, ela vai continuar perguntando mesmo. – Ele falou. O tal cara deu um sorriso sacana pro meu pai, se levantou e veio andando até nós, assim como Flea havia feito.
- Acontece, - ele disse, se aproximando. – que nós fizemos uma pequena aposta com seu pai. – Ele disse, me analisando pra ver qual seria sua reação.
- E qual seria essa aposta? – Lauren perguntou, se intrometendo. Ele se virou em direção a ela e disse:
-  Digamos que basicamente, o sonho de todo adolescente, ou a maioria deles, é estar num backstage e conhecer uma banda. Ou pelo menos daqueles que curtem uma boa banda, então pense bem... Deve ser muito, muito, muito divertido ter um pai trabalhando com essas coisas. E adivinha só? Seu pai falava como se você fosse estranhar tudo isso. E nós todos falávamos pra ele: “Não, cara, isso tudo é muito legal. Ela vai adorar isso! Você não tem com o que se preocupar!” Só que seu pai nunca disse sua idade pra nós, ele sempre se referia à você como “minha ursinha” e quando dávamos chilique sobre alguma coisa, ele sempre dizia que estávamos parecendo um adolescente fazendo cena, e sempre imaginamos que você fosse uma adolescente, certo? Porque pra ele nos comparar com um, ele tem que saber como é um. Em todo caso, apostamos que você ia chegar aqui e ia fazer um escândalo com seu pai de tanta alegria e ia ficar empolgada com isso e etc. Mas seu pai disse que a gente não sabia de nada, que você ia agir de um jeito estranho e depois iria se interessar aos poucos. Portanto, essa foi a aposta, entende? Mas foi injusto, porque ninguém sabia que você já era uma mulher crescida e coisa e tal. Aliás, quem iria esperar isso de alguém que é chamada de ursinha? – Ele disse, depois deu um suspiro de leve e riu.  – O velho Charlie ganhou a aposta, é.
Ursinha????? Hã? Não! Ele não fez isso! Não... Argh!
- Pai! Eu não acredito nisso! – Eu me ouvi dizer instantaneamente. E então todos começaram a rir.
- E por um acaso eu estou errado? Eu sei que não. Você deve estar achando isso tudo uma maluquice e provavelmente está imaginando de que forma sua mãe vai tentar me matar por causa do meu novo emprego. Embora ela não tenha mais nada a ver com isso, certo? – Ele disse.
- Esse não é o problema!!! Pai, eu tenho 21 anos! Como pôde me chamar de Ursinha na frente dos outros? Não é de se espantar que minha mãe pense que eu ia me matar morando sozinha, ou que ela faça um escândalo federal por causa de uma tatuagem. Como posso reclamar dela se até você me trata como um bebê ainda? – Eu falei, minha voz ainda esganiçada. Na verdade eu nem sabia o que estava falando, só sabia que tinha que falar alguma coisa. Como ele teve coragem de fazer isso? Pais... Nunca mudam.
Meu pai revirou os olhos, o que fez Lauren e os rapazes continuarem a rir. Sim, todos rindo. E RINDO DE MIM!
- Não se estressa, “Ursinha”. – Anthony disse, zombando da minha cara.
- Ei, só eu posso, certo? – Ouvi meu pai dizendo a ele. Toma essa!
- É que é realmente engraçado. Agora sei do que você fala quando se refere aos chiliques adolescentes. – Anthony disse, não tendo a coragem de olhar nos meus olhos ao falar uma coisa dessas. Talvez ele goste me irritar mesmo.
- Você deve se achar realmente muito engraçado, né? – Eu disse, me dirigindo a ele pela primeira vez desde que o prendi no closet de Lauren. Ele deu de ombros e se levantou.
- Sendo engraçado ou não, tenho um show a fazer. Então com licença, senhoras e senhores, eu vou terminar de me preparar. – Ele disse, se levantando.
- E esse é o Anthony, meninas. Aliás, aquele rapaz grandão que gosta de contar coisas é o Chad, ok? – Meu pai começou a dizer. – E agora que todo mundo já esta apresentado, vamos deixar os rapazes por um tempo, pois vocês terão outra hora pra se conhecerem melhor. Realmente estamos muito atrasad...
- Ei, ei, ei. Peraí, tio Charles! E qual era a tal da aposta? – Lauren perguntou a ele.
- Ah, não era nada demais, na verdade... – Ele disse, dirigindo sua atenção para mim. –  Eu os convidei pra ficar lá em casa por uns dias.. Eles acharam que seria um incômodo, embora eu tenha falado que não. Só que ninguém tinha me dado ouvidos. E além do mais, foram eles que inventaram a aposta, eu só decidi pelo que apostar. – Ele disse, levantando os braços pra tentar sinalizar que não tinha culpa -  Satisfeitas, suas curiosas?
- M-M-Mas... A mamãe vai te matar. – Eu disse, sem conseguir absorver a informação direito e nem ligando que eles fossem ouvir.
- Não, a velha chata vai reclamar um pouco porque é o que sempre faz. Mas isso não vai atrapalhar a vida dela, você sabe disso. Lauren diga a ela. – Ele disse olhando pra Lauren, porém lancei um olhar feio à Lauren para ela nem se atrever a falar algo. Parece que ela entendeu.
- Ainda podemos ficar em outro lugar, como nossas casas, por exemplo. – Flea disse.
- Não, você está ficando doido? É uma honra trazer vocês pra cá, por isso quero que sejam meus convidados, na minha casa. A megera mora lá, mas quem pagou tudo fui eu. Portanto é mais minha do que dela. E não reclamem, esse foi o combinado.  Vocês perderam a aposta, não se fala mais nisso.
- Espera, isso é sério? – Perguntei ao meu pai, mal acreditando no que ele dizia. Eu já sabia a resposta, eu conhecia meu pai bem demais pra saber que ele sempre gostou de trazer convidados pra casa, ele achava o máximo. Nunca entendi. Mas eu perguntei mesmo assim, porque era difícil demais acreditar que era real. Então senti todos prestando atenção na conversa, embora os caras da banda já estivessem se levantando como Anthony havia feito.
- Claro que é sério, Ursinha.  Quero todo mundo junto. Foi por isso que mandei a mãe de Lauren mandar suas coisas pra casa, ou você pensou que eu ia te deixar fora dessa? Hoje vai ficar todo mundo reunido, e se quiser pode ficar lá também, Lauren. Não preciso nem falar, é claro.
E estranhamente, me peguei no segundo seguinte dando uma espiada em Anthony, foi instintivo e a primeira coisa que me veio à cabeça. Agora, além de tudo, íamos nos aturar sob o mesmo teto (mesmo que por alguns dias). Será que o destino precisava dar mais sinais de que estava tentando me castigar? Não precisava chegar a esse ponto.
Quando me dei conta, ele também estava me olhando. Posso jurar que vi surpresa passando por seus olhos, e depois um pouco de preocupação.  Até que ele levantou a sobrancelha de forma desafiadora e me lançou um sorrisinho despretensioso. Não sei se odeio ou se adoro quando ele faz essa cara, só sei que eu tive vontade de nocauteá-lo por ser tão abusado. Mas não estou muito no direito de reclamar dele, acho. O que significa que eu vou ter que aguentar isso tudo de boca fechada, só porque ele foi tipo assim, muito legal e salvou minha vida. Grrr. Mas quem mandou eu fazer besteira, né?
E embora milhões de informações estivessem sendo trocadas ali, ninguém pareceu notar. Meu pai fez a gente dar tchau e nos tirou do closet, nos guiando pelos corredores cheios de gente passando, Lauren falava alguma coisa comigo, mas eu não conseguia prestar atenção, minha cabeça parecia fazer um zunido esquisito, como se tivesse uma mosca dentro da minha cabeça, com um barulho tão forte que eu não conseguia nem sintonizar meus pensamentos. Havia muita gente ali no backstage, isso era verdade. Mas eu não havia visto Gloria, será que ela realmente não tinha nenhum envolvimento nessa história? Isso estava soando muito esquisito, principalmente porque ela não estava aqui. Jurava que ia encontrar ela por aqui, as teorias de casamento com o meu pai não são tão malucas assim, eu acho. Tem até um pouco de fundamento. Ou será que não? Porque se eles fossem casar ou algo assim, era pra ela estar ali, certo? Ele queria todo mundo por perto hoje, eu, Lauren, Bernardo... Era pra ela estar ali também se ela fosse importante pra ele. Ei, espera aí... Por falar nessa gente toda, cadê a porra do Bernardo? Taí alguém que poderia ter me defendido com a história da ursinha, sabe? Onde será que ele se meteu, hein? Pensei que ele estaria aqui, ele disse que viria. Mas após dar uma olhada, percebi que nem Lauren nem meu pai pareceram dar falta dele. Notei que o zumbido havia sumido também e eu tinha meus pensamentos chatos de volta. Nesse ponto eu sou obrigada me perguntar, será que ter meus pensamentos de volta ainda é uma coisa boa?
Acho que não. 


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