Sheldon

Ainda era madrugada quando Monzard correu para o quarto de Sheldon, que gritava em desespero. Era mais uma das inúmeras vezes que ele acordava com crises no meio da noite.

_ Aqui estão os remédios, Monzard.

Philip chegou com a mesma rapidez para auxiliar seu irmão.

Quando Sheldon voltou a dormir, os dois foram para a cozinha. Já era quase de manhã e Monzard preparou o café. Ambos estavam preocupados, pois a babá de Sheldon havia se demitido depois de dois dias de trabalho. Era a terceira daquele mês.

_ O que vamos fazer Monzard? Você quer que eu o leve para a academia?

_ Acho que é o melhor a fazer nesse momento, Philip.

Sheldon era o irmão mais novo, era autista e tinha a mente de uma criança de três anos. Monzard e Philip eram cuidadosos com ele e não permitiam que nada lhe faltasse. Com a pensão deixada para eles pelo pai, coronel aposentado da marinha e pela mãe, promotora de justiça, tinham o necessário para o bem-estar de Sheldon e o estoque de remédios sempre cheio.

Mas os dois tinham seus empregos, pois não se aproveitavam daquilo que prometeram ser somente para seu irmão.

Porém havia dificuldades que nem mesmo o dinheiro solucionava. As babás que eram contratadas, muitas vezes enfermeiras, eram muito bem pagas, mas não sabiam lidar com a personalidade de Sheldon. E sempre que se demitiam os problemas voltavam e eles tinham que começar tudo de novo, quando contratavam outra pessoa e tinham que explicar outra vez, além de lidar com a dificuldade da maioria em se adaptar.

Havia uma mulher, irmã de criação de Cintia, ex-namorada de Philip, que fora criada pelos pais de Cintia desde os cinco anos. Seu nome era Patrice. Queria mudar de vida e seguir seu próprio caminho. Philip a conheceu numa festa naquele fim de semana, então ele a convidou para conhecer Sheldon e ofereceu-lhe o trabalho, já que ela havia criado o irmão de Cintia e tinha experiência com crianças, mas era em seu caráter que Philip apostava, pois Cintia a recomendou muito.