Sheldon, meu querido autista escrita por judy harrison


Capítulo 3
Desconfiança


Notas iniciais do capítulo

Quanto mais Monzard desconfiava mais insensato era.



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Era quase cinco da tarde quando Sheldon dormiu.

Depois de explicar tudo que foi possível a Patrice, Philip a convidou para ver um filme.

Juntos na sala se divertiam com uma boa comédia quando Monzard chegou. Pretendia encontrar algo de que pudesse reclamar, mas não viu nada. Ainda não acreditava que Patrice era diferente por acaso.

Patrice sentia em sua presença a desconfiança e hostilidade.

_ Boa tarde. – ele disse entrando e passando por eles, indo para seu quarto.

Philip o acompanhou em seguida.

_ Monzard, o que houve? Disse que voltaria às seis!

_ Nada, Valerie quis ir embora mais cedo. Por favor, leve sua amiguinha embora. Eu quero privacidade.

Philip não discutiu. Achou que ele podia ter brigado novamente com Valerie, algo que o deixava mal humorado por dias. Não sabia como eles ainda estavam juntos, pois brigavam o tempo todo e ele mesmo não se simpatizava com ela.

Valerie era uma mulher culta e formada em direito. Tinha a intenção sincera de se casar com Monzard, mas deixava a desejar com relação a Sheldon. Estava consciente de que se casando com ele estaria assumindo também todos os problemas. Monzard decidiu esperar para que ela se adaptasse, mas para Philip o que a atraia em Monzard era a vida que ele podia lhe dar. Não dizia nada, mas nunca a suportou.

Philip levou Patrice embora, e quando voltou contou ao irmão como foi o dia com Sheldon. Monzard ouvia analisando o fato como improvável.

Mas não duvidava de que Sheldon gostava dela, pois ele acordou pedindo por ela naquela tarde, e no outro dia pela manhã.

Enquanto tomavam o café da manhã, Sheldon comia seu cereal, mas repetia baixo o nome Patypaty.

_ Você terá sua “Patypaty” hoje, Sheldon. Ela está a caminho.

Disse Philip feliz com o fato de que estariam tranquilos, sabendo que ele ficaria bem. Mas Monzard insistia em interpretar aquilo de outra forma.

_ Me diga Philip. Você está apaixonado por ela?

A pergunta foi repentina. Mas ele não tinha o que esconder.

_ Seria uma honra, mas a verdade é que ela não faz o meu tipo.

_ E por quê?

_ Além de ser irmã de Cintia, ela não gosta das mesmas coisas que eu. Ela é introspecta e romântica demais para mim. – riu – Olhe só, eu descrevi você!

_ Muito engraçado! – ironizou, mas sorriu também.

Apesar de toda a desconfiança em Patrice ser ou o não o que aparentava uma babá perfeita, ele também estava feliz por agora poder sair para seu trabalho. Também contava com o sistema de segurança que tinha na casa que incluía microfones e câmeras que permitiam a visualização completa de cada cômodo, em extremo sigilo, que só mesmo os dois sabiam.

De qualquer modo queria sair antes que ela chegasse, porém era tarde.

Patrice já estava em sua sala, recepcionada por Philip e Sheldon.

Era necessário, porém que ele ligasse as câmeras antes de sair.

Todo o sistema ficava num quarto fechado que só ele tinha acesso. Ao ligar os monitores se deparou com o rosto de Patrice que sorria para a câmera involuntariamente. Seu coração disparou, era como se ela pudesse vê-lo através daquele canal.

Monzard desligou a gravação automática por engano e saiu certo de que ela já estava fora de seu caminho, e que seria monitorada por todo o dia.

Ao chamar por Monzard e não encontra-lo mais, Philip justificou.

_ Ele estava mesmo com pressa. Bem, eu preciso sair também. Se precisar, estarei nesse número que lhe dei. O número de Monzard, se não me encontrar, está escrito na parede perto do telefone.

Philip saiu e Paty, como já estava sendo chamada, começou bem o dia com Sheldon chamando-o para brincar. Ficar naquela casa era agradável, pois o ambiente todo cheirava a lavanda, e a casa era suavemente decorada com cores em pastel e objetos sempre grandes e imóveis. Philip havia lhe dito que uma vez por semana uma mulher fazia uma limpeza geral, de modo que ela só precisava arrumar a bagunça que Sheldon deixava.

O dia todo passou e Monzard chegou primeiro. Logo a encontrou na cozinha dando a Sheldon seu lanche da tarde. Ela cortava pedaços de bolo e dava em sua boca. Sabia que não era necessário, pois ele comia sozinho, mas descobriu que daquela forma ele comia mais e sem fazer sujeira na roupa e na mesa, além de ficar mais calmo.

Monzard olhou admirado. Parecia que Philip estava certo quanto à mudança de perfil. Viu com seus próprios olhos o que o irmão contou sobre o dia de domingo. Paty era excepcional.

_ Boa tarde. – ele a cumprimentou com muita seriedade.

Ela correspondeu com o mesmo tom enquanto Sheldon saiu da mesa para abraça-lo. Era visível a alegria em seu semblante.

­_ Mon! Onde você foi?

Monzard foi com ele para o quarto e o fez dormir. Quando voltou, Paty estava na sala e tinha uma mala.

_ Se quiser, poderá ir embora agora.

Aquela foi a primeira vez que ele lhe dirigia a palavra, mas ela tinha um problema que só Philip sabia.

_ Eu... Vou esperar por Philip.

_ Houve algum incidente?

_ Não, foi tudo bem.

_ Então não precisa esperar por ele. – insistiu.

_ Eu preciso falar com ele.

_ Sobre dinheiro? Quer um adiantamento? Vai desistir?

_ Não, é outra coisa. Não tem nada a ver com o trabalho.

Ele viu então que o assunto era particular e que ela não falaria.

Chateado saiu da sala e foi para seu quarto.

Paty sentia que ele a odiava, pela forma como olhava pra ela e falava com ela.

No quarto das câmeras ele praguejava, descobriu que não havia ligado a gravação automática. Tinha apenas o rosto dela estampado e congelado no monitor, imagem que havia perturbado sua mente durante o dia todo.

Quando ouviu o barulho do carro de Philip quis ver como ela o recepcionava. Surpreendeu-se então ao ver que ela o abraçou ternamente e ele a beijou.

Alterado ele saiu do quarto e foi até a sala.

_ Então, não são namorados! O imbecil aqui sou eu!

Afastando-se de Paty, Philip estava surpreso com a atitude do irmão.


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