Becky’s POV

O céu estava estrelado e lindo. A rua estava pouco movimentada. Algumas pessoas passavam muito lentamente ou, pelo menos, isso era o que eu via. Eu gostava de sentar na calçada e observar as pessoas passando. Era como se meus problemas fossem embora nos passos daquelas pessoas. Era como se tudo fosse resolvido em alguns passos.

Infelizmente, observar as pessoas não estava me ajudando muito. Meu coração pesava e doía, minha mente estava muito conturbada e cheia de pensamentos aleatórios. As imagens de Jimmy e Alice se repetiam em minha mente como um flashback e aquilo estava acabando comigo.

-Hey – ouvi uma voz familiar se aproximar.

-Dan... O que... O que você está fazendo aqui?

-Eu estava andando por aí e vi uma pessoa sentada na calçada parecendo uma estátua. Eu sei que você gosta de observar as pessoas, então desconfiei que fosse você. Posso sentar?

-Ãh... Claro.

-O que aconteceu?

-Ah, não foi nada.

-Sei. Meu rosto inchado também não foi nada – ele deu um sorriso – pode ir falando.

Contei a Daniel sobre o que havia acontecido, sobre Jimmy e Alice, sobre como me sentia e ele escutou pacientemente.

-Ah, Becky... Eu sinto muito. Aquele idiota... Desde o começo eu sabia que ele não prestava.

Aquilo não estava ajudando e acho que Daniel percebeu isso.

-Ah, desculpe. Há algo que eu possa fazer por você?

-Acho que não...

-Tudo bem. Hey, o que você acha de irmos ao cinema amanhã? Tudo isso aconteceu hoje, certo? Você precisa descansar... Vamos fazer o seguinte: Amanhã, eu vou te buscar no colégio e a gente vai direto ver um filme, o que acha?

-Ah, Daniel, eu não sei se é uma boa idéia...

-Ah, vai Becky. Vamos, por favor. Você vai se sentir melhor, eu garanto. Então?

Não era uma má idéia.

-Tudo bem.

-Ótimo. Hey, Becky?

-Sim?

-Você ainda me ama, não é?

Opa...

-Eu não... Não sei.

-Ah, certo. Eu tenho que ir agora. Até amanhã?

-Claro – ele me deu um beijo na testa e foi embora.

Parecia que Daniel era a única pessoa que eu podia confiar até o momento, mas eu não iria confiar. Eu confiei em Alice e olha só o que aconteceu. Levantei da calçada e fui para casa, um pouco mais calma.

Quando cheguei, o telefone tocou.

-Alô?

-Becky? É o Syn.

-Syn...

-Syn Gates, mulher! Brian Haner!

-Ah, desculpe Brian. Tudo bem?

-Tudo. Hey, eu soube do que aconteceu... Cara, o Jimmy jurou pra mim que foi a Alice quem...

-Olha Brian, não quero ser grosseira, mas não estou afim de saber de nada relacionado ao Jimmy ou àquela vadia da Alice. Se me ligou só para isso... Eu tenho que desligar.

-Okay Becky, mas pense melhor no que você está fazendo, você deveria dar uma chance ao Jimmy.

-Ok. Tchau.

-Tchau.

Subi para meu quarto, troquei de roupa e me joguei na cama. Não estava afim de conversar sobre o que acontecera hoje com mais ninguém, aquilo já havia me machucado o suficiente por um dia.

                                                                ***

Becky’s POV

Quando saí do colégio, Daniel estava lá me esperando. Era estranho não ver Jimmy ali e saber o motivo. Segurei o choro.

-Dan.

-Becky, então? Vamos?

-Vamos.

Chegamos ao cinema, assistimos a um filme de comédia e depois fomos tomar sorvete. Daniel contava piadas, contava sobre sua experiência morando com o pai e sobre como tinha coisas interessantes lá.

Era bom conversar com Daniel, parecia que não existiam problemas. Eu não me arrependi de ter saído com ele, foi melhor do que eu imaginava. Ele continuava engraçado e sonhador.

Daniel me acompanhou até em casa depois do sorvete e ficamos conversando um pouco na calçada.

-Hey, tenho que entrar.

-Ah, mas já?

-Sim, mas já!

-Haha, okay – ele me apoiou me ajudando a levantar. Seu rosto ficou a centímetros do meu. Ele foi chegando perto...

-Daniel, eu não acho que...

-Shh... – seus lábios tocaram os meus. Ele segurou minha cintura levemente e eu passei minhas mãos em suas costas. Não era como o beijo que ele havia me dado depois da briga. Era um beijo leve, suave, terno e romântico. Era... O beijo do Daniel de um ano atrás.

-Becky?!

Daniel me soltou e eu abri os olhos. Jimmy estava postado atrás de Daniel, seus olhos azuis faiscando. Daniel se virou.

-Jimmy.

-O que você tá fazendo com ele? E o que você estava fazendo de tão importante que não atendeu minhas ligações?

-Ah, eu não sou obrigada a atender suas ligações, além do mais, você devia estar muito ocupado com a Alice, não é?

-E você estava muito ocupada com esse filho da puta.

-Sério mesmo, Sullivan? Quem a traiu aqui foi você.

-Fica fora disso, Stewart.

-Chega! Jimmy eu... Acho melhor a gente parar por aqui, isso não tá funcionando.

-Pois é, eu também acho isso.

-Ótimo!

-ÓTIMO! Terminamos.

-Terminamos.

Ele foi embora e eu me arrependi no mesmo instante. Como pude ser tão idiota...

-Jimmy! – gritei, mas ele não voltou e não voltaria. Senti lágrimas rolarem pelo meu rosto.

-Becky... Calma.

Eu abracei Daniel com toda a força e não pretendia soltá-lo. Então, foi o fim.