Doce Vingança escrita por Alana5012


Capítulo 7
História de uma Boneca


Notas iniciais do capítulo

Legenda
Diálogos: - Sim, cuidarei dela exatamente como cuidou de mim por todos esses anos, irmão...
Pensamento: "Itálico"
Lembrança: Negrito
Narração: E foi a partir daí que a cólera se apossou também do Uchiha mais novo, que prometeu vingança ao irmão tão rude.
Mudança de Tempo e Espaço: ●๋..●๋



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As construções eram bastante diferentes do tipo com o qual já estava acostumada - resultado do completo isolamento da civilização ocidental no qual o país encontrava-se até 1868. O comportamento das pessoas também: os japoneses demonstravam ser um povo de costumes tradicionais, calmo e, sobretudo, muito solidário. Características que faziam Hinata orgulhar-se de descender daquela cultura, que não refletia apenas as atitudes e preocupações do presente, mas também forneciam uma ligação com o passado.*

– O que achou? - Indagou-lhe Sasuke que notara o modo admirado como a sobrinha observava a paisagem através da janela do vagão de trem no qual viajavam. Hinata sorriu-lhe.

– Aparentemente, é uma região bem tranquila, na verdade, o oposto das grandes metrópoles europeias. - Seus olhos corriam por sobre a enorme extensão de terras onde localizava-se uma plantação de arroz que parecia estender-se além do horizonte - Gosto daqui. Enxergo nossa tradição em toda parte: ao invés das Catedrais Católicas e Anglicanas tão comuns na Inglaterra, vejo belos templos budistas, como os que mamãe e papai costumavam frequentar; até mesmo nas vestimentas! Os kimonos tão bonitos que minhas tias ostentam somente nos nossos encontros formais em família, aqui são habituais no dia a dia. - Comentava visivelmente entusiasmada com aquilo. O Uchiha por outro lado encontrava-se perdido em seus próprios devaneios, refletindo a cerca do passo seguinte a tomar. Sentia que sua sobrinha estava mais próxima de si do que nunca, e precisava aproveitar a oportunidade o quão antes fosse possível - Tio? - Hinata chamou-lhe, percebendo o estado de transe no qual se situava.

– Perdão, querida. - Desculpou-se, voltando sua atenção para a jovem - Por falar nisso, por que não vai se trocar? Já estamos chegando a Tóquio.

– Sim, senhor. - Assentiu levantando-se.

– E mais uma coisa... - Prosseguiu o moreno quando a menina estava de costas para si - Por que não me chama apenas de "Sasuke"? Bom, pelo menos durante o tempo em que estivermos aqui, que tal? - Propôs. Estivera esperando o momento adequado para o fazer desde que tinham embarcado, porém, temia que pudesse deixar Hinata receosa quanto suas reais intenções caso se precipitasse. E, como já havia suposto, a garota uma vez mais cedeu a seus caprichos sem nada dizer, deixando-o só. Livre do aborrecimento que sua presença lhe causava...

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Sasuke?! -Ao ouvir a voz que tanto o irritava, não viu outra escolha se não virar-se em sua direção, num giro de calcanhares. Entretanto, ao fazê-lo, cometeu seu primeiro equivoco: a saia rodada no comprimento do tornozelo, em forma de sino e suportada por uma anágua, decote alto, cabelos cacheados acompanhados de uma franja reta e tecido pouco brilhante deixavam sua sobrinha um tanto... atraente. E, ouvi-la tratá-lo daquela forma tão incomum fazia-o sentir-se diferente. "Talvez Hinata não seja a mesma menina mimada, afinal." Pensou cruel, correspondendo-a com um de seus sorrisos maliciosos discretos - Sinto ter demorado a desembarcar. Por favor, não fique bravo, é só que...

– Não se preocupe, querida. - Interrompeu-a de súbito - Não estamos atrasados. Pensei em levá-la para um passeio, que tal?

– Adoraria conhecer a cidade. - A ideia agradou-lhe. Porém, sem ao menos saber que o Uchiha usaria aquela tarde a seu favor, para ficar cada vez mais perto de finalmente concretizar sua almejada vingança. Por que não enxergava os propósitos disfarçados do tio? Simplesmente porque não poderia crer que alguém que sustentava aquela postura tão elegante e gentil ocultasse segredos terríveis que estavam prestes a ser revelados.

•..●

Ao chegarem ao local onde ficariam hospedados, Sasuke logo inventou uma desculpa qualquer para que sua sobrinha e ele dividissem o mesmo quarto. Obviamente a apresentava sempre como sendo apenas "Hinata" e nunca como a filha de seu falecido irmão. O fato de possuírem o mesmo sobrenome fazia com que pudessem se passar perfeitamente por marido e esposa. E, além disso, para reforçar a impressão que passavam a respeito de serem um casal, procurava sorrir hipocritamente em demasiado quando estavam juntos, sem jamais esquecer de tratá-la de modo cortês e carinhoso. Ninguém suspeitava do que se passava de fato.

– Aposentos aconchegantes, não? - Tentava outra vez quebrar o incômodo silêncio que havia se instalado entre ambos desde que tinham saltado do trem. Estavam ocupados desfazendo suas malas e, de repente, Sasuke deparou-se com aquela delicada boneca de porcelana com a qual ele presenteara a sobrinha em seu aniversário de seis anos. Tomou-a delicadamente em suas mãos - Hey, não acredito que seu pai deixou-a ficar com isso. - Hinata encarou os olhos de vidro frívolos da sua pequena Sara nos braços do tio sem compreender bem o que aquilo significava.

– Refere-se a minha Sara? - Mediante a confirmação, prosseguiu - E por que meu pai não permitiria que eu ficasse com essa boneca? - Indagou curiosa. O Uchiha sorriu triunfante, pois sua tentativa de diálogo fora um completo sucesso.

– Porque fui eu quem a dei para você, não se lembra? - Justificou-se, deixando a garota ainda mais perplexa.

Já havia aberto todos os embrulhos, com exceção de um. O mais bonito, na opinião da jovem aniversariante. Enrolado em papel de seda cor de rosa, enfeitado por uma fita lilás, o pacote era uma imensa caixa que Hinata reservara-se a abrir por último, alimentando sua indiscrição. E então, o momento que tanto esperara, em fim, chegara! Sem perder um minuto sequer, tratou de desfazer o laço e revelar o conteúdo do presente, sempre tomando cuidado para não estragar aquele trabalho tão perfeito.

– Óh! - Soltou um suspiro de admiração, visivelmente contente com o que seus olhos vislumbravam: uma delicada boneca de porcelana - Ela é tão linda... Vou chamá-la de Sara, e vai ser a minha melhor amiga! - Concluiu entusiasmada, retirando o brinquedo da caixa - A quem devo agradecer, mamãe? - Perguntou voltando sua atenção para o cartão no fundo da caixa. A Sra. Uchiha apanhou o envelope e leu-o em voz alta:

– "Espero que tenha gostado, querida. Uma boneca querer ganhar de presente outra boneca é, sem dúvida, algo incomum." É só o que diz, meu amor. Não tem assinatura. - Explicou de modo sereno. Mas a menininha já sabia de quem se tratava... "Muito obrigada, tio Sasuke." Um sorriso tímido estampava seu semblante.

– Eu... Não me recordava. - Constatou perplexa - Nunca tive a oportunidade de agradecê-lo por isso, então, bem... Muito obrigada.– Murmurou constrangida. Entretanto, onde foi que já ouvira aquilo antes: "Uma boneca querer ganhar de presente outra boneca é algo incomum"?

•..●

Meio-dia. Quase hora do almoço. Como se encontrassem-se apenas os dois no quarto, Hinata, embora ainda hesitante, decidiu tocar num assunto que vinha lhe incomodando desde a saída de Londres.

– Por que não diz a ninguém que sou sua sobrinha? - Aquela questão tirou o fôlego de Sasuke. Não se preparara para isto. Pelo menos, não até então. Não julgava que a moça fosse reparar neste detalhe, no entanto, Hinata era mesmo alguém muito minuciosa e, principalmente, intuitiva para não reparar naquele fato pitoresco que vinha se repetindo tantas e tantas vezes.

– O que? – Fitou-a tentando esconder o espanto e pânico que aquela pergunta lhe causara, engolindo em seco.

– Quero saber por que não fala às pessoas sobre nosso grau de parentesco, Sasuke. – Apesar de não possuir intenção ao fazê-lo, a maneira como a garota expressou-se, proferindo seu primeiro nome de maneira tão informal, despertou temor no Uchiha. Aquilo soava como uma provocação. E ele não gostava de ser intimidado.

– Preciso ser franco com você. - Começou num tom sério que incomodou-a - Sei que já é a segunda vez que faço isso, mas... - Suspirou - Eu realmente não sei o que está acontecendo. Acho que... o que estou sentindo por você... o modo como a vejo... Não é como um tio deveria olhar para sua sobrinha. - Terminou mirando-a diretamente nos olhos, algo que deixou a Uchiha completamente desconcertada. Havia identificado-se com tais palavras (dizeres estes que, novamente, Sasuke moldara de maneira a transmitir a sinceridade necessária para ocultar toda a hipocrisia contida em suas ações), pois vinha nutrindo um tipo de afeto profundo pelo tio que nem ela mesma conseguia entender. E, como se não bastasse tal constrangimento perante as circunstâncias, o moreno continuou, aproximando-se de si sem que pudesse resistir - Cometi um grave pecado, pois me apaixonei por você... querida.

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Notas finais do capítulo

*Mais informações a respeito da cultura japonesa em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Cultura_do_Jap%C3%A3o#Vestu.C3.A1rio
Desculpem o atraso, fiquei sem internet durante a última semana. ^^ Espero que todos tenham tido um ótimo natal. Agradeço por acompanharem a história, até o final desta semana posto o próximo capítulo. ;)



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