My Heart, Your Skin escrita por bramadas


Capítulo 6
We don’t arrive without a surprise


Notas iniciais do capítulo

Não sei se ficou bom... Espero que gostem! (E obrigada pelas reviews!)



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– Ahá! – Lauren disse, assim que abriu as portas.
Fiquei sem reação por um tempo, 100% de chances de ela me matar daqui a 5 segundos. Não estou brincando. Mas quando ela não disse nada e me lançou um olhar confuso, percebi que tinha alguma coisa errada. Tipo... Realmente errada. Se Anthony estivesse lá e ela tivesse o descoberto, ela surtaria no mesmo instante e nos acusaria de estarmos fazendo algo escondido e etc., mas ele não estava lá.
Assim que entrei no closet, tudo que vi foi uma estante de sapatos derrubada. Ai, meu Deus. Onde foi que ele se meteu? Olhei em volta, nem sinal dele. O closet era grande, mas não tinha como ele se esconder, era impossível. De repente percebi que a tampa do duto de ar no teto estava remexida, procurei por janelas, mas não havia nenhuma ali. Ele só podia ter saído por lá! Não acredito, não acredito mesmo! Ele realmente tinha feito isso. Ele era bem mais louco do que eu imaginava. O que eu iria dizer para Lauren agora? Santo Deus. Preciso pensar em alguma coisa logo, já que ela vai me disparar com perguntas. Bom, já que não tem prova do crime, ela não pode me considerar culpada, o que significa que irei continuar fingindo que não sei de nada.
– Por que a cara de espanto, hein? – Lauren perguntou.
– Dãr, olha isso! Você não acha estranho? – Perguntei tentando parecer sincera, mas com receio de que ela descobrisse que eu estava blefando.
– Um pouco. Falei que tinha alguém aqui, você não quis me deixar entrar antes, tá vendo? Eu sabia! – Ela disse, voltando a usar o tom acusador. De repente ouço passos no quarto, e então a voz de um homem:
– Ei, tem alguém aí? – Um cara chamou, botando a cabeça pra dentro do closet, depois franzindo o cenho ao ver a cena.
O que foi estranho, porque eu não esperava encontrar uma cabeça vermelha, nem nada tão exótico assim. Mas foi o que aconteceu. O cara era novo, devia ter minha idade, ou ser até mais novo que eu. Ele era branco, muito branco, usava um terno também, no estilo do de Anthony, pude perceber assim que ele entrou por inteiro no closet. Mas o terno o deixava com um aspecto engraçado, era meio que um contraste com seu cabelo que tinha um estilo meio “foda-se, eu faço o que quiser porque o cabelo é meu e esse é meu estilo”. Mas é claro que ele ficava bonitinho de terno. Todo homem deveria ter um terno e usar de vez em quando, é tão sexy. Hmmmm.
O tal cara olhava pra mim, depois pra Lauren e então pra estante repetidamente, tentando entender o que estava acontecendo.
– O que rolou por aqui? Vocês caíram na porrada ou algo assim? – Ele perguntou, se divertindo com a idéia.
Lauren não respondeu de imediato, simplesmente o encarou, intrigada.
– Nossa, não... Não é nada disso! - Ela revirou os olhos. - Quem é você mesmo? – Perguntou de forma grosseira.
O rapaz pigarreou e estendeu a mão desajeitadamente para cumprimentar Lauren.
– Prazer, pode me chamar de John. – Ele disse, abrindo um sorriso que eu diria ser quase tímido. Depois se virou para mim, e fez a mesma coisa. Ele parecia legal, até.
Sim, ele era muito legal, principalmente porque estava me ajudando (mesmo que sem saber) a não ter que me explicar para Lauren, isso era ótimo. Eu já gostava do cara só por isso.
– Acho que você deve ser a Charlotte - ele disse apontando para mim – e você deve ser a outra. – Ele disse, apontando para Lauren.
– A outra? – Lauren perguntou, dando uma risadinha e olhando John de um modo estranho, quase como se estivesse a ponto de seduzi-lo. Argh.
Não. Não acredito nisso também, ela mal acaba de conhecer o cara, certo? Ela não pode estar dando mole pra ele, é só uma impressão minha. Deve ser. Mas o que mais me intrigava era como ele sabia meu nome.
Não sei se foi só outra impressão minha quando vi um lampejo de interesse passar pelos olhos dele, enquanto ele lançava a ela um sorriso silencioso, que ela fez questão de responder. Eca. E eu estou aqui observando tudo. Não acredito que estou vendo isso, na verdade. Ele devia ser mais novo do que ela, sem dúvida. Pelo menos ele a estava mantendo distraída do que tinha acabado de acontecer, eu tinha que encontrar Anthony e ver se ele estava vivo, inteiro ou algo assim. Se algo acontecesse a culpa seria minha, mas eu estava curiosa demais pra saber como aquele cara sabia meu nome.
– Ei, peraí Sr. e Sra. Sorriso, temos alguns probleminhas aqui. Como você sabe meu nome? – Eu disse, me apoiando no ombro de Lauren para olhar para esse cara.. o John. Quando ele finalmente parou de sorrir, pareceu que tinha saído de um transe, olhei de relance para Lauren e ela ainda o observava, desta vez não escondendo estar interessada. Revirei os olhos, só me faltava essa. Tem coisas demais acontecendo num dia só! Socorro!!!
– Eu vim pra cá com seu pai. – Ele disse, de forma alegre. – Ele mandou que eu chamasse vocês.
– Meu pai? Porque? Da onde você o conhece? Pensei que Bernardo iria vir nos chamar. Espera.. Eu não acredito que meu pai mandou você fazer isso. - Falei, atropelando as palavras por falar tão rápido. John franziu o cenho por um instante, depois olhou para o vazio, como se estivesse pensando no que responder.
– Quantas perguntas! Ahn... Sim, seu pai. Vim com ele a trabalho... Você vai ver em breve. É, era aquele cara com seu pai, certo? Ele ia, mas seu pai achou melhor eu vir porque ele não quer que seu amigo conte pra vocês sobre a.. Sobre o que ele quer mostrar.
– A trabalho? Com meu pai? – Eu perguntei. – Você? – Eu completei, o analisando. O que esse cara com cabelos vermelhos e cara de moleque estaria aprontando com meu pai?
Certo, meu pai tinha uma surpresa... Mas que tipo de surpresa eu deveria esperar depois de conhecer esse tal de John? Sem preconceitos com o cabeça-vermelha, mas eu jamais o imaginaria trabalhando com o meu pai, seja lá com o que eles estivessem trabalhando.
– Aham, eu... Então, a gente pode ir logo? Eu acho que a gente está um pouco atrasado e seu pai não vai curtir muito isso... – Disse o cabeça-vermelha.
– Mas e o que aconteceu aqui? – Lauren perguntou, olhando pra ele.
– Ah, deve ter sido algum pequeno terremoto ou algo assim, creio que não tenha sido nada. – Ele falou, olhando na direção do duto de ventilação de ar rapidamente e depois me lançando um olhar suspeito. Um terremoto? Ok, esse cara tava precisando dar uma melhorada nas mentiras dele.
– É, Lauren.. Não deve ter sido nada, essas coisas acontecem. Eu estava aqui no quarto e não vi ninguém entrando... Pode ficar tranqüila, o barulho que a gente escutou deve ter sido da estante se desprendendo da parede ou algo assim. – Falei, tentando ajudar.
Lauren olhou desconfiada para nós, depois para a estante, creio que ela estava a ponto de dizer alguma coisa quando John a pegou pela mão.
– Não se preocupa, alguém vai cuidar disso, ta? Mas agora a gente tem que ir. Sério, meninas. – Falou, e quase pensei ter notado que ele sabia o efeito que estava causando ao segurar a mão de Lauren daquela forma, mas não liguei.. O sujeito estava colaborando comigo, eu não ia estragar uma jogada genial dessas. Depois a Lauren ainda fala que eu sou danadinha, pff.
– É, Lauren! – Eu olhei pra ela fazendo meu olhar suplicante. – Depois a gente vê isso, né? Com certeza não é nada. Por favor, podemos ir matar minha curiosidade agora? Por favor? Por favorzinho? Por favorzão? Pooooooor favor? Hein, hein, hein?
– Ta bom, ta bom, ta bom! – Ela disse, soltando a mão de John e as levantando como se estivesse se rendendo. – Vamos, mas eu vou investigar isso depois. Fique sabendo disso.
– Como quiser – Falei. – Agora temos que irrrrrrr! Ah, mal posso esperar!
Seguimos em silêncio até o saguão, enquanto eu imaginava como John achou o quarto sozinho, em como Anthony tinha saído de lá, no jeito estranho que John tinha me olhado depois de olhar pro lugar por onde Anthony tinha provavelmente saído.. Aquilo tudo era muito, muito, muuuuuuito esquisito. Tinha algo aqui que eu não sabia. Meus pensamentos conspiratórios foram interrompidas pelo meu pai.
– Oi, querida. Desculpe a demora, tivemos um pequeno probleminha. – Ele disse, lançando um olhar advertente a alguém distante do lado de fora da casa. – Vejo que conheceram John, é um bom menino. Muito talentoso também. – Completou, dando tapinhas no ombro de John e se inclinando para falar perto de seu ouvido alguma coisa que fez John sorrir, depois prender uma possível gargalhada ou algo assim. Claro que eu estava morrendo de curiosidade pra saber o que era, mas não me senti no direito de perguntar. Vai que era alguma coisa do trabalho ou algo assim?
Eles começaram a andar em direção a porta, e meu pai fez menção de que o seguíssemos. Lauren continuava a olhar John, o que me fez estranhar seu repentino silêncio e falta de interesse em conversar comigo.
Fizemos uma viagem rápida de limusine. Sim, limusine. As pessoas em Los Angeles adoram ostentar sua riqueza, não era culpa de meu pai que ele fosse acostumado com isso, nem nada, mas existiam ostentadores de riqueza piores do que ele, por isso eu não o julgava por fazer essas coisas de vez em quando, por exemplo.
Não demorou muito para que chegássemos, a viagem até lá foi interessante em si e não demorou, mas meu pai não deixou escapar nada, ele só falou da Austrália e sua beleza, os lugares legais e etc., tudo que eu já havia escutado antes. Além de me enrolar sempre que eu perguntava algo sobre seu trabalho ou alguma coisa que pudesse o entregar.
Percebi que havia muita agitação e barulho no lugar, quando me dei conta de que era uma casa de shows. Céus, o que estávamos fazendo ali? O que me fez lembrar de Gloria, onde estava ela, afinal? Bom, de repente meu pai queria me apresentar uma possível esposa em algum lugar longe da minha mãe, então Gloria deveria estar lá dentro ou algo assim... Mas esse lugar era estranho demais para se fazer isso, definitivamente estranho. E nem tínhamos entrado pelo lado certo, o que era mais estranho ainda. Estávamos entrando pelo backstage... Talvez seja alguma banda que eu goste e meu pai esteja me levando ao camarim!
Ahá, só pode ser isso. Olhei para Lauren, enquanto saíamos do carro, mas ela estava absorta em algum tipo de conversa muito interessante com John, pois nenhum dos dois percebia a minha existência. Passamos por uma porta e um cara cheio de equipamentos eletrônicos e uma prancheta na mão nos encaminhou por um corredor em direção a uma outra porta, parecia um camarim. Aliás, era um camarim. Então só podia ser isso, era um presente pra mim! Deve ter alguma banda que eu goste ali dentro mesmo! Comecei a devanear sobre quais bandas poderiam estar ali dentro. Meu pai rapidamente adquiriu um comportamento sério e de trabalho, enquanto conversava com o tal cara sobre alguma coisa que não prestei atenção, até que ele trocou um olhar com John e se postou a frente da porta do tal camarim. Ele a abriu para que John passasse e depois a fechou misteriosamente. Porque ele podia e nós não? Eu queria gritar e sacudir o meu pai, eu já estava ficando nervosa.
– Ah, pai! Obrigada... Não precisava fazer uma surpresa assim! Deixa a gente entrar logo! – Falei, tentando abrir a porta. E não contendo meus sorrisos.
– Ei, calma aí. Você nem sabe o motivo de estar aqui. – Ele disse, lançando um olhar curioso pra mim.
– Então diz logo, que coisa! Quanto mistério, credo! Já estou nervosa.
– Bom, até eu estou nervosa. Porque ele já entrou e a gente não? – Lauren perguntou.
– Mas vocês podem, só queria que soubessem o que estão fazendo aqui primeiro.
– Nós vamos no camarim de uma banda, certo? Eu já percebi isso, pai. Agora anda logo e abre essa porta. – Eu disse, meu ânimo crescendo e crescendo, enquanto eu esperava abrir a portar dar de cara com alguma lenda do rock ou algo assim, meu pai conhecia meu estilo... E eu nem podia acreditar que isso era um presente pra mim. O que me leva a pensar.. Isso não era pra ser um presente, ele disse mais cedo que tinha algo a ver com o seu trabalho... Mas.. Ele não faz nada relacionado à música, shows, nem nada disso, ele nunca fez. Só que ele parecia animado, animado demais.. E eu poderia até dizer que um pouco orgulhoso. Um alerta de preocupação apitou em minha mente. Meus sorrisos cessaram, dando lugar a uma expressão esquisita e não muito amistosa, provavelmente.
Será que aquilo era realmente o trabalho dele ou ele queria me mostrar alguma coisa? Será que Gloria estava ali dentro? Será que era ela que tocava, cantava ou alguma coisa assim e por isso estávamos ali? Ou então era mesmo uma surpresa? Embora eu já duvide muito dessa última teoria.
Bom, estou certa de que meu pai terá que explicar tudo de alguma forma em algum momento, é claro.
– Sim, é um camarim de uma banda. – Ele assentiu para nós. Dãr, pai. Eu já percebi que é o camarim de uma banda... É meio óbv... Ei, ele estava querendo que perguntássemos qual era a banda, era isso? Não sei se estou mais curiosa, ou mais preocupada.
– É? – Lauren disse, subitamente ficando interessada. – Qual banda?
– É, pai.. – Eu disse, não tão euforicamente, mas tentando apressar as coisas. – Qual banda, hein?
– Ah, isso. Bom, meninas, quero lhes apresentar... – Ele disse, abrindo a porta e dando um passo para dentro, de forma que pudesse estender a mão em direção a um camarim zoneado, onde haviam quatro caras com roupas loucas largados pelos sofás e cadeiras, que assim que notaram a presença do meu pai, imediatamente voltaram sua atenção para nós.
– Os Red Hot Chili Peppers!



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