Sheldon, meu querido autista escrita por judy harrison


Capítulo 2
PatyPaty


Notas iniciais do capítulo

Sheldon aceita Patrice e a chama de Paty, a quem amará para seu sempre, enquanto seu irmão mais velho desconfia que ela é uma farsa.



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Era noite quando Philip e Patrice chegaram.

Monzard estava com Sheldon na sala, muito irritado por causa da briga que teve com Valerie, sua namorada. Preocupava-se muito com a situação de seu irmão também e ficava tenso sempre que precisava decidir sobre alguma candidata a babá, pois sabia que qualquer uma que contratasse ia acabar por abandoná-los mais cedo ou mais tarde.

Quando viu Patrice achou que era uma namorada de Philip.

Eles entraram e Patrice logo avistou o menino que brincava com algumas gravatas, o que era sua fissura. Sorriu para ele, mesmo sabendo que por ser autista ele não a olharia nos olhos, mas fora avisada de que ele reconhecia as pessoas que o rodeavam e sentia sua presença.

O que aconteceu no mesmo momento. Sheldon se levantou e a abraçou.

_ Onde você foi? – era sua forma de dizer olá.

Patrice ficou acanhada, mas correspondeu ao abraço. Notou a semelhança que ele tinha com Philip e que tinha a aparência de uma pessoa normal, com traços de saúde definidos no rosto, além de um físico bonito e firme.

Enquanto Philip dizia com satisfação por ver aquela cena, Monzard se indignava por notar a juventude e inexperiência de Patrice, pois era claro que ela não era uma enfermeira e não tinha mais que vinte anos.

_ Monzard, quero que conheça Patrice, ela vai ser a nova babá de Sheldon.

_ Como? E quem é ela?

_ Irmã de Cintia.

Monzard logo imaginou que se tratava de um afeto seu, motivo pelo qual ele ofereceu o emprego.

Enquanto Patrice dava atenção a Sheldon em suas brincadeiras, Monzard saiu pedindo que Philip o acompanhasse.

_ O que pensa que está fazendo, Philip? Essa garota é muito jovem e eu duvido que já tenha trabalhado com excepcionais.

_ Monzard, ela é uma excelente babá, e é totalmente de confiança. Você não viu como já estão se dando bem?

_ E ela sabe os problemas que terá de enfrentar?

_ Eu os descrevi para ela e ela não se impressionou.

_ Vocês estão namorando? – perguntou desconfiado.

_ Não estamos saindo, se é o que quer saber. Minha preocupação é Sheldon.

_ Eu não sei! O que nos garante que ela não vai nos abandonar também?

_ Monzard, Todas as mulheres que contratamos eram qualificadas. Está na hora de mudar o perfil. Você não acha?

Não havia como ir contra aquele argumento.

Os dois voltaram para a sala e Patrice estava sentada no tapete com Sheldon, ajudava o menino a montar seu jogo de dados.

Monzard achou aquilo muito estranho. Jamais uma mulher fez algo parecido com Sheldon.

De qualquer modo Ele aceitou uns dias de teste com ela, já que o menino parecia estar encantado e ela tão à vontade. Combinaram que ela voltaria na segunda-feira.

Philip a levou para casa. Na volta avistou algo que o deixou chocado. Valerie, noiva de Monzard, estava com um homem em frente ao teatro da cidade. Aparentemente o casal ia assistir a uma ópera.

_ Hipócrita dissimulada! – ele disse vendo que os dois se beijavam.

Sua suspeita a respeito do caráter de Valerie se confirmou naquele momento. Mas ele não diria nada a Monzard, por enquanto.

O domingo chegou e Sheldon surpreendeu os irmãos ao pedir por Patrice.

_ Paty. Onde está Paty. – pedia com insistência.

_Oh, meu Deus, ele não para de pedir por ela.

Disse Philip sorrindo para Monzard, mas ele não parecia feliz.

_ Essa paixão repentina é mesmo muito estranha. Eu estou de saída e só voltarei às seis da tarde. Chame... Chame essa moça para passar o dia com vocês.

Monzard queria saber qual era a verdadeira intenção de Philip e Patrice, pretendia chegar mais cedo para surpreendê-los, pois ainda não se convencera de tudo que Philip disse. Achava que Patrice já conhecia Sheldon, o que explicava aquele apego repentino, e que Philip o levava com ele para vê-la.

Mas ele estava errado.

Philip não poderia sair com ela por já ter sem envolvido com Cintia, e seria constrangedor para todos. De qualquer modo ele ficou feliz que pudesse buscar Patrice sem problemas, e ela era uma companhia agradável.

Durante todo o dia Patrice entregou-se aos caprichos de Sheldon. Com a ajuda de Philip procurava entender suas atitudes e seus medos. Sheldon era portador de várias fobias, e era necessário que a pessoa encarregada de cuidar dele tivesse tato e paciência para lidar com possíveis crises de nervo.

_ Ele tem medo de chuva, de animal de qualquer espécie, até mesmo um mosquito, também não gosta de televisão e rádio. A casa deve estar em silêncio para manter a tranquilidade dele, e todo o dia ele quer atenção e brinquedos. Durante o dia todo ele come apenas as três refeições principais, por isso tem que comer bem.

_ Acho estranho que as pessoas que passaram por aqui se demitiram com tanta facilidade!

Patrice estava admirando a calma com que Sheldon separava e esperava que ela juntasse novamente seu quebra-cabeça de dados. Achava incrível como ele exigia que as peças estivessem todas corretas, o que formavam o rosto de um urso, sabia quando uma peça estava errada.

_ Bem, não posso ser injusto e dizer isso. Elas tinham boas justificativas. Uma delas teve seu brinco arrancado da orelha por que Sheldon queria de toda forma brincar com ele. Era um dadinho, e ele tem os dados como fissura também. A mulher ficou apavorada! – ele notou a expressão no rosto dela – Ah, não! O brinco era de pressão, não se preocupe! Sorte dela, não é?

Patrice começou a rir e Sheldon riu com ela.

_ Sorte a minha não usar nada assim.

_ Sheldon adora os dados e gravatas. Mas elas queriam que ele ficasse quieto, elas não lhe davam atenção por achar que ele tem debilidade mental, então... Eu acho que Sheldon surtava. – ele falou aquilo com tristeza – Acho que ele fica muito sozinho, que sabe quando está sendo amado ou desprezado.

_ Aposto que sim. – ela disse com o mesmo sentimento.

_ Isso que você está fazendo para ele há horas... Para ele é a maneira de dizer que você se importa.

Patrice se emocionou com aquelas palavras. Percebeu o quanto Philip amava seu irmão.


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