Faith e Bridget andavam pelas ruas imundas à procura do tal endereço. Já haviam se embrenhado em várias ruelas próximas e paralelas á principal, quando avistaram o local.

- Chegamos – disse Bridget olhando para o letreiro neon que piscava.

A ruiva analisou o estabelecimento e arregalou os olhos.

- Impossível – falou chorosa lendo o mesmo letreiro : American Bar – Nós vamos trabalhar em um bar Bridget? – perguntou incrédula.

A loira riu.

- Melhor – falou ao abrir a porta do local. – Em um bar de strip.

Faith empacou no lugar surpresa.

- Que? – exclamou segurando o braço da outra. – Não, não e não. Vamos voltar. – disse tentando arrastar Bridget para longe dali.

- Tarde demais – disse Bridget arrastando a ruiva para dentro do bar.

            Elas andaram até um homem gorducho que limpava algumas mesas e que parecia ser o dono do local. Bridget as apresentou, já que Faith estava ocupada olhando em volta horrorizada, e perguntou se aquele era o local que haviam lhe dito precisar de garçonetes.

- Sim, sua amiga passou aqui mais cedo e disse que vocês viriam. – falou o homem analisando as duas de uma forma crítica. – Bom, vocês trabalhariam por 100 dólares por dia, todos os dias começando às 20 horas de amanhã.

A loira suspirou aliviada por finalmente ganhar algo razoável.

- Topamos – disse animada.

Faith gemeu e tentou negar, mas Bridget lhe deu um cutucão dolorido na costela.

- Tudo bem, mas a ruivinha não vai usar isso vai? – falou ele olhando para os jeans e a camiseta nada sexy de Faith.

Bridget negou com a cabeça e sorriu novamente.

- Não, não se preocupe – garantiu calma.

            Elas deixaram o bar, uma contente por ter um emprego não integral onde ela só precisaria servir cerveja e outra extremamente assustada.

Bridget, percebendo a tensão da garota, suspirou.

- Relaxa Faith, eu vou te arrumar amanhã.

A ruiva arregalou os olhos. Talvez ela devesse se preocupar com aquilo também.

- Não sei se quero esse emprego, Bridget. – disse incerta.

A menina bufou.

- Não somos strippers, somos só garçonetes, eles não vão poder tocar na gente, não tem porque se preocupar... – explicou confiante.

            Faith suspirou e não falou mais nada no caminho para o não tão novo apartamento.  Ao chegar lá, mal olhou para Mary, culpando-a mentalmente pela sua situação constrangedora.

Melanie, que estava sentada no sofá lendo um livro, estranhou o comportamento rude da ruiva.

- O que deu nela? – perguntou franzindo o cenho.

Bridget deu de ombros.

- Nada, só está chateada porque vamos trabalhar nesse bar de strip. – disse a loira com casualidade

Remie, que não estava aparentemente prestando atenção na conversa das duas, ergueu seu olhar e fitou os de Bridget.

- Vão trabalhar em um bar de strip? – perguntou interessado - Qual?

- American Bar, alguma coisa assim... – ela respondeu se sentando ao seu lado.

O garoto abriu um sorriso malicioso.

- Bom saber, posso visitar vocês lá qualquer dia. Que horas é o show de vocês? – falou ainda sorrindo.

A loira bufou e deu um tapa no ombro do garoto.

- Não vamos tirar a roupa seu idiota, vamos ser garçonetes. – disse irritada.

Remie soltou um muxoxo e voltou a ler seu livro.

- Que pena...- respondeu ele, voltando sua atenção á leitura.

Bridget começou a adquirir uma coloração vermelha de raiva, e prevendo o chilique que viria, Mary decidiu intervir. Ninguém precisava aguentar aquilo naquele momento.

- Chega gente. – disse em tom severo. – Eu tenho que ir arrumar emprego, então já volto, mas sem essas provocações, Remie. Ou então podemos arranjar outro colega de quarto...

            O garoto riu enquanto Mary passava emburrada pela porta.

- Ela é irritadinha, não é? – perguntou ele.

A menina arqueou a sobrancelha.

- Ela? Você já conheceu a Lizzie direito? – disse Bridget e logo após foi acertada por um sapato na barriga. - Ai Lizzie! – reclamou colocando a mão no local.

A garota, que estava sentada no chão virou inocentemente para a loira.

         - O que? Não fui eu. – disse imitando a voz fina de Bridget.

A menina ignorou a última provocação e apontou para o pé da garota.

- Você tá sem um sapato... – falou Bridget enquanto Lizzie ria e ia para seu quarto.

Melanie, já cansada daquela cena, se levantou e se postou diante da loira.

- Enquanto vocês ficam de criancice eu vou até esse endereço aqui tentar arrumar um emprego. – informou calma. - Mas é meio longe, então acho que vou usar seu carro, Bridget. – falou meio sussurando a última parte.

Bridget, considerou por um segundo humilhar Melanie, mas percebendo que Lizzie estava há um quarto de distancia, desistiu.

- Tudo bem, pelo menos paramos de pagar pelo estacionamento por algumas horas – disse a loira tentando também manter as aparências na frente de Remie.

            Melanie estranhou a atitude, mas não se importou,  saindo logo depois, e deixando Bridget e Remie sozinhos no aposento.

*-*-*

- Olá senhor. – disse Mary ao entrar em uma lanchonete bem arrumada e lotada de clientes. – Precisa de garçonetes?

O homem, que estava atrás do balcão, arrumando alguns papéis, olhou para Mary e assentiu.

- Na verdade – respondeu o homem barbudo. – Preciso de duas, está aqui para se candidatar? – perguntou.

Mary sorriu.

- Sim senhor. – respondeu formalmente, rezando para que esse emprego fosse seu. – E já que precisa de duas garçonetes,  eu tenho uma amiga que pode se interessar no emprego e...

- Tudo bem, ela pode vir trabalhar com você amanhã. – ele a interrompeu rudemente.

Mary franziu o cenho não acostumada com aquele tipo de tratamento.

- Tão rápido assim? – disse desconfiada.

O homem barbudo riu.

- Não são muitas as pessoas que se candidatam a um emprego aqui moça, então sim, você está contratada. – repondeu com um pouco de sarcasmo.

*-*-*

            Mary adentrou contente no apartamento, mas parou perto da porta ao ver Bridget caída por cima de Remie no chão.

            A loira se levantou rapidamente e extremamente envergonhada, corando levemente.

- Ele me puxou e eu caí – explicou-se, tentando arrumar sua blusa branca.

A castanha suspirou.

- Sei... – disse Mary em tom duvidoso.

- É sério. – falou a loira olhando friamente para ela.

Mary deu de ombros.

- Olha, Bridget, não me importo se o cara te comeu ou não, só quero respeito, está bem ? Tem mais gente morando aqui. – disse indiferente.

Bridget cerrou os punhos e fuzilou Mary com o olhar.

- Eu não... Eu...  Argh! – rosnou, entrando em seu quarto com raiva, e batendo a porta logo atrás de si.

Remie se encolheu ao escutar a porta batendo e depois se virou para Mary.

- Eu não fiz nada com ela – se justificou, olhando sério para ela.

Mary riu.

- Eu sei, só gosto de vê-la assim – falou divertida.

- Ah... claro

Mary revirou os olhos e se lembrando que tinha que dar as boas noticias á Lizzie, berrou seu nome.

- Que é? – gritou em resposta a outra de seu quarto, que dividia com Faith, irritada.

Mary revirou os olhos diante da irritação da menina.

- Arrumei um emprego pra você. – informou feliz.

Lizzie abriu a porta do seu quarto bruscamente.

- Olha Mary, se for em um bar de strip pode enfiar ele bem onde o sol não bate - falou a encarando da metade do corredor.

A outra negou com a cabeça.

- Não, é como garçonete, mas em uma lanchonete, junto comigo, 80 dólares por dia, do meio dia às 7. – disse em um folego só, cruzando os dedos para que Lizzie aceitasse.

A morena riu alto, fitando Mary com incredulidade.

- Não, obrigada. – disse, dando as costas à outra.

Mary desfez sua cruz e respirou fundo, sabendo que lidar com Lizzie nunca foi a coisa mais fácil da vida.

- Lizzie você precisa arrumar um emprego. – disse depois de ter contado até 10.

A menina olhou para Mary novamente, a desafiando.

- Não tem que ser como garçonete, tem? – perguntou com ironia.

- Bem, que outras ideias você tem? – perguntou Mary da mesma forma.

            Assim que Mary disse isso Melanie entrou no apartamento sorridente.

- Adivinhem? – falou não conseguindo evitar alguns pulinhos de felicidade. – Arrumei um emprego como babá nesse condomínio de ricos e deixaram o carro da Bridget ficar na garagem, assim não temos de pagar por estacionamento. Além disso, vou ganhar 150 dólares por dia, 5 dias por semana! – disse animada.

Mary sorriu feliz por ela, mas logo se lembrou do seu problema intitulado “Lizzie”.

- Quer ser babá Lizzie? – perguntou.

Lizzie rapidamente fechou a cara e fez um gesto obsceno com a mão, direcionando-a para Mary.

- Haha, engraçada essa sua piada. – reclamou.

Remie riu com a reação dela, antes de se intrometer na conversa.

- Eu sei onde você pode trabalhar. – disse obtendo um olhar de esperança da mesma. – Mas você tem que ter algum talento.

- Onde? – perguntou Lizzie, interessada.

O garoto sorriu. Ele acreditava ter o emprego perfeito para ela.

- Eu trabalho no circo na verdade e você pode trabalhar lá, comigo. – informou esperando a reação da morena.

- Ótimo! – disse Melanie antes de Lizzie esboçar qualquer reação. – Lizzie é uma ilusionista. – acrescentou se lembrando dos treinamentos que Mary deu as duas e em como Lizzie era boa naquilo.

Lizzie assentiu orgulhosa de si mesmo.

- Sério? – perguntou Remie á ela.

- Sério – disse Melanie no lugar da morena.

Mary, ignorando a bajulação de Melanie, olhou seriamente para Remie.

- Quanto ela ganharia? – perguntou um pouco interessada na proposta.

- Por volta de 100 dólares por apresentação, eu ganho menos, mas se ela for uma boa ilusionista, vai ganhar mais ou menos isso. – respondeu.

Lizzie sorriu gostando do salário.

- Tudo bem, me leve nesse circo amanhã. –pediu boceando.– Porque agora eu vou dormir.

A porta de um dos quartos foi aberta e uma cabeleira ruiva saiu de lá.

- Não vai, não. – falou Faith com um sorriso no rosto.– Vamos dar uma geral nesse apartamento e torna-lo habitável... – disse olhando com um pouco de nojo para o pó que insistia em ficar nos móveis.

Lizzie riu.

- Que bom para vocês! – disse voltando a caminhar em direção ao seu quarto. – Me chamem quando terminarem para eu ver se vocês fizeram tudo direitinho. – pediu.

A ruiva suspirou.

- Estava contando com a sua ajuda – disse.

- Foda-se – respondeu Lizzie, fechando a porta do seu quarto.

*-*-*

            No dia seguinte Bridget acordou com o alarme de seu celular e foi chamar Faith em seu quarto.

- Faith... Faith... – sussurou

- Hm... – resmungou a ruiva

- Temos que buscar o dinheiro do Olivio lembra?

- Ok, já estou de pé – falou ela se sentando na cama

- Dá pra vocês irem fofocar lá fora? To tentando dormir – disse Lizzie

            As meninas foram até a sala que estava um pouco melhor, contanto que apenas Melanie quis ajudar Faith e a quantidade de pó havia diminuído muito.

            Melanie e Mary já haviam saído para trabalhar, mas Remie e Lizzie iriam para o circo apenas à tarde.

            Faith e Bridget comeram pão velho, já que não havia outra coisa. Bridget, é claro, só reclamava, mas Faith engoliu tudo bem rápido.

As meninas pegaram um ônibus até o central park e andaram até uma das estátuas, onde uma das empregadas de Olivio havia colocado um saco com dinheiro, 15.000 dólares. Bridget e Faith sorriram ao ver a quantia e voltaram para casa o mais depressa possível.

- Já não temos de nos preocupar com o aluguel – disse Faith contente

- Eu estava pensando que este mês nós poderíamos usar esse dinheiro para suas novas roupas

- Novas roupas?

- Sim, as de trabalho – falou Bridget com um sorriso malicioso

- Ah não...  – disse Faith meio nervosa