Genes: Você Não É A Única! escrita por Marilapf, Amis


Capítulo 4
Capítulo 3 - Mary




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O fim de semana havia chegado e enquanto Bridget passava o mesmo fazendo compras com suas amigas, Melanie saiu com seus pais e as gêmeas iriam acampar com suas primas.

Já era de noite quando as irmãs e suas duas primas chegaram a clareira da reserva florestal. Faith montava uma das barracas segundo o manual de instrução, enquanto Lizzie brigava com Samantha , porque ela ligava e desligava uma das lanternas.

– Você vai acabar com a bateria das lanternas – disse Faith calmamente para ela.

– Temos duas lanternas, e daí se a bateria acabar? – ela

Lizzie ia retrucar quando a lanterna se apagou e parou de acender. Samantha então pegou a outra lanterna, mas a mesma não acendia.

– Ótimo lesada, você trouxe uma lanterna sem bateria. – Lizzie disse, revirando os olhos.

Faith suspirou e levantando as mãos em sinal de paz, sorriu.

– Relaxem, vamos fazer uma fogueira! – sugeriu animada. - Assim é até mais divertido – disse limpando o chão em um círculo, juntando algumas folhas secas e pegando seu isqueiro na bolsa. – Pronto! – exclamou ao ver as chamas no chão – Só precisamos de alguns galhos para manter isso aceso e também algumas pedras para colocar em volta para não deixar o fogo se espalhar muito.

Lizzie deu de ombros e começou a bater uma lanterna contra a palma de sua mão para tentar faze-la funcionar. Faith, vendo aquilo, respirou fundo e segurou delicadamente a mão da irmã.

– Lizzie por que você não vai buscar alguns galhos para a nossa fogueira? – pediu olhando nos olhos da garota. - Aproveita e traz uns mais cumpridos pra gente assar marshmellows – acrescentou animada, sem obter qualquer reação da irmã.

Lizzie arqueou a sobrancelha.

– Por que eu? – perguntou.

– Porque você tem uma lanterna – disse Faith rindo.

Sua irmã fez uma careta, e girando a lanterna na mão, deu-se por vencida.

– Está bem, Faith. Mas não vá se acostumando com minha bondade. – avisou, adentrando na floresta. Alguns barulhos então começaram a lhe incomodar, galhos quebrando, folhas pisadas e passos, deixando-a atenta a qualquer movimento estranho ou suspeito.

Então, em meio ao farfalhar das folhas, um estrondo a fez se sobressaltar e derrubar a lanterna.

– Droga! – disse ao constatar que as pilhas haviam caído no chão.

O barulho começou a ficar cada vez mais alto e a garota tinha a impressão que algo se aproximava. Outro estrondo ecoou pelas árvores da floresta e Lizzie gritou. No mesmo momento a lanterna se acendeu, iluminando um pequeno roedor que correu da luz.

–Mas que merda foi essa? – disse olhando para a lanterna, que se apagou da mesma forma que acendeu. Espontâneamente.

Lizzie pegou os gravetos o mais rápido que pôde e voltou para a clareira. Talvez, perto de algumas pessoas, aquela loucura acabasse.

*-*-*

O relógio tocou e Mary se virou irritada. Era segunda feira e seria seu primeiro dia de aula. Sem nenhuma animação, a menina jogou as cobertas de lado e se levantou. Pegou uma roupa básica, jeans e camiseta, calçou uma sapatilha e penteou os cabelos. Com passos apressados desceu as escadas, pegou uma maça na cozinha e saiu da casa, andando calmamente até a escola.

Na frente do colégio podia ver alguns esportistas se exibindo enquanto líderes de torcida riam descontroladamente, provavelmente querendo chamar atenção, pensou. Ao passar na frente deles uma garota se aproximou e disse:

– Ei, garota nova!

Mary analizou as roupas de líder de torcida da garota, os olhos gelo frios e os cabelos loiros presos em um rabo de cavalo, e sorriu.

– Sim? – disse Mary, tentando soar simpática, o que ela achava extremamente difícil.

A menina devolveu o sorriso.

– Oi, meu nome é Bridget. Como se chama? – perguntou com um sorriso no rosto

–Mary, muito prazer. – respondeu.

Sem nenhuma palavra a mais, Bridget segurou Mary pelo braço e a puxou para perto das outras líderes e, apesar de Mary não gostar deste tipo de companhia, ela foi com a loira até lá.

– Pessoal, esta é Mary – disse Bridget – Ela é minha nova amiga

Mary suspirou e procurou parecer sorridente e simpática, conversando com as pessoas que ali estavam. Afinal, pelo menos naquele momento ela estava socializada e aquilo era bom, seu primeiro dia de aula não estava começando tão ruim assim.

*-*-*

Bridget andava pelo corredor com Mary, quando a menina parou para olhar os anúncios no mural da escola.

A loira, curiosa, se aproximou e soltou um gritinho de felicidade ao apontar para um anúncio rosa.

–Ah, você vai se inscrever para ser líder de torcida! Que ótimo, nosso time é muito bom mesmo, e esse ano nós queremos tentar as nacionais sabia?

Mary riu baixinho e apontou para outro anúncio, laranja e chamativo, logo em cima do rosa.

–Vou me inscrever para esse. O time feminino de basquete! – Disse ela assinando seu nome no papel logo em baixo de um nome que chamou a atenção de Bridget. A loira deu um passo para trás e fitou Mary horrorizada.

–Você vai entrar para o time de basquete? – perguntou, precisando saber se aquilo não era um truque da sua mente. - Mas você vai ficar com aquela Lizzie Fillipes, e além disso, a sua reputação vai...

– Quem? Ah não importa Bridget, eu vou entrar pro time! – disse, lhe interrompendo e dando de ombros.

A menina bateu o pé no chão e por um minuto e Mary viu os olhos dela pegarem fogo.

–Você é louca! Garotas normais não entram nesse tipo de time, elas viram líderes de Torcida! Elas se preocupam com sua reputação...

–Pois eu vou entrar no time Bridget, e não há nada que você possa fazer para me impedir. Alías, quero deixar bem claro que eu não me importo com minha reputação!

A loira fez bico, mas não falou mais nada. Uma hora ou outra, ela entenderia as leis do colégio.

*-*-*

Lizzie se encaminhava para o teste de basquete com muita confiança, já que se considerava muito boa. Passou pelos corredores do colégio com um sorriso feliz, o que era bem raro, e empurrou a porta de ferro do ginásio para entrar. Calmamente, observou o local bem conservado e equipado, parando seu olhar na garota que de manhã estava andando com Bridget, não entendendo o que ela fazia ali. Perdida nas possíveis respostas para tal pergunta, retornou a realidade 10 minutos depois, quando a professora as dividiu em times, para poder testar seu desempenho em quadra.

Depois de algumas jogadas rápidas, dribles e cestas, a treinadora, Sra Finnis, chamou as garotas para anunciar sua escolha.

– Claire, Lizzie, Louise, Mary e Vanessa. – ela disse, abrindo um sorriso verdadeiro logo no final. – Bem vindas ao time de basquete.

Lizzie sorriu e viu as outras garotas pulando, se abraçando e gritando de felicidade. E ela nem conseguiu reagir quando a tal de Louise a puxou para um abraço. Elas ficaram assim por um tempo até a treinadora dizer quando seriam os treinos e as liberar.

*-*-*

Melanie passava pela porta do ginásio, quando ouviu gritos de alegria. Ela caminhava rapidamente para a biblioteca, mas ao ouvir a gritaria parou, pensou que fossem as líderes de torcida, mas ao olhar dentro da quadra viu que era o novo time feminino de basquete. Recomeçando a caminhada, entrou na biblioteca procurando um lugar calmo para sentar.

Encontrou uma mesa vazia em um canto e colocou os livros em cima da mesma, abrindo o primeiro. “A evolução biológica por Charles Darwin”. Ela estava tentando descobrir os motivos para o surgimento de seus poderes, mas ainda não havia encontrado respostas e isso a estava matando por dentro.

Melanie permaneceu na biblioteca até o sinal tocar, pesquisando assiduamente,  então se dirigiu a sala de aula decepcionada com os livros, que não haviam lhe ajudado. Ela estava tentada a arriscar-se a uma experiência parecida para ver se o que havia acontecido era ou não mera coincidência.

*-*-*

Mary saiu da quadra e viu Bridget parada no corredor ao lado dos ármarios, encostada nos mesmos e mexendo tediosamente em seu celular. Porém, assim que a porta se fechou atrás dela, Bridget ergueu o olhar e se aproximou de Mary.

– Passou no teste? – perguntou, guardando o celular na bolsa.

– Sim – respondeu Mary sorrindo, mas ao mesmo tempo sem entender o que Bridget fazia lá.

Bridget abriu um sorriso amplo e um pouco frio ao escutar a resposta.

– Que ótimo, vamos comemorar! – disse em tom falso. A garota imaginava que logo que os treinos começassem e Mary interagisse mais com as líderes, ela viraria uma delas e desistiria do time. Afinal, não havia nada melhor do que estar no topo.

Mary, no entanto, ergueu a sobrancelha desconfiada da súbita animação da loira.

– Pensei que você tinha dito que só loucas entravam para o time de basquete. – comentou, soltando seus cabelos do coque desarrumado.

Bridget suspirou e começou a andar pelos corredores, sendo seguida pela garota.

– Toda regra precisa de uma exceção para ser provada, certo, querida? – disse com um pouco de sarcasmo. - Agora vamos, as meninas vão querer saber que você entrou para o time, elas vão pirar, você vai ver! – disse em uma falsa animação.

*-*-*

Lizzie esperava Faith no estacionamento quando viu Mary passando com Bridget em direção a um carro preto. Ela não conseguia entender como alguém tão...não Bridget, conseguia andar perto dela. Talvez ela estivesse enganada sobre Mary e ela fosse como a Bridget, não é só porque ela jogava bem e tinha falado com Lizzie que elas eram diferentes. Talvez ela nem soubesse que Lizzie e Bridget haviam brigado e, se soubesse, trataria Lizzie diferente.

– Oi, Liz. – a voz de sua irmã a fez desviar seu olhar das duas garotas para a ruiva.

Lizzie, colocando sua diária carranca, encarou sua irmã com os braços cruzados.

– Faith, por que você demora tanto só pra vir pra cá? Eu estou com pressa, sabia?

Faith deu de ombros e mexeu em seus cabelos ruivos.

– Eu te esperei semana passada, nada mais justo que você me esperar nesta. Aliás, e eu tinha que guardar uns livros no armário, Lizzie! – explicou.

A outra bufou ao mesmo tempo que revirava os olhos.

– Tá, tá, tá, vamos embora logo! – disse, desviando seu olhar rapidamente para Mary, que partia no carro da Polly pocket.

Sua irmã, interpretando mal seu olhar, seguiu-o até encontrar o time de futebol masculino e sorriu.

– Para quem você tava olhando? – perguntou curiosa. - Era para o jogador de futebol ali? – disse, apontando discretamente para um garoto alto, loiro e musculoso. Não recebendo resposta, acrescentou. – Não me parece o seu tipo de garoto, Lizzie...

Sua irmã riu alto.

– Faith, cala a boca!

A ruiva suspirou e deu mais uma olhada para o time, antes de retornar sua atenção a Lizzie.

– Mas é verdade, para mim o seu tipo é mais emo, gótico, sei lá, pessoas depressivas e mal humoradas como você. – explicou calmamente.

A outra cerrou os punhos.

– Faith, não me faça bater em você também...

Faith arqueou as sobrancelhas e arregalou os olhos.

– Também? Bateu em mais alguém hoje? – perguntou. - Você precisa aprender a se controlar melhor, Lizzie.

– Não bati em ninguém... – respondeu andando mais rápido e tentando ignorar sua irmã.

Faith tentou acompanhar seu passo com certa dificuldade.

– Você não tá mesmo afim de conversar, não é? – deduziu.

Lizzie revirou os olhos, enquanto apressava mais ainda o passo.

– Na verdade, gênio, eu nunca estou, especialmente com você – falou enquanto sua irmã ria da implicância.

Quando elas eram menores Faith realmente se magoava com algumas coisas que sua irmã falava, mas conforme elas foram crescendo ela aprendeu que era só o jeito de Lizzie e começou até a gostar, afinal, que irmão não gosta de irritar o outro?

– Passou no time, Lizzie? – perguntou finalmente, esquecendo a implicância da irmã.

– Passei –respondeu Lizzie sorrindo.

A ruiva abriu um sorriso genuíno e seus olhos faíscaram.

– Temos que comemorar, então. – concluiu seus pensamentos em voz alta, fazendo sua irmã fingir um engasgo dramático.

– Por que você tem que fazer isso? – perguntou depois de seu “ataque” de tosse. - Se só tivesse perguntado, eu poderia começar a gostar de você, mas não, tem que ter isso de comemoração... – disse rabugenta.

A ruiva assentiu, pegando a irmã pela mão.

– Sim, vamos ao shopping! – disse animada.

Lizzie puxou sua mão bruscamente da dela.

–Não!

– Eu te pago um sorvete... – falou Faith, tendo consciência de que sua irmã nunca negaria um sorvete. Era sua sobremesa favorita.

– Argh, está bem, mas só isso e depois nós vamos pra casa...

*-*-*

Bridget segurava suas sacolas de compra tagarelando enquanto Mary fingia ouvir. Já havia se passado algumas horas desde o início das compras, e Mary já não aguentava mais escutar a ficha curricular de todos os populares do colégio. Dizendo mais um “hm” vago, olhou ao seu redor e se surpreendeu ao ver Lizzie sentada em uma mesa da sorveteria, acompanhada de uma garota ruiva. Desesperada para conversar sobre algo mais interessante, segurou o braço da loira ao seu lado, a fazendo calar.

– Aquela ali não é a Lizzie? – perguntou Mary, apontando para a menina e a irmã - Vamos lá dizer oi... – acrescentou, quando não obteve resposta, já arrastando a loira para lá.

Porém, Bridget cravou seus saltos no chão e fez uma careta.

– Não! Acho melhor não.

Mary bufou.

– Por que não?

– Essa Lizzie é bem violenta e louca, nunca se sabe o que ela vai fazer. Além do mais, não sou amiga dela, e se me virem com essa coisa minha reputação vai por agua á baixo!

A outra deu de ombros e continuou puxando Bridget, que em meio aos protesto e gritinhos horrorizados, se aproximou da mesa emburrada.

–Oi, Lizzie, comemorando também? – Mary perguntou, sorrindo cordialmente.

Lizzie engoliu um pedaço do sorvete que derretia em sua boca, antes de dar um sorriso duro e fazer uma careta para a loira ao seu lado.

–Sim, estamos comemorando... – Faith disse, animada.

Bridget assentiu pouco interessada na conversa, olhando discretamente para os lados, garantindo que ninguém a visse lá.

–Que bom, nós também... – Mary começou a falar, porém Bridget lhe interrompeu logo depois.

–Sim, estamos comemorando. Agora, se me dão licença, eu e a Mary temos mais algumas coisas á fazer e...

–Por que vocês não se sentam conosco? – Faith ofereceu, empurrando duas cadeiras para elas de forma convidativa.

Mary, sem dar tempo se Bridget negar, se sentou em uma delas, e puxou a loira para a outra, fazendo não só a mesma ficar horrorizada, mas Lizzie também, que olhou boquiaberta para a irmã.

–Querem sorvete? Eu pago mais uma rodada... – Faith disse, sorrindo.

Mary assentiu.

–Eu acho que a Polly pocket não vai aceitar, não é? Afinal, usar aqueles saltos ‘maravilhosos’ e as sainhas de 'freira' necessitam de um IMC muito baixo, certo? – Lizzie disse de forma provocativa para Bridget.

Esta, olhando ferozmente para a morena, abriu um sorriso perverso.

–Pois eu aposto que como muito mais do que você e continuo magra. – disse venenosamente. – Eu quero sim um sorvete, fofa. – disse, se virando para Faith e abrindo um sorriso sem más intenções.

A ruiva assentiu e foi para o caixa, buscar mais. Minutos depois ela estava de volta, com cinco casquinhas de baunilha.

Bridget pegou a sua e lambeu calmamente, olhando discretamente para a conversa pouco convidativa de basquete que acontecia entre as duas novas jogadoras.

Faith, que se encontrava na mesma posição, revirou os olhos e sorriu para a loira.

–Você é a Bridget Van de Woodson, certo? – perguntou, não gostando muito daquele silencio entre elas.

A loira assentiu singelamente.

–E você?

–Faith Fillipes. Sou irmã gêmea da Lizzie... – informou calmamente.

Bridget analisou a ruiva durante alguns momentos, se lembrando dela no primeiro dia de aula, quando brigou com Lizzie e a encontrou no corredor.

Suspirando, riu.

–Sabe, você é bem diferente da sua irmã. – disse, sem nenhum sarcasmo ou desdém na voz. Coisa que era muito incomum. – Aliás, você é bonitinha, seu cabelo é natural? – perguntou.

Faith tocou em uma de suas mexas e assentiu.

–Na verdade, então, vocês são bem diferentes... – disse, sorrindo logo depois. – Mas você não faz nenhuma aula comigo, certo?

–Não, temos a grade horária totalmente diferente.

A loira assentiu.

–O que é realmente uma pena, já que é a sua irmã que esta na maioria das minhas aulas...

Faith riu.

–É, ela pode ser complicada às vezes...

–Ou sempre!

As duas riram, e Mary e Lizzie pararam de conversar para fita-las.

–Está bem, tem coisa mais bizarra do que a Polly pocket conversando com a minha irmã? – Lizzie perguntou, olhando novamente para Mary.

Mary negou com a cabeça.

–Ainda não vi coisa mais bizarra que essa... – comentou enquanto Bridget chamava Faith para uma festa de populares e exclusiva, que aconteceria na casa de um universitário.



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