The Night Belongs To Love escrita por Bubi


Capítulo 4
Semi - Vida


Notas iniciais do capítulo

Não sei como ficou, era pra ser maior, mas minha mãe quer q eu desligue o compudador :/ haha
Espero que vocês gostem e que não tenha ficado tão ruim



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Estávamos indo dormir, era um pouco mais de duas da madrugada e Jason conseguira me convencer a subir e, pelo menos, tentar dormir. Tia Amélia já tinha dormido há um bom tempo, era a única nessa casa que tinha tamanha facilidade. 


Minhas pernas pareciam não querer obedecer, estavam fracas, Renan me ajudava a subir. Apesar de Jason não ser a favor de Renan dormir comigo ele sabia que só ele me fazia dormir de verdade. Ontem não tinha dormido nada, fiquei acordada pensando em voltar ao cemitério e como era tentadora a ideia de fazer o mesmo que tinha feito naquela tarde, só que dessa vez, sem ninguém pra impedir.

Minha cabeça girava e, na hora que fui subir o penúltimo degrau, tudo foi perdendo o foco ao poucos até vir a escuridão total.

Acordei tentando me sentar imediatamente, mas fui impedida por mãos.

- Você precisa descansar. - Jason falou firme ao meu lado.

Percebi que estava em minha cama e que não sabia como viera parar aqui.

- Onde está Renan? - Perguntei olhando em volta do quarto, mas novamente fui impedidas pelas mãos de Jason.

- Foi buscar algo pra você comer - Ele respondeu, frio.

- Eu não quero comer. - Falei.

- Não é questão de querer, você precisa! - Ele disse levantando um pouco a voz. - A quanto tempo você não come?

Pensei em mentir, falar que comi de manhã, algo assim. Mas então vi que o deixaria ainda mais irritado, eu não queria lidar com irritações hoje. Então fiquei quieta e baixei a cabeça.

- Faz quatro dias - Ele gritou. - Você tem noção o que é ficar quatro dias sem-comer! - Ele estava muito nervoso. - Me admira você ter desmaiado só agora! - Ele estava nervoso por minha causa. - Não posso...

Sua frase morreu ali, abaixando a cabeça e colocando-a entreas mãos. O momento foi interrompido por Renan e uma bandeja com muita comida. Perguntei-me se ele tinha pego toda a comida da casa.

Jason levantou da cama rapidamente passando por Renan e murmurou " De a ela alguma coisa leve, faz muito tempo que não come nada" saiu do quarto e não demorou muito para o barulho da porta de seu quarto batendo invadir o quarto e ficar um clima pesado no ar.

Me enfiei de baixo das cobertas, não ligando para com o fato de estar com a mesma roupa desde hoje de manhã. Deitei virando-me pra parede, quem sabe eles tirariam a vontade de enfiar comida em mim e me deixariam em paz.

Passaram-se pouco mais de cinco minutos, a essa altura pensei que Renan tinha desistido da comida e eu não tinha a absoluta certeza que ele ainda estava aqui.

Senti sua mão em meu rosto, e não pude esconder a surpresa. - Eu ainda estou aqui. - Ele soltou uma risada pelo nariz, me virei pra ele. - Da um tempo pro Jason, ele só está preocupado. - Renan disse calmo ,mas serio. - Ele está com a razão, você precisa comer. - Percebi um toque preocupado em sua voz.

- Não preciso. - Respondi simplesmente. 

- Então também não precisa de alguém pra você dormir. - Ele disse se levantando.

Eu sabia que ele estava blefando, mas quando ele atravessou a porta meu corpo entrou em desespero. Não queria nem lembrar da noite anterior muito menos reviver, sozinha e perdida em meio as lembranças revividas em minha mente, era torturante demais. Sentei-me na cama e gritei, mais alto que o necessário, pra ele ficar. Ele perguntou o que vou fazer pra ele ficar.

- Você não entende. - Respondi, agora baixo. - Como posso comer sabendo que ela não pode!

Ele sentou em minha cama e segurou a lateral do meu rosto com a mão. - Apenas sobreviva - Disse baixo, com os olhos transbordando sofrimento, com um pingo de esperança.

- É o que estou fazendo. - Falei quase sem-voz. Encarei aqueles olhos e vi a esperança desaparecer. Meu coração doeu, mas já estava acostumada com a dor. - Mas por você eu como. - Terminei dando um tímido sorriso.

Ele sorriu e foi até a bandeja que estava na escrivania do meu quarto.

Comi bolacha água e sal com margarina, meu estômago protestou no começo, mas logo aceitou a ideia de alimentar-se. Depois comi um pedaço de pudim de chocolate e tomei suco a base de soja (mamãe achava mais saudável).

Até me animei um pouquinho e dava pra ver a alegria que brotava nos olhos do Renan.

Logo eu estava com sono e, com Renan e seu cheiro, adormeci rápido.

***

Era sábado de manhã, 10 horas para ser mais exacta, eu tinha acabado de acordar, mas ainda não tinha arranjado forças pra levantar, quem sabe nem 10 horas eram mais. Hoje de madrugada fizera 1 semana que mamãe morreu, ás 7 horas seria a missa de sétimo dia. Isso fazia a morte dela ser mais real, mais concreta. 

Se nada disso tivesse acontecido eu já estaria acordada a boas 3 horas e, provavelmente, no meu curso de inglês á mais de uma hora, e estaria ansiosa pra chegar em casa por volta dos 12:30 e encontrar uma das deliciosas comidas que minha mãe fazia.

Suspirei pesadamente, me enterrando ainda mais nas cobertas. Apesar de fazer bons 25° graus lá fora, o quarto estava gelado e sem-vida. Olhei para o teto, vendo as estrelas milimetricamente colocadas pelas mãos especialistas da minha mãe, formando as constelações principais. 

Senti uma dor no peito de voltar ao passado. Mamãe não aceitava o fato de eu não observar as estrelas com ela á noite, " Você não pode ter medo de observar as estrelas" ela me falou indignada, " Não tenho medo das estrelas, tenho medo da noite" a expliquei. Então ela teve uma ideia, e toda animada colocou as constelações no teto acima de minha cama, aos domingos observava-mos as estrelas brilharem , com a luz auxiliar cor-de-rosa ligada, o que deixava as estrelas ainda mais bonitas, até por fim eu adormecer.

Virei-me para o lado, me encolhendo e respirando devagar. Fechei os olhos lentamente lembrando dela cantando a musica "Brilha brilha estrelinha" para Jason (que tinha onze anos na época, e se achava o adultão) para banaliza-lo, quando ele ficava com ciumes dos momentos meus e da mamãe.

Sorri involuntariamente ao lembra-lo quando era pequeno e inocente. Agora tudo estava tão diferente do que era pra ser.

Além de ser dispensada na aula de inglês, também fui dispensada da escola e do "trabalho"(aos domingos eu levava alguns cachorros pra passear) e Jason da faculdade e do trabalho(nos dias úteis ele faz estágio em uma mecânica no centro da cidade).

Tia Amélia vai embora amanhã, afinal ela tem uma vida, só esta ainda aqui para a missa de sétimo dia. Jason volta amanhã para a faculdade e para o trabalho, eu tive que convence-lo a ir, já que ele não queria me deixar sozinha. Eu não quero pensar nisso, mesmo se eu voltasse, eu não estaria voltando mesmo. É difícil entender. Por mim eu não voltava, mas Jason só aceitou voltar a sua vida 'normal' se eu voltasse a minha também, convenci ele a me deixar ficar 'ausente' por mais uma semana, e ai eu voltaria. Como se fosse assim, fácil!

Me convenci a levantar, colocando uma roupa qualquer, não ligava com a cor. Não era uma simples roupa preta que iria mostrar o que estava sentindo, ou se estava de luto. Eu não precisava de roupa preta pra pessoas perceberem que sim, eu estou de luto.

Fui pra cozinha e comi qualquer coisa e tomei o café que estava na mesa. Quando terminei meu café fui a sala de estar, Jason estava assistindo TV, quando me viu deu o sorriso triste de sempre.

Sentei ao seu lado e olhei para o relógio confirmando minhas suspeitas, eu tinha ficado mais na cama do que imaginava, eles marcavam dez para o meio-dia. Suspirei pesadamente e apoiei minha cabeça no ombro de Jason. A tristeza me invadindo, cavando um buraco ainda mais fundo em meu coração, perfurando minha alma. Essas datas diziam ser para confortar os parentes, eu não entendia. Tudo isso parecia fazer doer mais, qualquer palavra, gesto, ou lugar, tudo lembrava, tudo doía. Por dentro meu coração parecia jorrar litros de sangue, parecia que ninguém conseguiria estanca-lo.

Chorei em silencio, sem-lágrimas, sem soluços ou qualquer coisa que denunciaria minha depressão. Chorei por dentro, perdida, sem ter ninguém para me confortar e dizer com a voz fina "Ei, tudo vai ficar bem", chorei sozinha apesar de Jason estar ali do meu lado, servindo de apoio a minha cabeça. Eu parecia estar perdida dentro de minha mente, e nada existia, além de mim e a escuridão, que tanto já me assustou. A escuridão não me assustava, não mais; mas a solidão sim, estar sozinha no mundo; nada pior. (n/a: eu sei q ficou péssimo isso, meio poema, meio não. Eu pensei em tirar, mas já que está aí, pra que mexer, né! Achei que faria falta, já que transcreve o que ela está sentindo.)

Quando não consegui mais aquentar segurar as lágrimas sai da sala cobrindo o rosto, subi as escadas correndo. Meu irmão não me seguiu, já acostumado com minhas crises de choro.

***

Tinha acabado a missa de sétimo dia, depois as pessoas mostraram seus sentimentos e o luto pela minha mãe, algumas garotas da minha escola elogiaram minha roupa e disseram que nada melhor do que passar por um luto com estilo. Passar por um luto, essas palavras pareciam não existir para mim. Era viver um luto.

Nenhuma das falas, de absolutamente ninguém, me tocou realmente, na verdade as pessoas pareciam estar com medo de falar as típicas frases. O máximo que elas falaram foi "Sinto muito, ela era uma boa pessoa", eu não as culpo, porque apenas ficava olhando pra elas, morta-viva. Eu também teria medo. Mas frases padrão foram usadas com Jason, "Ela foi uma boa mulher" "Agora ela está em um lugar melhor" "Que descanse em paz" "Ela não gostaria de ver você triste".

Depois das pessoas finalmente irem embora convenci ao meu irmão ir embora e eu iria depois. Tive que prometer a ele que não me enterraria viva.

Fiquei sentada de frente para sua lápide, conversando com ela em meus pensamentos, e lá, ela respondia. 

Não parecia ter passado tanto tempo, mas quando percebi tudo estava escuro e estava começando a sentir frio. Jason ficaria preocupado então me despedi e voltei caminhando pra casa. Eu vestia um vestido preto com decote V, que seria até inapropriado se a renda não cobrisse praticamente ate o pescoço, ela fazia uma manga curta. Ele batia na metade das coxas, não poderia ousar estar com vestidos maiores (quando sai de casa estava quente). Sapatilhas pretas nos pés e um chapéu preto pra me proteger do sol, que já se pos aagun tempo.

Meus pés doíam por causa da sapatilha e cada passo era cansativo demais para quem não saia da cama a uma semana e não tem uma alimentação saudável, ou melhor, pra quem não tem uma alimentação.

O caminho era longo e escuro, já que nossa casa era para o lado das fazendas. As estrelas brilhavam no céu e a lua era linda. Não sabia qual fora a ultima vez que tinha observado o céu á noite e fora de casa ou de carro. Na verdade, acho que nunca teve uma primeira vez. Sorri, boba. Parando e observando-as.

"'Quando alguém morre, nasce uma estrelinha lá no céu' Mamãe disse com sua voz de anjo, enquanto me incentivava a ir lá fora observar as estrelas com ela 'Não quer ir ver papai?' Ela perguntou esperançosa.

Sorri dando minha mão a ela, meus olhos brilhando. 'Quero ver papai'. Respondi feliz."

As lembranças invadiram minha mente, então tivera uma primeira vez, eu não lembrava. Perguntei-me quantos anos eu tinha. Sorri, encantada, meus olhos transbordavam de lágrimas. Eu não sabia dizer ao certo, se era felicidade, tristeza, saudades. Saudades, com certeza era saudades, saudades de minha mãe, principalmente. E daquele que eu nunca conheci, e mesmo assim o amo com todas as minhas forças.

Agora já era possível avistar a casa, então corri, saltitante e um pouquinho renovada, um pouquinho mais esperançosa. E disposta a dar mais uma chance a vida.

Cheguei em casa e as luzes estavam apagadas, mas as janelas meio abertas. Deduzi então que Jason foi me buscar de carro no cemitério. Tia Amélia provavelmente já estaria dormindo, então me acomodei no degrau da porta de entrada. Estava disposta a espera-lo.

Ele demorou um pouco pra chegar saiu do carro e bateu a porta com força.

- Como chegou aqui? - Ele perguntou gritando e nervoso.

- Não vi o tempo passar, vi que era tarde e resolvi vir andando - Respondi ainda sentada.

- Por que veio andando?! - Ele perguntou, pensei em contar, sobre céu e sobre as estrelas, mas ele não deu chance. - Podia ter me ligado, eu te buscava!

- Eu não pensei nisso. - Falei me encolhendo, tentando proteger-me de seus ataques.


- Você não pensou, não é? Não pensou no poderia ter acontecido com você! - Ele gritava e jogava seus braços para o alto, fazendo-o parecer mais alto e assustador. Eu me encolhia parecendo ainda mais pequena e frágil. - Procurei você no cemitério e quase cavei aonde a mãe está enterrada pra ver se você não cometeu besteira! - Ele riu cinicamente.

Então ele me olhou e viu as lágrimas que nem eu tinha percebido, respirou pesadamente e jogou as chaves da casa.

- Entra, vou dar uma volta. - Ele disse frio, sem gritar.

- Mas e Renan... ? - Perguntei com receio.

- Pedi pra ele não vir hoje - Ele riu de novo, como se não acreditasse que fizera isso mesmo. - Disse a ele que eu ajudaria você a dormir e compartilharemos a dor de hoje. E que acabaríamos adormecendo sem-querer, pelo cansaço. - Ele bufou, descrente.

Senti meus olhos umidecendo de novo.

Não aguentei e corri pra dentro de casa, subindo os degraus correndo e me trancando no quarto.

Eu sabia que não conseguiria dormir, não depois disso.

Troquei de roupa e escovei meus dentes. Fiquei na cama olhando para o meu quarto, voltei a ter medo do escuro, deixei a luz auxiliar ligada. E chorei baixinho. 

Já estava de olhos fechados, mas não dormindo, senti as mãos acariciarem meu rosto. Abri meus olhos e vi Jason sorrindo á luz da lâmpada auxiliar, devolvi o sorriso. Ele deitou ao meu lado, era reconfortante ter ele aos meus braços, ainda não era Renan, mas era Jason, meu irmão.

- A porta do quarto estava trancada... - Falei quando já estava quase adormecendo.

-O telhado... - Ele falou simplesmente.

***

Domingo chegou e Tia Amélia foi embora. Então veio segunda, terça, quarta... Jason trabalhava e estudava, eu ficava em casa muitas vezes chorava, Renan vinha toda noite e me ajudava a dormir, mas eu sentia, no meio da madrugada, ele saindo da minha cama. Sem-Jason em casa era fácil ficar sem-comer. Eu apenas sujava alguns pratos e esmigalhava alguns pedaços de pão. Domingo, como as pessoas que Tia Amélia iria embora e Jason começaria a trabalhar e estudar na segunda, os vizinhos ofereciam ajuda e até almoço levado em casa. Eu recusei absolutamente tudo, aos protestos de Jason e Renan.


Semi-Vida

Quando tudo acabou

Eu aprendi a viver meia viva

Agora choro este amor que se afogou

Ainda ando um pouco à deriva

Tudo se dá por terminado

Tudo parece terrível

Quase como um violento tornado

Nesta altura tão sensível

Talvez um dia eu volte a ser feliz

Mas não te esqueças

Que neste amor não há nada que desconheças

(Não sei ao certo o seu nome do(a) autor(a) mais encontrei o poema aqui)


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Notas finais do capítulo

Passei a tarde inteira fazendo esse capitulo, não gostei de escreve-lo, esses capitulos estão enrolados de mais!
Eu iria escrever de noite, mas, como tive a prova Brasil hoje, precisava dormir bem haha Falando a de prova Brasil nem toquei nos livros pra estudar e a prova tava ridícula. Serio, ou tava fácil de mais, e acertei tudo. ou era pegadinha e errei tudo!
Agora é só esperar minha nota né!
Nos intervalos dos blocos eu tava todo inspirada pensando na minha história! Sumiu a metade quando finalmente terminei a prova...
Mas ta ai o capitulo :)
Mais falem o que vocês acham
Ta muito enrolado, difícil de entender ou ta entediante? Me falem por favor!!
Estou tendo dificuldades em escrever. A história que eu tinha escrito era em 3° pessoa e era mais engraçado (nesse capitulo tive que tirar algumas partes porque eu tinha colocado muitas piadinhas e essas coisas. Também acabei não resistindo e descrevendo a roupa dela kkk acredita que até fiz no Polyvore kkk a garota de luto pensando em moda não da né!)
Nos próximos capítulos a história vai melhorar e vai andar mais. Eu Espero...