- Lara? Lara? – Ele estava me chamando. Nós já estávamos no carro e ele estava dirigindo. Ele já tinha 19 anos, então ele podia dirigir.

- Ahn, oi? – Eu falei saindo do “transe”.

- Tá tudo bem? Você tá tão calada. E essa era bem a décima vez que eu te chamava. Olha, se não quiser sair comigo tudo bem, eu volto e te deixo em casa, não quero te forçar a fazer algo que você não quer e...

- Não, eu quero ir. – Certo, eu estava aceitando? É isso? É, era isso mesmo. Eu estava muito estranha.

- Tudo bem então. – Daí ele sorriu. E automaticamente eu sorri também. Eu estava parecendo uma boboca. Não sabia o que estava acontecendo comigo.

Então o clima ficou tenso. Eu não falava nada, nem ele.

- Posso ligar o som? – Eu perguntei.

- Claro.

Quando eu liguei estava tocando Always – Bon Jovi. EU AMAVA ESSA MÚSICA.

- And I will looooooove you, baaaaaby, aaaaaaaalways. And I'll beeee theeere, foreeever and a day, aaaalways. I'll be there till the stars don't shine. Till the heavens burst and the words don't rhyme. I know when I die, you'll be on my mind. And I love you, aaaaaaaaaalways. – Eu cantei me empolgando.

- Now your pictures that you left behind. Are just memories of a different life. Some that made us laugh. Some that made us cry. One that made you have to say good bye. What I'd give to run my fingers through your hair. To touch your lips, to hold you near. When you say your prayers, try to understand. I've made mistakes, I'm just a man. When he holds you close. When he pulls you near. When he says the words. You've been needing to hear. I wish I was him, cause those words are mine. To say to you till the end of time and – Ele completou.

- I wiiiiiiiill loooove you, baaaaby, aaaaalways. And I'll beee theeeere, foreeeever and a day, aaaaalways. If you told me to cry for you, I could. If you told me to die for you, I would. Take a look at my face. There's no price I won't pay. To say these words to you. – Nós cantamos juntos, depois olhamos um pro outro e começamos a rir.

Até que meu dia não estava sendo uma desgraça.

- Você gosta dessa música? – Eu perguntei.

- Se eu estou cantando é porque eu gosto, né, lerdinha  – Ele respondeu rindo.

- Ô, magoou! – Eu disse fazendo biquinho.

- Awn, desculpa, bebê – Ele respondeu me dando um beijo no nariz.

Eu realmente me perguntava se não era melhor eu deixar “rolar”. Dar uma chance a ele. Mudar algo na minha vida. Eu estava cansada de sofrer pelo Artur, um menino que nem sequer liga pra mim. É, vou dar uma chance, se não der certo, não deu.

Chegamos no shopping e fomos comprar nossos ingressos pro cinema.

- Posso te perguntar uma coisa? – Eu disse entrando na fila.

- Já está perguntando – Ele riu atrás de mim.

- Sério. Por que eu? – Eu perguntei, me virando. Então ele olhou pra mim e disse:

- Gosto de cabelos azuis.

- Sem brincadeira, sério, sério.

- Sério, sério mesmo? – Ele sorriu. – Eu não sei, gostei da sua personalidade...

- Garota bêbada, estranha que só gosta de rock?

- Essa mesmo. É diferente. E eu acho que você sofre mais do que demonstra. – Ele disse olhando bem nos meus olhos, e eu desviei, olhando pro chão. – Acertei.

- Verdade, mas ninguém precisa saber dos meus problemas, todo mundo já tem os próprios, ninguém liga pra mim.

- Eu ligo.

- Que nada, você me conheceu ontem.

- Eu gosto de você.

- Gosta nada. Você nem me conhece direito.

- Conheço o bastante. Bebe muito, como eu disse antes, sofre mais do que demonstra, é divertida, é a melhor amiga do Rafael, melhor amiga da Lorena, briga muito com os irmãos, gosta do Artur, um menino que nem sequer liga pra você...

- Como você sabe disso? – Eu perguntei desconfiada.

- Tenho meus contatos, mas calma, não acabei. Continuando, um menino que nem sequer liga pra você, mas eu ligo, e eu poderia acabar com seu sofrimento, eu poderia te fazer uma menina feliz, você não precisaria chorar por mim, você não iria sofrer, comigo você iria ser feliz. E eu quero que você me dê uma chance pra te provar isso. – Ele disse olhando bem no fundo dos meus olhos.