O Peso De Uma Mentira escrita por Arline


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Caso haja cenas de sexo, avisarei antes.
Sinopse por Ana Paula fanfics. (obrigada Gêmula... Por toda a paciência, pela insistência...)
Capa por Jessica (obrigada sobrinha... Pela pressão imposta sutilmente à minha pessoa)
Sem vocês, acho que não sairia.
Aos leitores (caso tenha algum): Desde já, agradeço a atenção.



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CAPÍTULO 1

POV BELLA

Era mais um dia de muito frio em Forks, como todos os outros. Era bem verdade que eu estava com preguiça de levantar e, aproveitando que era sábado, não me importei em desabar novamente sobre a cama, cobrindo totalmente a cabeça. Eu gostava do frio, sempre gostei. Quando criança, minha mãe costumava dizer que eu mais parecia um esquimó. Voltei a fechar os olhos, tentando dormir novamente.

É; só tentei... Menos de dez minutos depois de fechar os olhos senti uma coisinha se enroscando em mim, puxando meu tão adorado edredom e puxando meus cabelos, tentando assim chamar minha atenção. Permaneci na mesma posição, fingindo que dormia e ouvi uma bufadinha. Foi impossível não rir.

— Mamãe, você estava me enganando!

Virei para minha filha, que me encarava muito séria. Às vezes eu me perguntava como ela conseguia lidar com tanta oscilação de humor...

— Meu amor eu não te enganei; só brinquei com você.

— Mas você sempre diz que mentir é feio e foi isso o que fez.

— Bebê, eu não menti. Já disse que foi só uma brincadeira.

Ela me lançou um olhar completamente torto e estremeci. Era a primeira vez que ela fazia aquilo e me fez lembrar de seu pai. Ele sempre me lançava olhares tortos quando eu falava ou fazia alguma coisa absurda. Balancei a cabeça, tentando afastar aqueles pensamentos. Claro que eu jamais esqueceria o pai da minha filha, mas aquele olhar me fez voltar muitos anos no passado, para uma época onde fui feliz.

Seu olhar não desviava do meu e eu sabia que ela estava bem brava.

— Filha, desculpe a mamãe... Eu só quis brincar com você. — falei, enquanto acariciava seus cabelos avermelhados.

— Só se me deixar ver desenho o dia todo.

Eu ri. Aquela pilantrinha sempre sabia como conseguir as coisas...

— Tudo bem. — ela abriu um largo sorriso — Agora me conte; quem trouxe você?

— A tia Ang. Você sabe que eu estava na casa dela!

— Tudo bem. Desça e avise a ela que já estou indo; só vou me arrumar.

Ela balançou a cabeça em sinal afirmativo e pulou de minha cama, correndo porta afora. Amanda, mesmo sendo criança, às vezes conseguia ser bem respondona... Eu arrumei minha cama e fui tomar um banho. Minha intenção era mesmo a de tirar aquele pensamento repentino de minha cabeça... Embora Amanda fosse muito parecida com o pai — em muitos aspectos, devo admitir —, aquele olhar era único; eu jamais vira alguém fazer o mesmo. Até poucos instantes atrás.

Amanda possuía os olhos verdes do pai, a mania de sorrir torto e de dormir com a mão sob o travesseiro. Era teimosa também, adorava impor suas vontades e não descansava até conseguir e tantas outras coisas... De mim ela pouco herdou; a pele muito branca, a mania de morder o lábio e creio que só. Ah! Ela também adorava Clair de Lune... Eu sempre punha o cd pra ela ouvir quando era bebê e até hoje, oito anos após seu nascimento, ela ainda adorava a música.

Era uma pena que Edward não conhecesse a filha maravilhosa que tinha... Apesar de ter me abandonado eu não poderia culpá-lo; jamais impediria que ele fosse atrás de seus sonhos e sabia que pra ele, aquele romance de colégio não era importante. Pra mim foi muito mais do que importante; ele era minha vida e pensei que após sua partida nada mais fizesse sentido e então; dois meses depois, descobri que estava grávida. Meus pais quase surtaram quando souberam... Queriam que eu procurasse Edward, que contasse sobre a gravidez e meu pai queria obrigá-lo a casar-se comigo; porém, se ele não me amava, eu não o prenderia por causa de nossa filha.

Amanda ficava encantada com cada foto, reportagem ou entrevista que via de seu pai e o mais engraçado é que ela nunca me perguntou o porquê de eu não ir atrás dele e contar que ela era sua filha, mas me perguntou se eu ainda o amava. Claro que me doeu responder, ela trazia tanta expectativa no olhar... Dizer que eu não o amava mais deve tê-la magoado mais do que saber que ele não tinha noção de sua existência.

Não nego que foi difícil cuidar de Amanda sozinha, mas agora, vendo como ela era encantadora, tudo recompensava e eu passaria por cada momento outra vez, só para ver aqueles olhinhos brilhando... Eu amava minha filha acima de qualquer coisa e faria de tudo por ela.

Por diversas vezes Ângela me recriminou, dizia que eu tinha sim que ir atrás de Edward, que ele deveria assumir suas responsabilidades de pai e eu sempre rebatia. Eu não queria que ninguém pensasse que eu estava usando minha filha para tirar proveito da fortuna dos Cullen. Mesmo antes de Edward se tornar um fenômeno no mundo da Fórmula 1, sua família sempre foi muito rica e com o passar dos anos, creio que o dinheiro tenha triplicado. Não, minha filha só conheceria o pai quando fosse de sua vontade. Aí sim eu tentaria entrar em contato e contaria sobre ela.

Também fui questionada por Ângela sobre meus sentimentos por Edward... Há muito tempo eu não o via como o cara por quem fui apaixonada. Com o passar do tempo ele se tornou apenas o pai de Amanda, nada mais que isso. Confesso que chegava a ficar entediada a cada vez que Ângela trazia um novo recorte de revista. No começo sofri muito, pensei que jamais conseguiria me reerguer, mas depois... Eu sempre ouvia gracinha de minha amiga. Ela sempre dizia: “Nossa, ele está mais bonito do que antes. Você não sente nada não, Bella?” E não, eu não sentia. Acho que todo aquele tempo longe e tudo o que ele me fez ajudou bastante para que o encanto que ele exercia sobre mim fosse quebrado.

E foi pensando nisso que me juntei a minha amiga, que estava em minha cozinha, preparando o café da manhã.

— BU! — grite bem atrás dela, que se assustou e gritou.

— Droga! Eu sempre caio nessa!

— Alimentou minha filha?

— Claro. Acha que sou uma madrinha assim tão relapsa?

— Nem tanto... Acho que dá pra relevar aquele dia que você quase se esqueceu de buscá-la na escola.

Acabamos rindo e me pus a ajudá-la a prepara o café. Ang era bem falante, mas naquela manhã ela estava estranhamente calada e isso me intrigou profundamente. Ela me dava apenas respostas monossilábicas, atiçando assim minha curiosidade. Talvez ela tivesse brigado com Bem e não quisesse contar... Eram tantas as hipóteses...

— Ok. Chega! O que está acontecendo? Brigou com Ben? Amanda fez algo que você não gostou? — perguntei e ela não se abalou.

— Por que deveria estar acontecendo algo? Pelo que eu saiba está tudo normal.

Olhei pra ela com a sobrancelha erguida, deixando claro que não havia acreditado em sua resposta. Ela, sabendo que eu não cederia enquanto não descobrisse o que se passava, suspirou resignada e começou a falar.

— Tudo bem, você vai descobrir mesmo... Ontem eu estava vendo alguns sites e em um deles havia uma noticia sobre Edward. Dizia que ele ia tirar férias e que um dos lugares possíveis para isso seria Forks.

Aquilo não me espantou.

— E daí? É normal que ele tenha sentido saudades daqui. Mais dia, menos dia ele ia acabar aparecendo outra vez.

Ang bufou.

— Bella! Acorda, pelo amor de Deus! Ele vai voltar! E Amanda? Como vai fazer pra escondê-la?

— Esconder? Quem disse que vou esconder minha filha? Não tenho motivos pra isso.

— Mas... Mas... Todo esse tempo você nunca procurou por ele, nunca quis contar sobre Amanda... Pensei que não quisesse que ele soubesse da filha...

Suspirei. Ang, mais do que ninguém, sabia do meu passado e do por que eu nunca ter procurado Edward, mas parecia que ela estava sofrendo de amnésia repentina...

— Vou ter que te explicar tudo outra vez? Você sabe que Rose nunca foi com a minha cara e me acusou de tentar dar o golpe do baú. Ela sempre foi contra meu relacionamento com Edward, desde o começo... Pra ela, o fato de eu não ter uma conta bancária polpuda me fazia indigna de seu irmão. Por esse e outros motivos nunca o procurei... E já decidi; só vou procurá-lo e contar sobre Amanda quando ela quiser conhecer o pai.

— E ela sabe de alguma coisa? Pra ela está tudo bem, nunca teve a presença do pai.

— Ang, Amanda não é burra. Contei a ela minha história com seu pai. Ela sabe de tudo, inclusive que não o amo mais.

Ângela me olhou espantada, como se eu tivesse dito a pior asneira do mundo. Creio que eu não havia dito nada de errado.

— Você não é normal... Como conta uma coisa dessas pra uma criança?

— Uma criança de oito anos, que não é nenhuma débil mental e que merece saber a história de sua vida.

O silêncio tomou conta do ambiente. Ela sabia que eu estava certa.

Quantas e quantas vezes as palavras de Rosalie não ecoaram em minha mente? Por quantas noites não me mantive acordada, relembrando os insultos? Amanda sabia que seu pai não era culpado, que ele não a havia abandonado. Nunca vi motivos para esconder dela tudo o que me havia acontecido. E mais, ela era curiosa, queria saber de tudo e não descansava enquanto não obtivesse respostas.

O silêncio repentino foi quebrado quando Amanda me gritou, pedindo que eu fosse até a sala. Segui até ela, tendo Ângela atrás de mim. Assim que cheguei à sala, a primeira coisa que vi foi o rosto de Edward estampado na televisão.

— Olha mãe! É o papai!

— Estou vendo. — minha voz não tinha emoção alguma.

— Ele estava dizendo que ia tirar férias! — Amanda estava animadíssima.

— Que bom, não é? A mamãe também tira férias.

— Ela não disse pra onde vai...

Respirei fundo e me sentei ao seu lado.

— Filha, seu pai é um homem muito conhecido, por isso ele não disse pra onde vai. Se ele vai tirar férias é pra descansar e não pra ter um monte de repórteres atrás dele.

Ela deu de ombros e mudou o canal da televisão, voltando a procurar algum desenho. Voltei para a cozinha e comecei a arrumar as coisas. Ângela andava de um lado pro outro, quase me deixando tonta.

— Entendeu agora porque eu sempre conto tudo a ela? Se não for por mim, ela vai saber de alguma forma. — falei subitamente.

— Eu sei, mas acho tudo isso tão complicado...

— Não é.

Ela deu de ombros. Voltamos para a sala e fiquei um pouco com Amanda.

Após o almoço Amanda voltou para a casa de Ângela e eu só a veria no dia seguinte. Ângela tinha planos de ir à Port Angeles com Ben e Amanda; ela queria comprar roupas — mais — para minha filha. Já me perguntei se Amanda andava igual mendiga, mas eu sabia que não, era só pra gastar mesmo.

Como estava sozinha, resolvi fazer uma arrumação em meu guarda-roupa. Tirei tudo o que poderia haver ali dentro, até mesmo a caixa — enorme — com os diversos álbuns de fotos de Amanda. Deixei as roupas jogadas sobre a cama e sentei-me no chão, a caixa ao meu lado. Retirei o primeiro álbum e comecei a folhear. Tantas vezes eu já havia feito aquilo... Sempre com minha pequena ao meu lado. Ela morria de rir ao ver suas fotos de quando era bebê, com seu sorriso banguela.

Cada foto era uma viagem ao passado. Minhas primeiras fotos com a barriga aparecendo, o dia em que Ângela cismou que tinha que fazer um chá de bebê... E eu totalmente suja, com o rosto todo pintado de batom e papel higiênico nos cabelos... E minha amiga ainda dizia me amar! Estava tudo ali... A primeira foto de Amanda, ainda na maternidade... Em todas elas eu tinha meus amigos ao meu lado. Me deu um aperto no peito por não ter meus pais ali. Por diversas vezes me perguntei como seria se eles tivessem aceitado minha filha, se tivessem me apoiado. Mas agora já era tarde, eles não estavam mais aqui e na verdade, não foi minha filha que perdeu os avós; foram eles que perderam a oportunidade de conhecer uma criaturinha maravilhosa.

Muito tempo depois, já noite, para dizer a verdade, consegui pôr fim àquela arrumação. Tomei um banho rápido e fiz um lanche. Nunca gostei de fazer as refeições sozinha. Joguei-me no sofá e liguei a televisão, tentando me distrair um pouco. Toda aquela história de Edward e sua provável volta havia me cansado. De verdade. No fundo, eu não queria que minha filha conhecesse seu pai e a família dele para protegê-la de Rosalie e sua soberba. Eu sabia que ela jamais aceitaria minha filha como membro de sua família e não queria que minha garotinha se magoasse com isso. Se algum dia aquela loira aguada viesse a falar algo sobre Amanda, eu seria capaz de arrancar sua língua a sangue frio.

Foi pensando nisso que liguei pra Ângela; só para dar boa noite à minha princesa. Ela adorava quando a chamavam assim. Só de ouvir sua voz e ela dizendo que me amava muito, foi suficiente pra acalmar meu coração e ter a certeza de que eu havia feito alguma coisa certa na vida.


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Notas finais do capítulo

É isso. Espero que gostem e comentem.