Damned Promise escrita por raquelsegal


Capítulo 3
Capítulo três




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/174999/chapter/3

Chegamos alguns minutos atrasadas na aula, graças a Jennie. Ela resolveu ir ao banheiro e claro, ela não é garota de demorar menos de 20 minutos se olhando no espelho.

– Licença, professor. - disse entrando na sala, puxando Jennie pelo braço. Todos ficaram em silêncio, nos olhando.

– Primeiro dia de aula e já chegaram atrasadas. Nada bom, mocinhas. Nada bom.

Enquanto passávamos pelas carteiras ouvíamos risadinhas. Não achamos nenhum lugar vago, até alguém gritar do fundo:

– Ivy! Ei, tem dois lugares aqui. - disse Will.

Com o rosto queimando de vergonha olhei para Jennie e sussurrei“Vamos sentar lá?" e recebi em resposta uma risadinha baixa. Continuei andando para o fundo sem saber o que fazer e reparei que estava sozinha. Jennie havia sentado numa cadeira perto de dois garotos, que, diga-se de passagem, eram bem bonitos e musculosos.

– Oi. - disse timidamente, me sentando na carteira a frente da de Will. - Não sabia que você era um...

– Aluno? - disse me interrompendo. - Sim, sou.

– Você tem que parar com essa mania de completar minhas frases. - ri baixinho.

– Desculpa. Faço isso com meus amigos e acabo me esquecendo de que pode ser estranho para outras pessoas.

– Tudo bem. Não precisa parar de fazer. É... - parei de falar. Era o que? Fofo? Legal? Esquisito? Engraçado? - Legal.

– Ah, legal.

– O que?

– Nada.

– Pensou que eu fosse falar o que?

– Nada. Já disse. - olhou envergonhado para baixo, possivelmente para seus pés.

A aula continuou e Will não falou mais nada.

******

– Foi um prazer dar aula para vocês. Até breve. - completou Mark, o professor de matemática.

O sinal tocou e todos saíram para o almoço.

– Quer ir almoçar comigo e uns amigos? - Will disse meio nervoso. - Claro, se você não tiver com quem almoçar. Pode chamar a sua amiga se quiser.

– Posso ir ali falar com ela e te dou a resposta em dois minutinhos?

– Claro. Claro que pode. - sorriu e se virou para falar com dois garotos.

Fui correndo na direção de Jennie.

– O que ele disse? O que vocês conversaram? Ele é realmente bom de papo? E também o que... - ela começou a despejar as perguntas.

– Calma, garota! - falei antes que ela pensasse em outra pergunta. - Ele perguntou se queríamos almoçar com ele e seus amigos.

– E você respondeu que sim, não é?

– Bem, eu ainda não respondi. Por isso vim aqui te perguntar sobre o que eu deveria falar.

– Corre lá agora e diz que sim, Ivy! Corre! - disse me empurrando em direção a Will.

Quando me aproximei dele, seus amigos olharam para mim e se afastaram de nós, rindo.

– O que foi isso? Eles têm medo de mim ou o que? - perguntei.

– Ah, nada demais. São só idiotas. - Will olhou para os amigos por trás de seu ombro direito e eles estavam rindo e conversando entre si olhando para nós dois. Acho que meu rosto ficou bem vermelho nesse momento, pois senti um calor muito intenso nele. - Mas então, vamos almoçar?

– Ah, desculpe não ter respondido. Estava desligada e sim, vamos sim. Espero que não tenha problema se eu levar a Jennie.

– Jennie?

– Sim, minha amiga.

– Ah, então esse é seu nome. Ia te perguntar qual era, porque cá entre nós, - ele disse se aproximando. - esta vendo aquele loiro atrás de mim?

Olhei para onde ele disse e lá estava. Um garoto alto, loiro, olhos verdes e braços bem definidos. O tipo perfeito para Jennie.

– O que tem?

– Desde que vocês chegaram no campus ele não tirou os olhos dela. E ai, o que achou dele? – Will me perguntou.

– Não faz muito o meu tipo, mas é perfeito para Jennie. Ele tem cérebro ou é só músculo?

– Cérebro. Ele é realmente muito inteligente. Acha que ela toparia conversar com ele?

– Acho que sim. Posso perguntar para ela depois.

– Tudo bem, então. Ele adorará saber disso. – disse rindo, olhando bem no fundo de meus olhos.

Sabe aquele momento, em que a pessoa para e olha bem nos seus olhos e algo dentro de você parece que acorda? Uma chama que te deixa louca e que a força fazer coisas que a sua alma e o seu coração guardam e desejam? Pois bem. Esse momento aconteceu.

Will parou de falar e ficou me encarando. Eu não sabia o que fazer nem o que falar, e simplesmente permaneci parada, encarando-o. Ele começou a se aproximar de mim e eu acordei.

– Acho melhor nós irmos, não é? – olhei para meus pés, tentando disfarçar minha vergonha.

– Ah, claro. – Will respondeu, mexendo em suas pulseiras, envergonhado. – Chame sua amiga e me sigam. – sorriu.

Chamei Jennie e fomos andando. Falei rápido o que tinha acabado de me acontecer, mas ela não entendeu muito e achou que ele tinha me beijado.

– O que? Ele te beijou? Tipo, b-e-i-j-o-u? Ivy, responde! É sério isso? Ai meu deus! Ele te beijou! Ele te beijou! Beijou? Ivy!

– NÃO! – berrei segurando ela de frente pelos braços. – Foi só um quase, não passamos disso. Olhei para meu pé bem na hora que ele se aproximou.

– Quando ele se aproximou? Ivy! Qual é o seu problema?!

– Todos. Vamos logo antes que ele desconfie que eu esteja falando sobre isso com você.

Puxei uma Jennie eufórica pelos braços e saímos da sala. Will estava na porta conversando e rindo com seus amigos. Chegamos e todos pararam de falar.

– Vamos, senhoras? – Will disse me dando seu braço para segurar. Fiquei meio insegura sobre o que fazer, mas me rendi e segurei-o. Senti todo o calor do seu corpo e me senti segura com seu braço definido. Por um momento a minha vontade era puxar ele pra perto de mim e o abraçar, mas me controlei e aceitei apenas um braço.

Jennie foi caminhando ao meu lado, conversando com os amigos de Will, Ben e Paul.

******

O último sinal do dia tinha tocado e todos levantaram-se para ir embora. Uns para suas casas e outros, como eu e Jennie, para nossos dormitórios. Arrumei minhas coisas e segui com Jennie para a porta.

– Ivy! - Will gritou.

– E lá vem o Romeu. - disse Jennie, rindo baixinho.

– Para com isso. - respondi envergonhada, esboçando um sorriso malicioso.

– Ei, quer ir tomar aquele sorvete ou está muito cansada? Porque tudo bem, eu entederei...

– Jennie, algum problema em ir pro quarto sozinha? - olhei para ela evitando rir.

– O Paul falou que a acompanha, se ela quiser. - Will falou com um sorriso malicioso que me deixou louca.

– Ah, claro. Aceito. - Jennie disse, mexendo em uma mecha de seu cabelo.

Paul chegou e eles partiram.

– Se cuidem! - gritei para os dois e Jennie me deu um sorriso em resposta.

Fomos caminhando pelo campus, em direção a sorveteria. Até chegar lá descobri que Will ama cachorros e sorvete de chocolate. Que odeia falsidade e pessoas que forçam ser o que não são. Conversamos muito e foi um momento bem agradável.

Chegamos na sorveteria e sentamos. Conversamos muito mais, sobre coisas que eu nunca conversaria num primeiro encontro, mas que por algum motivo me sentia confortável em compartilhar com Will.

Ele era uma pessoa super fofa e simpática. Engraçada, romântica, daquelas que esperam a garota perfeita, mas que "matam a fome" com qualquer uma quando não têm o que fazer. Não que eu achasse isso certo, mas ele disse que tinha parado e que estava procurando alguém para um relacionamento sério. Não pude evitar de pensar que seríamos um casal perfeito, mas tive que deletar esta ideia da minha mente. Claro que Will só me via como amiga e estava fazendo tudo isso para me inserir no campus e me deixar mais confortável. Aliás, ele era o monitor e esse era seu trabalho, não é mesmo?

Terminamos o sorvete e fomos caminhando para o meu dormitório. Chegando lá, paramos em frente ao portão de entrada.

– Foi muito legal passar esse tempo com você, Ivy.

– Realmente, devo concordar. Foi muito bom te conhecer mais.

– Ah... Bem... - gaguejou, envergonhado. - Qualquer dia desses a gente se vê de novo, não é?

– Claro. É só marcar alguma coisa... - falei, tímida.

– Então. Até, Ivy.

– Até, Will.

Não sabíamos o que fazer. Um aperto de mão? Um abraço? Quem sabe um... beijo? Will parecia tão confuso quanto eu, mas resolveu quebrar o gelo, se aproximando e beijando minha bochecha.

– Boa noite, Ivy.

– Boa noite, Will.

O vi caminhando pela escuridão até desaparecer na esquina da sorveteria. E aquele beijo... aquele simples e inocente beijo, fez meu coração dar um giro. O que estava acontecendo comigo?


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!