Faith puxou Mary para dentro do seu quarto, empurrando a castanha até a sua cama com impaciência. Nem Bridget estava lhe dando tanto trabalho assim.

Já havia se passado dois dias desde a festa. Dois dias, somados á 4 tentativas quase suicidas de Lizzie matar Logan, e no mínimo, 10 tentativas da mesma de matar qualquer engraçadinho que mexesse com ela, inclusive Cam.

Bridget saiu do banheiro enxugando os cabelos loiros na toalha e olhando curiosa para as três garotas reunidas em seu quarto.

–Reunião? – perguntou em tom de brincadeira.

Faith assentiu.

–Sim, Bridget, reunião. – afirmou séria. – Sente-se! – pediu e a loira se sentou curiosa para saber o motivo de tudo aquilo.

–Falta a maluca da Lizzie, Faith. – ela disse passando algum creme cheiroso em seus cabelos.

A ruiva suspirou.

–A reunião é sobre ela.

Mary fez uma careta, mas recebendo um olhar silenciador de Melanie, não ousou comentar.

–Bom, todas nós já vimos o que Lizzie é capaz de fazer. – disse calmamente. – Porém, estas últimas brigas dela com Logan passaram dos limites...

–Eu que o diga! – Bridget mostrou seu ombro roxo, graças ao soco que recebeu ao tentar separar os dois de uma briga. Até aquele momento ela não sabia quem fora, apesar de desconfiar, que com aquela força, só podia ser Lizzie.

Faith suspirou e ignorou o comentário.

–O problema é que a tendência é piorar, e Sandra já me disse que se continuar, ela pedira que apliquem alguns castigos nela.

–E nenhum dos castigos deles são muito ortodoxos. – Mary acrescentou, se lembrando da tortura que sofreu ao desafiar o professor Frank.

A ruiva suspirou.

–Exatamente. Por isso, eu e Melanie pensamos em uma solução: Bridget cuidará de Lizzie em todas as aulas que elas tem juntas, ou seja todas do período da tarde. – informou assistindo o queixo da loira cair. – Mary cuidará para que ela não mate, ou torture ou machuque qualquer coisa viva durante o período da noite, incluindo Linda! – acrescentou ao perceber os olhos de Mary lhe entregarem. Se dependesse da castanha a Barbie já estaria morta. – Eu e Melanie cuidaremos dela nos corredores, e nas refeições.

Bridget riu nasalmente.

–Você está me dizendo que vamos ser a babá de sua irma? – perguntou incrédula.

A ruiva assentiu.

Mary gemeu.

–Eu não consigo nem cuidar de mim mesma, como vou cuidar da Lizzie também?

Melanie se levantou de sua cama e as encarou com firmeza.

–A própria Lizzie disse: somos uma família agora, temos que uma cuidar da outra! E isso inclui virar babá da garota se for necessário. – afirmou com uma expressão que lembrava a de uma mãe.

Faith assentiu.

–E não tem como negar, pois é a obrigação de cada uma!

A loira se jogou contra seus travesseiros e respirou fundo, audivelmente.

–Eu vou me matar...

Melanie sorriu.

–Fico feliz em saber que não precisei chantageá-la. – falou com uma voz de mulher de negócios.

*_*

Bridget virou a página do seu livro silenciosamente, com Lizzie ao seu lado entediada. A aula de controle emocional foi dada como vaga para que todos fizessem um trabalho em dupla sobre as origens da yoga, as praticas e modalidades relativamente parecidas com a ensinada.

Por suposição, aquilo deveria ser em dupla, mas Lizzie não parecia estar com humor para ajudar a garota a fazer o trabalho, e a mesma não estava com humor, para – além de cuidar dela – zangá-la.

Foi quando ela chegou na terceira página de anotações, que ela percebeu que algo fazia sombra na sua luz.

Prestes a gritar com Lizzie, ela abriu a boca e ergueu os olhos, encontrando alguns veteranos de 18 anos lhe encarando simpaticamente.

Adquirindo o melhor sorriso que possuía, desta vez nem um pouco frio ou falso, ela agradeceu mentalmente á sua sorte por não ter soltado alguns palavrões antes da hora.

–Posso ajudar? – perguntou cordialmente para o grupo de três meninas e dois meninos diante de si.

Uma das meninas, a mais baixa e a única de pele parda no grupo, sorriu.

–Oi, você é a Bridget Van de Woodson? – perguntou com um sorriso maravilhoso no rosto.

A loira assentiu e ao seu lado escutou Lizzie bufar.

Uma outra garota, que abraçava em caderno rosa pichado em letras garrafais “Anya”, o que supôs ser seu nome, se sentou na cadeira vaga da mesa delas e suspirou.

–Ah, quando Adam disse que você era mais bonita que Linda, eu não acreditei. Mas é verdade, você é muito bonita. – disse sorrindo.

A outra menina, de pele parda, assentiu e se sentou na beirada da mesa.

–Sim. Aliás, meu nome é Cindy. A lorinha aqui é a Anya e a morena é a Brenda. – anunciou sorrindo simpaticamente.

Um dos garotos, que possuía belos e chamativos olhos caramelos, se aproximou sorrindo confiante.

–E eu me chamo Marius e esse meu colega aqui, Pete. – informou.

A loira sorriu em resposta, ainda não entendendo o que eles queriam com ela.

Pete se aproximou da mesa também e seus olhos brilharam de forma divertida.

–A festa que você deu foi a melhor de todos os tempos. – disse com sinceridade. – E adorei a escolha das musicas e das bebidas. Com certeza algo muito maior e mais grandioso que as festas sem graça que Linda organizava.

Bridget sentiu seu ego inflar.

–Obrigado. – agradeceu feliz.

Todos riram e Brenda deu uma piscadela para ela.

–Se precisar de qualquer coisa, Bridget, pode contar com a gente, está bem? Você é “a garota”! – disse sorrindo.

Os outros concordaram, e saíram discutindo entre eles mesmo o quão simpática e fofa a garota nova era.

Bridget assistiu eles saírem com uma sensação de deja vu acontecendo com ela.

Após uma festa badalada, os mais velhos iam dizer a ela o quão legal ela era, os mais novos iam começar a idolatrá-la e logo ela estaria no topo outra vez, seguindo a ordem natural das coisas.

Com um olhar animado, olhou para Lizzie.

–Eu estou me tornando popular novamente! – disse se segurando para não dar os odiados (pela Lizzie) pulinhos na cadeira.

A menina bufou.

–Jura? Foda-se!

A menina suspirou e ignorou, já se tornando imune aquelas atitudes da morena.

A loira continuou a sua pesquisa, do seu trabalho, já que Lizzie não ajudava em nada, quando novamente outra pessoa se aproximou delas, sendo mais ousado e se sentando ao lado delas.

Bridget sentiu Lizzie enrijecer ao seu lado, e lentamente, ela ergueu o olhar.

Diante das duas, Logan se encontrava, fitando Lizzie com olhos desafiadores.

–Precisamos conversar civilizadamente, Lizzie. – disse sério.

Lizzie sorriu com sarcasmo, mas Bridget foi mais rápida, agarrando o pulso dela e se levantando da cadeira.

–Você é um suicida, Logan! – disse exasperada. – Marque horário para conversar com ela, está bem? Já estamos indo. – informou puxando a morena.

Lizzie puxou seu pulso com rapidez e o ato acabou fazendo uma das unhas da loire se quebrar.

Franzindo o cenho, Bridget ergueu a unha afetada na altura dos olhos e suspirou.

–Muito obrigada, Lizzie, era tudo que eu precisava! – disse com sarcasmo.

Os dois a ignoraram e Lizzie, aproximando perigosamente, sorriu.

–Precisamos conversar, mas não creio que seja civilizado. – disse já erguendo o punho.

Bridget correu para segurar o pulso da garota, mas com a outra mão, Lizzie a empurrou para longe, a fazendo cair no chão ruidosamente.

A loira com rapidez se levantou novamente, correndo para se colocar entre os dois. Não que Lizzie fosse parar para preservar a loira, ela ia acabar matando dois coelhos com uma cajada só, mas a tentativa não precisava ser em vão.

Ao perceber que Lizzie já se aproximava perigosamente dela, ela deixou suas emoções tomarem ligeiramente conta da situação, como aprendera nas aulas.

Pensando em seu pai e na raiva que sentia dele, e na paixão que sentia pelo Remie, ela estendeu as mãos em direção a morena, a fazendo levitar sem quase nenhum movimento, no ar.

Lizzie berrou de frustação e Logan riu.

–Sabe, e acho que toda sua raiva por mim é tesão reprimido! – o garoto provocou, se aproximando dela com graciosidade.

Bridget o empurrou com a outra mão.

–Já deu por hoje, Logan. – disse fria.

O garoto suspirou.

–Calma, loira, estamos apenas conversando...

–CONVERSANDO PORQUE A POLLY POCKET ESTA ME SEGURANDO NO AR. SE DEPENDESSE DE MIM VOCÊ SAIRIA SEM ANDAR!

–Lizzie! – Bridget disse, sentindo a garota se agitar mais e ela perder aos poucos o controle da morena. Sentindo o problema crescer, ela continuou levitado ela em direção á saída da blibioteca, com Logan logo atrás fazendo piadinhas provocantes.

A loira caminhou apressadamente pelos corredores, levitando a menina no ar, com medo que seu poder não segurasse as coisas por muito tempo. Bastava ela encontrar outra babá, e pronto, o problema não era mais dela.

Ela já estava perto das portas do refeitório, quando Logan soltou a sua pior perola.

–Você beijou muito bem, por sinal.

A loira não teve nem tempo de pensar. Em um movimento brusco, Lizzie se remexeu e a outra perdeu o controle da situação, vendo desesperada Lizzie correr em direção á Logan.

Como um filme em câmera lenta, a loira se viu perseguindo Lizzie que havia atropelado alguns garotos segurando pilhas de livros. Logan, que tinha uma expressão presunçosa, gelou ao perceber Lizzie correndo atrás dele, e por autopreservação ao seu rosto, começou a fugir dela, correndo também.

Graças aos anos que Lizzie praticou esportes, ela conseguiu alcançar o garoto em segundos, pulando em suas costas feito um predador e o derrubando no chão.

Logan soltou um gemido ao sentir o peso da garota pressionar as suas costas, quando outro pareceu fazer seus músculos doerem.

Bridget conseguiu, com alguns segundos de atraso, alcançar os dois, se jogando em cima deles, na tentativa de puxar Lizzie de lá.

Graças a raiva descontrolada da morena, as luzes se apagaram e o corredor ficou no escuro.

Como se nenhum dos dois importasse, eles continuaram a se debater no escuro, enquanto Bridget tentava encontrar a mão ou o pé de Lizzie naquele emaranhado para tirá-la de lá.

Em uma daquelas tentativas, um soco acabou acertando o nariz da loira e sentindo uma dor atingir os mesmo, Bridget levou as mãos até eles, sentindo o gosto de ferro e sal inundar a boca.

–Ótimo, mais uma vez que vocês me acertam, e eu não sei quem foi! – berrou tendo certeza que daquela vez, o seu nariz tinha perdido umas duas veias no mínimo.

Nenhum deles se importou, continuando a briga.

Em algum momento as luzes voltaram a se ascender e Remie, que tateava as cegas o corredor a procura de Bridget, a encontrou tentando usar seu poder novamente para separar a briga novamente.

Vendo que sangue banhava não só a blusa branca dela, mas seu rosto e cabelos, o garoto se aproximou dela e segurou seus pulsos trêmulos devido ao esforço de levita-los separadamente.

Cam, que estava junto com ele, convocou a escuridão, a materializando entre os dois e finalmente os separando por uma parede negra e densa de escuridão.

Remie o olhou agradecido.

–Leve Bridget para o quarto dela, acho que ela precisa trocar de roupa. Eu cuido deles... – Cam disse á Remie tirando do seu bolso o celular e sorrindo. – Mas antes quero filmar isso! – disse começando a filmagem com uma narração tosca dos acontecimentos.

Revirando os olhos, Remie tirou o seu casaco e jogou pelos ombros da garota, a conduzindo até o quarto.

*_*

Faith colocou no rádio o seu CD favorito e se virou para Luke, sorrindo.

–Avril Lavigne. – anunciou se sentando ao seu lado. – A melhor. – acrescentou ao perceber a careta do garoto.

–Mas é claro que...

BAQUE.

A porta se abriu bruscamente e um furacão vermelho e loiro entrou no quarto, berrando coisa desconexas para Remie com raiva.

Faith, percebendo que a descontrolada era Bridget, e que ela estava banhada em sangue, se levantou e baixou o som.

–O que aconteceu, Bridget? – perguntou preocupada.

A menina parou de discutir com Remie para lançar um olhar gélido para Faith.

–O que aconteceu foi sua irmã se matando com Logan outra vez. E que saber o que mais? Eu fui acertada no nariz, só não estou sangrando pelas orelhas porque é quase impossível e minha camisa favorita da Gucci está ensopada de sangue! – disse irritada.

Aparentemente a sua camisa era a maior preocupação.

Faith tentou perguntar o que acontecera novamente, mas a loira continuou seu discurso.

–E como se tira sangue de algodão egípcio? E eu quebrei minha unha! Sabe quantas capsulas de vitamina eu tomo por semana para mantê-la assim, perfeita? Várias! – berrou e a ruiva suspirou. – Eu não vou ser mais a babá daquela louca, me entendeu? Nunca mais, que ela morra no fogo do inferno. – disse indo em direção ao armário e pegando algumas roupas. – E quer saber mais? Logan tinha razão... Ela tem tesão reprimido por ele! – disse entrando no banheiro e fechando a porta bruscamente.

Remie suspirou e sorriu encabulado.

–Mexeram no ponto fraco dela: roupas e unhas. Sinto muito, Faith, ela vai se desculpar depois. – disse carinhosamente. – Mesmo assim, deixei a situação por conta do Cam e ele decidiu fazer mais um vídeo dos dois. Ou seja, é melhor eu ir lá ver no que está dando. – disse saindo apressado do quarto.

Faith e Luke se encararam com expressões cansadas.

–Sabe... Acho que ele estava certo. – Luke disse vagamente.

A ruiva o olhou sem entender.

–Certo quando disse que Bridget me pediria desculpas? – perguntou confusa.

Luke riu.

–Não, certo quando Logan disse que era tesão reprimido. E se for e ela não quiser admitir? – perguntou olhando para os olhos verdes da garota.

Faith suspirou.

–Se for isso, ela nunca admitirá. – afirmou convicta, afinal, ela conhecia a irmã que tinha.

O garoto assentiu e suspirou.

–Sendo assim, eles precisariam de uma ajudinha... – começou e logo de inicio Faith compreendeu.

–Você quer que sejamos os cupidos deles? – perguntou incrédula.

Ele assentiu.

–Isso é impossível, estamos falando da Lizzie e não da Melanie! – disse exasperada.

O garoto revirou os olhos.

–Sem dramas, Faith. Até onde eu sei, é nosso único e melhor plano, já que o plano babá falhou.

Ela suspirou e se jogou na cama.

–Estamos perdidos. – anunciou olhando para o teto.

Ele riu e imitou seu ato.

–Só um pouco... – tentou soar otmista.