Depois daqueles “incidentes” e de um bom natal, finalmente chegara o dia do ano-novo! Todos estavam muito ansiosos, e já mudavam a decoração.

Como aquela era uma cidade de praia e a “verdadeira” cidade ficava um pouco distante dali, Amu se ofereceu para fazer a comida, juntamente com Nagihiko, que afirmou ter “aprendido com sua irmã” muitos truques na cozinha.

Yaya, Kukai e Tadase ficariam com a decoração a ser retirada. Por fim, Rima iria com os tios de Tadase até a cidade comprar a nova decoração, que seria com um tema mais de ano-novo e algumas bebidas (nenhuma alcoólica claro).

***

Naquele momento, estava Yaya em cima de uma escada, em frente a varanda, tirando uma guirlanda e alguns pisca-piscas que ainda estavam por ali.

-A Yaya tira os pisca-piscas lá lá lá lá lá-cantarolava ela, entregando de vez em quando alguns enfeites a Pepe-chan sua chara, para que ela pusesse numa caixa.

-Nossa Yuiki-san! Você está bem animada não né?-Tadase comentou observador.

-Ah, Tadase é que os anos-novos deixam a Yaya muito feliz não é Pepe-tan?!-a menina respondeu entusiasmada.

-Com certeza!-Pepe-chan reforçou, e as duas fizeram um “v” de vitória com os dedos.

Kukai retirava os enfeites da árvore e Tadase ajeitava as caixas para que ficassem arrumadinhas como antes.

***

Enquanto isso, na cozinha, Amu havia feito seu Chara Change com Suu para poder se sobressair com os pratos que planejava para aquela tão aguardada noite.

Nagihiko apenas usava as técnicas “ensinadas por sua irmã”, coisas bem tradicionais do Japão.

Depois deles fazerem alguns aperitivos, foram para o bacalhau. Decidiram fazer como prato principal algo como peixe mesmo, pois há a superstição que dá sorte.

                -Amu-chan você não acha melhor cortar as batatas em rodelas do que “raspar” e deixar como a cenoura?-perguntou Nagi com um sorriso no rosto.

            -É, pode até ser, vai ficar mais apresentável.

            Ran e Miki (as outras charas de Amu), estavam lá fora ajudando os outros e Suu no chara change com Amu.

            -Hum, Amu, você viu onde está a parte daquela receita?-Nagihiko perguntou pensativo.

            -Ah, tá bem ali espera que eu pe...

            Nesse momento, a menina sem querer caiu por cima do Valete, que estava ao seu lado. Tinha sido um pequeno tombo, mas que agora resultara em uma menina de cabelos rosas em cima de um lindo menino. Os dois estavam com os rostos extremamente próximos, e nenhum deles fez sequer um esforço para se separar. Ambos também estavam ofegantes, um sentindo a respiração do outro. Quando seus lábios estavam praticamente unidos, em uma sintonia perfeita, alguém entra na cozinha:

            -HINAMORI?! FUJISAKI?! O-O Q-QUE DIABOS ESTÃO FAZENDO AÍ?!

            Os dois se separaram completamente ofegantes, ainda muito assustados com o flagrante. Ninguém mais ninguém menos que Souma Kukai estava parado, em pé, observando a cena aparvalhado.

            -Err... K-kukai, n-nós, nós... Não é o que você tá pensando!-Amu falou, levantando-se rapidamente e dando uma explicação entre tropeços e gagueiras.

            -Ah como assim não foi o que eu vi? Com certeza vocês estavam eram se agarrando!-o menino conclui colocando o dedo na cara de Nagihiko, que havia acabado de se levantar.

            -Amu-chan, por que você não termina de cortar as verduras? Eu vou ali falar com o Souma-kun ok?

            -M-mas...-Amu ia protestar, mas o Valete piscou o olho e a menina assentiu relutante.

            Nagihiko puxou Kukai até um canto onde ninguém pudesse escutá-los, um pouco mais pros fundos. Então, o garoto começou a falar:

            -Olha aqui Kukai, você nem sonhe em pensar em contar isso para alguém ok? E se você contar, lembre-se que eu também tenho coisas nada agradáveis suas para me defender viu?-Nagi falou apressado, nervoso, mas agora um pouco com mistério em sua voz.

            -C-como assim você viu algo “nada agradável” meu?!-o moreno perguntou preocupado, com uma expressão de medo.

            -Não pense que aquela sua “ceninha” com a Yuiki-san foi segredo! Eu vi os dois todos corados e você sem camisa ao lado dela!

            Assim que Nagihiko terminou de dizer a frase, Kukai ficou paralisado, com a boca entreaberta, aparvalhado e constrangido com tal situação. O menino não sabia o que dizer, muito menos o que fazer.  Como Nagihiko vira aquela cena?, pensava Kukai em pânico. O mais sábio a fazer naquele momento seria fazer um trato com Nagihiko. E foi mais ou menos o que Kukai fez:

            -Olha cara, não é nada legal ficar espionando os outros assim, então toma cuidado, eu não vou contar a ninguém sobre o seu “acidente” com a Hinamori, mas lembre-se que mesmo você me entregando seria muito estranho você ficar espionando os outros não é? Agora licença que eu tenho que terminar uns enfeites.

            Assim Kukai finalizou a conversa, saindo rapidamente dali, indo em direção a sala, onde estava Yaya pedindo ajuda porque não conseguia descer a escada.

            Nagihiko apenas olhou-o com mistério e foi novamente para a cozinha terminar o bendito bacalhau.

            -Alguém ajude a Yaya-tan! Ela vai caiiiiiiiiiiiiiiiiir!

            -Yuiki-san cuidado!-Kukai viu a cena e logo correu para ajuda-la. Mas o pior que ela estava caindo de uma escada, fazendo automaticamente Kukai segurar na própria, e Yaya sem muito pensamento não segura em nada, caindo em “queda livre”.

            Ai meu Kami agora sim, vou passar o ano-novo toda quebrada, ela pensava, então simplesmente fechou os olhos e esperou o atrito. Mas espere! Ela não caiu no chão, ela estava em algo macio e confortante. Os braços de Kukai. Seu melhor amigo sempre estava ali quando ela precisava. Sempre era ele que a segurava. Eles ficaram um tempo parados olhando um para o outro, como se não houvesse amanhã. Como sempre, a pequena Yaya já ficara constrangida, ruborizando rapidamente, ficando mais vermelha que um pimentão.

            -Err... Kukai seu idiota agora já pode colocar a Yaya-chi no chão!-Yaya falou se esperneando, mesmo que lá no fundo ela quisesse permanecer ali até não poder mais.

            -Ah, claro Yaya!-ele colocou Yaya no chão e todos dois estavam mais corados do que nunca.

***

            Após uma tarde inteira de arrumação e preparo, a tão esperada noite chega. Todos já estavam praticamente prontos, pelo menos os meninos digamos assim, porque as meninas ainda estavam fazendo um “preparo especial”.

            Naquele pequeno quarto (ou nem tão pequeno), três jovens lindas estavam se preparando para a grande noite. Rima estava apenas finalizando uma leve maquiagem, que era quase imperceptível, Amu estava calçando seu sapato e Yaya ainda estava no banheiro, olhando-se em um espelho grande.

            A ruivinha usava um quimono¹ rosa claro, com flores igualmente rosas de enfeite, sendo que um pouco mais escuras. Ela estava perfeitamente linda! Se recusava a usar maquiagem, porque segundo ela, “aquilo pinica”, então ela prefere romper o ano sem nada disso mesmo. Ainda com os cabelos soltos, sem nenhum penteado, ela pensava em como ajeitar aquela longa cabeleira ruiva.

            Já havia pensado em mil maneiras, mas sem nenhum teste. Foi aí que ela simplesmente amarrou duas maria-chiquinha em cada ponta, em uma espécie de coque, deixando alguns fios de cabelos soltos. Agora sim ela estava como queria, mas faltava alguma coisa... Ela resolveu deixar pra lá e ir lá fora ver como estavam os meninos.

            Saindo do banheiro, Amu e Rima logo levantaram olhares para ela e disseram:

            -Nossa Yaya você está linda!-falaram em uníssono.

            -Hum... Estou achando é que a Yaya-chan não fez isso só por se arrumar... Ela fez isso para alguém não-comentou Amu com um olhar misterioso e igualmente maldoso.

            -Hahá, é mesmo Amu-chan! A Yaya só pode tá se arrumando pra alguém né-Rima reforçou o comentário, dando risos.

            -Oras! Mas vocês não tem jeito mesmo não é?! Mas é claro que a Yaya está se arrumando porque é ano-novo, ou vocês queriam o quê?! Que eu ficasse feito uma jogada?!-a menina falou ruborizando, com muita raiva dos comentários maldosos das amigas.

            -Calma Yaya foi só brincadeira! Vem, vamos lá pra fora-Amu sugeriu desculpando-se.

            -Afe, e me deixam aqui sozinha né? Eita povo ruim!-resmungou Rima com cara de tédio.

            -Ai Rima daqui a pouco você vai pra lá também né-Amu disse fechando a porta.

            As duas dirigiram-se à sala, onde estavam todos sentados, os meninos e os tios de Tadase.

            -Nossa como estão lindas!-Tsukasa, o tio do rei comentou com um puro sorriso no rosto.

            -Anh, obrigada!-Yaya falou um pouco sem graça, corando.

            -Muito obrigada-Amu disse também um pouco constrangida.

***

Depois deles conversarem bastante, deu cinco para a meia-noite daquele dia. Então, logo ao tia de Tadase, Tsunade², chamou a atenção de todos:

-Gente vamos colocar logo esse jantar na mesa que daqui a pouco a meia-noite vai chegar!-ela falou simpática e entusiasmada-Amu, Nagi, poderiam me ajudar a pôr a mesa?

-Claro!-os dois disseram em uníssono.

Enquanto Tsunade, Amu e Nagi preparavam a mesa, Yaya estava lá fora observando céu. A menina pensava do em tudo que acontecera aquele ano. Nadeshiko fora embora, logo após foi Kukai. Mas vejam só quem estava lá do ladinho dela no ano-novo? A garota estava mais feliz do que nunca, estava radiante, certamente muito contente.

Mas de repente seus pensamentos foram interrompidos por um moreno que ela precisamente não tirava de sua mente, e que fora o motivo de seus devaneios agora a pouco.

-Pensando em alguém especial Yaya?-o menino perguntou tranquilo, apenas brincando.

Meu Deus ele agora é adivinho?-pensou Yaya assustada.

-Errr... M-mas é claro que não Kukai! De onde você tirou essa ideia?!-a menina falou corando instantaneamente.

-Hum, na verdade foi só um quebra-gelo pra assunto, mas por que você ficou tão nervosa?-ele perguntou inocente, sem ter a mínima ideia que era justamente ele a causa da desatenção de Yaya.

-Ora é que a Yaya bem...

Ela não teve tempo de terminar a frase que vinha entre tropeços e gagueiras, quando Tsukasa chamou:

-Vamos pessoal, todos para a varanda! Falta apenas um minuto!-ele disse animado.

-Claro vamos!-todos disseram.

Os charas também não ficaram de fora, Ran, Miki e Suu ficaram ao lado de Amu, brincando e fazendo brincadeiras. Kiseki, o pomposo rei de Tadase, acomodou-se perto do ombro do garoto. Rhythm, o chara de Nagihiko, ficou perto do dono e por fim Pepe-chan e Daichi ficaram perto de seus donos, que estavam perto um do outro.

Depois de todos preparados, começaram a contagem regressiva:

-Três...Dois...Um! Feliz ano-novo!-todos “cantaram” em uníssono.

-Feliz ano-novo!-todos diziam, abraçando-se, desejando paz, saúde, alegria e muitas outras coisas boas.

Ah, e claro que não esqueceram do champanhe. Bem, na verdade, todos só ficaram com copos de representação, pois apenas os tios de Tadase podiam tomar.

Mas Yaya atrevida, pegou escondido e tomou dois goles do negócio, o que a fez ficar bem piradinha desejando ano-novo até para o mar. Ninguém desconfiou, afinal ela realmente era bem bobinha né.

***

Já era meia-noite e meia. Estavam todos cansados e já haviam jantado. Os tios de Tadase como dormiam cedo foram logo para o quarto. Rima disse que estava enfadada e foi a segunda a sair. Tadase também estava exausto, e foi o terceiro. Restando apenas Amu, Nagi, Kukai e Yaya.

-Nossa esse povo dorme cedo hein?-Nagi comentou em um tom festeiro.

-Nada, eu já tô com sono também, acho que vou dormir!-ela disse com um tom exaustivo.

-Acho melhor todos nós irmos dormir!-Kukai sugeriu bocejando.

-Afe, então tá bom né-Nagihiko reclamou.

-Ahn, gente pode ir, eu vou aqui beber água...-Yaya disse, mas na verdade ela estava se sentindo era um pouco tonta mesmo por conta do champanhe.

-Tudo bem, estou te esperando lá no quarto ok?-Amu disse com um sorriso meigo.

-Ok-a menina respondeu com um “legal”.

Todos os charas já tinham ido dormir, pois pra eles a noite foi realmente cansativa.

Depois de tomar sua água, a ruivinha foi até a varanda, a fim de observar um pouco aquela noite tão maravilhosa. Como a cidade em que estavam, Nagoya³, era realmente distante da cidade, o céu estava limpo como nunca. As estrelas podiam ser vistas a olho nu. Estavam tão brilhantes e tão reluzentes que a menina não resistiu. Ela pensava nas estrelas, e principalmente naquele moreno dos olhos verdes que agora ocupava seus pensamentos vinte e quatro horas.

***