"Só mais uma!"

"Luciano...Tu-"

"Mas eu quero mais uma caipirinha!"

O português respirou fundo e cruzou os braços por culpa do frio.

"Despacha-te mas'é. São quase três da manhã e nós estamos aqui no meio da rua a apanhar frio!"

"Eu só quero uma caipirinha! Nem está frio, você é que é velho, e os velhos são sensíveis."

Afonso voltou a respirar fundo. Tinha de manter a sua calma...

"Eu queroooo..."

"Que foi agora Luciano?"

O brasileiro olhou para ele usando a táctica de cachorro abandonado e respondeu:

"Quero uma caipirinha..."

O outro levou a palma da mão à testa e disse num tom exasperado:

"Nem penses! Tu queres é ir para casa dormir. Amanhã tens aulas cedo."

Luciano fez biquinho e cruzou os braços, amuado:

"Não quero ir para casa."

"Mas tens de ir para casa."

"Mas...Mas os meus pais matam-me se descobrem que andei a beber..."

"E tu ainda queres uma caipirinha mesmo sabendo disso?"

"Sim ~"

"Nem penses. Amanhã tens aulas."

O português acelerou o passo com a intenção que Luciano se despachasse. Olhou por cima do ombro e viu que o moreno o seguia, ainda que amuado. Continuou a andar durante mais uns metros até que ouviu um barulho e alguém a gemer de dores.

Voltou-se para trás assustado e deparou-se com Luciano sentado no chão.

"OUCH! ESTA PORRA DOEU!"

Ao princípio, Afonso tentou ficar sério, trincava os lábios e olhava para o lado...

"Está-se a rir? Sabe que eu caí de bunda?! DE BUNDA! VOCÊ SABE O QUANTO DÓI CAIR DE BUNDA?"

O português não aguentou mais e começou a rir-se, agarrando a sua barriga e deixando cair até lágrimas.

"NÃO TEM GRAÇA!  ME AJUDE A LEVANTAR!"

Afonso, ainda a chorar de tanto rir, voltou para trás e ajudou o brasileiro a ficar de pé. Irritado, Luciano afastou-se dele e tentou andar mais rápido, mas como ainda doía, acabou por ir todo torto.

Preocupado que o outro fosse cair novamente, Afonso (que agora se tentava manter sério a todo o custo) passou-lhe um braço pelo ombro e puxou-o na sua direcção para que Luciano ficasse com o seu peso todo apoiado nele.

"Agora vou-te levar a casa."

"Não!"

O português rolou os olhos e continuou a andar, "Tem de ser."

"Os meus pais..."

"Azar. Pensavas nisso antes."

"M-mas... Eu quero uma caipirinha... Please ~ "

"Luciano, tu-"

"Já sei, já sei." ele começou a falar de forma a imitar o sotaque do outro , "Tu estás bêbado."

"Se isso é uma tentativa de imitar o meu sotaque, só tenho a dizer que nem está perto..."

"Ugh. Seu velho sem sentido de humor..."

"Tu tens razão."

O brasileiro olhou para ele e disse surpreendido:

"T-tenho?"

"Yup. Os teus pais vão te matar."

"ENTÃO AJUDE-ME!"

"Como seu idiota?"

"Erm... Leve-me para sua casa!"

"Hey-"

"Por favor!" voltou a usar a táctica do "cachorro abandonado" que sabia perfeitamente que era o suficiente para convencer Afonso.

"Dá-me três bons motivos para eu te ajudar." suspirou, novamente, o português caminhando agora mais lentamente.

O moreno ficou pensativo por uns momentos mas depois respondeu ao desafio:

"Fácil! Primeiro, eu gosto de você. Segundo, você gosta de mim. E terceiro, nos gostamos mutuamente!"

Afonso levantou uma sobrancelha e abriu e fechou a boca como um peixe, não tendo bem a certeza do que contra-argumentar:

"Tu- Tu não voltas a beber..."

"Você vai me ajudar?" perguntou sorridente Luciano.

"Ugh... Que obrigação..."

"Para um velho rabugento você até consegue ser simpático!"

Afonso resmungou qualquer coisa e começou agora a caminhar em direcção á sua casa.

"Afonso~"

"Que foi..."

"Antes de irmos..."

"Sim?"

"Podemos ir beber uma caipirinha?"