Bons Motivos para Cometer Um assassinato escrita por Sixpence Angel


Capítulo 7
Capítulo 7: Problemas com Gângsteres


Notas iniciais do capítulo

Eu disse que não ia demorar muito a postar, mas dessa vez não deu, sorry ^^' , estava pronto há umas semanas, mas eu acabei por editá-lo



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Na noite seguinte, dormi como um anjo. Acho que depois que Marie descobriu meu segredo eu fiquei mais tranquilo. Nem os rangidos do beliche e muito menos os roncos de Vitor foram capazes de me acordar; há quanto tempo não conseguia dormir assim!

Acordei meio zonzo, achei que ainda estava na velha casinha da Geórgia, onde nasci e vivi minha infância. Ainda procurei a cama do meu irmão, que ficava ao lado da minha, antes de me lembrar que já havia saído de casa há anos.

Vitor já havia levantado. Depois de ir ao banheiro, dirigi-me para a sala.

- Bom dia. - cumprimentei Henry e Scott.

- Bom dia, Adam. - responderam eles.

- Onde foi o Vitor? Não o vi desde que levantei. - perguntei.

- Já foi trabalhar, pelo jeito os negócios vão bem na fábrica automobilística. - respondeu Henry.

- O problema é que quanto mais os negócios vão bem, mais eles exigem dos trabalhadores. - retrucou Scott.

- E você, Adam? Trabalha no quê?

- Eu? Eu trabalho com contabilidade - respondi sem pensar, não considero exatamente uma mentira, porque de contabilidade eu sei

- Sem querer ofender, mas sempre tive a impressão que os franceses só entendiam de comida, poemas e música. - disse Scott.

- Engraçado, eu também. - concordou Henry.

- Sinto que estão um pouco atrasados no tempo, hoje as mulheres já trabalham e votam, imagine se um francês não pode trabalhar com números! - disse eu, que na verdade compartilhava da mesma opinião que eles.

- Disso você tem razão! - disse Scott.

- Vocês franceses, sempre revolucionários. - disse Henry rindo.

- Atualmente tenho vivído do dinheiro de uma indenização de um atropelamento, nada grave. - disse eu; sempre tive uma terrível facilidade de criar histórias conforme surgissem na minha imaginação.

- Oho! Descoberta mais uma função dos automóveis! - exclamou Scott.

- Acho que vou me jogar no capô de um agora mesmo!

Enquanto ríamos, Mrs. Teapie entrou na sala com uma cesta de roupas sujas.

- Bom dia, amores - disse ela em tom maternal - esqueci alguma roupa?

- Não, Dona Cyci - disse Scott.

Cyci era um apelido de Mrs.Teapie, seu nome de batismo era Cynthia.

- Então vou direto pra lavanderia. Volto daqui à uma hora. - disse ela.

Depois que ela saiu, nós três ficamos calados com nossos pensamentos. Embora usasse tom alegre e sorrisse, Mrs. Teapie estava muito abatida e tinha notavelmente perdido peso.

- Coitadinha - disse Henry por fim.

xxxxxxxxxx

 

Lá pelas 9 da manhã, tentei me concentrar no noticiário da rádio, achei que lá poderia haver algo útil, mas o máximo que aconteceu foi uma manifestação comunista reprimida pelo governo. Preferi ler meu livro; lá havia uma pequena surpresinha.

"PRECISO DO PLANO ANTES QUE O CANALHA INVENTE UMA NOVA 'VIAGEM DE NEGÓCIOS' E SUMA DE VEZ"

MARIE M.

 

Engenhosa a francesinha! Até hoje não consigo entender por que as empregadas gostam tanto de mexer nos pertences dos outros!

Guardei rápido o bilhete em um dos bolsos da calça, antes que Henry, que estava sentado ao meu lado, visse. Nesse meio-tempo, Marie entrou na sala dizendo que havia uma ligação para Henry, de uma tal de Mabel Finn.

Quando Henry voltou à sala, estava com um aspecto muito ruim. Ele, que já tinha a pele pálida de nascença, agora poderia ser comparado à uma folha de papel e seus cabelos loiros ajudavam à dar essa impresão.

- O que houve com você, Henry? - perguntei

- Comigo? Bem, eu... estou com uns problemas familiares, sabe? Minha ex-mulher... não quer me ver mais... e tenho uma filhinha pequena... - disse ele sem conseguir terminar a frase, as lágrimas lhe rolaram no rosto.

- Posso lhe ajudar em alguma coisa? - disse eu tentando consolá-lo de alguma forma.

Entre soluços, Henry me pediu para pegar uns comprimidos de calmante em seu quarto. No alto da escada, Marie já me esperava com o vidrinho de calmantes de Henry na mão. Com certeza ela ouvia toda a conversa de lá.

- Diga-me uma coisa, garota, você não sabe fazer outra coisa além de bisbilhotar a vida dos outros? - perguntei indignado com a astúcia de Marie.

- Só as que me parecem interessantes. - disse meio pensativa - Além do que, sempre que essa tal de Mabel liga, Henry fica desse jeito.

- Você... - tentei dizer, mas ela me apressou com leves empurrões.

- Não é hora de conversas, vá e leve isso pra ele - ela me empurrou o frasquinho em minha mão.

Dei os comprimidos para Henry, que não tardou a dormir. Afetado pelo efeito dos remédios, tentou dizer alguma coisa antes de cair no sono.

- Não quero...eu não quero mais ficar aqui... quero voltar pra casa...mas... mas Mabel não quer... meu emprego... - tentava dizer com algumas poucas lágrimas que cessavam em seu rosto.

xxxxxxxxxx

 

Resolvi tomar providências e procurar Mrs. Teapie na tentativa de arrancar-lhe alguma informção sobre Mr. Marcus. Seria terrivelmente mais fácil se ele estivesse em casa, assim eu poderia ver com meus próprios olhos, mas ele saía de casa de manhã e só voltava tarde da noite (quando voltava), tanto que até aquele momento eu não o tinha visto pessoalmente.

A história pra mim parecia perfeitamente clara, mas seria imprudência se acreditasse só nas palavras de Marie. Agora eu tinha de avisar John para parar as buscas, eu havia dado minha palavra à Marie, não poderia deixa-la na mão se comprovasse que sua história era verdadeira.

 

Aproximava-se da hora do almoço, quando bati na porta porta da cozinha e a voz baixinha de Mrs. Teapie respondeu "Entra!"

- Posso lhe ajudar a botar a mesa, madame? - perguntei-a

- Oh! Seria muita gentileza sua, senhor. - respondeu ela dando-me alguns pratos e talheres.

Encarreguei-me dos pratos e talheres, enquanto a senhora Teapie trazia umas poucas travessas de comida para as mesas.

A sala onde tomavámos as refeições de todo o dia era também uma improvisação de sala de estar. As paredes eram pintadas com um tom de amarelo nauseante, assim como a cozinha e o chão revestido com tábuas antigas. As refeições eram servidas em duas mesas redondas, cada uma com quatro lugares.

Já no outro lado, jaziam um sofá marrom, uma espécie de criado-mudo que carregava consigo um rádio ao lado do sofá e uma mesinha de pernas bambas, onde ficava a televisão.

- Há quanto tempo Marie trabalha aqui? - perguntei fingindo me distrair com o reflexo de uma colher.

- Ela me ajuda desde os dezessete anos, quando veio pra cá... mas por que a pergunta? - perguntou.

- Er... acho que ela trabalha bem, vou precisar de alguém quando abrir um escritório de contabilidade - inventei uma história, rapidamente.

Ela gargalhou e por fim sorriu.

- O senhor não precisa fingir! - exclamou ela - Vitor disse-me que achava que você gosta de Marie. Sempre achei-a muito séria, ela precisa mesmo de um namorado e o senhor me parece ser um rapaz muito bom! Se precisar de ajuda, estarei aqui.

- Eu... eu não... - tentei dizer.

A campainha tocou enquanto eu pensava quase que mecanicamente: "Salvo pelo gongo!"

Mrs. Teapie atendeu a porta. Era um homenzarrão de roupas elegantes e tinha uma cara realmente nada marcante, do tipo que não tem nada de especial e acabamos nos esquecendo rápido.

Ele educadamente tirou o chapéu e falou alguma coisa em voz baixa para Mrs. Teapie, acompanhado por um gesto de cabeça, fazendo-me entender que ele queria conversar a sós.

- Hum... monsieur, pode... - virou-se pra mim.

Meneei com a cabeça antes de ela terminar a frase e retirei-me do recinto.

Algum tempo depois, Marie bateu na porta do meu quarto em busca de ajuda, Mrs. Teapie estava passando mal.

Desci a escada às pressas e na sala estava inconsiente e seu visitante camamente saía da pensão, pondo seu chapéu novamente na cabeça.

Mandei Marie ir rápido na cozinha e pegar o vinagre enquanto eu checava o pulso de Mrs. Teapie. Quando acordou, Marie e eu levamo-na até o quarto para que descansasse. Não achamos que ela precisasse de um médico.

- O que houve com ela? - perguntei à Marie depois de sair do quartinho de Mrs. Teapie.

- Aquele homem era um gângster, veio para cobrar uma dívida - respondeu, preocupada - Você deve imaginar o que eles fazem quando não obtêm o que querem, não é?

E como! Naquela época, os gângsteres aterrorizavam a sociedade, a criminalidade nunca havia aumentado tanto!

Depois disso, eu já não precisava mais perguntar mais nada, a história de Marie estava comprovada.


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Notas finais do capítulo

Futricando na internet sobre o livro O Grande Gatsby (vale à pena ler!) de F. Scott Fitzgerald (o mesmo que fez o conto de Benjamin Burton, que foi transformado em filme), notei que acabei errando o tempo da história em uma década, pois a "Era do Jazz" eram nos anos 20 e não 30. Vou corrigir o erro, ok?

Ah, não se esqueçam de mandar reviews ^^



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