That's why I smile

It's been a while

Since everyday and everything has felt this right

And now You turn it all around

And suddenly

You're all I need, the reason why I smile

(Avril Lavigne - Smile)

Abriu os olhos num susto, colocando-se imediatamente sentada sobre o colchão nem um pouco confortável. Olhou para o lado notando seu tio que levantou num salto ao vê-la acordada. Scooter a ajeitou na cama, a fazendo se deitar sobre a mesma outra vez.

– Como está se sentindo? – o homem perguntou para a garota, que desobedecendo a suas ordens se sentou novamente.

– Tirando o fato que o seu astrozinho aí quase passou com o carro dele por cima de mim? – ela perguntou ironicamente, desviando o olhar para o garoto que dormia em uma das poltronas – eu estou ótima – continuou – quem deve ter problemas...

– Nicole, chega – o homem falou, passando as mãos por seu rosto demonstrando impaciência – sua mãe ligou, ela queria saber c...

– Ah, não! Era tudo o que queria não é mesmo? – Nicole perguntou – e era tudo o que eu precisava. Minha suposta mãezinha fingindo preocupação... Isso é ridículo – Scooter suspirou. Há tempos não passava algum tempo com a sobrinha. Esquecera-se de quão teimosa poderia ser. Tinha um gênio forte. Certamente puxara isso de seu pai... – e o outro aí, está bem? – ela tirou o tio de seus devaneios chamando a atenção para os roncos altos de Justin.

– Ahn, é. Acho que sim.

– Acha? – perguntou indignada – ele não é o todo poderoso Justin Drew Bieber? – Nicole se assustou ao notar que sabia seu nome completo. Scooter revirou os olhos, dando meia volta – ei, aonde você pensa que vai?

– Eu vou dar uma volta.

– E eu fico aqui com esse... – ela lançou um olhar para o garoto. Perdera a fala.

– Considere como parte de seu castigo – Scooter falou e logo em seguida saiu. Mas Nicole sequer escutara. Estava presa em uma espécie de transe apenas olhando para o rosto angelical. O cabelo escuro caia sobre seus olhos, os lábios perfeitamente desenhados estavam agora contraídos, mas ele carregava uma expressão um tanto tensa em seu rosto. Talvez estivesse tendo um pesadelo... E esse simples pensamento irritou Nicole de tal forma que ela mesma desconhecera.

– Você está melhor? – a voz masculina suara doce e suave interrompendo seus pensamentos. Piscou, o encarando ainda. Os lábios esboçaram um sorriso tímido, e suas bochechas coraram. Nicole tivera vontade de rir, mas reprimiu o sentimento.

– Ahn, é. Estou – respondeu meio distraída, virando o rosto para a janela, olhando pela fresta de cortina o sol que invadia o cômodo do hospital.

– Eu... é... Me desculpe por isso. Se não fosse por mim não teria acontecido isso a você, e... – ele ia dizendo enquanto se colocava de pé. Estava tentando entender o que acontecera ali, e não sabia o que dizer ao certo – ahn, nem me apresentei... Justin Bieber – completou, estendendo a mão. Nicole revirou os olhos. Observou a mão estendida no ar e por alguma razão sentiu necessidade de saber qual era a sensação que aquele toque tinha sobre sua pele, mas novamente reprimiu o sentimento, o guardando para si. Justin abaixou a mão – existe alguma coisa que eu... – ele fez uma pausa como se tivesse medo em dizer algo errado – ahn, algo que eu possa fazer para te recompensar?

– Um celular novo, quem sabe – ela respondeu secamente. O garoto arqueou uma sobrancelha.

Justin não conseguia acreditar. Ela estava ali... Tão perto. Mas não podia tocá-la e aparentemente ela não queria ser tocada por ele. Nicole estava agindo como se nunca tivesse tido qualquer tipo de contato com ele. E isso era o que estava o matando por dentro. Não sabia se podia viver assim... Não sabia se queria viver assim. Depois de tudo o que fez para ficar ao lado dela... Depois do tanto que lutaram para tentarem ao menos... Droga, Bieber! Você e sua maldita boca, pensou.

– Eu estava pensando em algo um pouco diferente – disse, deixando de lado aqueles pensamentos que estavam o enlouquecendo... Ignorando o fato de que talvez já estivesse louco – o Scooter disse que você vai deixar o hospital essa tarde, então andei pensando se não queria ir a um jogo de basquete essa noite comigo...

– Você está me chamando para um encontro? – ela perguntou e sua expressão para o azar do cantor não era dos melhores.

– É. Digo, não. Só quero te conhecer melhor já que você irá passar um tempo com o Scooter e... Ahn, teremos que conviver no mesmo ambiente – se eu fosse ela não acreditaria em uma palavra sequer que eu tenha dito agora. Por que eu não acreditei. Pensou.

– Ahn, é. Esse é o melhor jeito de se conseguir um encontro – Justin arqueou uma sobrancelha, curioso - Sabe... Você atropela a pessoa e depois a chama para sair – completou. E para sua surpresa ela sorriu. Ela sorriu. Justin ganhou o dia apenas com aquele sorriso. Até agora tudo estava de cabeça para baixo, mas tudo que está de cabeça para baixo também tem lá seus lados positivos. Não que ele esteja gostando disso tudo... Mas nós colhemos o que plantamos. E ele estava apenas colhendo as palavras idiotas que dissera naquela noite – hey Bieber! – ela estalou os dedos a sua frente – você é sempre desligado ou é normal ficar bobo na frente de uma garota?

– É. Digo, não. Claro que não – Nicole o encarou, como se esperando uma resposta – não é nenhuma dessas opções, só... - mas não lhe foi concedido tempo para se explicar. A porta se abriu e o médico adentrou o quarto, junto de Scooter que tinha uma expressão um tanto preocupada estampada no rosto.

Ele deixou o quarto, mas ficou do outro lado da porta tentando ouvir o que diziam do lado de dentro. A voz do médico era baixa demais, e só conseguiu ouvir Nicole debochando de algo que Scooter falou. O silêncio dominou o local e Justin colou seu ouvido mais junto à porta, na esperança ainda de conseguir decifrar o que tanto falavam.

– ... E o coração, doutor?

– Na medida do possível... – o médico abaixou a voz novamente – mas com os remédios em dia tudo irá se normalizando. Não esqueça também que não deve fazer esforços ou... – mas Justin entrara numa espécie de transe. O coração dela? Lhe deu uma vontade insana de adentrar aquele quarto, mas sabia que diante aquelas circunstancias não deveria. Não poderia. O que o deixava mais frustrado ainda.

xxx

Por que aceitara sair com o popstar metido a besta mesmo? Perguntou-se mais uma vez enquanto entrava no closet procurando algo que lhe agradasse, mas nada ali a agradava. Bufou, enquanto observava um vestido que Tina lhe emprestara num dia e até hoje não devolvera. Talvez devesse vestir uma calça jeans e uma blusinha qualquer, afinal de contas pra que se importar? Estava dando importância demais para aquele encontro que nem era realmente um encontro. Aliás, estava dando importância demais para Justin Bieber.

– Ei, tudo bem? – Nic observou a loira colocar a cabeça para dentro do closet. Tina abriu um largo sorriso – o que está fazendo aqui?

– Ahn, nada demais... Só procurando uma roupa – deu de ombros, pegando uma calça e uma blusa qualquer.

– Posso saber qual é a ocasião? - Tina perguntou enquanto a amiga se olhava no espelho pela centésima vez. Ela se sentou na cama.

– Nada demais – Nic respondeu indiferente – e muito obrigada por não atender a droga do telefone essa manhã. Eu quase morri por sua causa!

– Ah, droga Nic! Eu quase me esqueci... Como você tá? Não foi grave, foi? Quantas vezes já disse que se deve prestar atenção ao atravessar a rua? – Nicole revirou os olhos.

– Não precisa bancar a mãe, Tina – a amiga riu – e então? Você acha que essa blusa combina? – perguntou se virando.

– Tá legal. Mas não vai mesmo me dizer qual é a ocasião?

– Aparentemente minha sobrinha tem um encontro com o Justin Bieber – ouviu-se a voz masculina invadir o cômodo. Ambas olharam para a porta e Scooter estava parado ali com um sorriso que ia de orelha a orelha.

– O quê? E você estava me escondendo isso? Aonde vão?

– Ahn, um jogo idiota de basquete...

– Me deixa escolher sua roupa? Deixa? – e o brilho nos olhos de Tina convenceu Nic de imediato. A garota saiu correndo pelo closet, procurando algo como ela mesma disse descente. Ela não deixaria sua amiga sair vestida de qualquer jeito tendo Justin Bieber ao lado. Mesmo com Nic dizendo que aquilo não significava nada.

– Eu não vou sair vestindo isso! - Scooter ouviu a voz da garota ecoar pelo corredor, enquanto era arrastada por Tina para a sala – isso é horrível. Não tem nada a ver comigo, Tina!

– Qual é, Campbell! Você está linda, não está, Scoot? – a loira perguntou enquanto segurava firme Nicole pelo braço para que ela não fugisse novamente. Para Nic, a amiga falava como se ela fosse seu projeto, ou coisa do tipo – não é um encontro formal, eles vão assistir um jogo então... – Tina deu de ombros, ainda com um enorme sorriso estampando seus lábios.

– Você está linda, Nic – Scooter falou – parabéns Tina – a garota bateu palmas para si mesma.

– Eu estou me sentindo uma das irmãs Kardashians – Nicole resmungou enquanto tentava tirar um pouco de maquiagem ainda. Tina a puxou.

– Você está perfeita, e não borre a minha maquiagem.

– O encontro devia ser seu também – Scooter segurou o riso. A campainha tocou e Nicole sentiu um friozinho incomum na barriga. Normalmente aquele friozinho apenas Chad a fazia sentir. Chad. Era a primeira vez que se lembrava dele em semanas. Era tão estranho. Tinha a sensação de que nem mais o conhecia...

– Nic, Justin está aqui – Scooter anunciou. Nicole respirou fundo, varreou aqueles pensamentos de sua mente e se virou, dando de encontro com o garoto. Sentiu seu coração parar por um segundo. Ele tinha aquele sorriso que não dava para explicar os efeitos colaterais nos lábios e segurava uma única rosa. Vermelha. Como ele adivinhou...? Claro. Era tão clichê. Quem não gosta de rosas vermelhas?

– Pra você – disse, a estendendo. Nicole a pegou, e pôde sentir seu perfume. Mas não conseguia desviar seus olhos daqueles olhos. Era algo tão... Estranho. Não havia palavra que descrevesse melhor o momento quando estava ao lado daquele garoto. Era estranho. Era como se já o conhecesse...

– Ahn, obrigada – ela respondeu ao ouvir o tio pigarrear logo atrás de si.

– Então... É... Vamos? – Nic teve quase certeza de ouvir Tina abafar um gritinho histérico quando ela segurou a mão de Justin.

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– É a regra da câmera do beijo. Agora você tem que beijá-lo! – ouviu a voz da garota penetrar em sua mente. Justin lhe lançou um olhar tímido, mas em seus lábios havia um sorriso malicioso.

– Você não vai fazer nada a respeito? – perguntou indignada.

– É como ela disse. É a regra da câmera do beijo. Agora temos que nos beijar. Sabe, como é... Eu o sou o Justin Bieber... Ia ficar mal para mim se não te beijasse. É uma questão de princípios – ele rebateu e Nicole nunca imaginou que conheceria alguém tão idiota em toda sua vida.

Continua...