Premonição 3: Redenção escrita por Lerd


Capítulo 6
Mártir


Notas iniciais do capítulo

Antes de mais nada desculpem a demora por um novo capítulo. Mas com as festas de fim de ano, sacomé né? Agora o ritmo volta ao normal. Antes do fim de janeiro todos os capítulos serão postados, prometo.
Enjoy!



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E os homens foram abrasados com grandes calores, e blasfemaram o nome de Deus, que tem poder sobre estas pragas; e não se arrependeram para lhe darem glória.” (Apocalipse 16:9)


Sherry fechou o guarda-roupa, impaciente. Sentou-se na cama, esfregando o rosto e borrando a maquiagem. Apesar de tudo ela não conseguira chorar. Seu namorado Chase morrera, mas de alguma forma ela não sentia a dor da perda. Talvez fosse o choque, talvez ela estivesse em negação. Mas o fato era que Sherry não conseguira derramar uma única lágrima.

Além disso, ela duvidava que Skip realmente tivesse matado o rapaz. Principalmente levando em conta os motivos para tal, que seria a estúpida posição no time de futebol. Aquilo era uma coisa importante para Chase, não para Skip. Se alguém estava realmente disposto a matar por isso, não era Skip.

Olhou-se no espelho. Virou de perfil e passou a mão pela barriga. Bufou.

— Controle-se, Sherry. Controle-se.

A garota estava decidida a deixar àquela parte de sua vida para trás. As crises de identidade e beleza haviam ficado no passado. O tratamento severo que fizera para controlar sua bulimia nervosa havia dado resultados, e há pelo menos dois anos ela não se descontrolava com relação a isso. Ainda era neurótica com o próprio peso, mas descobrira métodos de regular isso sem precisar forçar o vômito.

— Eu sou... Uma nova mulher.

Abriu o guarda-roupa novamente, escolhendo um corset rosa com detalhes pretos. Jogou-o na cama e começou a vasculhar por uma saia. Desistiu. Pegou um shorts jeans e colocou ao lado da peça anterior. Quando estava prestes a pegar seu par de Jimmy Choo vermelho, alguém bateu na porta.

— Quem é?

— É a Melissa. Posso entrar?

— Quem é Meli... — Sherry começou sua frase, mas logo se lembrou de quem a garota era. — Entra, vai.

A loira então pediu licença e entrou. Ficou levemente corada ao ver que Sherry estava apenas de sutiã e calcinha.

— Olha Sherry, antes de tudo eu queria dizer que eu sinto muito pelo que aconteceu com Chase. Sinto mesmo.

Sherry fez uma cara de desdém, como a dizer “tanto faz”.

— Se veio atrás de convites pra festa de hoje à noite já aviso que não estão comigo, é a Nikki quem cuida disso.

Melissa sentou-se na cama ao lado das peças de roupa de Sherry, dizendo:

— Não, não é isso. Eu nem estava sabendo que vão fazer uma festa, na verdade.

A morena riu.

— Pois é. É uma festa pré-Halloween. E meio que secreta, sabe? Se o reitor descobrir estamos ferrados.

— Faz sentido. Há poucos dias atrás vários colegas nossos foram mortos durante uma festa.

— Mas e daí? — Sherry pegou o corset. — Não foi há festa que os matou. Foi o filho da puta do Dylan. E ele já está morto.

Melissa sentiu uma pontada de raiva, mas tentou se controlar.

— Você está certa.

Sherry fez uma expressão irônica e sem o menor pudor retirou o sutiã, começando a colocar o corset. Melissa ignorou e começou logo a dizer a que veio:

— Bom, vou direto ao assunto: você se lembra da conversa que tivemos no dia do memorial às vítimas?

A morena não respondeu, e Melissa supôs que isso significasse um “sim”. Continuou:

— Pois então. Você ainda não acredita em mim? Quer dizer... Trip morreu. Depois o... Chase. E eu sofri um acidente quase fatal esses dias.

Sherry não disse nada. Continuou calada. Estava de costas, então Melissa não podia ver seu rosto ou saber que reação ela estava tendo nesse momento. Só soube no exato momento em que a morena pegou seu Jimmy Choo e jogou-o com toda força contra o espelho. A loira tremeu, com medo de que aquilo pudesse causar o acidente de Sherry.

— O que você quer de mim, Melissa?!

A morena se aproximou da loira a ponto de seu rosto ficar a centímetros do da outra. Sherry estava com a maquiagem completamente borrada e o olhar insano.

— Você é a próxima.

Melissa tremeu assim que terminou de dizer sua frase. Tinha certeza que Sherry iria lhe dar um soco no rosto, mas isso não aconteceu. Ao contrário: a morena caiu em seus braços, abraçando-a com força. A loira retribuiu o abraço e Sherry então começou a chorar descontroladamente.

— Não precisa ser assim... Nós podemos impedir, Sherry.

A outra então cessou o abraço e com o olhar arregalado disse:

— Como?!

Melissa não sabia o que dizer, mas tentou:

— Você só precisa tomar cuidado. Prestar atenção nas coisas ao seu redor, nos possíveis acidentes que pode sofrer... Se você conseguir escapar dessa vez, está feito. Não precisará nunca mais se preocupar. — Era mentira, Melissa sabia. Mas Sherry não precisava saber.

— Como se isso fosse fácil... – E bufou. — O que você sugere?

— Primeiro de tudo que não vá a essa festa. É arriscado demais.

— Não da, eu sou a anfitriã. Sem mim a festa não acontece.

— Pois que não aconteça, então! É sua vida que está em jogo, Sherry.

A morena pensou durante alguns segundos, após os quais disse:

— Não vai rolar. Essa lista maldita não vai controlar minha vida. Primeiro perco uma festa, e depois? As aulas? Minha formatura? De que adianta viver assim? Não, eu vou nessa festa. Se eu tiver que morrer vai acontecer aqui ou em qualquer outro lugar.

Melissa tentou argumentar, mas desistiu. De certa forma Sherry tinha razão. Bobby havia ficado praticamente oito meses preso, pra no fim a morte encontrá-lo da forma mais boba possível, asfixiando-o na garagem. Não tinha como rebater o argumento da garota.

— Tudo bem, Sherry. Eu respeito sua decisão. Apenas... Toma cuidado, tudo bem?

A morena concordou e abraçou Melissa mais uma vez.

— De qualquer forma... Obrigada. Você é um anjo.

x-x-x-x-x

Heather segurava a folha do jornal com orgulho. Primeira capa do jornal local e havia ganhado uma matéria de quatro minutos na televisão. Ela estava dando seus primeiros passos para o estrelato.

Claro que retirar Skip da cadeia havia sido um gesto bonito, louvável. A mídia tratara aquilo como uma atitude honrada e merecedora de todos os aplausos. Tudo bem: Heather havia sido bastante corajosa e bondosa ao livrar Skip de um crime que ele não cometera. Mas era inútil tentar distorcer os fatos: ela não havia feito aquilo apenas pelo seu bom coração. Definitivamente não. Seus interesses eram outros.

A mulher já havia recebido duas ligações por parte de jornais importantíssimos na cidade, ambos pedindo uma entrevista exclusiva com ela. Não era o que Heather queria, estar do outro lado do microfone. Mas era o começo. O começo de algo grande.

Foi quando a campainha de sua casa tocou. Heather jogou o jornal na mesinha de centro e correu para atendê-la. Levou um susto com quem encontrou ali.

— Steven?

Skip sorriu, acanhado. Sua aparência naquele momento não ajudava muito: estava usando uma roupa de corrida, com uma camiseta regata e um shorts largo. Além disso, estava bastante suado e esbaforido.

— O que faz aqui?

O rapaz riu, tentando tomar fôlego. Ao fundo ouvia-se uma música que estava tocando na rádio na qual Heather havia sintonizado. Skip não tinha certeza, mas parecia ser Heart-Shaped Box.

— Eu estava correndo, sabe, treinando pro jogo de sexta. Daí decidi passar aqui pra dar um oi.

Heather estava estranhamente feliz com a atitude do rapaz.

— Dar um oi?

— É, sabe como é. Agradecer pelo que fez. Não tive a oportunidade aquele dia na delegacia, estava contente demais pra pensar direito nas coisas. Foi rude da minha parte.

— Tudo bem, eu entendo sua situação. Não precisava ter se incomodado.

Skip sorriu.

— Então... Eu me incomodei um pouco mais... — E retirou um buquê de flores de trás das costas.

Heather tapou a boca, surpresa:

— Steven! Que coisa mais fofa. Não precisava, mesmo!

— É o mínimo que eu poderia fazer. Espero que seu namorado não se incomode.

— Como sabe que tenho um namorado?

Skip então apontou para um quadro do casal em cima da lareira, que estava visível por conta da porta entreaberta. Heather riu e então houve alguns segundos de silêncio. Ao fim deles Heather disse gentilmente:

— Ah, que falta de educação a minha. Gostaria de entrar?

— Ah não, só estava de passagem. Estou fedendo... – E riu, sem graça. — Mas eu não recusaria um copo de água.

— Pois venha aqui na cozinha que eu vou pegar um pra você.

O rapaz ficou acanhado, mas acabou entrando. Aproveitou e perguntou à queima roupa:

— Como você sabia sobre Kelsey e a visão?

Heather foi pega de surpresa e engoliu em seco.

— Eu não vou mentir pra você, Steven. Foi o Chase quem me contou.

— Você conhecia o Chase?! – Skip perguntou, espantado.

— Conhecia, mas não por esse nome. Eu o conhecia como Maxx Star. Um dia desses estava na sua universidade em busca de uma pauta interessante e o encontrei. Reconheci Maxx na hora e não tive como não ficar tentada a chantageá-lo em troca de qualquer informação sobre o massacre...

Skip estava um pouco decepcionado com o que ouvira.

— Você sabia que isso está relacionado com a morte do Chase?

— Como assim?!

— Esquece, já falei demais. Eu vou embora.

— E o seu copo de água?

— Eu não preciso mais dele.

E virou-se para seguir em direção a porta. Heather então o puxou pelo braço e lhe deu um beijo de surpresa. O rapaz ficou sem reação.

— Me desculpa. – Foi a única coisa que Heather conseguiu dizer.

Hey, wait, I've got a new complain.

Forever in debt to your priceless advice.

Skip correu para fora sem olhar para trás. Dentro da casa a repórter dava risinhos frívolos de alegria.

— The New York Times aí vou eu!

x-x-x-x-x

Sherry caminhava sem rumo pelas ruas desertas do campus. Já era passada da meia-noite e a única coisa que fazia companhia à garota e a seu Jimmy Choo era uma bela garrafa de vodca. Ela caminhava e bebia, como se da bebida dependesse sua felicidade. Não era de todo mentira.

Foi quando percebeu que já estava próxima do dormitório abandonado dos Psi Alpha Zeta. Riu. Chegava a ser poético.

— Foi aqui que toda essa merda começou...

E continuou andando em direção à casa dos Kappa Tau Gamma. A fachada do dormitório dos rapazes estava toda decorada para o Halloween, apesar de eles ainda estarem nas primeiras horas do dia trinta de outubro. A festa que Sherry organizara hoje era apenas um aperitivo para a maior que viria amanhã, quer o reitor aprovasse ou não.

A morena seguiu até a garagem da casa, que estava aberta. Não havia ninguém ali. O local estava vazio, provavelmente todos estavam na casa das Omega Chi. Sherry entrou e o que viu ali lhe animou: vários fardos de feno davam a impressão de que o local era um celeiro de uma fazenda. Haviam diversas abóboras esculpidas espalhadas pelo local, todas elas com bonitas velas brancas dentro, deixando a visão do local bastante assustadora. Não para Sherry. Ela deitou-se no feno e começou a cantar, mesmo sem música:

I've been locked inside your heart-shaped box for weeks.

x-x-x-x-x

Melissa acordou com o toque insistente do seu celular. Assustou-se ao ver de quem era o número.

— Kelsey?!

A garota do outro lado da linha parecia ofegante, e após diversas tentativas frustradas, conseguiu dizer:

Eu passei os últimos dias tentando tirar toda essa merda da cabeça, mas não adiantou. A visão de Dylan matando a todos ainda é insuportável, não existe maneira de evitar. Mas hoje... Aconteceu algo mais estranho. Eu vi... Em flashes. Não era nada concreto como da última vez, apenas resquícios de algo. Eu vi fogo e eu vi bastante confusão. Parecia que um estábulo estava em chamas, faz sentido? Eu acho que pode ser... Um sinal.

Melissa terminou de ouvir a frase da garota horrorizada. Desligou sem dizer uma palavra e se despedir e murmurou para si mesma:

— Sherry.

Levantou da cama num pulo e correu para fora de casa.

x-x-x-x-x

Sherry brincava com a garrafa de vodca ao lado do feno, rindo. Ela não tinha motivos para rir, mas ria. Tentou beber deitada e falhou: grande parte do líquido caiu em seu corpo, deixando o corset encharcado de álcool.

— Que porcaria...

E então se irritou, jogando a garrafa de vodca no chão e partindo-a em vários pedacinhos de vidro. O líquido espalhou-se rapidamente pelo chão, umidificando grande parte do feno. Foi necessário apenas um ventinho mais forte para empurrar uma das cabeças de abóbora para o chão e fazer a vela dentro dela incendiar um grande amontoado de feno. Sherry viu a cena e ao tentar sair do local, acabou tropeçando em um facho de feno. Caiu bem ao lado do fogaréu.

Ao entrar em contato com o local em chamas, seu corpo foi uma grande adição a fogueira do local. Encharcada em álcool, Sherry começou a pegar fogo junto com toda a palha, gritando por ajuda.

Angel e Melissa então chegaram a casa ouvindo os gritos da morena. Eles correram até a garagem e viram o fogo dominando o local. Não havia como ver se alguém estava preso lá dentro, e a fumaça era bastante densa. O rapaz apressou-se em chamar ajuda, enquanto Melissa buscava uma maneira de descobrir se havia alguém ali.

A resposta veio rápida, quando Sherry rastejou, em chamas, para fora da garagem. O casal fez uma expressão de pavor ao ver o corpo queimado tentando lutar para sair do inferno de fogo. Melissa aproximou-se da garota, mas já era tarde demais: Sherry havia se tornado um pedaço negro de carvão humano sem nenhum batimento cardíaco. Foi difícil segurar o vômito e as lágrimas com a cena.

x-x-x-x-x

Angel e Melissa correram para longe do local antes que o circo estivesse armado. Quando eles já estavam longe o suficiente do local do incêndio, o rapaz parou para descansar, completamente sem fôlego.

— Quem é o próximo, Melissa?

— Cassie. – Ela respondeu prontamente.

— Então nós precisamos encontrá-la.

— E onde ela está?

— Eu tenho um palpite.

E puxou a garota pela mão, voltando a correr desenfreadamente.

x-x-x-x-x

A capela da faculdade era pequena, mas isso não chegava a ser um problema, já que a maior parte do tempo ela ficava completamente vazia. Cassie ia ali duas vezes por semana pelo menos, mas ainda sim jamais cruzara com nenhum outro aluno. Era como se todos eles desconhecessem o local ou simplesmente o ignorassem. “Perdoai-vos ó Pai, eles não sabem o que fazem”, a oriental pensou.

Ela estava ajoelhada em frente a uma cruz gigantesca de argila e ferro. Devia pesar mais de duzentos quilos, e estava presa há uma estrutura extremamente velha. Os pregos do local estavam soltos e dava certo receio de aproximar-se por demasiado dela. Jesus mantinha-se inabalável crucificado no meio da cruz.

— E o anjo tomou o incensário, e o encheu do fogo do altar, e o lançou sobre a terra; e houve depois vozes, e trovões, e relâmpagos e terremotos. — Cassie lia sua bíblia em voz alta. — E tocou o sexto anjo a sua trombeta, e ouvi uma voz que vinha das quatro pontas do altar de ouro, que estava diante de Deus.

De repente uma sensação esquisita de eletricidade tomou conta de seu corpo. A garota olhou então para a porta da igreja e viu Melissa entrando, assustada. Angel estava logo atrás.

— Cassie, você precisa me escutar, por favor.

— O que aconteceu? Por que vocês estão com essas caras?

Angel abaixou a cabeça, sem coragem de dizer qualquer coisa. Melissa então tomou a dianteira:

— É a Sherry. Houve um incêndio na casa dos Kappa Tau e... Ela está morta.

Cassie tapou a boca, aparentemente chocada. Então se virou novamente para a cruz, ficando de costas para o casal. Começou a ler trechos da bíblia em voz alta e com bastante veemência, como se estivesse completamente fora de si. Angel enfureceu-se com isso e gritou:

— Cas, ouve a Melissa, por favor.

Não houve resposta. Cassie continuou a ler freneticamente os versículos, gritando e esbravejando. O rapaz então se irritou e arrancou a bíblia da mão da garota, jogando-a na direção da cruz.

— Você é a próxima, Cassie!

Angel não teve tempo de mais nada, assim como Cassie não teve tempo de vingar-se pelo fato do rapaz ter jogado sua bíblia. O livro batera na cruz e fizera os pregos soltarem-se ainda mais, deixando-a dependurada.

— Está consumado.

E os três viram o exato momento em que a cruz desprendeu-se por completo da parede e caiu na direção de Cassie. Angel tentou puxar a garota pela mão, mas isso só mudou o local onde o pesado objeto a atingira. A mira era certa na cabeça da oriental, mas a interferência do rapaz fizera com que a cruz caísse em cima das costas de Cassie, claramente quebrando sua coluna e esmagando seu pescoço contra os degraus do altar. Muito sangue saía da boca e do nariz da garota. Angel friamente colocou a mão no seu pescoço e não notou batimento cardíaco. Suspirou.

Melissa virou-se pela primeira vez para ver o corpo e espantou-se:

— Os... Olhos.

Angel então observou os olhos de Cassie e o que viu o fez tremer. A garota chorava. Mas não era um simples choro. De seus olhos saíam lágrimas de sangue.

x-x-x-x-x

Melissa chorava sentada na relva. Angel estava ao seu lado, abraçado a ela, embora nem isso pudesse lhe dar qualquer tipo de conforto. Em dez minutos ela presenciara a morte de duas colegas de maneiras brutais. O baque era extremamente doloroso. Intimamente a garota se perguntava como Bobby fora capaz de lidar com tudo isso de maneira tão calma e racional. Ele conseguira programar as atitudes do grupo (e as suas!) de maneira a não deixar seu emocional ser superior ao seu lado prático. Melissa tinha sérias dúvidas quanto a ser igualmente capaz.

Foi quando Morgan aproximou-se do casal. Ele sentou-se ao lado de Melissa sem dizer uma palavra e tocou seu ombro. Logo em seguida falou:

— Eu acredito em você.

Melissa olhou para ele espantada, ainda com o rosto inchado do choro recente.

— Como é?

— Eu acredito em você. Acredito na lista da morte, acredito na visão de Kelsey.

E ficou em silêncio. Nenhum dos três disse nada. Foi Morgan quem novamente disse:

— Eu encontrei outra uma garota que está na mesma situação que nós.

— Como assim? – Angel perguntou.

Morgan retirou um papel do bolso, uma foto de Kimberly, e entregou ao rapaz.

— Essa é Kimberly Corman, e há dez anos ela previu um acidente de trânsito terrível. Ela e várias outras pessoas sobreviveram, mas todas acabaram morrendo meses depois, tal qual seu irmão e os amigos dele. A diferença... É que ela não escapou da lista. Consegue entender? Na sua história, ou as pessoas morriam ou elas se salvavam e estavam fora da lista. Mas com a Kimberly não. Ela está há anos dentro da lista e mesmo assim ainda não está morta! Tem ideia de como isso é possível? – Morgan parecida morbidamente animado com tudo que estava dizendo.

Melissa estava bastante confusa. Olhou a foto de Kimberly com cautela, procurando algo que talvez ela tivesse em comum com Bobby, mas parecia haver nada. Como Kimberly conseguira viver tantos anos sem enganar a lista? Era insano.

— O que você sugere? – Melissa perguntou, já sabendo a resposta.

— Nós precisamos encontrá-la. Saber como ela faz isso.

— E você sabe onde ela está?

— Aham, tenho o endereço. Só preciso de um carro.

— Eu tenho um carro. — Quem dissera isso fora Skip, que já se aproximava com as mãos no bolso. — Eu levo vocês para encontrarem a tal Kimberly.

Os olhos de Melissa brilharam ao ver Skip agindo com tamanha confiança. Disse:

— Nós só precisamos pegar alguém no caminho.

x-x-x-x-x

Kelsey atendeu a porta e de certa forma ficou feliz em ver Melissa. Apesar dos pesares ela precisava de companhia. De uma amizade. O que a assustou foram as idéias que a loira propusera a ela. Tudo girava em torno de mexer na ferida que a morena estava procurando reprimir. Por fim concordou ainda a contragosto. Ela precisava lidar com seu nemesis de uma vez por todas.

Acordou. A campainha da porta tocava insistentemente, e Kelsey já sabia quem estava tocando e o que ela queria. As visões estavam se tornando mais fortes. Restava aceitar toda a história pela segunda vez, dessa vez com um pouco menos de relutância e confiança. Era necessário.



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Notas finais do capítulo

A cena final da morte de Cassie, com a garota chorando sangue, foi baseada nessa história: http://g1.globo.com/sao-paulo/noticia/2011/06/medicos-investigam-caso-de-garota-que-chora-sangue-no-interior-de-sp.html
Além disso a personagem em si é baseada em Cassie Bernall, que morreu no massacre de Columbine e cuja morte foi reproduzida na morte de Mia no fim da fanfiction anterior.



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