Pov. Autora

—O que você está fazendo aqui?! –Thalia perguntou atônita.

Os dois se levantaram e ele virou-se para ela.

—Eu precisava falar com você. - respondeu Luke.

—Mas como você conseguiu fugir do mundo inferior?- Percy estava tentando processar a ideia de falar com Luke no corpo de Nico.

—Eu dei meu jeito. - deu um meio sorriso.

Pegou as mãos de Thalia e olhou-a nos olhos. Ela ainda não conseguia acreditar que era Luke. Sentia-a extremamente confusa. Era uma tristeza misturada com surpresa.

—Thalia, eu precisava te dizer...- ele hesitou. - Eu tinha que falar isso pra você...

De repente, ouviu-se um barulho de asas. Luke sabia quem era, mas não achou que fosse tão cedo.

—Achamos o fujão! - disse uma das parcas.

—Você deu trabalho semideus. - disse a outra. - Agora vamos, não temos muito tempo.

—Me deixem falar com ela pelo menos. - pediu.

—Claro que não.- disse a parca do meio, irritada. - Você não tem direito a mais nada. Sabe quantos cães infernais tivemos que tirar dos campos de punição para colocar atrás de você?! Sabe quantos? Muitos!

Ela se aproximou dele e o puxou pelo braço. Ele não tentou lutar, apenas continuou com seu olhar fixo em Thalia. Ela parou ao lado das outras parcas e logo uma fumaça negra surgiu eu torno dos seus pés. Nem por um segundo Luke(no corpo de Nico) deixou de olhar angustiado para Thalia. Ela o olhava sem nenhuma reação.

Como se estivessem em cima da areia movediça, os quatro foram afundando no chão vagarosamente. Luke levantou o braço.

—Thalia,- ele já tinha afundado até os joelhos.- Eu...eu te amo.

Todos ali observaram a cena quietos. Thalia estava petrifica em seu lugar. Depois de um tempo, ela virou-se para os outros.

—O que vamos fazer agora?- Ela limpou o rosto.

—Sair daqui.- Percy respondeu.

—Hey,- Annabeth estava conversando com as semideusas.- As garotas estão bem, já podemos ir.

—Thalia!- uma das garotas veio correndo na direção dela.

—Lara!- ela se abaixou para abraçar a garotinha.

A garotinha chamada Lara era muito bela. Seus cabelos ruivos compridos estavam presos em uma trança mal feita. Seu rosto branco e seus olhos cor de mel revelavam que tinha seus 4 ou 5 anos. Era baixinha e sua voz fina a deixava adorável.

—Como passou pequena?- Thalia abaixou ficando na altura de seu rosto. –está bem?

—Sim.- ela sorriu.- senti saudades de você. E lady Ártemis? Ela sentiu minha falta? –perguntou preocupada.

—Claro. Ela sente muito a sua falta.- Thalia respondeu abraçando-a novamente.

—Gente,- Annabeth chamou apontando para a outra garota. – essa é Tessa.

— Oi Tessa,- Percy cumprimentou.- você está bem?

—Sim.- ela deu um meio sorriso tímido.- Ele mais assustou do que fez alguma coisa.

—Ainda bem.- Thalia comentou.

Tessa também não se encontrava em bom estado. Suas roupas estavam rasgadas, sua pele escura estava cheia de arranhões. Seus rosto estava sujo, mas ela parecia não ligar muito. Aparentava ter 13 ou 14 anos. Era alta e corpulenta e no momento tinha a volta dos olhos úmidas.

—Tessa, seu pai e sua mãe moram com você?- Annabeth começou.

—Minha mãe não, ela foi embora quando eu era pequena.- ela ficou com o olhar distante.

—Pode me falar mais sobre isso?- Annabeth pediu.

—Claro. Mas antes, -ela disse.- pode me explicar o que eram todas aquelas coisas?

—Sim. Você já ouviu falar de mitologia grega? -Annabeth se pôs ao seu lado.

—Aquelas dos deuses do olimpo e da medusa?- perguntou insegura.

—Essa mesmo. Então...- Annabeth começou a explicar as coisas para Tessa enquanto todos subiam as escadas.

—Você está bem?- Percy perguntou enquanto subia com Thalia a seu lado.

—Mais ou menos. - ela respondeu.- Acho que ainda não me acostumei. Eu olho pro lado como se fosse vê-lo na minha frente outra vez.- ela apertou os olhos afastando o pensamento.

—Ele está com Bianca agora.- Percy colocou a mão em seu ombro reconfortando-a.

—Quando chegarmos no acampamento, - ela disse.- eu quero fazer uma homenagem pra ele. Você me ajuda?

—Com certeza.- respondeu.- Eu também pensei nisso. Ele merece

Com algum esforço, tiveram que empurrar a porta no final das escadas. O sol fraco da manhã bateu em seus rostos. Tessa e Lara respiraram aliviadas.

—Como nós vamos embora agora?- Percy perguntou a Annabeth.

— Eu ainda não pensei nisso ,mas antes precisamos comer alguma coisa, estou com muita fome!

...

Os cinco acharam uma lanchonete e logo fizeram seus pedidos. Apesar de estarem todos bem, aquele clima de tristeza ainda pairava pesadamente no ar. Annabeth continuava a explicar para Tessa sobre todo o mundo olimpiano. ela não criou nenhuma objeção quanto a acreditar nisso. Acreditou e a cada pequeno texto de Annabeth, ela ficava sem fazer perguntas, como se gravasse aquilo na cabeça, aceitando.

Lara, a pequena caçadora, não parava de fazer perguntas para Thalia, o que a estava se distraindo bastante, pensou ela. Percy apenas observava tudo a sua volta, sem realmente estar ali. Sua mente viajava a anos atrás, no dia em que conheceu Bianca e Nico. A morte de Bianca, naquela época, com tão pouco tempo que a conhecia, já o abalara. Agora, a morte de Nico também o abalara muito. Tinha visto-o crescer, e com o passar do tempo, tornou-se um de seus melhores amigos. O que tinha que fazer agora, era consolar as meninas que precisavam de seu apoio. Principalmente Thalia, ela não parecia ter processando direito o que acontecera.

Esta, por sua voz sentia-se como se a tivessem machucado de dentro para fora. Em todo seu tempo de caçada, perdera somente duas meninas, e torcia e precavia para que não sentisse aquela dor novamente. Estava errada. O fato de Nico ter morrido em seus braços a fazia sentir culpada, pois não havia conseguido fazer nada. Não conseguir mais chegar perto dele, ela pensara, era um insulto. Que rumo seu coração devia tomar agora? Por mais que soubesse que nunca poderia ter nada com ele, o acontecido havia ferido-a mais do que ela podia dimensionar.

Todos teriam que se acostumar com a perda. Percy pensava que os trabalhos da faculdade de biologia marinha iriam ajuda-lo a esquecer um pouco tudo isso. Annabeth também achava que as coisas da faculdade de arquitetura a iriam distrair, mas sabia que não iria adiantar muito. E Thalia começou a pensar em uma coisa que tinha que fazer. Algo que agora não valeria nada, mas se Nico estivesse ali, importaria muito.