I Miss You... escrita por Hakuraku
Notas iniciais do capítulo
Eu adiantei esse capítulo em homenagem a uma menina muito fofa, CrazyShadows, além de claro, minha Harlot preferida hihi
Bati impacientemente na porta uma, duas, três vezes. Ninguém respondeu. Bati mais três vezes, e me preparava para derrubá-la aos murros e chutes quando Matt finalmente a abriu. Assustei-me quando vi seu rosto.
Havia olheiras profundas, círculos escuros em torno dos olhos claros que se destacavam talvez pela vermelhidão excessiva. Eu já o vira com raiva, já o vira sério e uma vez cheguei a vê-lo magoado. Mas aquilo estava além da agonia, era pior que o rosto de alguém sob tortura. Seu olhar era uma mistura de todos os piores sentimentos com os quais eu já lidei. Ele não levantou o olhar para me fitar e nem nada parecido.
– Matt, o que houve? – Perguntei agoniada e passei os braços em volta de sua cintura num abraço reconfortante. – Shh, vai ficar tudo bem, eu estou aqui tá?
Ele me conduziu às cegas até a sala e voltou a chorar. Senti-me como um adulto tentando acalmar uma criança.
– O Jimmy Ash, ele... – Um soluço cortou sua voz e ele ofegou. – Ah!
– Ele o que? – Perguntei com os olhos cheios de lágrimas. – Por favor, Matt, conte o que aconteceu.
Ele arfou pesadamente e piscou, enquanto duas lágrimas enormes transbordavam em seu rosto.
– Ele, ele... – Sua voz falhou, e aquilo só aumentou minha aflição. – Não posso Ash, não consigo te contar o que aconteceu.
Não consigo te contar o que aconteceu? Mas o que estava acontecendo ali, afinal de contas?
– Ele foi encontrado morto na casa dele hoje de manhã Ash. – Uma voz ainda mais embargada me pegou de surpresa. Me virei apavorada para ver quem tinha dito aquilo. Zacky até então estava sentado no braço do sofá, as costas arqueadas e o olhar pesado. Ele fechou os olhos e fez uma careta. Uma careta de dor.
Como em uma máquina velha, meu cérebro parou de processar as informações em minha volta assim que ouvi Zacky, e só então olhei para a sala. Da última vez que estivera ali tudo estava bem. Eu recordava de algumas coisas. Eu estava sentada no sofá com Jimmy esparramado no chão, a cabeça entre minhas pernas; Melody jogada sobre o tapete entre Brian e Johnny; Lissa e Zacky jogando um tipo de videogame enquanto Matt e Katy cantarolavam baixinho e desenhavam em um bloco de papel. Risadas, felicidade, piadas. Era tudo o que lembrava.
Agora, olhava como estávamos e tentava comparar. Eu e Matt de pé sobre o tapete, chorando copiosamente; Lissa afagava os cabelos de Zacky enquanto também chorava; Mel recostada no primeiro degrau da escada, Brian ao seu lado, as mãos arranhavam o rosto como se ele quisesse arrancar a pele do local. A menor mal se movia, apenas fechava os olhos com força e esfregava o rosto com violência quando alguma lágrima escorria, enquanto a outra mão permanecia pendurada no ombro de Brian. E Johnny estava sentado do lado do sofá, em um canto da parede, o olhar terrivelmente vago. Todos os meninos estavam com os olhos excessivamente vermelhos e pareciam cansados. Os rostos exauridos de dor formaram um retrato permanente na minha cabeça. Parecíamos zumbis petrificados e cheios de tristeza, as peças incrivelmente lindas vestidas com peças escuras e pesadas, que contrastavam perfeitamente com a pele branca.
A cena de todos rindo e felizes que surgiu na minha mente havia acontecido há três dias. Apenas três dias. Como tudo mudou tão repentinamente, sem que nenhum de nós percebesse?
A camada grossa de tristeza não parecia real. Não é real Ash, é só um sonho. Acorde AGORA, ordenei para mim mesma como se surtisse algum efeito.
– Não... – Sussurrei sentindo minha voz falhar. – Não, NÃO! – Fechei as mãos e dei um soco na minha própria coxa, que latejou um pouco.
Quando dei por mim, estava caída no chão frio, a cabeça tombada sobre os joelhos. Ssussurrava as palavras não é real para mim mesma. Eu sabia que era real, só não queria acreditar.
– Três, dois, um. – Ouvi Mel murmurar para si mesma, mas não me virei para observá-la.
Meu cérebro voltou ao normal com a mesma rapidez com que parou. Arregalei os olhos e soltei um guincho agoniado:
– NÃO, MEU JIMMY NÃO! – Agora, era eu que soluçava tanto a ponto de mal conseguir respirar. Era isso, não conseguia aspirar ar suficiente para me manter acordada. Tudo em minha volta começou a ficar turvo e girar. Pequenos pontos pretos se formaram, bloqueando minha visão e senti a consciência me deixando rapidamente.
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