O Peso De Uma Mentira escrita por Arline


Capítulo 23
Capítulo 23.1


Notas iniciais do capítulo

Hey! Demorei né? Eu sei, eu sei... Desculpem-me a demora, mas a vida tá corrida! Não abandonei a fic, não morri (ainda) e continuo escrevendo.
O cap será dividido em dois e espero não demorar para postar a segunda parte. Espero que gostem e, por favor, não me xinguem!
Perdoem se tiver algum erro na fic...
Leitoras novas, bem vindas!
Boa leitura e nos vemos nas notas finais!
bjks



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CAPÍTULO 23

POV BELLA

Eu estava me sentindo um caco. Depois daquela conversa com Edward, pensamentos inundaram minha mente. Já era madrugada quando desci, depois de muito rolar na cama. Outro filho. Isso não me passou pela cabeça, embora ele já tivesse comentado alguma coisa sobre isso quando soube da gravidez da irmã.

Eu sabia que agora tudo ia ser diferente, que ele estaria ao meu lado, que eu não teria ninguém pra exigir qualquer coisa, mas eu não conseguia pensar com clareza sobre isso. Eu nem sabia se queria ou não... Só... Nunca pensei... E ainda mais a pergunta partindo de Amanda... Me pegou completamente desprevenida.

Fiquei perdida em pensamentos, esperando que o chocolate aquecesse. Tentei pensar em tudo que não fosse “outro filho”, mas o tema sempre vinha à tona. O recente pedido de casamento ficou quase que esquecido e aquelas duas palavrinhas piscavam na minha cabeça de forma incessante. Qual o real motivo? Eu não sabia... Talvez minha reação tivesse se dado pela surpresa mesmo; imagine o que é passar oito anos da sua vida se dedicando a um filho, não pensar em mais nada além dele e de um dia para o outro sua vida mudar completamente? Foi assim comigo e acabei por ficar sem saber como agir.

Ter aceitado o pedido de casamento de Edward só reforçava o fato de recomeçarmos e se estávamos fazendo isso, um filho só viria pra acrescentar, pra nos deixar mais próximos, mais felizes. E seria ótimo ter outro serzinho crescendo dentro de mim... Um sorriso bobo surgiu e eu tinha certeza de que quem me visse naquele momento, acharia que eu estava doida. Contudo, Edward estava certo; teria que ser decidido por nós dois e com certeza ele concordaria comigo em deixar pra um pouco mais tarde. As coisas ainda não estavam bem definidas quanto à Rosalie, nós estávamos começando uma nova vida e ter um tempo pra nós, pra nos “conhecermos” novamente seria essencial.

Agora a ideia não me parecia mais tão aterradora quanto no começo e acabei por relaxar meu corpo na cadeira e aproveitei meu chocolate quente. Eu ainda tinha que pensar em como falar com Edward e Amanda... A ideia de ter um primo deve ter despertado algo nela. Talvez eu tivesse passado tanto tempo concentrada nela, que deixei passar algumas de suas necessidades; posso não ter dado atenção ao fato dela ser uma criança sozinha, que brincava com os coleguinhas da escola e com mais um ou dois de nossos vizinhos. Por nunca me ver com ninguém, exceto Jasper, ela pode nunca ter manifestado a vontade de dizer que queria um irmão e agora, sabendo que eu e o pai estávamos juntos novamente, se sentiu segura em dizer.

Com os pensamentos mais ordenados e mais relaxada, resolvi voltar ao quarto. Evitei fazer barulho ao entrar no banheiro e logo depois voltei à cama. Meu corpo foi envolvido pelo braço de Edward e pensei ser uma reação apenas, mas...

— Você demorou a voltar... — ele resmungou e eu ri levemente.

Me virei de frente pra ele e também o abracei. Ainda era meio estranho tê-lo assim tão perto, mas era tão bom também...

Nossa manhã começou agitada; acordamos com o telefone tocando de forma incessante. Eu até que xinguei Emmett, mas também nem tive tempo para meus amigos nesses últimos tempos e fiquei feliz por saber que ele e Tânya estavam bem. Tão bem que ela estava na casa dele... Só depois de prometer que nos encontraríamos e que colocaríamos a conversa em dia foi que ele desligou. Fiquei aliviada por Edward não ter feito nenhum comentário e nem ter tido uma de suas crises de ciúmes. Pensei que teríamos um tempo pra nós apenas, mas as pessoas pareciam querer nos encontrar todas ao mesmo tempo e os telefones tocavam a cada cinco minutos... Alice, Esme, Alice outra vez... Mas a pessoa mais cara de pau foi Angie, que a todo custo queria que eu lhe contasse o que aconteceu.

Não me neguei a contar, claro que não, mas seu interesse não era apenas em ouvir; ela queria ver Edward e só depois que ele falou com ela foi que fomos deixados em paz. Por precaução, desliguei os telefones e ficamos praticamente incomunicáveis. Edward ria cinicamente e eu acabava por acompanhá-lo.

— Enquanto eu estiver sendo mantido em cárcere privado, você vai me alimentar pelo menos?

— Não mesmo. E é sério. Hoje eu não quero saber de cozinha.

— Bella... Eu vou morrer de fome assim.

Nem me dei ao trabalho de respondê-lo. Nós mal tínhamos acabado de tomar café... Tudo bem que eu fiquei sentada enquanto Edward se queimava e sujava tudo ao fritar ovos, mas até que foi divertido. E ele não estava muito feliz por assistirmos “Uma Linda Mulher” bem pela manhã, mas... Ele não disse que queria ficar à toa e que era pra eu escolher um filme ou qualquer outra coisa para vermos? Então...

Me ajeitei na cama, peguei o pacote de batatas e o refrigerante e apertei o play no controle do DVD.  Pelo canto do olho, vi quando ele foi até o celular e taquei um travesseiro nele, que me olhou torto. Eu liguei? Não mesmo...

— Nada de telefone. Foi isso o que combinamos. — falei, depois de pausar o filme.

— E eu vou ficar aqui, vendo você babar pelo velho metido a galã?

— Você pode ficar aqui, com sua noiva e ver o filme também. E mais, não chame o Richard Gere de velho...

— Sabe de uma coisa? Vou voltar a dormir e, quando o filme acabar, você me chama. Depois a gente vê se sai pra comer alguma coisa.

Fiquei calada, vendo-o se jogar — literalmente — sobre cama e quase derrubar meu pacote de batatas. Eu ri de sua cara emburrada, mas continuei na minha e voltei a assistir o filme.

Estávamos tendo um “dia só nosso”, mas ideia do filme não foi muito boa... Também conversamos muito e tive que quase obrigá-lo a acreditar que eu não havia ficado mal por conta do “outro filho”. Não tocamos no assunto “casamento”, já que segundo ele, a única coisa importante era eu estar lá no dia.

Ri de alguma cena e Edward resmungou, dizendo que nem dormir ele podia e eu gargalhei. Nem era tão engraçado, mas só de ver aquela cara emburrada...

— Quando quer, você é pior do que Alice... — ele continuou resmungando e me olhando meio torto.

— Me chamou de chata? Foi isso? — eu não tinha ficado chateada e mesmo se tivesse, ele não deu a mínima, simplesmente me ignorou e virou as costas.

Por mais alguns minutos eu ainda tentei ver o filme, mas ele perdeu a graça totalmente... Acabei por arrumar a bagunça que eu havia feito e Edward acabou por adormecer. Fiquei ao seu lado, deixando meus dedos se embrenharem por seus cabelos. Ele estava completamente relaxado, o rosto sereno... E meu coração bateu mais forte. Apenas por eu saber o quanto o amava. Me aconcheguei mais a ele e escondi meu rosto em seu pescoço, sentindo seu cheiro.

— Cansou do seu velho? — ele disse baixinho, me abraçando.

— Pois é... Até você é um moço bonito. Acho que prefiro ficar com você.

Ele riu e me afastei um pouco, fitando seus olhos verdes e brilhantes.

— Vai ser sempre assim? Nós dois vamos continuar a nos amar dessa forma tão intensa?

— E sempre mais, minha Bella... Sempre mais.

Me aproximei dele, pretendendo dar-lhe apenas um selinho, mas Edward me beijou de forma tão calma e doce que me fez relembrar nosso primeiro beijo; quando nada, além de nós, importava. Ele fez menção de se afastar e segurei sua blusa, tentando mantê-lo perto. Edward respirou fundo e eu sabia que seu lado “responsável” estava dando sinais de vida...

— Assim não, Bella... Já é bem complicado sem suas provocações.

— Mas eu não estou te provocando. Só te beijei.

E não era mesmo essa a intenção, mas... Pra mim não era nada fácil também. Acabei por me afastar um pouco e ele me puxou de volta, me olhando como se pedisse desculpas. Não era preciso, claro que não, afinal, eu o entendia, sabia dos seus motivos; ele não queria fazer nada de forma precipitada e inconsequente. Eu só não sabia por quanto tempo mais aguentaria sem atacá-lo...

Por alguns poucos minutos ele ficou me olhando, seus dedos em uma caricia suave por meu rosto.

— Eu te amo. — disse ele, como se quisesse me fazer ter certeza do que eu já sabia — E quero muito fazer amor com você, mas só estou tentando esperar porque você disse que preferia procurar um médico primeiro e eu até ignorei quando você disse médico e não médica.

Droga! Eu não tinha mesmo dito aquilo? Mas ele ia ter que mudar de ideia...

— Esquece o que eu falei. Não sei onde eu estava com a cabeça quando disse algo assim... E não sei onde você estava com a sua pra aceitar...

Edward gargalhou do que eu disse, mas eu sabia que ele estava pensando mesmo sobre aquilo. Por mais que ele quisesse, jamais tentaria algo depois da minha inútil decisão.

— Eu estava pensando em você. Se tivermos outro filho, é claro que vamos cuidar e ficar felizes, mas não é só a minha vida e minhas vontades que contam, sem contar que não sou eu quem vai carregar um bebê por nove meses.

Acabei me levantando e sentando de frente pra ele, que me olhou meio desconfiado.

— Exato! Minhas vontades também contam e eu também quero muito fazer amor com você... E, nesse exato momento, estou pensando em várias formas de te atacar.

E eu estava mesmo... Ele não sabia as coisas que passavam pela minha cabeça... Mas parecia não me levar a sério... Um sorriso cínico brincava em seus lábios, como se me desafiasse. O ouvi resmungar alguma coisa e me aproximei, tentando ouvir. Seu corpo pairou sobre o meu, enquanto ele prendia minhas mãos acima da minha cabeça.

— É assim que pretende me atacar, Swan? Foi muito fácil atacar você.

Eu ainda estava tentando entender como ele havia feito aquilo e mal conseguia pensar. Não com sua boca tão perto da minha... Pura maldade.

— Edward... Não estamos em condições de brincar...

Mais uma vez ele riu e desviou o rosto quando tentei beijá-lo. Senti sua boca em meu pescoço, meu corpo inteiro se arrepiando por esse simples contato.

— Eu amo você. — sua voz rouca e sussurrada só me fez gemer vergonhosamente — Senti saudades do seu corpo, do seu cheiro...

— Então me ame. Só me ame.

Edward soltou minhas mãos, que se perderam por entre seus cabelos, mantendo-o próximo a mim.  Dizer qualquer coisa era desnecessário naquele momento. Nos fitávamos de forma intensa, como se através de nossos olhos pudéssemos ter certeza de tudo. Como se nossas almas tivessem se reencontrado depois de um longo tempo.

Edward voltou a me beijar ainda de forma contida, como se quisesse controlar a si mesmo. Meu coração batia acelerado e minhas mãos foram até suas costas, puxando sua blusa. Nos afastamos um pouco nesse momento, mas não tive muito tempo de pensar; as mãos de Edward percorriam meu corpo, levantando minha blusa com cuidado, como se qualquer movimento pudesse me machucar.

Foi impossível evitar a vergonha e Edward riu levemente.

— Amor... Não precisa ficar com vergonha de mim. Você é perfeita.

— Prometo não pensar nisso.

Como se quisesse provar o que me disse, que eu era perfeita, Edward cumpria um quase ritual de adoração ao retirar minhas roupas. Seus olhos percorriam cada parte do meu corpo, assim como suas mãos, que me causavam incontáveis arrepios. Seus lábios acariciavam minha pele, fazendo com que eu me contorcesse com aquele contato. Deixei de lado a vergonha e meus pensamentos estavam apenas em nós. No quanto nos amávamos.

Novamente deixei que minhas mãos percorressem seu corpo, minhas unhas se enterrando em suas costas quando senti sua boca em meu seio, meu corpo ondulando por vontade própria, reagindo às sensações. Minha respiração já era ofegante e eu mordia o lábio com força, querendo suprimir os gemidos, mas era impossível, por mais que eu quisesse.

— Edward... Eu preciso de você...

Ele se afastou um pouco, apenas o suficiente pra me olhar, e tinha um sorriso cínico nos lábios. Ele me faria implorar... Eu já sabia disso...

— Sempre apressada... Vamos com calma; eu quero tocar, beijar e sentir cada pedacinho do seu corpo.

— Amor... Isso é tortura... — minha voz não passava de um sussurro e minhas unhas passavam levemente por suas costas, como ele gostava.

Mais uma vez ele sorriu e voltou a tocar, beijar e sentir cada pedacinho de mim. Edward conhecia cada ponto sensível do meu corpo e os explorava, me fazendo ansiar por mais. Cada beijo, cada carícia, cada palavra sussurrada só me faziam entrar num estado de êxtase. Mas eu também queria que ele experimentasse as mesmas sensações que eu e forcei meu corpo contra o dele, usando minha pouca força pra que ele se deitasse. Com uma perna de cada lado do seu corpo, me inclinei sobre ele, beijando-o.

Uma de suas mãos se embrenhou por meus cabelos, enquanto a outra explorava meu corpo. Aos poucos fui me afastando, beijando seu pescoço, seu peito e arranhando sua pele. Assim como ele, eu também gostava de todo aquele ritual. Eu gostava de ouvir seus gemidos, de saber que eu causava essa reação nele.

Aos poucos fui retirando sua calça de moletom e sua ereção era evidente. Deixei que meus cabelos caíssem por meu rosto — assim seria mais fácil, sem ele me olhar diretamente — e retirei também a cueca. Munida de uma coragem que eu não sabia de onde vinha, abaixei minha cabeça e assim que minha boca tocou seu membro, ele me afastou delicadamente, me puxando pra cima e me fazendo encará-lo.

Sinceramente nunca entendi o porquê dele não me deixar dar prazer a ele da mesma forma como ele dava a mim. Mas nem tive tempo de formular uma palavra sequer; sua boca tomou a minha com avidez e só senti o peso do seu corpo contra o meu, que já estava quente. Nossa respiração estava acelerada. Em minhas veias o desejo corria livremente e arqueei meu corpo em direção a ele, sem mais conseguir esperar para senti-lo dentro de mim. Minhas pernas se apertaram a sua volta e ele apenas me olhou, como se quisesse uma confirmação.

— Amor... Pode me torturar o quanto quiser depois, mas agora eu preciso de você. Só de você.

Mais uma vez ele me beijou e um gemido de dor me escapou ao senti-lo tão perto. Edward levantou seu corpo, me olhando meio perdido.

— Só... Vai um pouquinho devagar.

— Podemos parar se não estiver confortável.

O calei com mais um beijo e ele entendeu que não era pra parar. De forma alguma. Nem se o mundo estivesse desabando lá fora. Meu corpo só tinha que se acostumar novamente a ele e então, tudo seria maravilhoso como antes.

Edward voltou a se mover, de forma lenta dessa vez, me fazendo soltar gemidos baixos e ele sabia que não eram de dor. Minhas mãos passeavam por seu corpo, puxavam seus cabelos e acabei mordendo seu ombro e ele gemeu. Eu só não sabia se era de dor...

Nos movíamos juntos, meu corpo estremecia e se arrepiava a cada nova investida de Edward. Mas eu queria mais, eu precisava de mais.

— Mais... — apenas sussurros e gemidos me escapavam.

— Não quero te... Machucar.

— Não vai...

Talvez nem ele estivesse mais conseguindo se controlar tanto. Aos poucos seus movimentos intensificaram; seguíamos o mesmo ritmo urgente, nossos gemidos se misturando, nossos corpos completamente colados um ao outro. Minhas unhas arranharam a pele de suas costas, machucando, provavelmente, e gritei o nome dele, enquanto estremecia por completo. Seus gemidos eram abafados e o senti atingir o mesmo ponto de prazer que me arrebatara há poucos instantes.

Seus lábios tomaram os meus de forma doce novamente, me deixando mais ofegante do que já estava. O peso do seu corpo não era um incômodo e sua cabeça repousou entre meus seios, enquanto tentávamos recuperar a respiração e acalmar as batidas aceleradas do nosso coração.

Permaneci de olhos fechados, me sentindo relaxada, feliz e completa.

— Eu amo você. — falei. Minhas mãos se perdendo por entre seus cabelos.

— Não mais que eu.

Depois de mais refeitos, ele se colocou ao meu lado e me puxou de encontro a seu peito. Me deixei ficar ali, ouvindo as batidas do seu coração, sentindo seu cheiro, seu calor. Eu tinha certeza que meus batimentos cardíacos acompanhavam os dele.

— Me desculpe, acabei te machucando. — disse ele, acariciando meus cabelos.

— Não machucou. Foi mais um incômodo passageiro. Sabe como é... Há oito anos que eu não...

— Sabe que explicações são desnecessárias, embora eu já desconfiasse disso... Se você ainda tem vergonha de mim...

E ele não percebeu que eu estava mesmo tentando me explicar? Tentando dizer que não houve outro... Nunca poderia existir outro pra mim. Não enquanto eu o amasse daquela forma desmedida.

Ainda sentindo sua mão em meus cabelos, fui relaxando e meus olhos pesaram. Me deixei levar por aquela onda de relaxamento e adormeci, sabendo que ele estaria ali quando eu acordasse.

E foi exatamente isso o que aconteceu poucas horas mais tarde. Edward continuava na mesma posição, ainda acordado, suas mãos numa carícia suave por minha pele. Apertei mais meu braço a sua volta, apenas pra ter a certeza de que ele estava mesmo ali, que o que tinha acontecido fora real.

— A Bela Adormecida acordou. — ele fez graça e continuei na minha — E está com preguiça... Vamos lá, precisamos de um banho e de comida.

— Aham.

— Vem. Daqui a pouco nosso almoço deve estar chegando.

— Já estou no banheiro Edward... Não está ouvindo o barulho da água?

Ele riu da minha tentativa frustrada de continuar ali, mas tinha razão; precisávamos mesmo de um banho e meu estômago protestava por alimento. Mas eu estava com preguiça mesmo e permanecemos ali, nos olhando, aproveitando a proximidade.

O que eu sentia era incomensurável. Um sentimento tão singular que nada, nenhuma palavra, lhe faria jus. Não era por ter transado depois de oito anos e sim por ter feito amor com Edward. Nenhum outro homem, por mais carinhoso que fosse; jamais seria ele. Era somente ele que me completava, que me deixava plena, que me fazia feliz. E era a ele que eu amava de todas as formas possíveis.

 A campainha soou e me afastei pra que ele pudesse se vestir e ir atender à porta.

— Vou arrumar as coisas e tomar um banho lá embaixo. — Edward ia saindo, mas o chamei.

— Arrume as coisas e suba.

Ele apenas riu e me afundei nos travesseiros, abraçando o que Edward usara. As lembranças recentes rondavam minha mente, me causando arrepios. Minha mão coçou pra pegar o telefone e ligar pra Angie, mas me contive. Seríamos apenas nós, sem telefones, sem ninguém gritando de forma histérica, sem ninguém querendo saber os detalhes sórdidos — como diria Angie —. Apenas nós.

POV EDWARD

Enquanto Bella estava adormecida em meus braços, eu apenas a observava, tentando acalmar a profusão de sentimentos que me assolavam. Estar com ela era algo... Sublime. Nada jamais teria a mesma intensidade. Sentir seu cheiro, seu corpo quente e macio, seus lábios... Tudo nela era infinitamente perfeito, por mais que ela ainda insistisse em sentir vergonha. Eu quase não piscava os olhos, querendo não perder um mínimo movimento que fosse.

Arrisquei um carinho em seus cabelos e ela continuou dormindo, sem se mover. Movi minha mão por seu braço, sentindo sua pele macia sob meus dedos, sentindo meu coração acelerado por simplesmente estar ali, com ela.

Nem todas as pessoas que me conheciam entendiam meu amor por Bella. Alguns dos meus companheiros de equipe riam, diziam que amor assim não existia e que, caso eu aceitasse um de seus convites para alguma noitada, ela seria rapidamente esquecida. Mas... Eu não queria esquecê-la, nunca quis e não aceitava os convites por nunca ter gostado daquele tipo de festas e não por medo de encontrar alguém que talvez — e seria muito provável que nada aconteceria — pudesse me interessar.

Era um sentimento meio incompreendido por alguns, meio adolescente, que me deixava meio bobo. Mas era amor. Simplesmente amor.

O dia seguinte não me importava. As coisas que aconteceriam não me importavam. E só porque, naquele momento, eu estava com ela. E sempre estaria. Em breve nos casaríamos e eu estava pensando em um anel de noivado. Bella que me desculpasse, mas Alice teria que ficar sabendo... Acabei rindo com esse pensamento. Agora, depois de tantas coisas, de tantos anos, enfim poderíamos concretizar mais um de nossos sonhos.

E eu fiquei ali, observando-a por mais alguns minutos, até que me dei conta do que ela havia dito: nada de cozinha. E eu estava com fome. E não me arriscaria mais uma vez... Eu já tinha me queimado o suficiente no café da manhã. Não foi difícil me esticar e pegar meu celular na mesinha ao lado da cama e liguei para o mesmo restaurante onde reencontrei Bella. Em uma hora nós teríamos nosso almoço.

Eu me sentia feliz só por estar ao lado dela, como nos minutos que se seguiram após ela acordar. Não durou muito, pois fomos interrompidos pela campainha, mas... Seu pedido pra que eu subisse não me deixava dúvidas que as coisas que passavam por sua mente não eram nada inocentes... Meus pensamentos também não eram, mas ao que parecia, eu estava — ainda — conseguindo me controlar mais do que ela... Bella tinha o dom de me fazer querer esquecer o mundo e ficar apenas ao seu lado, sem me importar com mais nada.

Retornei logo ao quarto, parando na porta e apenas a observando. A parte inferior do seu corpo coberta pelo lençol, seus braços em volta de um travesseiro e os cabelos caindo por suas costas. Meus dedos formigaram, ansiando por tocar sua pele, sentir o calor do seu corpo... Sem conseguir me conter, caminhei até Bella, fazendo o mínimo de barulho possível. Não consegui resistir e me inclinei sobre ela, beijando suas costas. Apoiei uma de minhas mãos na cama enquanto a outra se infiltrava por entre o lençol, revelando as pernas de Bella, que deu uma risadinha sem vergonha.

— Isso é crime, Edward. Se aproveitar de uma pessoa adormecida... Que coisa feia.

— Eu estava quieto, Bella... Foi você quem me atiçou.

E ela, querendo que eu perdesse completamente o pouco de juízo que me restava, se virou. Ela tinha noção de que estava nua da cintura pra cima, não? Tentei — mas nem tanto — desviar a atenção de seu corpo e me focar em seus olhos, mas... Bella era tão tentadoramente atraente que foi impossível.

No instante seguinte estávamos nos beijando de forma urgente, como se depois de muito tempo estivéssemos nos reencontrando, matando as saudades. Ao invés de me puxar, Bella me empurrava, forçando seu corpo contra o meu.

— Banho. Precisamos de um banho. — disse ela, se afastando.

Eu sabia que se entrássemos juntos naquele banheiro, não sairíamos tão cedo... E, como não tínhamos pressa...

Realmente demoramos mais do que o normal, mas de forma alguma eu estava reclamando... Estar com Bella, onde quer que fosse, seria sempre especial e, com certeza, sempre me faria perder a noção do mundo. Nem de longe tínhamos saciado o desejo que sentíamos, mas por ora, precisávamos suprir outras necessidades...

Almoçamos na cozinha mesmo e depois que eu arrumei tudo, ficamos pela sala, apenas conversando. Disse a ela que na próxima semana eu iria mesmo ter que ir até Nova York pra acertar minha saída da equipe, além de colocar minha casa à venda, ter reuniões com meu advogado... Em uma semana eu não resolveria tudo, por mais que fosse minha vontade. Mas agora eu ficaria mais tranquilo; meus pais estariam com ela e Amanda, além de Alice e Victória.

— Por que não vai essa semana? — perguntou Bella, nada satisfeita com aquilo.

— Porque prometi à Amanda que a levaria à escola e, se eu for; não estarei de volta a tempo. Acredite, não estou feliz por ir, mas é necessário.

— Sei que é. Mas... Vai me ligar todos os dias?

— Pelo menos dez vezes...

Bella estava tendo alguma crise de carência? Sua expressão não era nada boa...

— Amor, eu adoraria te levar, mas imagina como vai ficar a cabecinha da nossa filha? No mínimo, ela vai pensar que vamos deixá-la.

— Não falei nada, Edward...

— Sei... Você não tinha marcado algo com seu amigo? Então, quando eu voltar, faremos alguma coisa aqui e fico conhecendo logo todo mundo. Além de oficializarmos o noivado.

Ela ficou quieta, olhando para o nada e eu não poderia fazer nada pra mudar aquilo. Não era uma coisa que poderia ser resolvida à distância e, mesmo não querendo, eu teria que viajar. Bella acabaria por entender.

Tentando amenizar o clima, a convenci a ligar para meus pais e ficamos felizes por saber que nossa filha estava adorando “muito, muitão mesmo” — segundo Amanda — ficar com eles e não queria nem voltar pra casa... Meus pais, com certeza, estavam deixando que ela comesse todas as porcarias que conseguisse aguentar... Bella estava perguntando pela décima vez se Amanda não estava mesmo dando trabalho quando a campainha tocou. Eu fui atender, mas preferia não ter nem levantado... Mesmo sem nunca ter visto, eu já sabia quem estava ali, me olhando com cara de poucos amigos.


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Notas finais do capítulo

Bem, é isso por hj! Espero mesmo que gostem e comentem!
Chegou até aqui? Deixe um review dizendo o que achou. Não dói, não cansa e é de graça! Além de me deixar feliz!
bjks