O Peso De Uma Mentira escrita por Arline


Capítulo 24
Capítulo 23.2


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoas! Dessa vez nem demorei muito.
Quero agradecer a todas vocês pelos comentários, já chegamos a 500!!!! Não imaginam o quanto fiquei feliz. Pensei que apenas eu leria a fic...
Espero que gostem do capítulo e pretendo não me demorar com o próximo!
bjks e até as notas finais.



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CAPÍTULO 23.2

POV EDWARD

Por um breve momento eu pensei em falar alguma coisa, mas preferi ficar quieto; afinal não fui eu quem tocou a campainha da casa alheia... Não que o ser a minha frente precisasse realmente se apresentar; minha antipatia por ele foi instantânea.

— A Bella está? — ele perguntou, tentando olhar por cima do meu ombro.

— Está. — nem me dei ao trabalho de tentar ser simpático.

— E... Será que eu posso falar com ela?

— Vou perguntar.

Calmamente eu me virei, fechei a porta — muito embora minha vontade fosse de batê-la com toda a força — e fui até Bella, que me olhava com curiosidade. Eu já sabia que brigaríamos mesmo...

— Tem gente querendo falar com você. — ela me olhou meio de lado, se despediu da minha mãe e levantou. Talvez ela tivesse escutado a voz daquela... Coisa.

— E essa “gente” é quem?

— Não sei. Não perguntei o nome.

— Por que eu tenho a sensação de que você sabe quem é? Edward...

Aquele “Edward” era um aviso claro de que ela não estava nada satisfeita... Eu nem falei nada; só me joguei no sofá, liguei a televisão e esqueci que tinha uma coisa na porta, esperando por ela. Ainda me olhando torto, Bella seguiu até a porta e, mesmo que eu estivesse fingindo estar interessado no filme, notei seu olhar enfurecido em minha direção, quando ela viu quem estava ali.

E ela convidou a coisa pra entrar e eu, sem nem mesmo pedir licença, me retirei. Não me importei com o que eles diriam e muito menos com o que ele estava fazendo ali. Sua presença me incomodou mesmo e estava muito além de qualquer sentimento bobo. O ciúme passou longe, senão eu jamais teria saído e deixado Bella ao lado dele. Eu só não sabia o que era.

Sabendo que eu ficaria um bom tempo sozinho, aproveitei pra entrar em contato com meu advogado e adiantar o máximo possível todo o assunto. Minha saída do mundo da F-1 o deixou surpreso e curioso. Claro, eu disse que estava apenas tirando férias e de repente o aviso que não vou mais voltar... A venda da casa também foi discutida, mas tudo muito superficialmente, apenas o deixei ciente de minhas decisões para que pudesse agilizar todo o processo. Eu não queria me demorar a voltar. Acabei rindo disso. Eu nem tinha ido e já pensava em voltar. Bem, dependendo de como estaria o humor de Bella, seria capaz de ela me mandar ficar um mês em Nova York.

E eu vi quando ela passou pelo corredor, indo em direção ao quarto de Amanda e depois voltar, com uma bolsa em mãos. Não dei muita atenção àquilo e voltei a me concentrar na conversa que estava tendo com meu advogado, que ao que parecia, não estava entendendo minha pressa. Ele ainda tentou me convencer a correr pela última vez, disse que a publicidade seria boa e os valores referentes a mim aumentariam consideravelmente, mas nada daquilo me importava e deixei isso bem claro.

Bella entrou no quarto e ia falar alguma coisa, mas me vendo ao celular, encostou do outro lado da janela, abraçando o próprio corpo. Por mais meia hora ainda falei com Paul e só então pude desligar, me preparando pra ouvir o enorme sermão que ela me daria.

— Algum problema? — ela realmente estava interessada.

— Só resolvendo assuntos com meu advogado. Pedi que ele entrasse em contato com o pessoal da escuderia pra informar minha saída.

— E o que é escuderia? Me desculpe, mas não entendo dessas coisas e, quando você falava, eu não prestava atenção.

— Escuderia é uma organização proprietária dos carros de corrida, resumidamente. Ou seja; meus patrões. E posso saber o motivo de você não prestar atenção ao que eu falava?

Ela sorriu e com apenas uma passada larga, ficou a centímetros de mim. Seus braços me envolveram e fiquei meio desconfiado; era pra ela estar me xingando de nomes que deixariam o vocabulário de Alice no chão.

— Bem, era mais interessante te ouvir do que prestar atenção realmente.

Aquilo não estava mesmo certo... Bella estava calma demais, risonha demais... E ainda não tinha dito nada a respeito de minha atitude.

— Hum. Pedi a Paul que adiantasse o que lhe fosse possível por lá. Com certeza não será assim tão simples e fácil, mas não há muito que eu possa fazer.

Bella nada disse, apenas apertou mais seus braços a minha volta e a abracei também, temendo que toda aquela calmaria em breve se tornasse uma tempestade. Não que eu quisesse brigar com ela, mas levando em consideração tudo o que eu já havia dito e feito, era de se estranhar que ela ainda não tivesse dito nada.

E ela não disse. Apenas ficamos ali, juntos. Eu, pensando em tudo o que ainda tinha a resolver e ela... Era um mistério total. Nada em sua expressão demonstrava raiva, impaciência ou chateação. Talvez ela não tivesse mesmo ligado. Talvez estivesse chateada e conseguiu disfarçar bem. Preferi não tocar no assunto, uma vez que estávamos bem e eu queria continuar assim.

Era bom poder ficar com Bella sem preocupações além das normais, sem brigas, sem discussões bobas. De forma alguma eu gostava de chateá-la com minhas idiotices e inseguranças infundadas, mas nem sempre eu conseguia me segurar. E essa era uma das coisas que eu queria mudar em mim.

Quebrando o silêncio, Bella contou que havia esquecido que Jasper levaria Amanda ao cinema e que ligara para minha mãe, informando que ele iria buscá-la. Pensei então, que poderíamos sair e aproveitar um pouco mais a companhia um do outro, fazer um programa normal de casal, mas ela não me pareceu querer muito...

— Ficar comigo, em casa, não está sendo tão legal assim pra você?

— É muito chato... Quem sabe eu não encontro alguma gatinha?

Em resposta, ganhei um tapa no braço e ela me xingando.

— Tudo bem, vamos sair pra jantar. Mas antes, por mais que você não goste, eu tenho mesmo que ir ao supermercado. Não esqueça que temos uma criança pra alimentar.

— Por que eu tive a nítida impressão que você não quer sair...?

— Porque foi apenas isso; impressão.

Não me convenceu, mas... Durante a hora seguinte, me dividi entre rir de Bella e anotar o que ela pedia. Ao que parecia, fazer a lista de compras não era uma de suas atividades favoritas... Quando enfim conseguimos sair de casa, eu tive mais certeza de que Bella não queria mesmo jantar fora... Tudo o que poderia ser feito pra adiar nossa saída, ela fez.

O “supermercado” de Forks nem de longe era distante da casa de Bella, mas como ela fez questão de ir dirigindo e o fez de forma extremamente lenta, o caminho se tornou longo. Eu ia observando a rua, relembrando algumas coisas, pensando em outras... E Bella... Ela estava silenciosa.

— Muito devagar pra você? — ela perguntou e notei o cinismo em sua voz.

— Imagina! Dirigir a 30 km/h é muita coisa... Cuidado pra não causar nenhum acidente com toda essa velocidade.

Se pensasse, o carro com certeza estaria entediado... Um Volvo a 30 km/h... Isso era um crime inafiançável!

— Oh! Será que eu devo diminuir? Tem crianças pela rua!

Ela estava de brincadeira! Era isso.

— Bella... Você vai ser a primeira pessoa a ser multada por excesso de lerdeza! — ela simplesmente riu — Fala sério; tudo isso é só pra não sairmos não é?

— Claro que não! Você pensa tão mal de mim... E mais; por qual motivo eu não ia querer sair com você? É cada coisa que sai dessa sua cabeça...

E havia algo que eu poderia falar?

POV BELLA

Aquela coisa de Edward ter que viajar não me agradou. Não mesmo. Por mais que sua presença fosse necessária, eu não queria que ele fosse, mas se tinha mesmo que ir, eu queria ir junto! Era egoísta da minha parte, eu sei, contudo não posso negar que senti medo de algo acontecer e ele não poder voltar.

Eu sabia que ele não estava fugindo, que não estava desistindo de tudo, mas era quase impossível conter o medo... Claro que me senti mal por pensar assim, afinal, nós já tínhamos superado tudo aquilo e era injusto que eu tivesse qualquer tipo de pensamento como aquele. Se Edward notasse qualquer coisa ficaria chateado e de forma alguma eu queria isso.

Tentei esquecer aquilo e me preocupei apenas em aproveitar ao máximo os dias que ele ainda estaria por perto, antes de viajar. Apenas isso. Ele ia apenas resolver seus problemas. Obviamente não estava nos meus planos que Jasper aparecesse em minha casa, mas eu havia esquecido completamente que ele levaria Amanda ao cinema e, mesmo não gostando nem um pouco da atitude de Edward, relevei. Era notável que ele não fora mesmo com a cara de Jasper, independente de qualquer coisa.

Meu amigo não ligou muito e até riu. Segundo ele, a reação de Edward foi melhor do que o esperado... Pelo menos não tivemos briga e isso já era muito bom.

Sair também não estava em meus planos... Muito pelo contrário; quanto mais tempo nós ficássemos em casa, mais tempo teríamos pra... Bem, pra ficarmos juntos! Coitado... Deu até pena quando a água bateu em suas costas... Aquilo estava, com certeza, ardendo mais do que ele queria admitir. Quem sabe fazendo um estrago naquela tatuagem, ele não decidiria por tentar retirá-la? Porque, sinceramente, aquela ideia de ter meu rosto estampado daquela forma não me agradou... Era por coisas assim que eu me perguntava constantemente se Edward era normal. Eu tinha minhas dúvidas quanto a isso, mas...

E eu enrolei. Sem ter muito no quê pensar, resolvi que tinha que fazer compras. Ok, eu realmente precisava, mas poderia esperar mais alguns dias. E dirigir lentamente também não fazia parte dos planos, mas ver como Edward estava ficando irritado não tinha preço... Pra uma pessoa que estava acostumada a correr a 300 km/h, até que ele estava aguentando bem.

O supermercado não estava cheio. Levando em consideração a quantidade de pessoas que moravam em Forks, isso não era novidade... Mas... Algumas pessoas nos olhavam com curiosidade e comecei a acreditar que a ideia não tinha sido boa. Eu parei de empurrar o carrinho e Edward me olhou meio estranho, com um ar risonho. Desgraçado! Ele estava era se divertindo com aquilo.

— É bom se acostumar senhora Cullen.

— O quê? Me acostumar a ter um bando de desocupadas andando atrás de você?  Isso não será problema pra mim, afinal, o “famosinho” aqui não sou eu.

— Ok! Não está mais aqui quem falou...

Mas era muito ruim que aquele bando de mulheres que não tinham marido atrapalharia minhas compras! Nem que eu tivesse que jogar o carrinho contra elas! Mas que coisa! Como Edward aguentou aquilo? Ou melhor, aguentava? A pessoa não pode nem ir ao supermercado com a noiva!

— Podemos andar ou eu vou ter que ficar parado aqui, feito um doce prestes a ser atacado?

— Edward, cale a boca! Quanta pretensão a sua! Um doce...

O infeliz riu! E eu não estava gostando nada daquilo... Sem ter muito que fazer, resolvi seguir meu caminho, fingindo não ver as desocupadas andando sorrateiramente atrás da gente. Ao meu lado, Edward ria enquanto pegava as coisas e colocava no carrinho. Que raiva! Como eu queria voltar pra casa...

— Se você não parar de rir, nós vamos ter sérios problemas... — avisei, enquanto jogava algumas coisas no coitado do carrinho.

— Quem está rindo?

Ele estava me irritando... Virei pra falar com ele e meu sangue ferveu. Ah, mas aquele supermercado viraria uma quitanda... Aquela... Aquela coisinha da Jessica Newton estava quase se jogando em cima de Edward!

— Algum problema, querida? — perguntei cinicamente e ela balançou a cabeça, dizendo que não — Então...

— Eu quero é falar com ele! — ela se aproximou mais de Edward, exibindo um sorriso enorme. Aquilo não ia dar certo... — Você pode me dar um autógrafo? — ela ficou de costas pra mim e se exibindo pra ele.

— Não temos caneta. — falei, completamente irritada. E mais ainda por ver que Edward sorria!

— Eu tenho. Assina aqui? — ela estendeu a caneta a Edward e, mesmo não vendo, dava pra notar onde ela queria a porcaria do autógrafo...

Olhei bem pra cara de Edward e esperei pelo que ele faria. Se assinasse, passaria mais oito anos sem sexo. Se não assinasse e continuasse sorrindo, o castigo diminuiria pra sete. A escolha era apenas dele...

— Anda Edward! Vai assinar ou não? — ele notou que eu não estava nada feliz com aquela situação...

— A... A senhorita tem um papel? É melhor, não?

— É senhora. Ela é mãe do lindo garotinho que você colocou pra correr ao perguntar da sua filha.

— Ah é? A senhora então me faça o favor de pedir ao seu filho pra ficar bem longe da minha garotinha. E, me desculpe, mas não vou dar autógrafo nenhum.

Quase gargalhei, mas preferi sorrir discretamente e seguir atrás de Edward, que saiu em disparada pelo corredor, deixando Jessica atônita. Nada dissemos, mas ele me olhava e ria e eu queria saber o motivo... Fiz alguma coisa de engraçado? Melhor não perguntar...

Por mais de duas horas andamos por entre os corredores e algumas desocupadas ainda nos olhavam, mas nenhuma delas se atreveu a se aproximar outra vez. Eu quase tive um ataque quando Edward disse que toda a minha irritação mais parecia ciúme. Ciúme! Claro que não! Nunca senti aquilo antes e não seria naquele momento que começaria a sentir. Qualquer mulher ficaria como eu fiquei, não? Era normal e compreensível.

Tivemos mais um problema na hora de pagar pelas compras. Ele disse que era sua obrigação. Eu disse que ele não tinha obrigação alguma. Ele insistiu. Eu o mandei calar a boca e paguei. Simples.

Em casa, comecei a enrolar mais, fazendo todo o possível pra não sairmos e arrumei tudo da forma mais lenta que eu conseguisse. Edward parecia mesmo ter desistido e passou a me ajudar, reclamando porque eu não o tinha deixado comprar guloseimas pra Amanda. Claro... As caixas de chocolate e os biscoitos recheados não eram suficientes.

Realmente interessado em saber mais de meus amigos, Edward passou a perguntar sobre cada um deles e eu falava de bom grado. Era bom que ele se interessasse; que quisesse fazer parte de tudo da minha vida. E meus amigos... Eles eram minha família. Contei, inclusive, sobre Jared e como Amanda também era apegada a ele. Interessada, também lhe perguntei sobre seus amigos e vi, por seu semblante, que talvez eu tivesse tocado num assunto que ele não gostava.

— Digamos que eu não era muito... Sociável. — disse ele, com um sorriso apagado — Minha vida se resumia aos treinos, às corridas, aos simuladores... Só o trabalho me interessava e nunca, nem mesmo quando era importante, eu ia a alguma festa e bem... O pessoal é animado e minhas recusas afastaram um pouco as pessoas. Ou eu os afastei.

— Foi difícil contar só com Alice. — afirmei.

— O difícil era saber que, se eu tivesse contado tudo desde o início, não precisaria estar passando por tudo aquilo. A falta de amigos era ruim, não ter meus pais por perto também não era nada bom e ficar sem você foi uma pequena amostra do que seria o inferno, mas agora, depois de tudo, não mais lamento.

Não falei nada porque notei que ele não estava se lamentando. Em seus olhos não havia aquele brilho de tristeza, de pena de si mesmo. Assim como eu, Edward havia crescido depois de tudo.

— Por muito tempo eu remoí o que aconteceu e me culpei... — ele continuou e encostei-me ao armário, prestando atenção — Então, comecei a pensar. Por uma atitude minha nós nos separamos, mas poderia ter sido uma atitude sua ou outro problema qualquer. Nos separarmos aconteceria de qualquer forma porque era assim que tinha que ser. Não foi a forma mais fácil de aprender, de saber confiar...

— Mas aprendemos. — completei e ele sorriu minimamente.

— Entenda que eu não estou dizendo que você não confiava em mim, mas como você mesma disse; fomos realmente felizes antes? Passamos por alguma situação que nos exigisse uma confiança tão grande um no outro? Agora eu sei que posso te contar tudo, que posso confiar em você em qualquer situação. Agora eu sei que, independente do que esteja acontecendo, vamos nos ouvir e tentar resolver qualquer problema que nos apareça pelo caminho.

— E a mesma certeza eu tenho com relação a você. E... Você ficaria extremamente chateado se eu dissesse que não quero mesmo sair?

Acabei falando de uma vez e ele riu, dizendo que já sabia daquilo.

Por volta de nove da noite, enquanto nos entupíamos de pizza e ríamos de algumas lembranças da adolescência, Jasper deixou Amanda em casa e Edward riu da forma como me espantei ao ver Victória com eles. Mesmo notando o desconforto de Edward, pedi que eles entrassem e meio que exigi saber de tudo. Mas havia Amanda, que notei estar apreensiva e então, decidi começar por ela.

— Gostou do filme meu amor?

— Eu gostei mamãe, mas sair com meu anjinho e com a tia Victória não foi tão legal.

O constrangimento de ambos era notável e Edward até riu disso. Talvez ele estivesse imaginando o mesmo que eu...

— Eles estavam engraçados, sabe? Igual o papai fica quando olha pra você. Nem estavam ouvindo nada. Eu falei, falei, falei e depois tive que falar tudo outra vez.

— Gatinha, não precisa contar os detalhes... — Jasper quase afundou no sofá e Victória estava tão vermelha, que competia comigo.

— Ah! E eles pensam que eu não vi, mas eles beijaram igual você beija meu papai. É nojento.

— E eu espero que por mais uns cinquenta anos você continue pensando assim...

Edward falou baixo, mas eu ouvi e ri.

— Eu acho que Alice está me chamando. Depois eu falo com vocês. Boa noite e até qualquer dia...

Victória ia saindo, mas eu quase gritei, pedindo que ela voltasse. A situação estava bem engraçada e por nada no mundo eu a deixaria ir embora daquele jeito. Por quase meia hora eu ouvi tudo o que eles falavam. Quando Jasper chegou para buscar Amanda, Alice e Victória também tinham acabado de chegar e minha perspicaz cunhada logo “ofereceu” a amiga, dizendo que ela não conhecia nada da cidade e que seria bom ir ao cinema. Ao que parecia, uma ida ao cinema renderia um romance... A forma como os olhos de Jasper brilhavam, denunciava que ele ficara bem interessado em Victória.

— Agora que já servimos de diversão, acho que é hora de irmos... E você, mocinha... Eu ia livrar sua barra, mas agora eu vou deixar que se resolva com seus pais.

Não entendi o que Jasper quis dizer com aquilo e me espantei quando ele foi até o carro e voltou com uma coisa pequena e suja. E latia. Ah, não!

Edward olhou pra Amanda, que se encolheu e eu... Eu tive que pegar aquela coisa e esperar a explicação da minha filha. Sem muito que fazer, tranquei aquilo no banheiro e voltei à sala, vendo o quão tensa Amanda estava.

— Mamãe... Deixa eu ficar com ele? O Jasper quase “apotrelou” o coitadinho do cachorrinho e eu queria muitão mesmo cuidar dele.

— É “atropelou”. E se quer ficar com ele, peça ao seu pai. Se resolvam!

Edward me olhou meio desesperado e Amanda se virou pra ele, com aqueles olhos pidões. Ele não resistiria... Aceitaria aquela coisa e ainda era capaz de querer colocá-lo pra dormir em nossa cama.

— Ok! Pode ficar com a coisinha.

Mas já? Nem tentou argumentar? Mas Edward era um pai bobão mesmo!

— Com algumas condições, é claro.

Ah, sim. Está ficando interessante agora.

— O cachorro é seu, portanto, você vai cuidar, dar banho, alimentar, limpar qualquer sujeira que ele faça e, o mais importante: vai manter aquela coisa longe da cama da mamãe.

Amanda ia retrucar, mas Edward fez um sinal, pedindo que ela esperasse.

— Ainda não acabei. — Edward prosseguiu — Se ele estragar qualquer coisa da casa vou descontar da sua mesada.

— Mas eu não ganho mesada! E isso não é justo! Ele é o cachorro!

— Vai passar a ganhar e é justo sim. Ele é o cachorro e já que é seu, o ensine.

— Pra ter um bichinho eu tenho que fazer tudo isso? Dá muito trabalho, papai!

— Quer ficar com ele ou não?  — ela fez que sim — Então, cuide dele. Isso vai te ensinar a ter responsabilidade e cuidar das coisas. Vamos comprar uma casinha e comida pra ele e vamos levar ao veterinário também. Hoje e apenas hoje eu e a mamãe vamos cuidar, mas depois é com você. Tudo bem?

— Tudo. Obrigada! Eu te amo grandão! Do...

— Tamanho do mundo todinho! — Edward completou e rimos — Eu também amo você, tampinha.

Levei Amanda para o quarto, ajudei com o banho e, como ela disse que estava sem fome, a coloquei para dormir. Edward logo apareceu e ficou um tempinho com nossa garotinha, enquanto eu procurei alguma roupa velha pra cuidar daquela coisinha que latia. Quando retornei, Edward estava parado na porta do quarto, observando Amanda. Assim como eu, ele também era completamente apaixonado por aquela menininha que fingia dormir... Eu conhecia muito bem minha filha e sabia que ela estava esperando que descêssemos pra ir atrás, só pra ver o que faríamos com o novo integrante da família.

Sem nem saber como começar, coloquei a coisinha que latia debaixo do chuveiro e esperei que Edward fosse me ajudar e não apenas rir da minha falta de jeito com aquilo. Eu jogava água e a coisinha corria pro outro lado e, sinceramente, aquilo já estava me cansado.

— Pelo amor de Deus! Você vai me ajudar ou não? É complicado isso, sabia? — falei e Edward continuou rindo — Você disse que nós cuidaríamos disso e até agora, só eu estou trabalhando!

— Oras! Eu também estou! Meu trabalho é marcar o placar e até o momento, o cachorro está ganhando.

— Se não começar a me ajudar, quem vai dormir na casinha de cachorro é você!

Ótimo! Agora sim eu teria ajuda! Edward desencostou da porta e segurou o bicho, enquanto eu o ensaboava e jogava a água.

Quase uma hora depois, completamente molhada e irritada, consegui terminar e, quando olhei para a porta do banheiro, Amanda estava lá, rindo de mim.

— Pode subir, mocinha! Eu sabia que a senhorita ia fazer isso...

— Já vou mamãe. Mas estava engraçado.

Fiz menção de ir atrás dela e ela correu, ainda gargalhando.

— Bem, onde vamos deixá-lo?

— Aqui, é claro! — Edward respondeu como se fosse óbvio.

— E você espera que ele use o vaso sanitário e dê descarga. Certo?

— Claro que não... Mas onde vamos deixá-lo? Na cama?

É. Era melhor deixar ali mesmo.

Antes de ir para meu quarto, passei no de Amanda e ela enfim estava dormindo. Aquela brincadeira me deixou cansada e nem pensei duas vezes quando Edward sugeriu um banho seguido de massagem. Eu não seria tola ao ponto de recusar... Jamais.

Obviamente demoramos mais do de o necessário e o banho demorou mais, muito mais do que deveria e a massagem surtiu efeito. Meus músculos estavam relaxados e eu quase dormia, enquanto a mão de Edward acariciava meus cabelos.

— Acho que agora só falta casarmos e então seus sonhos estarão realizados. — disse Edward e eu despertei.

Não entendi aquela de “seus sonhos”. Não era pra ser ”nossos sonhos”?

Meus sonhos? E os seus não?

— Em parte. Se eu bem me lembro, mesmo não sendo muito chegada a animais de estimação, uma vez você disse que seu sonho era casar, ter uma casa de janelas e cercas brancas, uma filha e um cachorro. Em meus sonhos, nós poderíamos não ter o cachorro.

— Eu acho que nosso trauma com animais de estimação será superado... Eu jamais me perdoei por ter matado meu peixinho e você... Bem, uma formiga não é um animal de estimação.

— É claro que é! Eu gostava da Gerusa. Mas ela preferiu se afogar num pote de mel...

Agora minhas suspeitas se confirmavam... Edward não era mesmo normal.

E era uma verdade que eu não me sentia confortável com um animal de estimação, mas Amanda ficou tão animada que eu não teria coragem de lhe dizer não, por isso deixei a tarefa com Edward. Não surtiu efeito.

Preferi mudar o rumo da conversa e deixar pra me preocupar com a coisinha que latia só no dia seguinte. Meu casamento era mais, muito mais importante. Obviamente os detalhes da cerimônia só seriam discutidos depois. Ou melhor, Edward seria apenas comunicado e eu não aceitaria qualquer mudança. Porém, uma coisa que me preocupava e muito, era a reação de Alice. Eu a amava como a uma irmã, mas jamais poderia deixar de escolher Ângela para madrinha. Não que eu desse menos importância à Alice, mas Angie esteve ao meu lado nos momentos em que mais precisei de apoio e era, sem dúvidas, a minha primeira escolha sempre. Pra qualquer coisa. E, além do mais, se Alice fosse minha madrinha, quem seria a de Edward?

Falei com ele acerca de minhas preocupações e, mesmo ele dizendo que eu não esquentasse minha cabeça, não consegui ficar tranquila. Segundo ele, Alice compreenderia. Eu não tinha muita certeza disso; já estava tirando muito dela, como a organização de tudo e a escolha do vestido. Claro que eu pediria e ela que o confeccionasse, mas seria do meu jeito.

Ao que me parecia, ele não estava se preocupando muito com toda aquela coisa de padrinhos, madrinhas, roupas e detalhes... E nem tinha mesmo que se preocupar; a única coisa que ele tinha que fazer, era estar lá no dia. Nada mais.

Agora tudo estava entrando nos eixos novamente e, por mais que eu soubesse que um dia toda aquela calmaria chegaria ao fim, não me permiti me preocupar. Apenas aqueles momentos com minha família eram importantes. E sempre seriam.


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Notas finais do capítulo

É isso! Cap postado! Desculpem os erros.
Breve teremos mais!
Chegou até aqui? Deixe um review. Não dói, não cansa, é de graça e ainda me deixa feliz.
bjks