Olho pra trás ainda chorando, e me impressiono com a imagem que vejo: Papai, descendo do carro e correndo até mim.

-AXELL!! Vem aqui, entra logo no carro. –Disse papai me puxando. Entrei no carro molhando tudo mas papai nem se importou com isso, apenas me olhou. Eu sabia que eu deveria ta igual um panda, com a maquiagem toda borrada, mas nada disso importava agora. Apenas abracei meu pai como se o mundo fosse acabar.

-Papai, que bom que você tá aqui. ­–Disse ainda chorando

-Eu sempre vou estar aqui por você meu amor. –Ainda estávamos abraçados. Me afastei dele e disse:

-Mas e a sua lua de mel com a mamãe? O que aconteceu? Como você chegou aqui tão rápido?

-Calma filha. Eu estava apenas numa casa de campo não muito longe daqui, sua mãe desistiu de ir para Londres, algo haver com ‘causar muitas rugas’. Então recebi uma ligação do seu amigo Daniel dizendo que você precisa de mim, e então fiquei rodeando uma pizzaria que ele deu o endereço e encontrei você aqui perto. Me conta o que aconteceu. –Eu sei que poderia contar tudo para o meu pai, mas resolvi guardar o que estava acontecendo para mim.

-Papai, eu só quero ir pra casa. Não to afim de falar sobre isso. Desculpe! –Disse voltando para os braços dele.

-Tudo bem meu amor. Se é assim que você quer eu respeito a sua escolha. –Ele se soltou do meu abraço e deu  partida. Assim fomos pra casa.

Cheguei em casa espirrando, e toda molhada. Esperava que minha mãe fosse perguntar se eu tava bem, mas apenas me brigou por eu ter atrapalhada sua lua de mel e ter molhado a casa. Tomei banho, botei meu pijama e tomei o chá quente que a Dylis, minha empregada preferida, tinha feito pra mim. Fiquei pensando pra quem eu deveria ligar e contar o acontecido. Mas no fim não quis ligar pra ninguém. Eu me sentia muito sozinha, como se ninguém pudesse me entender. Talvez ninguém pudesse. Uma batida na porta me tirou de meus desvaneios. Era papai.

-Meu amor, tem uma amiga sua aqui em baixo. Você quer falar com ela ou digo que você esta dormindo?

-Pede pra ela subir papai. –Disse carinhosa enquanto meu pai fechava a porta. Quem será, Rachel ou Zoe? De qualquer jeito, não me sentia mais tão sozinha assim.  Bateram na porta e eu mandei entrar. Quando eu vi quem estava lá, parada, quase não acreditei.

-Eu to vendo fantasmas?

Daniel

Ok, eu saí abalado de lá. E o ok eu não deveria voltar, afinal tudo aquilo era culpa de Axel. Tudo bem que não voltei, mas segundos mais tarde quando a chuva começou a cair, e Guilherme ainda não tinha voltado eu me preocupei. O que tinha acontecido com a Axel? Será que eu tinha sido muito duro com ela? Ela nunca tinha sido tratada assim afinal. Ai meu deus, eu tinha que me conter. Um bad boy não estaria agindo feito um bobo apaixonado como eu. Minha mãe pareceu perceber minha aflição, pois disse:

-O que ta acontecendo Daniel? –Essa mulher me conheci bem.

-Nada mãe.

-Se não fosse nada você não tava com cara de pensativo andando de um lado para o outro, você não costumava pensar muito querido. –OBRIGADA PELO APOIO MAE.

-To preocupado com Axel. –Fui o mais vago possível pra ela não ficar fazendo perguntas.

-Liga pro celular dela então. –Eu não iria dar esse gostinho pra ela e mostrar como tava preocupado, então resolvi ligar pra casa dela, fazendo voz de menininha pois ela já poderia ta em casa.

Call on:

Daniel: ‘alouu lindaum, aqui é a Rachzinha, posso falar com minha miguxinha Axel?????’

Empregado: Nossa, senhorita Rachel? Você está passando bem? Não a Senhorita Axel não se encontra. Você quer deixar recado?

Call off

Desliguei na cara dele. E agora o que eu ia fazer? Droga era pra eu ter pedido pra falar com o tio Julius. Peguei meu celular e comecei a revirar a lista de contatos em busca do numero do pai ou da Mãe da Axel. Quando achei liguei o mais rápido possível:

Call on again

Daniel: Fala tio. O senhor ta em casa?

Julius: Daniel? Or que você tá me ligando uma hora dessas? Vai dormir menino. Estou viajando com a minha mulher.

Daniel: puta que pariu

Julius: Como é que é Daniel?

Daniel:Nada não. Sabe o que é tio é que a Axel ficou sozinha numa pizzaria depois de um encontro com um canalha, e como estamos brigados ela não vai querer minha companhia. Será que o senhor não pode ir lá buscar ela?

Julius: Minha bebe? Me da o endereço e já ta saindo daqui.

Call off

Dei o endereço e liguei o computador, pronto agora eu poderia ver meus vídeos do red tube tranqüilo. Era só esperar o Guilherme chegar que o bicho ia pegar.

Guilherme.

Fui seguindo as coordenadas que Nina me deu para deixa-la em casa. O caminho inteiro fomos calados e o assunto parecia não vir. A noite tinha sido realmente tensa.

-É aqui. Obrigada, e avisa pro Daniel que amanhã tem aula comigo de novo no mesmo horário. –Puxei ela pelo braço a impedindo de sair.

-Calma, vamos conversar. Você tem muito o que explicar.

-O que você quer saber Guilherme?

-O que aconteceu entre você e o Daniel, e que coisa é essa que você vai fazer com a Axel? –Percebi que ela ficou nervosa. Será que andava saindo as escondidas com Daniel? Era pouco provável, mas não impossível.

-Não foi nada Guilherme, agente tava tendo aula e eu sem querer comentei que você e Axel tinham saído, então ele quis ir atrás de vocês só. E o negócio com Axel... Ela só queria aulas particulares também. Só isso, agora se você me der licença eu preciso ir. Minha mãe deve estar preocupada.

-Você ta chateada comigo?

-Não, só cansada. Amanhã nos falamos direito, juro. – Saiu correndo pra casa extremamente simples, porém organizada e bem limpinha. Dei a partida mas ainda deu tempo de ver Nina levando uma bronca, por isso ela estava tão preocupada.

Mandei mensagens pra Axel pra ver se ela estava bem, porém nenhuma foi respondida. Cheguei em casa e estava me preparando pra a briga com o Daniel. Me surpreendi quando vi tia Rose na cozinha, preparando nosso jantar. A abracei e subi. Como meu quarto era do lado do de Daniel, era inevitável que ele não me visse. Estava indo pro meu quarto e então fui imprensado contra a parede:

-Por que você fez aquilo em seu idiota? Pensei que o seu lance era com a Nina.

-O MEU LANCE NÃO É COM NINGUEM DANIEL, VC SABE COMO EU TO POR CAUSA DA KATH!

-KATH, KATH, KATH, vc só sabe falar dela, mas na hora de beijar a namorada dos outros vc esquece da KATH né?

-Daniel, eu to cansado. Não quero brigar. A Axel me beijou, ela é uma moça muito bonita, você sabe. Eu só retribui, e eu sei que foi um erro, mas todos erram. Amanhã vou falar com ela, e voltaremos a ser só amigos de novo. Não quero um clima estranho. –Ele me soltou e baixou a guarda. De repente o Daniel idiota não estava mais lá, e sim meu primo quase irmão que ia me visitar todas as férias.

-Eu me importo com ela.

-Eu sei eu também.

-Não Guilherme, você não entende. Eu em importo MUITO com ela.

-Não é o que parece Daniel. Você a traiu e sempre fica se agarrando com qualquer uma por aí. Você não deveria ser assim.

-Esse é o preço de ser popular. Agente tem que manter as aparências. Você sabe disso, eu sei disso, Axel sabe disso.

-Eu sempre fui popular na minha antiga escola e nunca traí a Kath por isso, e nem trairia. –Falei com uma pontada no peito. Lembrar da Kath ainda doía.

-Eu errei, como você acabou de dizer, todos erram.

-Verdade. Mas se você continuar assim nunca vai fazer nada pra reparar seu erro. –Falei dando tapas de conforto em sua costa.

-Vou me afastar de Axel. Apesar de tudo ela me faz mal. Acredita que tudo não passa de um planinho da mente psicótica dela?

-Plano? Como assim?