Shattered Dreams escrita por Labi


Capítulo 4
Capítulo III


Notas iniciais do capítulo

Eu demorei a fazer uptade... Desculpem *run*. Anyway, desejo-vos um bom 2012. Espero que seja melhor que o ano anterior e que todas as memórias dolorosas passem a ser só isso, memórias.



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Os dias seguintes foram ainda mais estranhos. Como era fim-de-semana, Alfred aproveitou para mostrar a cidade a Arthur. E isso não foi exactamente fácil. Na primeira vez que saíram cá fora, Alfred notou que as pessoas pareciam ignorar Arthur. Ao principio não entendia porquê, nas quando uma senhora de idade lhe perguntou se era maluco por estar a falar sozinho, Arthur sugeriu que talvez estivesse invisível.
"Mas eu consigo ver-te!"
"Bem, então não sei." disse o anjo, encolhendo os ombros.
"Então... sei lá... Experimenta fazer as asas desaparecerem."
Arthur acenou afirmativamente e fez o que o americano lhe pediu.
"Falta só testar."


Estava um dia nublado, mas apesar das nuvens cinzentas, não estava a chover e Alfred mostrava a Arthur o Jardim Botânico da sua universidade. Estavam a tentar ver os peixes num dos lados artificiais quando passou um miúdo pequeno de mãos dadas á sua mãe que apontou para Arthur e comentou:
"Mummy! Está ali um homem de vestido!"
"Shh, não se diz essas coisas!" ralhou a mãe envergonhada.
"Mas mummy... É um homem! De vestido!"
"Fala baixinho! Não é educado falar de-"
"Mummy!! Ele tem as pernas mais bonitas que as tuas!"
A senhora fez um olhar chocado e puxou o miúdo:
"Vamos embora rápido, que o teu pai deve estar a chegar."


Curioso, Alfred olhou para o anjo a seu lado e viu que ele estava vermelho, muito, muito vermelho. E tanto podia ser de raiva como vergonha.
"Fazer desaparecer as asas funciona.” resmungou.
Foi então que Alfred percebeu o que era o ‘vestido', que era sem mais nem menos, a toga de Arthur.
O americano não aguentou, e em pouco tempo estava já a chorar de tanto rir. O inglês estava capaz de o matar.
"Não tem piada."
"Tem sim!" tentou controlar o riso e limpou as lágrimas á manga da camisola.
"Acho que prefiro ser invisível." com um movimento rápido, Arthur pegou na varinha de condão e voltou a fazer aparecer as asas.
"Acho que não há mais nada para te mostrar por aqui."
"Óptimo. Já estou farto de americanos."
Alfred ignorou o comentário e continuou, "Queres ir a algum lugar em especial ou podemos ir embora? É que amanhã tenho aulas e ainda tenho de acabar uns resumos..."
"Por mim, podemos ir embora."


Iam a pé para casa. O silêncio era meio desconfortável e Arthur, mesmo sabendo que não tinha nada a ver com o assunto, perguntou timidamente:
"Hum, estudas exactamente o quê?"
Com um sorriso convencido, o americano respondeu-lhe:
"Astronomia!"
O inglês rolou os olhos. As pessoas de ciências têm sempre a mania que sabem e entendem tudo.
"Isso é chato."
"Não é não! Astronomia é o melhor curso deste e dos outros planetas! ", ele riu-se da sua própria piada, "Sou quase bom aluno, apesar de ser difícil."
"Quase bom aluno?"
"É... É que tínhamos de escolher pelo menos uma língua, e eu escolhi inglês avançado e sou um desastre com gramática e escrita."
Desta vez, quem fez um sorriso convencido foi Arthur:
"Se quiseres posso ajudar... Sou, quer dizer, era, o melhor aluno de Literatura Inglesa no 2º ano em Oxford. Letras são a minha especialidade."
Alfred ficou de boca aberta com esse pormenor.
"És o maior se me ajudares!"
O anjo sorriu e aproveitou para pedir:
"Emprestas-me alguma roupa tua? Não quero ser o 'homem do vestido' de novo."
O americano desmanchou-se a rir mas concordou.


##


"E pronto, neste caso usas o Past Perfect, como se fosse nas If Clauses."
"E aqui é o Present Perfect...certo?"
"Errado!"
"Ugh, deixa lá. Tenho sono já não entra nada..."
O anjo resistiu ao impulso de bater com a cabeça na parede. Tinham estado naquilo desde o fim do jantar e já eram quase duas da manhã.
"Eu vou dormir." , anunciou Alfred , levantando-se e arrastando-se para o quarto, "Boa Noite."
"Boa noite..."
Arthur estendeu o cobertor no sofá, a sua cama oficial e vestiu o pijama enorme que Alfred lhe emprestou.
"Só faltam mais 97 dias..."


Na manha seguinte, Alfred tinha aulas bem cedo. Ia para tomar o pequeno-almoço e viu Arthur dormir pacificamente numa posição enrolada estranha no sofá.
Como ainda não tinha feito nenhuma boa acção de herói (nem a cama), pegou com cuidado no anjo ao colo e deitou-o na sua cama tapando-o depois com os cobertores.
Arthur encolheu-se inconscientemente, enrolando-se em si próprio como um gato. O americano franziu o sobrolho e fez uma nota mental para dizer ao anjo que ele tinha muito má postura. Entretanto, lembrou-se que estava atrasado. Com pena de acordar o anjo, escreveu um bilhete, que colou na porta do guarda-vestidos e saiu, literalmente, a correr de casa para apanhar o autocarro.
Quando chegou á universidade encontrou logo Matthew, uma vez que Kiku tinha escolhido japonês como língua e portanto só tinha aula depois. Saudou-o e dirigiram-se para o piso superior onde teriam o exame de inglês.

Alfred tinha de admitir, os truques que Arthur lhe tinha explicado á pressa no dia anterior, estavam a ajuda-lo imenso na parte da gramática. Por isso, o exame correu-lhe muito bem.
"Para quem acabou de sair de um exame de inglês, estás muito bem-disposto." gracejou Matthew, depois de terem terminado e saído da sala, que estava habituado a aguentar com um Alfred deprimido depois dos exames.
"Ora essa, apenas me correu muito bem!" disse o americano a sorrir.
"Aposto que usaste cábulas."
"Não usei não! Estou limpo!"
Matthew fez um olhar desconfiado, "Então deves ter um anjo da guarda, porque milagres destes não acontecem todos os dias."
"É... Mais ou menos isso..."
O canadiano fez uma expressão engraçada e perguntou curioso, "O que queres dizer com isso?"
"N-nada..." , respondeu o outro ligeiramente corado, "V-Vamos procurar o Kiku, ainda temos 10 minutos de intervalo não é? Ele teve japonês agora, não foi?"
Matthew suspirou, encolheu os ombros e seguiu o americano que ia á sua frente a falar sozinho.


##


Arthur acordou com o leve barulho da chuva que caía na janela. Abriu os olhos e viu que não estava no sítio habitual, a sala, mas sim num quarto moderno, com uma das paredes pretas e as restantes brancas, e estava deitado bem no centro de uma cama enorme, fofa e quente. Á sua frente, no guarda-vestidos embutido na parede, tinha um papel pendurado. Levantou-se e pegou no papel escrito com uma caligrafia saltitante:


"Arthur:
Trouxe-te para o meu quarto porque o sofá parece-me desconfortável. Foi a minha boa acção do dia! Aproveita-a! Olha que a ultima vez que adormeci no sofá e acordei na cama tinha 5 anos. Man, há tanto tempo...
De qualquer forma, podes tirar qualquer roupa do armário (menos o casaco castanho e a t-shirt especial do Spider Man) e comer o quiseres da dispensa.
P.S: Volto ás 13:10."


Arthur sentiu a sua cara quente. Aquele anormal tinha pegado nele ao colo enquanto dormia desprotegido e indefeso. O que Alfred pensava que ele era? Uma princesa Peach da vida?
Mas bem, aquele sofá estava a dar-lhe cabo das costas, então ele acabou por ficar agradecido pelo gesto do americano...Ainda que fosse humilhante... E vergonhoso. Mas visto bem as coisas, se ele ainda estivesse em casa dos pais, o mais provável era acordar não numa cama fofa, mas sim no meio do chão caso algum dos seus irmão se lembrasse de o empurrar do sofá...
Os seus irmãos... será que sentiam a falta dele?
Ele riu-se com a própria ironia dos seus pensamentos. Afinal, ele já estava 'morto' para a sua família há muitos anos...
Olhou para o relógio e viu que eram quase onze e meia, o que significava que ele devia começar a fazer o almoço.

Antes de ir para a cozinha, abriu o armário de Alfred para pegar em alguma roupa. Achou curioso as fotos que Alfred tinha coladas na parte de dentro do armário. Uma delas mostrava Alfred em criança, o que lembrou Arthur do seu irmão mais novo, Peter, pois eram bastante parecidos. Sacudiu a cabeça para tentar afastar a memória do seu irmão e pegou na primeira t-shirt que encontrou (para seu desprezo logo uma que dizia "I ♥ New York") e também numas calças de ganga e um cinto.
Depois de se vestir e ficar a reclamar que estava a 'nadar' dentro da t-shirt, o britânico fez a cama e foi para a cozinha começar a cozinhar. Ele esperava sinceramente não queimar nada...


##


No final da segunda aula, Alfred podia finalmente ir embora, uma vez que não estava inscrito nas outras disciplinas.
"Matt, esqueci-me do guarda-chuva de novo, tens algum que me emprestes?"
"Não, desculpa..."
"Não tem mal."
Estava tramado. Tinha começado a chover torrencialmente e ele tencionava ir a pé para casa, uma vez que só o próximo autocarro só chegava dali a duas horas e meia.
"Vou indo. Até amanhã Matt!"
"Vais á chuva? Tu és doido!", gritou o canadiano, sendo totalmente ignorado, para variar...
Quase de propósito, a chuva intensificou-se e Alfred tentou correr mais rápido. Regra geral demoraria trinta minutos a chegar a casa num passo normal, mas a correr, Alfred acreditava que em quinze minutos devia chegar. A sua cabeça começava a doer, assim como os músculos frios, mas ele não ia desistir!


Arthur acabou de por a mesa e esperava que Alfred regressasse, mas o americano parecia estar atrasado. Sentou-se no sofá a ver Tv e a ouvir o barulho da chuva torrencial lá fora. Ouviu um estrondo atrás de si e levantou-se assustado voltando-se me direcção da porta. Completamente encharcado e a tremer violentamente, Alfred respirava ofegante encostado á porta.
"O que-"
"Esqueci-me do g-g-g-guarda-chuva.” disse o americano a tremer.
"Queres que encha a banheira e acenda a lareira?"
"Se n-n-n-n-não te importares..."
O anjo encheu a banheira de água quente e ligou o radiador na casa de banho. Deixou Alfred entrar e foi acender a lareira e por a cama pronta. Passado meia hora, o americano saiu da casa de banho e como ainda estava a tremer, Arthur obrigou-o a deitar-se.
"E o jantar?"
"Eu levo-te ao quarto, não te preocupes."
O americano fez um sorriso cansado, "Obrigado Arthur..."
"D-de nada... Eu apenas fiz comida para mim, mas exagerei d-demasiado na quantidade, então..."
"Sim Arthur... Obrigado na mesma."
O inglês coçou a cabeça embaraçado e foi buscar um tabuleiro, onde colocou comida, água e pastilhas para a dor de cabeça que tinha no armário da casa de banho, e levou a Alfred.
"Estou na sala... Caso precises de mim, chama..."
"O-ok... Obrigado..."
O anjo sorriu suavemente e fechou a porta depois de sair.
"Ele podia sorrir mais vezes...", pensou Alfred enquanto começava a devorar a comida, "E cozinhar mais vezes também..."



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Notas finais do capítulo

A.n: A quantidade de aspectos bizarros neste cap é enormeeeeee. Mais uma vez, acho que ficou "apressado", mas tem de ser, senão não chega para os 100 dias...
E peço desculpa pela fraca edição... O Nyan deve estar de TPM, ou simplesmente me odeia...