Pov.Percy Jackson

Eu não sabia que 15 km eram tanto. O cansaço já tinha tomado meu corpo mas Annabeth garantiu que já estavamos chegando. De fato, uns 15 minutos após isso, via-se uma placa que dizia: ''Bem vindos a Blackwater''.

Após passarmos pela placa, em seguida começamos a ver algumas casas, e mais adiante um edifício acinzentado de dois pisos. Conforme nos aproximávamos, percebi que tinha uma senhora na frente, cuidando de um canteiro de plantas. Era uma senhora de seus 70 anos, mas parecia jovial e cheia de energia. Usava um vestido branco florido e óculos que lhe caiam até a ponta do nariz.

Perto dela, vi que o edifício que aparentava ser um tipo de hotel. Ótimo.

Assim que nos aproximamos, a senhora veio na nossa direção.

—Meus jovens!O que aconteceu? -ela assustou-se.

—Sofremos um acidente. -Annabeth antecipou-se.

—Venham, vou ajuda-los a se recompor. -ela nos conduziu para a porta.

Ajudar-nos assim, sem querer mais detalhes? Estranho...Tomara que essa bondade seja verdade.

—E a proposito, me chamem de Lucia. -ela sorriu docemente.

O hotel não era luxuoso. No primeiro andar ficava a recepção e alguns outros cômodos aparentemente. Lucia conduziu-nos até o segundo andar por firme escada de madeira envelhecida, que levava até um corredor comprido, com varias portas e uma grande janela de vidro aberta no final.

—Aqui são os quartos de vocês, -ela apontou para duas portas. -os outros quartos estão fechados, então acomodem-se nesses.

Lucia tinha olhos castanho claros, e apesar de sua idade avançada e de seus cabelos brancos, ela outrora fora uma mulher muito bonita. Depois de nos mostrar onde íamos nos acomodar, mandou-nos tomar banho, ajeitarmo-nos no quarto, e descer para que ela pudesse nos dar comida(confesso que me animei bastante com a última parte).

Depois que ela se foi, Nico perguntou:

—E como ficará a divisão dos quartos?

—Thalia, você se importa de ficar no mesmo quarto que Nico -perguntei em um tom de súplica.

—Hã...eu não sei Percy...-ela estava indecisa.

—Eu prometo que é só por essa noite, -falei a ela. -e tenho certeza de que Nico não tentaria nada.

—É claro que eu não tentaria nada. -Nico disse exasperado. -Não quero que Ártemis me faça visitar meu pai permanentemente.

As respectivas duplas foram para os quartos e, enquanto Annabeth ia tomar banho, atirei-me na cama tentando descansar, mesmo tendo a sensação de estar sendo vigiado.

POV.Nico Di Angelo

Nervoso. Essa era a palavra que me definia no momento. Eu ia dormir ao lado de Thalia! Quero dizer, eu não estava nervoso pelo fato de ela ser uma garota, mas por ser ela, e ser uma caçadora. Esse fato de alguma forma fazia com que me sentisse confuso. Como posso ficar perto de uma caçadora, mas que seja ela?

—Nico. -Thalia balançou a mão na frente dos meus olhos me fazendo voltar á realidade. -Você está bem? Pode ir tomar banho primeiro se quiser, - disse-me. -eu vou arrumar minhas coisas.

Tomei um banho revigorante. Quando sai do bar e comecei a me secar com a toalha preta que estava no armário, quando levei a mão na testa ao lembrar-me de que a mochila com as minhas roupas explodiu junto com o posto e a lanchonete.

Pov. Autora

Thalia conseguia muito bem esconder seus sentimentos dos outros, mas não conseguia esconder de si mesma. Ela se sentia a beira de um ataque de nervos.

A ideia de dormir no mesmo quarto que um garoto ia contra tudo o que a caçada impunha para ela. Mas não conseguiu pensar mais nisso, já que o motivo de tanto nervosismo estava a menos de dois metros dela, enrolado em uma toalha preta que contrastava perfeitamente com sua pele branca. Seus olhos negros olhavam Thalia com curiosidade, já que a mesma o olhava inexpressivamente. Ou melhor, corria seus olhos entre seu rosto e seu corpo inteiro.

Ela tinha ensaiado um pequeno texto para quando Nico estivesse no quarto... Não que ela precisasse ensaiar um texto para dizer para uma pessoa, mas a questão é que ninguém nunca conseguiu deixar Thalia Grace sem palavras... Só ele. E ela odiava isso. E odiou mais ainda quando viu aquele...deus. Ou melhor, o filho de um. Ela olhou-o enquanto ele saia do banheiro completamente perplexa. Ele bagunçou o cabelo molhado jogando varias gotas de água para todos os lados. O que, mesmo Thalia não querendo admitir, o deixava sexy. Seu corpo a deixou desconcertada.

—Porque você não está vestido?-ela apontou.

—Minha roupa está toda rasgada... -enquanto tentava explicar, levantou o braço e revirou a parte de trás do cabelo.

O que não foi uma boa ideia, é claro. Quando ele fez isso, a toalha começou a se desenrolar, Thalia vendo no que aquilo ia dar, tapou os olhos. Ela baixou a cabeça e espiou entre os dedos, a tempo de ver a toalha cair aos pés dele.

—Nico, POR FAVOR, dê um jeito de se vestir.-ela levantou-se e, com uma mão tapou os olhos e com a outra tateou a fechadura da porta, mas não conseguiu abri-la.

—Eu vou pedir uma roupa emprestada á Percy. -Nico já tinha prendido bem a toalha.

—Deixa que eu peço. -ela disse apressadamente.

—Tudo bem, mas deixa que eu abro a porta pra voc...-ele veio em direção a ela.

—Não!-ela praticamente gritou, mas respirou fundo e falou mais calma.-Não precisa, eu abro sozinha.

Ela puxou a porta com força, até que ela cedeu. Ela fechou a porta e estremeceu involuntariamente quando lembrou-se de que aquele corpo iria dormir ao seu lado, em menos de 24 horas.

—Precisamos conversar, -Thalia estava ofegante. -mas primeiro,Percy tem alguma roupa para emprestar ao Nico?

Ela abriu uma frestinha da porta e atirou a roupa ali dentro, enquanto Annabeth ria da sua cara de assustada.

—Você não vai rir quando eu te contar isso.

POV.Percy Jackson

Tomei meu banho e me senti um novo homem. Afinal, a água sempre me fazia bem.

Quando sai do banheiro, Thalia e Annabeth estavam conversando. Thalia arregalou os olhos ao me ver, mas em seguida suspirou de alivio e Annabeth começou a rir.

Deixei elas ali, e quando estava saindo do meu quarto Nico estava saindo do seu. Ele tinha uma expressão estranha, então quando perguntou,ele hesitou mas disse.

...

—Sério que você fez isso?!-eu gargalhei baixo.

—Não fiz isso ,foi um acidente!-ele murmurou indignado.

A essa altura, nós quatro já estávamos começando a almoçar com a Lucia. Ou melhor, a nos banquetear. Sentamos em uma mesa igual ás do acampamento porém menor. Ela estava cheia de todo o tipo de comida. Depois de nos fartarmos, Lucia fez nos curativos e quando terminou, disse:

—Acho que ninguém vai precisar de ambrosia ou néctar não é?

—Como você...? -Annabeth não terminou.

—Eu também conhece esse mundo olimpiano,-ela lançou um olhar furtivo e depois sorriu. -e faço parte dele.

Peguei minha caneta e a segurei firme. Ela podia ser um tipo de monstro(apesar de não perecer,mas os piores eram os que não pareciam...), uma enfeitiçada dos deuses, ou algo do gênero. Os outros também não baixaram a guarda. Lucia olhou-nos com espanto e apressou-se em dizer:

—Não sou um monstro, nem nada do tipo.

—Você é uma semideusa!?-Annabeth disse rapidamente.

Ela assentiu.

—Mas como conseguiu ter paz,-Thalia perguntou.- e estar aqui, sem proteção alguma?

—Não foi sem esforço, eu te garanto-vos.- ela suspirou cansada.

—Mas quem é seu parente olimpiano? -Nico perguntou.

—Meu parente olimpiano é... -ela foi interrompida por uma luz muito forte que apareceu no meio da sala.

A luz era de tamanha intensidade que tive que tapar os olhos. Assim que a luz diminuiu eu consegui distinguir uma silhueta masculina, e logo em seguida a pessoa.

—Ora, se não são os semideuses mais valentes que existem! -o deus disse de forma alegre.

—Apolo.- murmuramos em conjunto.

—Lucia, minha querida! -Apolo abraçou-a e lhe deu um beijo na testa.- Como anda de saúde?

—Nos últimos tempos até que ando bem. -ela suspirou. - Mas sempre com aquela dorzinha...

—Vamos tratar disso depois querida. - ele disse compreensivo, e virou-se para nos. - Então vejo que já conheceram minha Lucia.

—Você é pai dela?- Thalia perguntou.

—Thalia... -Apolo olhou-a sedutor.- Como sempre um deleite aos olhos.

Ele conseguiu deixar Thalia bem corada. Nico olhou-a e em seguida virou para Apolo.

—Hey Apolo, -ele perguntou atraindo a atenção dele. -e então...?

—Sim,-ele sorriu e sentou-se. -Lucia é minha filha.

—Mas Quiron nunca a mencionou e nunca vi nenhum registro dela no acampamento...-Annabeth falou rápido mas ele a interrompeu.

—Annabeth...como sempre muito perspicaz...-ele sorriu para ela, continuando. -Mas respondendo ao seu comentário, Lucia é uma das minhas primeiras de todos os meus filhos. Nasceu depois da segunda guerra mundial.

Ele continuou a narrar, tornando o olhar sonhador,como se tentasse se lembrar.

''Meus filhos, por mais que eu tentasse impedir, também tomaram seus lados naquela guerra maldita. E eu perdi todos eles. Alguns dias depois que a guerra acabou, eu soube que Lucia havia nascido. Fiquei tão feliz que jurei pelo Estinge que cuidaria dela, que ela viveria uma vida longa e feliz, longe de tudo que envolvesse guerra. Então, consequentemente, longe do acampamento. Mas cuidei para que Quiron a treina-se, para que soubesse se defender. Ainda assim, permiti que ela passasse sua infância e adolescência no acampamento, mas ela queria ajudar as pessoas e eu queria ficar de olho nela. Assim, trouxe ela e sua mãe para esta pequena cidade, escondendo-as com muita névoa para que os monstros não as descobrissem. Mas é claro que nem sempre a névoa funcionou muito bem, de forma que as vezes aparece um monstro por aqui e...

—Deixe-me explicar daqui por diante querido. -Lucia disse. –Depois que me aposentei da minha vida de médica, -ela sorriu e continuou. -a idade começou a chegar e eu não pude fazer nada. Então decidi ajudar jovens semideuses que sempre passam por aqui. Como vocês.

—Sempre a minha bondosa Lucia. -Apolo beijou-a nos cabelos brancos.

—Apolo você sabe se Ártemis... -Thalia olhou-o esperançosa.

—Não ainda querida Thalia... -disse ele. -Mas logo irá descobrir da pior forma possível se você não contar.

Eu estava perdido na conversa deles.

—Ah deuses... -ela murmurou nervosa.

—Bom, mas além de vim ver Lucia, também vim ajuda-los em sua missão. -o deus olhou-nos sério desta vez. -Estas duas semideusas que vocês procuram estão eu perigo e...

—Então a ''filha da terra'' também é um semideusa? -perguntou Annabeth.

—Sim. -confirmou o deus. -E ela corre perigo. Vocês estão indo pelo caminho certo, alias, irão achar uma pista sobre o paradeiro delas em Los Angeles,e de lá saberão onde tem que ir.

—Essa profecia é um pouco confusa, -disse Thalia. -nos onde devemos ir, norte ou sul.

—Ela não tem nada de confusa, -ele disse como se fosse óbvio. -é uma profecia extremamente fácil, porque o nome exato de onde devem ir.

—E que lu...-Nico tentou falar mas ele o interrompeu.

—Acho que ajudei-os demais, -ele falou levantando-se. -Adeus e boa sorte.

Ele olhou carinhosamente para Lucia e brilhou, tomando sua forma verdadeira.

—Alguém acha que ele realmente nos ajudou? -Nico perguntou confuso.

—Pelo menos ele confirmou o que nós suspeitávamos. -Annabeth disse.

De repente, vi uma coisa enorme entrando pela porta, e ela não parecia muito feliz.