I Miss You... escrita por Hakuraku


Capítulo 9
I need another chance to live...


Notas iniciais do capítulo

Meninas,desculpem pela demora. Mas é que os preparativos para a escola, outras histórias que eu escrevo e alguns problemas pessoais atrapalharam minha criatividade --'
O capítulo ficou meio confuso, mas tenho quase certeza de que entenderão...
Enfim, boa leitura (:



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When it's time to live and let die

And you can't get another try

Something inside this heart has died

You're in ruins

Quando é tempo para viver e deixar morrer

E você não consegue tentar de novo

Algo dentro desse coração morreu

Você está em ruínas


Ashley POV

Quando Melody saiu do meu quarto, me desvencilhei dos meninos e sentei na cama. Aquela menina conseguiu fazer com que eu me sentisse ainda pior, minha própria irmã! Os meninos me olhavam confusos, os três pares de olhos corrompidos por uma fina camada de compaixão, compreensão e mais alguns outros sentimentos que não me dei o trabalho de tentar descobrir.

– Mas... Alguém pode me explicar que diabos estão acontecendo aqui? – Brian exasperou, me olhando com aquela expressão de criança perdida. Inteligência não era lá o seu forte.

– Eu explico. – Eu disse antes que Matt e Jojo se prontificassem para tentar fazer Brian entender, e todos os olharem grudaram em mim. – Eu estava aqui, fui tomar banho e quando estava saindo... – Um soluço me impediu de terminar o relato e eu abaixei a cabeça. As imagens do corpo de Zacky sob o meu formavam um flashback doloroso de se lembrar. Eu ainda o sentia ali, ainda sentia suas mãos macias passeando pelo meu corpo, ainda o sentia dentro de mim como uma droga que me viciava e me fazia implorar por mais. Eu daria qualquer coisa para poder apagar aquele pedacinho cruel e sujo do meu passado.

– Não fique assim Sweety, vai dar tudo certo. – Bri disse ao se sentar ao meu lado, e então eu encostei minha cabeça em seu ombro. Aquilo não parecia certo, ele poderia e deveria ter ficado do lado de Melody para me acusar. Mas preferiu ficar comigo e me defender, ele brigou com a namorada por minha causa. Eu lhe devia muitos favores, ele sempre me protegia de tudo e todos sem se importar com as consequências. – Tudo bem, o que você fez não foi a coisa mais certa do mundo. Mas te lembrar disso toda hora vai adiantar alguma coisa?

– D... Desculpem. – Disse trêmula e os meninos se aproximaram. – Eu juro que n... Não queria, não estava nos meus planos fazer... Ah – Ofeguei e escondi o rosto contra a curva do pescoço de Bri, que afagou meus cabelos.

– Shh... – Matt sussurrou e colocou dois dedos sob meu queixo, levantando meu rosto com o máximo de delicadeza que possuía. – Você cedeu ao instinto, isso não é nada demais. E quer saber de uma coisa?

Um sorriso motivador se formou nos lábios do grandão, e foi impossível não sorrir de volta. A sinceridade contida naquele gesto tão simples e comum me pegou de surpresa, e senti meus lábios se esticarem nas pontas.

– Q... Quero – Disse ainda trêmula. Meus dentes batiam uns contra os outros e meu maxilar doía. – Eu acho...

– Não importa o que você fizer, nós sempre estaremos aqui para cuidar de você. – Matt disse, a droga do sorriso acompanhado de covinhas no rosto.

– Sempre cuidaremos de você, não importa a merda que fizer. – Jojo disse e os meninos o encararam com uma expressão de cala a boca! Eu apenas sorri em resposta, e ele piscou de volta.

– E o Zacky, como vai ficar? – Indaguei sentindo um nó se formando na minha garganta.

– Ele vai ficar bem. Digamos que o Fucking Gates aqui vai dar uma enrolada na sua adorável namorada – Brian disse e fez uma careta ao pronunciar a palavra adorável. – E deixaremos o caminho livre para Zacky conversar com a Lis. Ela não vai resistir e acabará o perdoando.

– Você é realmente foda! – Eu disse, e todos jogaram seus corpos sobre o meu. Ah, qual é? Aquilo lá era hora para montinho?

Girei-me para ajeitar o corpo sobre a cama, os meninos fizeram o mesmo. Acabei ficando encolhida entre Matt e Brian, e Johnny estava jogado sobre todos nós. Por mais incrível que pudesse parecer, estávamos mais confortáveis e felizes do que se estivéssemos deitados corretamente.

– O que acham? De volta a 1994! - Eu disse e todos riram, provavelmente do meu entusiasmo repentino. - Amo vocês, muito mesmo!

– Também te amamos, agora vamos dormir. – Jojo resmungou, e aquilo foi a última coisa que ouvi antes de apagar.

▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬ஜ۩۞۩ஜ▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬

Abri os olhos novamente e olhei em volta, percebendo que estava sozinha na cama. Talvez os meninos estivessem na sala, ou na cozinha…

Rolei na cama e custei a levantar, encontrando um papel amassado sobre a mesinha de cabeceira. Cocei os olhos preguiçosamente e consegui identificar a letra de Brian sobre o papel borrado, e as letras disformes apresentavam a seguinte mensagem:

●๋•..●๋•

Ash, Melody passou mal após a discussão, estava desmaiada quando a encontramos. Deve ter ficado nervosa, isso é a cara dela e sempre acontece quando ela discute com alguém. Eu e os meninos fomos leva-la ao hospital e ver melhor o que ela tem, não temos certeza de quanto tempo iremos demorar. Fique bem, se comporte e prometo te fazer a pipoca do Syn que você tanto ama!

Beijos, nós te amamos.

●๋•..●๋•

Senti o desespero tomar conta de cada célula do meu corpo e larguei o papel de qualquer jeito sobre a cama, sem ainda acreditar muito bem no que havia lido. Minha irmã estava mal, e o pior: Por minha causa. Eu precisava ir embora dali imediatamente, ou não sabia quantas vezes isso iria se repetir. Eu conhecia Melody como a palma da minha mão, e sabia bem que ela não esqueceria o que eu fiz – Mesmo ela não tendo absolutamente nada a ver com aquela história.

Passei as mãos sobre os cabelos novamente e sentei no chão, precisava esclarecer bem o que iria fazer ou então poderia cometer outro grande erro na minha vida. E tudo o que eu menos precisava ali era de outro erro.

– Preciso fazer isso. Ashley Isadore Brandon, não seja covarde! – Murmurei para mim mesma e marchei decidida até o guarda-roupas, pegando todas as roupas que vi pela frente e as jogando sobre a cama. Podia ser imaturidade minha ou não sei mais por qual motivo, mas sentia as lágrimas embaçando minha visão e não me sentia capaz de controlar aquela sensação ruim dentro de mim.

Minha mochila já estava arrumada, mas eu precisava de dinheiro para ir a qualquer lugar. Revirei minhas gavetas e reuni as moedas que encontrei por lá. Sentei-me e contei o dinheiro que achara, chegando ao animador valor de oito dólares e vinte centavos. Merda, o que iria fazer com míseros oito dólares?

Só então me lembrei de um bar que eu e Jimmy costumávamos frequentar, o Kansas. Era aproximadamente meia hora de carro, então achei que duraria o mesmo tempo de viagem se fosse de ônibus. Montei um plano aparentemente bom; Usaria cinco dólares para o ônibus e tentaria arrumar um emprego lá como garçonete. Eu já fui garçonete por um bom tempo, até pagava a faculdade com a grana que conseguia. Trabalhei em uma cafeteria até os vinte e um anos, foi a partir daí que comecei a dedicar minha vida demais à banda e fui perdendo minha identidade real aos poucos e sem ao menos me dar conta disso. Não me conheciam como Ashley Brandon, estudante de biologia que trancou a faculdade para cuidar das irmãs e sim como Ash B, ajudante dos meninos, a princesinha dos Avengers. E sinceramente, eu estava cansada disso. Não cansada dos meninos e da banda, isso jamais – Estava cansada de me olhar no espelho e perguntar quem eu era. Tornei-me um robô a mercê da banda, não pensava em nada a não ser nos projetos da banda e foi assim por cinco anos. Talvez a morte de Jimmy tivesse me aberto os olhos em relação a isso.

Peguei o bilhete de Brian e pensei em escrever uma carta de despedida, pelo menos temporária. Seria difícil e eu sabia disso, desde que mudei para HB nunca passei um dia sequer sem vê-los e mudar esse hábito seria no mínimo estranho. Respirei fundo e comecei a rabiscar o papel, as letras saíam quase esmagadas.

Ao terminar, reli o bilhete algumas vezes e tentava controlar as lágrimas que já rolavam livremente pelo meu rosto. Coloquei uma jaqueta que achei pendurada na porta do quarto de Brian e desci as escadas correndo, quando um porta-retratos caiu no chão. Agachei-me para pegar o objeto e de repente, Jimmy estava ali. Eu o sentia ali, e imediatamente a sensação de paz invadiu cada milímetro do meu corpo.

– Bom te ver de novo. – Disse para mim mesma e senti alguém acariciando meu rosto com o dedão. Era a segunda vez que o via naquele dia, e a primeira não foi lá a melhor situação para vê-lo. Criei coragem e levantei o rosto para olhá-lo.

Não havia ninguém ali comigo, e logo a sensação de vazio tomou conta do cômodo. Observei a foto e sorri por um momento ao lembrar de quando a tiramos.

Flashback on •..๋•

Voltávamos do bar Kansas às três da manhã de um domingo, o que significava isso? Todos bêbados, tropeçando, cantando I Will survive em um volume alto o suficiente para incomodar as pessoas que moravam onde passávamos e o principal: Os meninos, eu, minhas irmãs e tio Papa Gates reunidos até o dia seguinte.

– Junta aí pessoal, hora da foto! – Papa disse meio grogue, e os meninos mal olharam para ver quem havia falado. Quem tenta entender esses garotos? Com certeza eu não.

Eu não queria tirar foto ali, digamos que meu rosto não ficava a coisa mais linda do mundo quando minha sobriedade estava abaixo da média. Mas assenti rapidamente e prendi os cabelos em um coque desajeitado.

– Digam X pessoal!

Brian acabara de cair no chão, com uma garrafa de Heineken em cada mão. Jimmy, Matt, Jojo e Zacky sorriram para a hora do flash, mas a cara deles também não estava nada confiável. De todos ali, apenas Melody estava completamente sóbria – Não podia consumir bebida alcoólica por causa de um problema no sistema nervoso. Por fim, acabamos todos caídos na calçada e juramos que dormiríamos ali mesmo.

– Ah, eu amo vocês! – Jimmy praticamente gritou e todos se abraçaram (Coisa meio difícil de fazer quando se é esmagada por Matt e Zacky de uma vez só).

– Também te amamos, eu amo todos vocês! – Brian disse, e nós rimos. – Mas agora me deixem dormir.

Acabamos dormindo ali, um sobre os outros. E estávamos mais felizes do que estaríamos se dormíssemos em uma cama de verdade aquela noite.

Flashback off •..๋•

– Eu amo vocês, sempre vou amar. – Sussurrei e coloquei o porta-retratos de volta à estante. Precisava ir embora dali antes que os meninos voltassem, ou então me fariam ficar nem que fosse por meio de tortura.

Saí rapidamente da casa e vaguei lentamente até o ponto de ônibus, sorrindo sem graça toda vez que alguma pessoa que eu nunca havia visto na vida me cumprimentava. Até o ponto, foram dezessete; Entre senhoras, moças grávidas, adolescentes e rapazes. Aquilo não chegava a ser estranho, mas eu me sentia levemente incomodada com atenção das pessoas. A partir daquele dia, queria passar a ser invisível para os outros.

O ônibus finalmente chegou, pelo menos chegou pouco depois da chuva. Sentei-me no fim do transporte e encostei a cabeça na janela, sentia que choraria de novo.

A partir dali nunca mais seria a mesma, e isso era exatamente o que eu queria. Só me restava saber se eu estava preparada para não ser mais a mesma.



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