Genes: Você Não É A Única! escrita por Marilapf, Amis


Capítulo 12
Capítulo 11 - Remie


Notas iniciais do capítulo

Esse é um dos meus capítulos prediletos.
So, enjoy it.



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Bridget olhou com nojo pela vigésima vez para suas mãos e pés, como se eles estivessem impregnados com a pobreza daquele local.

As cinco haviam dirigido até ás 23 horas da noite anterior, decidindo parar em um motel de estrada, antigo e imundo, para não serem pegas em alguma blitz da policia noturna. Faith e Melanie ficaram com um pouco de receio de ficar no mesmo local que um recepcionista suspeito se encontrava, mas não fizeram muito drama em relação a aquilo.

Bridget, por sua vez, bateu o pé, chorou e se desesperou, sendo arrastada por fim, pelos cabelos pela Lizzie e ameaçada de ser morta por Mary. Claro que no momento em que a loira descobriu que existia uma aranha em seu colchão, ela chorou até que Faith permitiu que ela dormisse com ela.

No dia seguinte, então, logo pela manhã, as meninas já estavam despertas, tentando convencer a mais fresca delas a entrar no carro sem um banho.

–Eu estou fedendo á motel barato, eu tenho que tomar um banho! – disse com sua voz fina, olhando com nojo para seu corpo.

Lizzie suspirou e pegando no braço da loira, a arrastou até o carro, em meio a protestos e gritinhos.

Quando ela já estava devidamente cercada no banco de trás, por Mary e  Lizzie, a garota cruzou os braços e bufou. Melanie, que estava no banco da frente como passageiro riu baixinho, antes de se virar levemente para trás.

–Gastamos já 200 dólares com gasolina, pedágios e estadia. – anunciou.

Bridget deu de ombros, enquanto Mary suspirava.

–Gastamos o que eu gasto no shopping em 2 minutos... – a loira disse sorrindo.

Lizzie revirou os olhos.

–Mas você não tem mais papai para te bancar, Polly Pocket – disse venenosa.

Bridget que pareceu só perceber isso naquele momento, arregalou os olhos e gemeu. Como ela viveria sem o seu dinheiro? Como ela faria suas compras e moraria em um apartamento de cobertura? Como ela faria Yale?

As perguntas rodaram pela cabeça fútil dela, antes da garota afundar o rosto nas mãos.

–Essa não... – gemeu chorosa.

Mary ignorou aquilo.

–Precisamos trabalhar...

Faith assentiu junto com Melanie, enquanto Lizzie fazia uma careta e Bridget choramingava mais.

–Onde? Somos menores de idade, Mary. – Faith disse em um tom cansado.

Mary sorriu.

–Estamos indo para New York centro, meninas. Quem disse que para sobreviver lá precisamos ser maiores de idade? – perguntou retoricamente.

*_*

Mary suspirou, tentando dirigir pelo trafego agitado e confuso da 5th avenida. Bridget havia deixado o carro com ela, pois as cinco haviam se separado ao chegarem na cidade.

A garota então, decidida a cumprir sua tarefa, estacionou o carro em umas das ruas e saiu dele, caminhando calmamente pelas ruas paralelas a principal, tentando encontrar algum lugar que parecesse aceitar alguém como elas.

Depois de entrar em outras ruelas, menores, mas tão movimentadas quanto as maiores, ela avistou um bar e suspirou.

Em cima do nome do local, havia uma placa: “Admite-se garçonetes”.

Sorrindo, Mary observou melhor o local e sentiu o desapontamento lhe atingir. Aquele lugar jamais aceitaria alguém como ela, apenas pessoas estereotipadas, loiras, corpos definidos, ruivas e...

Seu sorriso voltou desta vez animado. Aquele trabalho não aceitaria ela, mas aceitaria Bridget e Faith.

*_*

Lizzie e Melanie se entreolharam, antes de conferir pela terceira vez o endereço indicado. As meninas já haviam percorrido a cidade inteira atrás dos anúncios nos classificados dos jornais, mas era muito caro.

Então, elas decidiram conferir o último anuncio que existia, antes de se desesperar. E lá as duas estavam, encarando um prédio antigo, velho, mau cuidado e cheirando a mofo. Ele se encontrava em uma das ruas perto da avenida principal, e apesar disso, se encontrava em um estado de deterioração horrível. Infelizmente, aquele seria talvez o mais barato e mais acessível ao bolso das cinco.

Lizzie levantou o jornal outra vez e releu o anuncio.

–Aqui diz para tratarmos com Paul... – ela disse sem emoção. Nunca imaginara que chegaria a esse ponto, procurando um apartamento em New York, antigo e horrível.

Melanie assentiu e criando coragem, tocou na campainha suja pelo pó há anos não retirado.

Alguns minutos depois a porta do primeiro andar se abriu e um homem gordo, vestindo uma regata branca suja de molho, passou por ela.

Melanie forçou um sorriso.

–Oi, senhor. Você deve ser o Paul, certo? – perguntou sem coragem para apertar sua mão.

O homem as analisou antes de assentir bruscamente.

–Sim, sou eu. Vieram cobrar dívidas? – perguntou olhando desconfiado para as duas meninas bem vestidas e com a aparência de classe média.

Lizzie negou com a cabeça.

–Não, viemos perguntar quanto é o aluguel do apartamento. – disse seca. Pessoas daquela laia mereciam um tratamento sem rodeios.

O homem abriu um sorriso cheio de dentes amarelos e sujos.

–Ah, sim, o apartamento. – disse animado. – São 1000 dólares por mês. – anunciou calmo.

Melanie gemeu baixinho e Lizzie suspirou. O aluguel estava mais barato que os outros, mas mesmo assim, ainda era caro. Elas conseguiriam se manter por no máximo 6 meses e depois morariam debaixo da ponte?

–Senhor... – Lizzie começou tentando soar persuasiva. Talvez, com um pouco de charme o solteirão aceitasse um desconto. – Nós não temos essa quantia, talvez uns 500 dólares por mês. – sugeriu.

O homem riu alto, fazendo gotículas de sua saliva voarem no rosto de Melanie.

–Nem pensar, belezinha. Tenho 50 anos de experiência com garotinhas de olhos ingênuos iguais a vocês, não vou cair no seu charme! – disse abrindo um sorriso assustador e malicioso. – São 1000 dólares e não há acordo. – afirmou irredutível. – Mas se você ainda quiser mais coisa...

Lizzie fez uma cara de nojo, enquanto Melanie se encolhia diante daquela insinuação.

–Não, Paul, você não faz o meu tipo. – Lizzie respondeu fria.

O homem deu de ombros sem realmente se afetar, e cantarolando uma música brega, adentrou no prédio.

As duas suspiraram e Mel olhou para Lizzie com um olhar perdido e desesperado.

–E agora? – perguntou baixinho.

Lizzie suspirou.

–Eu bem que queria aplicar minha teoria do “foda-se”, mas nós não vamos ter onde morar, então eu não sei, Mel. – respondeu sincera.

–Bom, eu escutei o que vocês estavam falando e acho que podemos dividir o apartamento... – uma voz masculina soou atrás das duas, as fazendo se sobressaltar.

Lizzie se virou rapidamente para encontrar um garoto de quase 19 anos, alto, com cabelos castanhos claros e olhos azuis extremamente espertos e divertidos.

–Dividir o apartamento? – Melanie sussurrou desconfiada.

O garoto assentiu. Ele havia escutado a conversa delas e como precisava dividir as despesas e cortar gastos, colocar duas meninas que não pareciam ser más dentro de sua casa não seria tão ruim.

–Sim. Eu moro neste prédio mesmo, mas no momento estou com dificuldades de pagar minhas contas sozinho. – explicou calmamente. – O apartamento é grande, apesar de bem velho, tem quatro quartos e dois banheiros. Podemos dividir a conta, apenas isso...

Lizzie suspirou.

–Somos cinco garotas. – ela avisou.

O garoto assentiu.

–Quanto mais gente, melhor. – disse com sinceridade. – Então, topam? – perguntou.

Melanie puxou Lizzie para um pouco mais longe e a encarou incrédula.

–Você não o conhece, e se ele fizer algum mal a gente? – sussurrou.

Lizzie riu baixinho.

–Somos cinco garotas com poderes. Você acha que ele tem alguma chance conosco? – disse com ironia. – Afinal, se não for aqui, vai ser onde?

Mel pensou um pouco no que ela havia dito e acabou concordando.

–Aceitamos. – Lizzie disse sorrindo.

–Ótimo, me chamo Remie Couleur. – se apresentou, abrindo a porta do prédio e subindo as escadas até o segundo andar. Lá, ele mostrou o seu apartamento para as meninas, que ligaram para as outras dando a noticia.

*_*

Bridget e Faith finalmente encontraram um telefone público em funcionamento. Bridget, então, com nojo, passou álcool gel no telefone e com um olhar torturado, pois estava odiando tudo aquilo, digitou o número de Olívio, implorando mentalmente para que ele atendesse.

No segundo toque, o garoto atendeu com uma voz preocupada.

–Alô. – ele disse.

A loira sorriu.

–Oi, Olívio, você está sozinho? – perguntou calmamente.

Olívio riu aliviado. Estava preocupado com a garota e receber a sua ligação era um bom sinal.

–Sim, eu estou. – respondeu perdendo sua preocupação na voz.

–E não tem como a polícia estar rastreando seu celular, tem? – perguntou temerosa.

Não. – ele respondeu calmo. – Meu celular está totalmente protegido dessas coisas... – explicou.

A loira assentiu.

Você está bem, Bridget? – ele perguntou. – Seu pai está muito bravo, ele disse que você era uma bruxa e...

Bridget sentiu seus olhos marejarem. Seu pai, aquele que ela sempre admirou, a odiava por ela ser diferente.

–Olívio, eu estou bem. Ferrada, mas estou bem... – acrescentou.

Ele riu docemente.

–Precisa de alguma coisa? – perguntou.

A loira suspirou.

–Estou sem dinheiro, Olívio. – disse pesarosa. – Eu fugi, mas não posso usar minha conta bancaria, nem cartões de crédito, nem nada disso! – explicou desesperada. – Ou então eles vão me rastrear...

Olívio suspirou.

–Eu sei, eu sei. Eu vou te dar uma quantia de dinheiro por mês, assim você não passa nenhuma necessecidade...

Bridget bufou.

–Não por mês, Olívio, até eu me estabilizar... – argumentou.

Ele riu.

–Não vai fazer falta para mim, Bridget. Você sabe disso... – sussurrou amavelmente. – Eu só quero que você esteja bem, consegue fazer isso? – perguntou.

–Sim, consigo. – disse calma.

–Ótimo, deixarei o dinheiro...

*-*

Faith e Bridget se encaminharam até o endereço dado por Lizzie, sentindo a vontade de chorar no momento em que viram o estado do prédio. Bridget, morrendo de nojo e raiva, subiu as escadas sem tocar no corrimão e entrou na casa querendo apenas tomar um banho.

Faith, que seguia ela perdida em pensamentos, entrou no apartamento e suspirou de alívio. O local era amplo e grande, com uma sala, apesar de totalmente suja e empoeirada, bem arrumada e mobiliada.

A mobilia parecia já pertencer a casa , pois ela tinha um aspecto antigo demais e empoeirado também. Algumas coisas estavam cobertas por lençóis que um dia foram brancos e o cheiro de pó era palpável no ar.

Bridget, também sentindo um alívio ao perceber que pelo menos a mobília era bonita, apesar de velha e suja, caminhou pelo apartamento, encontrando o banheiro e lavando seu rosto na agua gelada dele.

–Você deve ser Bridget Van de Woodson. – uma voz masculina disse logo atrás da loira. Já sabendo que era o garoto da qual Lizzie havia citado, se virou rapidamente e sorriu, deixando por um minuto, perder a compostura ao perceber os atrativos físicos que possuía.

–Sim, e você deve ser o Remie, nosso parceiro de apartamento. – disse sorrindo.

Remie assentiu admirando a garota discretamente.

–Sim e seu parceiro de quarto. – ele anunciou sorridente. – Lizzie dividiu vocês nos quartos e você acabou ficando junto com o meu... – explicou calmo.

A menina arregalou os olhos, querendo estrangular Lizzie até ela morrer, não querendo mostrar seu lado negro ao garoto.

Percebendo a reação de susto dela, ele acrescentou:

–Não se preocupe, não farei nada que você não queira... – sussurrou com um sorriso malicioso.

A menina revirou os olhos e suspirou.

–Tem duas camas? – perguntou com uma calma forçada.

Ele assentiu.

–Sim os antigos donos deixaram toda a mobília aqui e no quarto que eu fico, há duas camas e um armário enorme. Não teremos problemas quanto a isso. Na verdade, não há cama de casal aqui... – disse pesaroso, e lançando um olhar divertido para a loira, acrescentou novamente. – Infelizmente.

A menina revirou os olhos e o deixou sozinho lá, passando novamente pelos cômodos do local e percebendo que as meninas limpavam e arrumavam tudo, tirando os lençóis brancos e o pó.

Faith, que já havia dado uma verificada no local, parou ao lado da loira e suspirou.

–Pelo menos o apartamento é bonito. – comentou otimista.

Bridget assentiu.

–Mary arranjou um emprego para nós duas. – Faith continuou a dizer calma. – Teremos que ir lá agora... – avisou mostrando sua bolsa e dando na mão da outra o papel com o endereço.

A loira gemeu.

Que o inferno começasse.


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Notas finais do capítulo

Bem, reviews
XOXO



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