Premonição 3: Redenção escrita por Lerd


Capítulo 5
Circunstâncias


Notas iniciais do capítulo

Antes de mais nada venho dizer que criei um blogspot para a fanfiction, por enquanto apenas para colocar fotos dos personagens: http://premonicaofanficsource.blogspot.com/
Eu adicionei foto dos personagens das três fanfictions e gostaria muito que vocês dessem uma olhada. Afinal, cada um criou uma imagem diferente dos personagens na cabeça, certo? É curioso ver se essa ideia corresponde com os modelos que eu me baseei para criá-los. Estão todos lá, de Bobby à Heather.
Espero que gostem!
Um último detalhe: essa fanfiction não tem cunho policial, investigativo ou até mesmo jurídico, então perdoem se a maneira como retratei alguns ficou "pobre". Fiz o possível, já que essa é uma área que não domino, haha.



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Portanto, num dia virão as suas pragas, a morte, e o pranto, e a fome; e será queimada no fogo; porque é forte o Senhor Deus que a julga. (Apocalipse 18:8)


Somerset jogou o jornal em sua mesa com certa raiva latente, enquanto colocava com cuidado o copo de café ao seu lado. O que acabara de ler era uma afronta ao jornalismo sério, e isso o deixava bastante revoltado. Bons tempos em que o jornal local tinha como objetivo expor fatos e evidências sobre acontecimentos da comunidade, ao invés de publicar histórias fantasiosas contadas por adolescentes desesperados por atenção. Maldita Heather Diamond, quem quer que ela fosse.

O infame título martelava na cabeça do detetive, como uma enxaqueca que não se vai. “Jovem alega ter tido visão sobre o massacre da Babilônia”, era o título chamativo da matéria. O tal “Massacre da Babilônia” foi o apelido que o caso ganhou na mídia, derivado da alcunha que o próprio reitor dava ao local do genocídio. E quem diabos era a tal Kelsey Fleming que havia tido a visão e escondido a história para si? A matéria era clara quanto às fontes: um colega não identificado de Kelsey contou a história, isentando a garota de ter feito uma auto-exposição.

De alguma forma as coisas não se encaixavam.

x-x-x-x-x

Skip subiu as escadas da Kappa Tau ainda suado do treino recente. Jogou sua camiseta no chão, ficando sem camisa. Bateu na porta do quarto de Chase, dizendo:

— Abre aí, cara, quero conversar. É sobre algo que eu fiz hoje...

Não houve resposta.

— Qualé Chase, abre. É importante!

Mais uma vez ninguém respondeu.

— Tudo bem, eu entendo que esteja com raiva ainda. Mas, olha, eu desisti da posição. Conversei com o treinador e recusei a oferta. Ele vai falar com você na terça, acho que com um pouco de treino você volta para seu posto de origem. E... Só.

Skip ficou frustrado pela aparente frieza com que Chase lidava com aquilo. Ele conhecia o colega, se realmente estivesse o ouvindo, abriria a porta para conversarem. Chase não era do tipo que fazia birra e ficava chateado: ele explodia, mas depois se arrependia e tentava consertar as coisas, recolher os cacos. O fato de ele não abrir a porta era realmente muito estranho.

O rapaz então correu e pegou a chave do seu próprio quarto para abrir o do rapaz, já que todos os cômodos da casa tinham a mesma fechadura. Quando finalmente conseguiu entrar, levou um baque tremendo.

Chase estava sentado de maneira bastante desconfortável na cadeira, enquanto uma poça imensa de sangue o rodeava. Skip tapou a boca e aproximou-se. Caída bem perto do corpo estava uma Glock. O rapaz, num momento estupidamente impensado segurou a arma, enquanto avaliava o estado do amigo. Um buraco em seu olho esquerdo era claro, e Skip tentou sentir seus batimentos de forma robótica, já que era óbvio que Chase estava morto. O rapaz ainda tentou levantar o latino, ficando com o peito completamente ensaguentado. Por fim não conseguiu mover Chase, e acabou por desistir.

Skip então jogou a arma no chão, e quando foi se dirigir até a porta do quarto, alguém já estava ali, vendo a cena. Era um pledge da Kappa Tau, que parecia completamente assustado com o que estava vendo.

— Não é o que você está pensando...

Não teve jeito. O rapaz desceu as escadas num pulo, tentando fugir de Skip. O outro corria atrás do pledge, tentando explicar a situação.

— Espera aí!

Mas já era tarde demais. O rapaz havia escapado pela porta da frente da casa e à uma hora dessas estava contando tudo aos seguranças do campus. Depois do massacre cometido por Dylan, ninguém estava disposto a arriscar ouvir explicações.

x-x-x-x-x

— Pela milésima vez: eu não matei o Chase! Eu cheguei e encontrei-o caído, morto. Eu tentei ajudar e...

Somerset parecia não estar convencido do que Skip dizia.

— Eu estou falando sério! Eu não matei ele!

— Skip, sejamos sensatos: você foi encontrado ao lado do corpo morto de Chase com a arma do crime em mãos e com o corpo cheio de sangue. Enquanto não obtivermos as provas necessárias...

— Isso é loucura! Cadê aquela máxima de que todo mundo é inocente até que se prove o contrário?

O detetive bufou. Olhou Skip com demora, verificando suas feições. Somerset era acostumado a lidar com assassinos, e o rapaz não parecia um deles. Parecia um bom garoto.

— Tem alguém que você gostaria de ver, rapaz?

Skip abaixou a cabeça, cansado. Ficar tentando convencer o detetive de sua inocência parecia impossível.

— Meu irmão. Liga pra ele.

x-x-x-x-x

Angel chegou apavorado na delegacia de polícia. Estava acompanhado de Melissa, que tinha no rosto um olhar de espanto e pesar.

— Eu vim ver meu irmão, o nome dele é Steven Tomlin...

— E o senhor é...? – O carrancudo recepcionista perguntou, em tom rude.

O rapaz bufou.

— Eliott. Eliott Mauser.

Melissa ficou confusa. Ela sabia que Angel era o apelido do rapaz, e, embora seu nome até então fosse um segredo, não era isso que a deixava intrigada. Era o sobrenome. Skip e Eliott (ou Angel) eram irmãos, mas estranhamente não possuíam o último nome igual, como era de supor.

— Essa aqui comigo é Melissa Scott Davies. – Angel apresentou a garota.

— A senhorita é parente do Steven?

— Namorada. – Melissa respondeu, antes que Angel tivesse a chance de dizer algo.

O pracinha então suspirou e indicou a cela de Skip aos dois. Enquanto caminhavam até lá, Angel brincou:

— Namorada? Essa o Skip vai gostar de saber.

A garota sorriu, embora considerasse a atitude inapropriada, dadas as circunstâncias.

Quando Skip viu os dois, levantou num pulo, eufórico:

— Angel! Você precisa me tirar daqui, mano... Precisa me tirar daqui!

— Se acalma, bro. Eu falei com o detetive Somerset e ele disse que eles estão investigando o caso. Até amanhã eles vão ter uma resposta e te tiram daqui. – Angel parecia não acreditar nas próprias palavras.

— Mas e se eu continuar aqui mesmo depois de as investigações terminarem? Quer dizer... Tudo aponta pra mim. O pledge me viu ao lado do corpo e... As digitais na arma. Eu segurei a maldita arma. As minhas digitais ficaram nela... E, além disso, teve aquela briga no vestiário. Merda!

Angel então perdeu quase que todas as esperanças que tinha. Sentou-se lentamente no chão, apoiando-se nas grades da cela de Skip. Segurou a mão do irmão e ficou assim por vários minutos.

x-x-x-x-x

Melissa havia ficado na sala de esperas da delegacia. Precisava dar um tempo para os irmãos se acertarem. Surpreendeu-se quando viu Angel vindo em sua direção.

— Como ele está? – A garota perguntou.

— Desesperado. Como qualquer um ficaria diante dessa situação.

A garota então começou a chorar. Angel tocou seu ombro, perguntando:

— Por que você está chorando, Mel?

— É que... Eu não posso deixar de pensar que tudo isso é minha culpa.

Angel parecia confuso.

— De que forma isso é sua culpa? Eu não consigo imaginar.

— É minha culpa sim! – Melissa esbravejou. — Chase era o próximo. Eu sabia, eu tinha a lista. Mas eu não fui rápida o suficiente em avisá-lo, eu falhei, eu... — E desabou em lágrimas. — Se eu tivesse avisado ele nada disso teria acontecido...

O rapaz pareceu entender o lado da garota, e abraçou-a, tentando reconfortá-la.

— Você ainda tem a chance de acertar as coisas, Mel.

— Como assim?

— Você se sente culpada por não ter avisado Chase, certo?

A garota mexeu a cabeça positivamente.

— Pois então trate de avisar o próximo da lista! Melhor: deixe toda a lista clara, avise a cada sobrevivente. Deixou-os atentos!

Melissa pensou consigo mesma que aquela era uma tarefa impossível.

— Você os ouviu no memorial, Angel... Eles não acreditam.

O rapaz deu com os ombros.

— Mas e daí? Se eles não acreditam, problema deles. Você precisa fazer sua parte. O que acontecer daí em diante é conseqüência.

A garota pareceu convencida com o argumento do rapaz. Sua missão não era a de salvar aos sobreviventes. Aquele era um peso muito grande para ser carregado por alguém com tão pouca experiência. Sua missão era, acima de tudo, de deixar a todos alerta sobre os perigos que estavam por vir. Missão essa que seu irmão executara com maestria, e que, antes dele, seu amigo Bill fizera. Ela precisava honrar o encargo que lhe fora dado.

— Você está certo. É isso que eu vou fazer.

x-x-x-x-x

Morgan navegava na internet, entediado. O campus estava novamente um caos devido à morte de Chase. Além disso, os burburinhos corriam soltos de que Skip fora o responsável pela morte do rapaz. Primeiro Trip e agora Chase. Ambos estavam mortos. E tudo isso após o massacre promovido por Dylan e que Kelsey previra. Aos poucos o rapaz começava a mudar seus conceitos céticos e abrir um pouco sua mente. As coincidências iam se acumulando e eram grandes demais.

De repente se pegou fazendo uma busca sobre “premonição”, num site de pesquisas. Os links eram genéricos e imprecisos, lidando com casos completamente diferentes de clarividência. Ganhadores da mega sena e falsos médiuns faziam parte dos resultados mais recorrentes.

— Preciso de algo mais específico...

“Lista da morte” foi a primeira coisa que lhe veio em mente. Os links dessa vez pareciam mais interessantes. O olhar de Morgan foi atraído para um que tratava sobre a internação psiquiátrica de uma garota que se dizia sobrevivente do esquema da morte.

— Kimberly Corman. – Morgan leu em voz alta.

E começou a ler a matéria na íntegra:

Suposta sobrevivente de lista da morte se interna em clínica psiquiátrica alegando estar sendo perseguida por uma força maligna.

Internou-se anteontem no Instituto Stonybrook, a jovem Kimberly Corman, que, há alguns anos, apareceu na mídia por ser a única sobrevivente a continuar viva após um terrível engavetamento ocorrido em uma importante rodovia de White Plains, em Nova Iorque.

A frase “única sobrevivente a continuar viva” parece redundante não é? Pois não é! O caso é que Kimberly sobreviveu ao engavetamento junto há várias pessoas que estavam no local, todas elas supostamente salvas por uma “visão” que a garota tivera do acidente. Mas o mais bizarro aconteceu nos dias que se seguiram: um a um os que evitaram sua morte foram sendo mortos das mais esdrúxulas e bizarras maneiras.

A maioria dos sobreviventes morreu nos meses que se seguiram ao acidente, exceto por dois: Kimberly e o oficial da polícia de White Plains, Thomas Burke. Ambos, segundo consta, achavam que estavam finalmente salvos do tal “esquema da morte”, que dizia que todos que sobreviveram graças à visão de Kimberly estavam destinados a morrer.

Mas aparentemente não estavam. Burke morreu no ano passado, quase dez anos depois do fatídico engavetamento. Kimberly, que mantinha contato regular com o oficial, ficou paranóica quando soube do fato, e dias depois deu entrada no Instituto Stonybrook.

Dois fatos curiosos:

* Uma amiga próxima de Kimberly, Clear Rivers, esteve internada no mesmo instituto vários anos antes. Clear, aliás, saiu do Instituto após uma visita de Kimberly. Até então as duas não se conheciam.

* Em 2005 surgiu na internet uma falsa notícia que dizia que Thomas e Kimberly haviam morrido em um acidente com uma máquina de cortar madeira. Tudo não passou de boato, o que foi confirmado anos depois com a real morte de Thomas.

Stephanie “Sherry” Pulaski, administradora.

Ao fim Morgan estava estupefato com o que acabara de ler. Googleou o nome de Kimberly, Thomas e Clear, e a notícia estava veiculada em diversos sites diferentes, dando certa credibilidade a informação. Mas só havia uma forma de ser provado de vez que toda a história era verdade: encontrar-se com a própria Kimberly.

Era uma coisa que o rapaz estava realmente disposto a fazer se isso significasse tirar essa dúvida de sua cabeça. Era a única maneira de ele finalmente crer no que diziam: ouvir da boca da tal Kimberly tudo o que ele acabara de ler. O engavetamento era um fato real, ele ouvira no noticiário, assim como a morte de um dos sobreviventes, Evan Lewis, um recém ganhador da loteria, que morrera dias depois. Todos os fatos batiam. Apenas uma peça precisava ser encaixada, e essa peça com toda certeza era Kimberly.

x-x-x-x-x

Alice entrou no escritório do reitor sem bater na porta.

— Poderia bater na porta, né filha? Educação, por favor.

Benjamin Eddowes levantou-se da cadeira de maneira bastante ritualística, como se estivesse recebendo o pai de algum aluno e não a própria filha. Beijou-a no rosto e voltou-se a sentar, mostrando a cadeira em sua frente para Alice.

— Você está bem, querida?

A ruiva meneou a cabeça positivamente.

— E Damien? Lily e os meninos?

— Estão todos bem, papai.

O homem pareceu entender a impaciência de Alice, dizendo:

— Bom, então vamos direto ao que interessa: eu preciso lhe pedir um favor. Um favor realmente grande.

— Pois diga, pai. É sobre o massacre da Psi Alpha, não é?

— Quase. Sobre esse caso quem vem nos atormentando é a mídia, mas eu estou conseguindo driblar os escândalos com certa facilidade. O problema agora é legal.

— O senhor está me deixando ansiosa, papai! Conta logo tudo!

Benjamin suspirou.

— Dois alunos nossos foram mortos após o acidente. Um deles enforcou-se, aparentemente sem querer, na porta da fraternidade, na frente de um grande número de alunos. E hoje outro aluno morreu, baleado no rosto. Suspeitam que tenha sido assassinado...

Alice tapou a boca, horrorizada.

— E o que eu posso fazer sobre isso? Diga! Eu me sinto no dever de ajudá-lo.

— Um bando de pais está processando a universidade. Eles diziam que seus filhos foram vítimas de danos morais e que estão traumatizados e blá, blá, blá.

— Mas o senhor não gastou rios de dinheiro em suporte psicológico para essas pessoas?

— Aparentemente os gastos não foram suficientes, meu amor. E nessas condições eu estou sem recursos que possa utilizar para pagar algum advogado.

Alice riu estranhamente.

— O senhor está me pedindo dinheiro?

— Não! Jamais! – Benjamin fez-se de ofendido. — Eu só preciso... De uma indicação. O seu amigo, Matt, não é advogado?

— É sim. O senhor quer que eu peça pra que ele lhe dê assistência com isso?

— Exatamente. Mas, como já te disse, estou sem recursos financeiros.

— Ah, agora entendi. O senhor precisa que eu peça ao Matt que lhe ajude com isso de graça? Haha, quem diria!

Benjamin parecia ainda mais ofendido.

— Esse rapaz dormia lá em casa toda semana, enchia a pança com as coisas de nossa geladeira e deixava nossos móveis em estado deplorável. Nada mais justo que ele retribuir!

Alice riu.

— Claro, papai! Eu ri pela ironia da situação. Vou falar com o Matt, mas é claro que ele vai ajudá-lo. Ele te adora!

Benjamin arrumou sua gravata formalmente, já se despedindo de Alice.

x-x-x-x-x

Alice seguiu até a Sigma Phi com bastante confiança. Bateu na porta e quem veio atender fora justamente quem ela procurava encontrar.

— Melissa!

A garota abriu um largo sorriso de felicidade ao ver a amiga. Abraçou-a com força, lhe chamando para entrar em seguida.

— O que te traz aqui, Alice?

Melissa ofereceu uma cadeira à ruiva, que aceitou prontamente, respondendo:

— Papai. Ele quer que Matt o ajude com uns problemas legais da faculdade...

— Ah sim! – Melissa disse.

Foi então que lhe surgiu a ideia de confessar a amiga os problemas em que estava metida. A lista e tudo mais. Alice já passara por isso, saberia como ajudá-la.

— Olha, Alice...

Mas foi interrompida pela ruiva, que disse:

— Mel, não vou fazer rodeios. Não foi só por isso que eu vim aqui.

Melissa surpreendeu-se com a frase e calou-se, esperando a continuação da frase de Alice.

— O que mais?

— É sobre... Bimbo.

O apelido de Bobby trouxe um flash de emoções à Melissa, tirando-a da terra por alguns segundos. Logo se lembrou do sobrinho, que carregava esse mesmo nome.

— O que tem ele? – Melissa já estava aflita.

— Não é nada de grave, mas...

— Fala, Alice! – A loira gritou.

— Ele está internado e com sérios problemas no coração. Você, melhor do que eu, sabe a batalha que tem sido pra Lily a síndrome do Bimbo. Ele tem consulta com o fonoaudiólogo, com o pediatra, tem as sessões de fisioterapia e tudo mais. É uma luta constante, e eu e ela somos orgulhosas da nossa criança. — Alice dissera a palavra com um carinho e apreço impressionante, como se Bimbo fosse seu próprio filho. — Mas há algumas semanas ele vem tendo sérios problemas cardíacos e foi internado várias e várias vezes.

Melissa estava arrasada.

— Ele... Vai morrer? – Ela perguntou ainda em choque.

— Não se depender de mim. Nós estamos precisando de um doador urgente.

— O Bimbo vai precisar fazer um transplante de coração?!

— Nós evitamos isso ao máximo. Antes, não era sequer uma opção. Íamos lidando da forma que conseguíssemos, sem maiores problemas. Mas o coração dele está muito fraco, não irá resistir por muito mais tempo. Nós precisamos de um doador, e rápido.

A loira abaixou a cabeça, completamente abatida.

— Mel... — E a ruiva ergueu a cabeça da amiga. — Eu prometo que não vou poupar recursos e esforços pra salvar Bimbo. Prometo.

E as duas se abraçaram longamente, Melissa desejando jamais soltar Alice. Naquele momento ela não podia expor para a amiga seus problemas. A ruiva já tinha muito com o que lidar. Importuná-la com mais isso seria crueldade.

x-x-x-x-x

Heather entrou na delegacia esbaforida. Dirigiu-se à recepção abruptamente, interpelando o ranzinza pracinha:

— Eu preciso falar com o detetive Somerset.

— E quem é a senhorita?

A repórter bufou:

— É muito importante! É sobre o garoto morto com um tiro no olho. Eu sei que o detetive está investigando esse caso.

O homem arregalou os olhos quando Heather mencionou o caso. Correu gabinete à dentro e voltou com Somerset.

— Essa mulher diz que tem informações sobre o assassinato do garoto.

Somerset olhou Heather dos pés à cabeça.

— Scarlet, certo?

A repórter sorriu, nervosa. Tinha se esquecido de que mentira seu nome para Somerset. Poderia ser um problema.

— Em que posso ajudá-la, Scarlet?

— Eu tenho algo que vai resolver esse crime.

O detetive fez uma cara de desdém, sendo surpreendido por um CD que Heather tirara de dentro de sua bolsa Chanel.

— O que é isso?

— É a prova de que o que aconteceu não foi um assassinato, mas um suicídio acidental.

Somerset puxou a mulher com certa impaciência pra dentro de seu gabinete. Ela empurrou-o com força, se soltando.

— Eu não sou um burro, larga do meu braço!

E seguiu por conta própria até o gabinete do detetive. Somerset entrou e fechou a porta.

— Se isso for alguma brincadeira...

Heather bufou:

— Olha detetive, eu vou falar a verdade para o senhor. Eu não me chamo Scarlet e eu não sou uma fã dos seus livros. Na verdade eu acho que sua escrita é medíocre e as suas tramas são mais rasas que um pires. Seus personagens refletem uma angústia, uma mágoa e uma secura que parecem vindas diretamente do senhor, do seu interior mesquinho, egoísta e vazio. O interior de um pobre, miserável e solitário oficial de polícia que acha que merece algum tipo de respeito real apenas por usar a porcaria de um distintivo.

O homem engoliu em seco com a fala de Heather. A garota ignorou, e continuou:

— E antes que me prenda por desacato à autoridade, esse CD é uma gravação da morte de Maxx Star. Ou Chase, como preferir.

Somerset pulou da cadeira com a fala da repórter.

— Como assim é a gravação da morte do rapaz?!

— Ele morreu enquanto fazia uma videoconferência pela internet.

O detetive pigarreou e pegou o CD da mão de Heather.

— Qual seu nome, senhorita?

— Heather. Heather Diamond.

Estava feito. O caso seria solucionado e Heather ganharia a maior matéria de sua vida.



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Notas finais do capítulo

A tal Stephanie "Sherry" Pulaski que escreveu a notícia sobre Kimberly não é a mesma Sherry da lista. Ela é uma personagem que apareceu em "Premonição: Sem Saída" como administradora do restinpieces.com. Seu nome é retirado de uma personagem do livro "Final Destination: Looks Could Kill", onde ela é praticamente a personificação da morte.
A tal "falsa notícia" sobre a morte de Kimberly e Burke se refere à um extra de DVD de Premonição 3 que diz que os dois morreram dessa forma. Tal informação não é considerada canônica por boa parte dos fãs.
E, sim, Alice é filha do reitor da universidade!
Além disso, os problemas com Bimbo e a aparição dela são mais do que uma participação especial ou homenagem a primeira parte da trilogia. São pequenos tijolos que estou colocando para o grande prédio que será construído nos capítulos finais, em especial no último. Qualquer detalhe inserido de agora em diante na trama (principalmente os relacionados a fatos das duas histórias anteriores) será importante para o resultado final, e não apenas "cameos" como foram em "A Morte Lhe Cai Bem", em que Alice aparecia apenas por ser uma personagem popular. Como diria um famoso meme: "agora a porra ficou séria". Hahaha.



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