Murtagh acordou com uma profunda dor de cabeça, sentia – se mal pela briga que tivera na noite passada. Estava nervoso, sem controle, e assim acabou por colocar os pés pela cabeça. Mesmo assim, não iria a nenhum momento pedir perdão ou desculpa a Arya, ela havia se intrometido onde não era chamada, como sempre.

Banhou – se rapidamente, vestiu uma túnica preta, pegou suas coisas e saiu de seu aposento rapidamente. Encontrou – se perto da floresta com Orrin, em um cavalo branco. Murtagh nada disse, mais estava irritado com isso. O cavalo era rápido, mas Thor era muito mais. O que deixaria Orrin e seus guardas para traz.

Orrin nada disse a Murtagh, muito menos esse ao rei. Não gostava de Orrin, nunca gostará. Achava que esse não tinha aptidão para ser um rei. Mas mesmo assim, iria a Surda.

Uma mente tentou atacar a sua, Murtagh olhou para os lados e viu Nasuada olhando para ele. Por um momento hesitou, mas em seguida retirou as barreiras da mente, deixando – a entrar.

Perdoe – me Nasuada, pela noite de ontem. Estava estressado.

Entendo Murtagh, mas acho que você deveria controlar um pouco suas emoções. Brigar com elfos não é o que podemos dizer “algo bom”. Principalmente com Arya.

Murtagh ficou em silencio por um momento ajeitando suas coisas em Thor.

Entendo que tenho controlar minhas emoções, Nasuada. Eu as controlo perfeitamente. Mas ontem a intromissão de Arya em um assunto a qual não lhe interessava me irritou profundamente.

Noto que não gosta de Orrin, Murtagh. Só peço que nessa viagem não volte a implicar com ele, você estará sozinho.

Prometo que tentarei Rainha.

Nasuada despediu – se de Murtagh, desejando boa sorte a ele e Thor. Então retirou da mente do cavalheiro e foi falar com Orrin, enquanto Murtagh terminava de ajeitar suas coisas no dragão.

Por fim, quando tudo estava pronto Orrin despediu – se de Nasuada, montou no cavalo assim como seus guardas e começou sua jornada a Surda. Murtagh permaneceu em seu lugar, esperando que tomassem distancia. Assim feito montou em Thor e o dragão voou.

E la vamos nós para uma batalha. Quando isso ira acabar? Murtagh falou para Thor, cansado.

Isso nunca acabara. Às vezes teremos paz, permanentemente. Mas enquanto existir alguém que não está satisfeito irá ter guerra.

Preferia ficar aqui em Uru’baen a ir a Surda. Mas fazer o que.

Pare de reclamar Murtagh. Aprecie a viagem, e ande vamos começar nossa guerra das charadas.

Murtagh riu. No momento seguinte os dois começaram uma pequena guerra de charadas, onde Thor ganhou de lavada. Como sempre.

A viagem em geral foi tediosa. Mesmo os dois gostando muito de voar, ficaram meio sem ter nada a fazer. Viajaram por horas e horas, às vezes paravam para Thor descansar um pouco, ou para s cavalos descansarem. Orrin e Murtagh não conversaram em momento algum, quando se viam ficavam em silencio e cada um num lado.

Murtagh estava disposto a cumprir sua promessa que fizera a Nasuada. Até porque ele mesmo não queria briga, sabia que iria precisar de diplomacia com Orrin em Surda ou até mesmo em Uru’baen ou qualquer outro lugar. Uma briga não o beneficiaria em muita coisa.

Não sofreram ataques na viajem, nem no céu nem na terra. Murtagh e Thor conversavam o tempo todo, só algumas horas em que Murtagh parecia pensativo, era que Thor se calava e apenas observava os pensamentos do companheiro.

Quando escurecia todos paravam para descansar, dormir e comer. Os soldados arrumavam uma fogueira e a comida, enquanto Orrin comunicava – se a rainha Nasuada, e Murtagh – na maioria das vezes – andava pelas arvores a explorar os arredores.

Foi no terceiro dia de viagem. Murtagh já havia comido. Thor, Orrin e os soldados dormiam. Apenas ele estava acordado. Estava, como sempre, pensativo. O foco dos seus pensamentos era a possibilidade de uma nova guerra começar, o que de fato ele não queria.

Foi ai que teve a idéia. Levantou – se, pegou uma bacia com água e levou – a até um local longe dali. Se concentrou o maximo, usou sua energia.Viu o momento em que apareceu um imagem na bacia – arvores grandes e bela, um garoto sentado numa pedra olhando ao chão – junto com o som dos pássaros.

– Eragon. – chamou Murtagh. O garoto virou – se. Murtagh sorriu, tinha acertado em cheio. Ali pela bacia estava seu irmão mais novo: Eragon.

– Murtagh. O que ouve? – a voz rouca de Eragon saiu de sua boca com grande preocupação. Murtagh reparou que estava diferente. Seus cabelos loiros estavam para cima curto, usava uma túnica preta que demonstrava – o com mais músculos. Seu olhar era distante e misterioso. Seu rosto não demonstrava nenhuma expressão.

– Você anda meio desinformado, noto. – riu Murtagh.

Um pequeno sorriso transbordou nos lábios do loiro.

– É, as noticias aqui costumam demorar a chegar. Mas o que ouve?

– Ataques de antigos aliados de Galbatorix a Surda. Nota a falta de um Cavalheiro e uma Amazona?

Eragon franziu a testa, parecia surpreso e preocupado.

– Não. Continuam todos estão aqui, nenhum fugiu. Mas por quê? Quem são esses aliados?

Murtagh contou a Eragon desde primeiro ataque até ali no meio das arvores. Deixou de lado a briga com Arya, apesar de contar a briga com Orrin – Eragon apenas riu.

– Bem, isso é mal. Muito mal. Pensei que iríamos conseguir paz, mas estava enganado. – falou Eragon calmamente.

– Você parece calmo... Mas explica o que raios estava pensando quando parou de informar sobre você a nós?

Eragon sorriu timidamente.

– Bem não poderia ficar para sempre dando noticias, certo?

– É. Você irá voltar? – Murtagh perguntou ansioso.

– Não achas que consegue sozinho derrotar eles? Tem você e Arya. Podem derrotar, sem minha ajuda. – Murtagh notou o fato de Eragon parecer tentar arrumar alguma desculpa. Mas notou também que o mais novo estava certo: ele e Arya juntos poderiam derrotar os inimigos, sem ajuda de Eragon.

– Sim, poderíamos. Mas Eragon não confio neles, e nem eles em mim. Não gosto deles e vice versa. – disse sincero Murtagh.

– Não gosta nem de Nasuada? – perguntou Eragon, zombando do irmão. O moreno corou enquanto Eragon riu. – Não sei se irei Murtagh, é perigoso deixar aqui sem um líder sensato. Tipo, esses homens podem até tentar recrutar algum Cavalheiro ou Amazona.

– De fato, mas e se tiver mais que um Cavalheiro e uma Amazona? Você vira? – perguntou Murtagh ansioso.

– Talvez, ou posso mandar alguém. Talvez. – Eragon pareceu sombrio por um momento. – Não deve comentar nossa conversa a Nasuada ou a Orrin, Arya ou qualquer outra pessoa. Nem a Thor, eu peço.

– Porque irmão?

– Bem, assim todos irão resolver comunicar aqui. Não, isso seria ruim. Os elfos iriam querer saber como vão os cavaleiros etc., alguns lideres humanos e anões também. Isso seria tedioso.

– Mas nem para Thor?

– Por favor, irmão. – pediu Eragon.

Murtagh assentiu, seria difícil deixar isso de lado, e não comentar nada com Thor, mas ele iria conseguir.

– Mas e você, como vai? – perguntou Murtagh mudando de assunto.

– Estou bem, e tu? – responde simplesmente Eragon.

– Também. E Saphira?

– Bem. E Thor, Nasuada, Arya, Roran, Orik, Ângela, Elva e Orrin?

Murtagh riu.

– Todos vão bem, e todos estão contando com você aqui.

Eragon ficou em silencio, nada falou. Por fim suspirou e disse:

– Devo ir agora Murtagh, boa viagem e boa luta.

Murtagh despediu – se do irmão e retirou o feitiço, a imagem voltou a ser como era antes, apenas água. Levou a bacio de novo a barraca e por fim dormiu.