My Heart, Your Skin escrita por bramadas


Capítulo 3
Dusting off your savior


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem, desculpem pela demora...(adorei as reviews que vocês deixaram no outro capítulo, haha)



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Mas era tarde demais, porque eu estava desmaiando. Ou caindo pra trás, ou algo assim. Agora eu podia ver o teto por inteiro e eu não tinha nem a intenção de não tentar cair pra trás, que era o que eu estava fazendo, literalmente caindo pra trás. E eu não estava reagindo. Bom, de repente se eu caísse e batesse a cabeça, talvez tudo se resolvesse e eu tivesse uma amnésia.

Ótima idéia, aliás! Assim eu não teria que lidar com nada disso.  Mas aparentemente, isso não iria acontecer, porque senti uma mão passar pela minha cintura firmemente e parar a minha queda no meio do caminho. E bom, eu ainda estava olhando pro teto que nem uma idiota, antes de perceber que alguém havia me segurado. Que ódio de mim, sério! Porque eu tenho que ter essas reações toscas? Dá vontade de me sacudir e dizer:”TOMA TENÊNCIA!”(Só faltou eu babar, porque eu já estava meio boquiaberta mesmo).

 ODEIO ficar nervosa e ter esses epileques esquisitos. Mas parece que meu corpo não entende esse meu ódio muito bem e prefere sempre zoar com a minha cara, me fazendo desmaiar.. Ou quase desmaiar, sempre. Então, a mão que tinha que me segurado me puxou de volta, tentando me fazer ficar de pé.

     Ah, era ele. De novo salvando minha vida. Ótimo. Agora eu o devia duas vezes.

Ele me observava parecendo meio preocupado com a minha reação, então tragou novamente o cigarro e quando viu que eu estava o observando, jogou a fumaça toda na minha cara, de propósito. E ainda riu. Ele tinha dado um passo pra perto de mim pra poder me puxar, o que nos deixou bem próximos um do outro. Ainda não caiu a ficha que eu tinha reagido à presença dele desse jeito. Sou uma idiota... Completa e total idiota.

De repente, me deu um estalo na cabeça, eu ainda estava reagindo que nem uma retardada. Independente de quem ele fosse, ele estava jogando fumaça de cigarro na minha cara! E eu ainda nem tinha dito nada!!!  Sacudi os braços pra espalhar a fumaça, por um momento me esqueci quem estava ali comigo. E então ele tirou as mãos da minha cintura, me deixando livre pra andar pelo quarto. Ok, então era isso, era agora ou nunca. Ou sei lá. Eu simplesmente não sei o que vai acontecer. Preciso manter a calma, mas não sou muito boa nisso, eu acho.

Ele ficou parado na porta, fumando, quieto e provavelmente observando cada movimento meu e fingindo que não. Ele tava muito gostoso. Mas é claro que eu não tinha reparado nisso antes... CLARO! Porque eu sou uma idiota egoísta e sempre estrago as coisas.

Sentei na cama de Lauren e fiquei olhando pra ele. É, chegou a hora.

- Oi. - Eu disse, meio cabisbaixa e envergonhada. Ele estava passando os olhos pelo quarto e então resolveu me olhar.

Bom, tenho que dizer algo em minha defesa. Eu não via esse homem fazia um ano. Eu não sabia o que esperar, porque eu nem imaginava que eu poderia me encontrar com ele de novo justamente quando volto pra esse inferno dessa cidade pela primeira vez. Então eu tinha motivos pra estar nervosa, certo?

- Oi. - Ele respondeu, dando uma última tragada (Meu Deus, como ele fuma rápido, quase me esqueci disso). Depois jogou o cigarro no piso do corredor e apagou com o sapato, olhou pros dois lados do corredor, como se estivesse checando que ninguém estava vindo e entrou no quarto, fechando a porta. Normalmente, qualquer pessoa surtaria com um cara se fechando num quarto com ela, mas eu entendia o que ele estava fazendo, e eu agradecia por isso, mas eu não queria falar sobre nada com ele, muito menos sobre o que ele provavelmente mais queria falar. Que era o principal motivo por ele estar fechando a porta. MEU DEUS. Não sei se posso lidar com isso, mas está acontecendo tão rápido. Ok, eu consigo, claro que eu consigo. Respira, Charlotte, Respira! É só eu sacudir a cabeça pra tudo que ele falar. Isso, ótima idéia!

 É o que vou fazer.

- Assustei você? - Ele perguntou, de fato estranhando a idéia de que eu pudesse me assustar com ele.

Eu fiz que não com a cabeça, ele franziu o cenho. É claro que ele ia desconfiar da minha resposta, porque ele realmente tinha me assustado, qualquer idiota perceberia.

- Não pareceu isso. Então... Você não tinha ido.. Uh... Embora daqui? - Ele continuou perguntando, passando os cabelos por trás da orelha e se sentando num puff psicodélico que tinha no quarto de Lauren, me lançando um olhar muito penetrante, que não pude distinguir se era de propósito ou não.

Ele era intimidador, credo. E sim, ele tinha os cabelos compridos e lisos, e eram tipo assim, lindos. Acabo de perceber que acho isso sexy.

Fiz que sim com a cabeça, tentando prestar atenção no que ele dizia.

- É? Então o que você está fazendo aqui? - Ele perguntou calmamente, ainda me olhando daquele jeito. Digo, ele não estava sendo grosseiro nem nada, ele parecia realmente curioso. E que droga, essa pergunta eu não iria poder responder com a cabeça. Fiquei olhando pra ele. Ele ainda tinha os mesmos braços musculosos, pude perceber, chegava a marcar até no terno. E pude ver sua tatuagem de asterístico no pulso, quando ele jogou o cigarro fora, o que me fez lembrar vagamente que ele tinha outras tatuagens, mas como eu disse, vagamente. Eu não me lembrava de muitas coisas dele, mal me lembrei de seu nome. Ok, isso é mentira. É claro que eu lembrava o nome dele, mas eu afastei tanto essas memórias da minha mente, que comecei a acreditar que nada disso realmente fazia parte da minha vida. É, como eu disse, sou idiota. E pessoas idiotas fazem coisas muito idiotas. De qualquer forma, ele era o tipo de cara que ficava maravilhoso de terno, mas que ficaria melhor ainda sem. Não acredito que acabei de pensar isso. Ok. Da onde estão vindo esses pensamentos safadinhos? Se contenha, Charlotte.

Dei de ombros e continuei olhando pra ele.

- Você está assustada por me encontrar aqui, né? Não precisa ter o trabalho de negar. Bom, eu também estou assustado com você. Eu não esperava te encontrar aqui, na verdade, você me deixou preocupado desde a última vez que eu te vi, é claro. Mas parece que você está bem, afinal. Pensei que você nunca mais fosse voltar nesse lugar, mas eu sei... É simplesmente o que Los Angeles faz com as pessoas.

 Sacudi a cabeça afirmativamente, concordando com ele.

- Para de fazer isso, por favor. Você ta me irritando. Sacudir a cabeça não conta como resposta. - Ele disse, se levantando do puff e sentando-se ao meu lado na cama.-  Mas parece que eu ainda tenho que te salvar de você mesma, né? - Ele disse se referindo ao meu quase desmaio. Olhei pra ele, revirando os olhos e finalmente conseguindo falar.

- Não começa, por favor. – Eu disse, minha voz saindo um tanto quanto esquisita.

- Eu nem comecei. - Ele falou, parecendo se divertir com minha resposta.

- É. O que você está fazendo aqui, aliás? - Perguntei, séria.

- Eu te pergunto o mesmo. - Ele rebateu, também ficando sério.

- Foi você quem me seguiu. - Eu disse asperamente. Porque não tinha como ele ter ido parar ali por acaso, não tinha mesmo. Ele tinha que ter me seguido.

- Foi você que quase desmaiou duas vezes ao me ver hoje. - Respondeu fingindo estar sério, provavelmente tentando me irritar, insinuando que eu talvez tivesse mais do que um motivo pra ficar nervosa por vê-lo. Acho que isso era engraçado pra ele, digo, me irritar. Ou me ver irritada.

- Você está insinuando alguma coisa? - Perguntei, semi-cerrando os olhos pra ele.

- Porque? Eu deveria? - Ele perguntou de modo assanhado, finalmente rindo.

- Não. Não, mesmo. - Eu respondi, ainda tentando ficar séria. Mas eu queria rir, porque ele estava dando uma de bobão comigo. E isso era até meio fofinho.

- Foi o que eu pensei. Então, como foi em Nova York? - Ele perguntou descontraídamente.

- Foi bom, sabe? Perto daquelas pessoas eu sou uma santa. - Falei brincando. Ele começou a rir, fingindo que achou muito engraçado.

- Você? Ha-ha. Claro.

- Idiota. - Eu disse, revirando os olhos. - Eu sei me controlar, Anthony.

- Claro que você sabe! Você é tão controlada que desmaia de nervoso. Ta fazendo isso certo, Charlie. - Ele disse, fazendo sinal de jóia de um jeito zombeteiro.

- Ninguém me chama de Charlie.

- Eu acabei de chamar.

- Mas todo mundo me chama de Chars, porque é meu apelido.

- Não, Chars não é legal pra mim. Nem Charlotte. Prefiro Charlie. Viu? Eu lembro seu nome, mas você jurou que eu iria esquecer. Lembra? - Ele disse, prestando atenção na minha boca de repente. Juro que pensei que ele estava se preparando pra fazer alguma coisa a mais do que só prestar atenção. Era o jeito dele, eu acho. Ele me passou essa mesma impressão de estar sempre interessado em algum tipo de jogo de sedução ou algo assim, desde a última vez que o vi. Parecia uma coisa totalmente agradável pra ele.

- Wow, wow, wow! O que você está fazendo? - Perguntei bruscamente.

- Nada, eu acho. Porquê, eu deveria? - AI, ESSAS RESPOSTAS-PERGUNTAS ESTAVAM COMEÇANDO A ME IRRITAR. E como todos que me conhecem sabem, eu me irrito meio facilmente.

- Não. - Eu disse, afastando o rosto dele levemente pro outro lado com a minha mão. Ele começou a rir de novo e segurou meu pulso, puxando pra baixo para que eu parasse de empurrar a cara dele. Encostou na perna dele sem querer, mas ele deixou lá, como que de propósito, pra eu sentir os músculos sob a calça. Ele estendeu a mão sobre a minha, meio que prendendo minha mão.  Ás vezes acho que nada do que esse cara faz é sem pensar, não pode ser só impressão minha. É claro que ele tava fazendo de propósito. Homens.

- Você pensou o quê? Que eu fosse te beijar? - Ele perguntou, na maior cara de pau, com maior cara de sínico conquistador. Mesmo assim, não fiquei nem um pingo constrangida, de verdade. Nem ele. Ambos sabíamos que éramos atraentes um pro outro, mas acho que ninguém ia admitir isso nunca porque jamais iria ter clima.

- Parecia.

- E se fosse?

- Mas não era.

- Mas poderia ser, então?

- Não.

- Sei. - Ele disse ironicamente, dando uma risadinha e soltando minha mão. Convencido? Nossa, imagiiiiiina! Ele deve se sentir o cara e coisa e tal, e deve adorar paquerar todas, mas eu sei que é só brincadeira dele.

- Ah, cala a boca, Anthony.

- Não, não calo. Na verdade, eu vim saber o que está acontecendo. O porque de você estar aqui e etc. Que por um acaso a Srta. Charlie ainda não me disse.

- De quem que você ta falando mesmo, hein? Curioso.

- Mas você não acha que me deve explicações, Charlie?

- Claro que não! E não sou nenhuma Charlie. - Eu disse meio bruscamente. Ele ficou me olhando. Eu não queria ter sido rude, eu juro. Mas... Eu não falo disso com ninguém, é idiota e vergonhoso e... Eu só não queria falar com ninguém sobre esse assunto mesmo, nem que seja com a única pessoa com quem posso conversar sobre isso: Ele.

Mas eu já sabia que poderia ter que passar por algo assim se voltasse aqui, só não esperava que fosse agora, logo no primeiro dia em que estou aqui. Nem com ele. Mas a vida tem dessas coisas, adora surpreender a gente.

- Claro que sim. Você continuou injetando depois daquele dia?  - Ele perguntou, dessa vez falando sério. Então *paff*, ele tinha mandado na lata e tocado no assunto finalmente. Mas pra minha surpresa, eu não me senti tão reclinada quanto eu pensei que ficaria pra falar sobre isso com ele, eu não tinha vergonha dele, eu acho. Pelo menos não sobre isso, percebi. O que era uma coisa boa, eu acho. E ao mesmo tempo ruim, porque eu estava fazendo todo aquele drama à toa.

- Não era um hábito pra mim. Usei aquela vez com você e pronto. – Eu disse.

- Claro... Comigo? Não foi bem assim, você sabe disso. Bom, foi você que teve a idéia. Já esqueceu o que aconteceu?

- Não.. Eu só.. Eu só fingi que nada aconteceu. – Eu admiti, relutantemente.

- É.. Eu te entendo. Ás vezes é mais fácil fingir que nada aconteceu, mas nem sempre é a coisa mais inteligente a se fazer. - Ele disse olhando pro meio do nada, como se recordasse alguma coisa.

- Você não contou pra ninguém, né Anthony?

- Não... Isso não é problema meu, pra que vou contar pros outros? E você, contou?

- Claro que não!

- Então quem é Lauren?

- Porquê? O que ela tem a ver com isso? Você estava me seguindo mesmo, então? Seu bastardo!  Eu sabia! - Eu disse, me levantando. Porque pra ele saber o nome da Lauren, deve ter me escutado falar com ela ou algo assim. Mas eu estava apenas brincando com ele, eu entendia o motivo dele querer falar comigo. Mas era engraçado ele ter se importado tanto ao ponto de me seguir até aqui, é claro.

- Não, idiota. Você perguntou se eu era essa tal Lauren antes de abrir a porta. - Ele respondeu, também se levantando.  Ok, então ele não tinha me seguido tanto tempo, só o suficiente pra me ver vindo pra cá.

- Eu não sou idiota. - Eu disse revirando os olhos e cruzando os braços em frente a ele. - Esse é o quarto dela. É normal eu esperar que ela apareça aqui, não sou idiota por isso.

- Ninguém está tentando comprovar que você é idiota. - Ele rebateu, cruzando os braços em minha frente, fazendo uma imitação tosca de mim.

- Você é meio irritante, sabia? - Eu disse, me aproximando dele de uma forma magnética, simplesmente como se ele fosse um imã me puxando pra perto e que fosse certo eu estar próxima dele. Meu Deus, eu estava perdendo o controle demais sobre meus atos nas últimas 24 horas da minha vida. Já não bastavam os quase-desmaios.  Ele notou minha aproximação e deu um sorrisinho maroto. Sim, ele era muito irritante, definitivamente. Ele era o causador disso tudo, afinal.

- Mas é assim que você gosta. - Ele disse, continuando a lançar um sorrisinho muito perigoso pra mim. Ele ainda estava de braços cruzados e de pé em minha frente. Ele realmente era mais gostoso do que eu me lembrava. É.

Eu tinha me esquecido que paquerar qualquer coisa que usasse saia era realmente uma coisa normal pra ele. Digo, não passei tantoooo tempo da minha vida assim com ele, mas qualquer um percebe isso em minutos. Era meio que um esporte, ele gostava dessa brincadeira. Então eu não podia dar corda, por mais que ele estivesse de fato só brincando.

- Hmmmmmmmm. Porque você quer saber quem é Lauren, então? - Eu perguntei, ignorando o que ele tinha dito. E também ignorando o calor que eu de repente comecei a sentir.

- Porque se você está no quarto dela, ela deve ser sua amiga. - Ele disse, dando uma última olhada pelo quarto.

- E daí?

- Pensei que você ia contar pras suas amigas o que aconteceu.

- Não, ninguém sabe.

- Só eu? - Ele perguntou, levantando apenas uma sobrancelha de novo. Não entendi muito bem o que estava acontecendo, mas de repente aquele calor estava ficando meio insuportável.

- É, só você. - Eu respondi com um sorrisinho afetado. Epa. Nada de sorrisinhos afetados, foi só impressão minha, acho. Tinha que ser.

- Porque esconder isso de todo mundo?

- Porque foi só uma vez.  E sei lá.. Talvez porque eu tenha vergonha de ter feito isso, quem sabe? Dãr.

- Vou acreditar em você então...

- E deveria.

- Hmmmmm. - Ele murmurou, pensando. - É. Ta bom. – Continuou, soando um tanto quanto irônico.

- Ugh. - Eu disse, me irritando por ele pensar que eu fosse capaz de fazer uma idiotice daquelas de novo, o calor tinha sumido. Saí de perto e fui mexer na minha bolsa. Por algum motivo, as malas que eu havia trago mais cedo não estavam mais ali no quarto, imagino que alguém tenha levado pra algum outro quarto, provavelmente. Mesmo assim, muito estranho. De qualquer forma, eu precisava sair de perto dele. Aquele sentimento de culpa por ter feito besteira estava começando a voltar. - Você acha mesmo que eu faria aquilo de novo? Quero dizer... Depois do que você viu? Acho que não, não sou tão estúpida.

- Você não é a primeira que eu salvo de uma overdose. - Ele disse calmamente, mas na minha cabeça essa palavra era meio que proibida.

Senti meu estômago revirar só de lembrar daquilo novamente.


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