Sou acostumada a usar lentes de contato desde meus dez anos - ou seja, meus óculos não são tirados da sua caixa há mais de seis anos. Odiava ter que ficar empurrando ele pra cima sempre que escorregava pelo meu nariz, ou ter que ficar limpando a lente quando, sem querer, sujava com meu dedo na tentativa de coçar o olho.

Mas aí minhas lentes acabaram.

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Dessa vez, o trabalho seria às nove da manhã. Acordei as sete, me arrumei e fui. Já estava me acostumando com a rotina desorganizada da minha tia.

Essa era a minha terceira semana na Coréia - Minho se machucou antes de ontem, mas ainda não tive notícias dele já que ontem foi meu dia de folga.

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Subi pelo elevador, entrei na sala reservada e me arrumei. Depois de mais de vinte dias, já conseguia me "transformar" sozinha - mesmo que ainda assim fosse bem difícil colocar as faixas.

Sara separava as minhas roupas e as escondia em uma caixa embaixo do armário. Dessa vez, eu usaria uma calça jeans, um coturno, um casaco preto bem longo e uma munhequeira preta de couro com uma corrente enrolada nela - meio "rock" demais para mim, mas bem legal.

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Assim que abri a porta, era confete e serpentina para todo lado. Sara correu para cima e me deu um abraço bem apertado. Recebi muito carinho na cabeça e alguns apertos de mão. Eu estava mais do que confusa.

– O-O que é isso tudo? - olhe em volta, e todos do SHINee estavam sorrindo para mim, até mesmo Minho, que estava sentado em uma cadeira de rodas. Mas não era apenas o SHINee, era todo mundo que trabalhava comigo.

– É nossa forma de te agradecer! - disse Jonghyun, que me abraçou rapidamente, mas logo se afastou, olhando para mim com uma expressão confusa e surpresa.

Opa. As faixas.

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Todos me cumprimentaram, e até tinha bolo de chocolate com doce de leite. Aproveitei o máximo que pude, mas não podia ignorar o fato que Jonghyun me lançava alguns olhares estranhos.

Ele conversava com Key, e com uma leitura labial iniciante, consegui apenas entender "algo fofo". Key apenas riu e o bateu com o cotovelo.

Eu estava em problemas - grandes problemas.

Imaginei que, se tentasse pedir para ele não falar para ninguém, só seria mais estranho, então continuei em silêncio sobre isso e fui almoçar.

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Abri a caixa e era frango frito. Eu amo frango frito. Amo. Mesmo. Mas assim que peguei o primeiro pedaço, senti que alguém estava me encarando. Apenas ignorei.

Dei a primeira mordida e senti que alguém estava bem atrás de mim. Me virei e Onew me encarava com um olhar mortal.

– O-O que é agora? - perguntei, com a boca cheia.

– Você.. seu traidor. Seu punk! - ele me xingou, com os olhos cheios de lágrimas.

– Hã? Onew hyung? - me levantei, assustada.

– Como você pode comer frango frito sem me chamar? Fiz algo de errado para você?! - eu juro que quase caí de cara no chão.

Eu ri, mais do que tinha rido desde que cheguei no país. Lacrimejei de tanto rir. Coloquei minha mão sobre minha boca, ainda rindo. Olhei para Onew - ele suspirou e sorriu. Puxei a cadeira ao meu lado para ele se sentar e almoçamos juntos.

No final, Taemin também se juntou para comer conosco. Mas eu não conseguia comer porque a cada cinco segundos, Onew fazia alguma besteira. Taemin disse que era o famoso Onew Condition.

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Dessa vez, eu podia ir para casa cedo - ou seja, antes da meia noite - mas antes que eu pisasse no elevador, Key me chamou.

Hesitante, fui para perto dele. Caminhamos para um corredor vazio, perto da minha sala secreta. Eu estava cada vez mais nervosa. Quando paramos, ele encostou na parede e olhou para mim seriamente.

– Você.. Se não for mais cuidadosa, os outros também vão descobrir. Jonghyun já está suspeitando.

– S-Suspeitando de quê? - eu já sabia do que ele estava falando, mas precisava confirmar.

Ele ergueu a mão esquerda para mim e tirou meus óculos delicadamente.

– Que você é uma garota. É a garota que encontrei no aeroporto.

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Ah, eu estava tão ferrada.