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Estava deitada, estirada no gramado, sob a luz do Sol. Foi quando ele apareceu... Surgiu em meio os diversos arvoredos que ali existiam e ficou parado, em pé, bem ao seu lado, encarando-lhe com o olhar profundo que já cativara Hinata. Se sentou e inclinou-se pouco em sua direção. Ela sorriu ficando corada. Sasuke correu uma de suas mãos por sobre o rosto da sobrinha que imediatamente cerrou os olhos, sentindo o toque gentil do tio sobre sua pele.

- Está prestando atenção, Srta. Uchiha? - Indagou-lhe Sabaku no Gaara. Só então Hinata despertou de seus devaneios, regressando a realidade, pouco constrangida perante o olhar de reprovação que o professor lhe lançava.

- Perdão. - Desculpou-se bastante sem graça - Não tive a intenção...

- Certamente que não. - Cortou-a bruscamente, voltando a falar - Como eu dizia, durante o processo de formação das monarquias nacionais na Europa, instalado após a crise no sistema feudal e a transição para o regime capitalista, muitos fatores contribuíram para que...

- Sinto interrompê-lo, Sr. Sabaku, no entanto, desejo conversar com minha sobrinha por um momento; seria possível? - Sasuke encontrava-se parado a porta do escritório ostentando um semblante autoritário e uma postura em demasiada séria. Uma vez mais a presença do tio a perturbou. Desde que começara a enxergar o Uchiha daquela forma indigna e condenável, sentia-se mal ficando próxima deste. Envergonhada consigo mesma, sequer ousava fitá-lo ou pronunciar qualquer coisa que fosse. E esta atitude acabara atraindo a atenção de Sasuke.

- Sim, senhor; com a vossa permissão. - Assentiu, retirando-se logo em seguida, deixando os dois a sós. O moreno encostou a porta, caminhando lentamente até onde a jovem encontrava-se sentada. Notou que a moça estava nervosa, torcia os próprios dedos num gesto compulsivo, como se não pudesse evitar. Obrigou-a a cessar, envolvendo as pequenas mãos nas suas deixando-a outra vez embaraçada. Sasuke sorriu.

- Tem andado muito calada ultimamente... Quer me dizer o que vem lhe afligindo, querida?– Questionou-a como se não soubesse que passava-se. Como não! Ele fora quem provocara a situação toda, planejando aquele momento minuciosamente. Hinata balançou a cabeça numa negação. Suspirou, dando de ombros, como se houvesse dado o assunto por encerrado, prosseguindo - De qualquer forma, preciso te contar uma coisa: irei me ausentar por alguns dias, talvez semanas, porque tenho alguns assuntos pendentes no Japão. Trata-se de uma viagem de negócios ao exterior.

- Entendo. - Murmurou ainda cabisbaixa. A ideia de não ver o tio por um tempo a confortava, pois tinha esperança de que a visão deturpada que adquirira deste pudesse desaparecer, ao mesmo que a incomodava, porque pior do que vê-lo todos os dias era ser privada da companhia agradável que tanto estimava.

- Ah, eu não queria ter que ir, gostaria de ficar aqui, com você... - Por um instante, viu o sorriso da menina iluminar-se: era justamente aquela reação já esperada que confirmaria suas suspeitas e colocaria a parte prática de sua tramoia em ação - Mas é importante. Sinto muito. - Continuou, tratando de seguir tudo conforme havia esquematizado - Hey! Acabei de pensar numa coisa: e se você viesse comigo? - Disse como se tal ideia houvesse ocorrido-lhe de repente; porém, o fato era que passara muito tempo ensaiando aquilo.

- E-eu? - Indagou perplexa com tal proposta.

- É: seria perfeito! Somente nós dois, num país estranho... - Tentava fazer com que a viagem inesperada parecesse atraente aos olhos da moça, no entanto, suas palavras a intimidavam.

- Não sei se me parece uma boa ideia... - Relutou. Não pensara na possibilidade da recusa. Não aceitaria um não como resposta de modo algum!

- Não fui totalmente sincero com você, Hinata. - Disse num timbre sério que fez com que a morena finalmente cedesse e lhe encarasse por um instante - A verdade é que... Achei que seria divertido fazer essa viagem ao seu lado. - Confessou surpreendendo a menina - Porém, não quero que se sinta obrigada a vir, então é melhor que volte a sua aula agora; conversaremos depois. - E já preparava-se para dar-lhe as costas, quando a sobrinha levantou-se de supetão o puxando pela mão. Virou-se para fitá-la demonstrando estar confuso com aquele gesto tão súbito.

- Espere. Eu... Mudei de ideia. - Admitiu - Gostaria muito de ir com você, tio. - Era só o que o Uchiha precisava ouvir.

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O dia parecia transcorrer de forma lenta e tediosa ao ver da pequena Hinata. Era uma manhã ensolarada de primavera e a temperatura estava amena. A brisa soprava suavemente sobre a face pálida daquela criança. Seus olhos, de íris tão claras, facilmente confundíveis com o globo ocular, estavam focados no céu, onde nuvens pareciam brincar no azul infinito, assumindo formas variadas e diferentes, mudando a todo instante, o que divertia a menininha, que ria sem parar. Há poucos passos de distância, Sasuke observava a filha do irmão ostentando uma careta debochada, exalando desdém. “Fedelha mimada...” Pensava. Não demorou até que a jovem Uchiha notasse a presença do estranho. E, não reconhecendo o tio como sendo aquele rapaz moreno, alto, que aparentava ter idade por volta dos vinte anos, assustou-se um pouco.

- Q-quem é você? - Indagou em meio ao espanto que o mesmo lhe causara, surgindo tão repentinamente.

- Sou o irmão do seu pai. - Respondeu de uma maneira extremamente seca, denotando todo o sarcasmo contido em seu timbre, algo que não passou despercebido pela garotinha, que não compreendeu bem a razão de tamanha hostilidade.

- Meu pai... ? - Repetiu perplexa analisando-o minuciosamente - É tão incomum recebermos visitas dos parentes do papai. - Fez uma pequena pausa, como se refletisse a cerca do que acabara de dizer, levando o dedo indicador até o canto inferior de sua boca, prosseguindo - Na verdade, nunca antes conheci alguém da família do papai... - E então voltou a sorrir de modo gentil, puxando o moço pela manga de sua camisa, obrigando-o a acompanhá-la - Se é assim, melhor entrarmos para esperar. Papai e mamãe tiveram de sair hoje cedo, mas já devem estar voltando. Ele vai ficar muito contente em ver o senhor! - Comentou exaltada. Estava curiosa para saber mais a respeito do tio: o semblante sério do mesmo o fazia parecer um homem bastante misterioso e intrigante, como se ocultasse algum segredo por trás daquela máscara sinistra. E crianças estão sempre instigadas em desvendar mistérios e os segredos alheios...

A maneira como Hinata o tinha segurado pelo braço mais cedo fizera Sasuke recordar-se deste primeiro encontro que tivera com sua sobrinha desde que regressara do mosteiro para onde Itachi o enviara quando era mais novo. "Ela não mudou nada: continua sendo a mesma fedelha mimada pelos pais mesmo depois desses dez anos... Estúpida."

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