I'm Not Ok escrita por Bones


Capítulo 4
Capítulo 4 - Apenas Um Rato Engaiolado


Notas iniciais do capítulo

Ok, achei que o capítulo ficou realmente muito... "denso". Um pouco mais pesado do que eu imaginava, mas está empolgante e ele é extremamente necessário para o seguimento da história.
No começo ele pode parecer um pouco "sem sal", mas o final é realmente quente!
Música recomendada para a leitura do capítulo: The Smashing Pumpkins - Bullet With Butterfly Wings
Bom... boa leitura, meninos e meninas do meu coração! ♥



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Capítulo 4 – Apenas Um Rato Engaiolado

   Caminhamos lentamente até a escola, Mikey, Ray e eu. Além de nosso amigo, Ray também era nosso vizinho, por isso sempre saíamos de casa cedo para poder ir para a escola bem devagar, apreciando a paisagem e as conversas sem nenhum conteúdo. Dessa vez, íamos particularmente mais devagar que de costume, pois eu tentava arrastar o passo do grupo para adiar a enxurrada de olhares mal disfarçados em minha direção. Ou o encontro com aqueles três idiotas. Talvez eles quisessem repetir a dose, e dessa vez eu não tinha a mínima idéia de como iria reagir.

   Com o Iero, tecnicamente, eu nem me preocupava mais. Sempre fui bastante teimoso, então, na minha cabeça, não iria encontrá-lo na escola e ponto. Aquele papo de “te vejo amanhã” foi um blefe, algo dito por educação. Nem Mikey, que eu vivia procurando, eu encontrava com freqüência, que dirá um garoto que eu havia conhecido ontem, e que com toda a certeza não sairia me procurando por aí.

   Quando chegamos à porta da escola, aquele tão costumeiro clima estranho caiu sobre nós. Era ali que nos separávamos. Pode parecer meio dramático dito assim, mas era como era. Éramos unidos entre nós, no meio dos outros, não. Ray seguia seu caminho com seus amigos que não gostavam dele; Mikey até que ia feliz, assumir seu cargo de inspetor antes que o sinal tocasse e eu... bom eu ia para a sala com um livro ou qualquer coisa que pudesse me distrair e ficava no meu lugar até as aulas começarem.

- Bom... – Ray começou, ficando constrangido como sempre, mas tentando cortar o assunto depressa. – Eu tenho que ir, tem um pessoal me esperando. Tchau. – ele acenou e deu um sorriso amarelo, logo caminhando apressado para um grupo de pessoas um pouco mais a frente. Dava pra ver que não estavam nem aí para ele. Ele era apenas mais um a implorar a atenção do grupo, simplesmente para não acabar sem se encaixar em lugar algum, como eu.

- Bem, eu acho que também vou então, Gerard, já estou um pouco atrasado. – ele olhou o relógio e franziu o cenho, desgostoso. Já devia ter passado de sua hora de assumir seu incrível posto de inspetor. Eu sempre ria da importância que aquilo tinha para ele, mas quem sou eu para questionar? – Se cuide e evite brigas! – advertiu antes de me dar as costas.

- Sim, mamãe! – respondi enquanto ele ainda estava próximo o bastante para ouvir.

   E desta forma eu entrei na escola. Sozinho, mas eu não reclamava por isso. Como eu já devo ter dito, geralmente eu preferia estar sozinho. Eu sou daquele tipo de pessoa cheia de manias estranhas, e que não quer dividi-las com ninguém. Sou tipo aqueles vizinhos velhos e chatos que passam o dia ouvindo rádio com o mesmo pijama amarelado de sempre, na mesma cadeira de sempre, colocada no meio da varanda. Por isso às vezes me surpreendo por Mikey e Ray ainda me quererem por perto. Sou uma pessoa difícil de lidar, e não faço o mínimo de esforço para mudar isso, realmente. E como eu já disse, nem sempre fui assim. Mas eu já havia me acostumado com essa situação, então, o que fazer?

   Caminhei direto para minha sala, sem nem olhar para os lados. O sinal talvez ainda demorasse uns cinco minutos a bater, então eu teria um tempo sozinho e tranqüilo para dividir apenas comigo mesmo. Entrei na sala vazia e sentei-me em meu lugar de sempre, lá abri meu livro e, quando estava chegando à melhor parte do capítulo... o barulho estridente do sinal é ouvido e eu simplesmente fecho o livro e desisto de ler.

   E que se inicie o inferno!

   Estranhamente não foram muitas as pessoas que riram ou apontaram para mim por causa do olho roxo, mas o simples fato de eu estar naquela escola e sendo obrigado a ficar dentro daquela sala e com aquelas pessoas, já roubava as minhas forças totalmente. Fiquei “na minha”, como sempre, sem me importar ao menos em prestar atenção nas duas aulas de biologia que tivemos. Era matéria de prova... e daí? Minhas notas já estavam uma droga mesmo.

   Quando o sinal para o intervalo bateu, esperei, como de costume, a sala se esvaziar para que eu pudesse sair dela sem ter que passar por todo aquele tumulto. Caminhei sem ânimo pelos corredores, até que ouço alguém gritar meu nome.

- Gerard! – ninguém costumava me chamar por nenhum outro nome que não fosse “Way”. E aquela voz era conhecida.

   Virei para trás e me deparei com ele. Ele mesmo, Iero. Tinha vindo correndo em minha direção e, quando chegou perto, apoiou-se em meu ombro, a outra mão no joelho, a mochila esquecida no chão, e toda a minha certeza de não encontrá-lo descendo pelo ralo.  

   E naquele maravilhoso momento – por favor, eu estou sendo irônico. – a única coisa que eu consegui fazer foi olhar para ele com minha melhor cara de incredulidade e esperar para ver qual seria seu próximo movimento.

- Cara, e eu pensando que não fosse te encontrar! – ele dizia, sorrindo e tentando se recompor. Por acaso ele estava me... procurando?

- Oi? – foi a frase mais inteligente que eu consegui formular.

- Lembra de mim? Frank! De ontem... – ele esperava o que eu ia dizer com certa expectativa no olhar.

- Sim, lembro sim. – forcei um sorriso, sem saber exatamente o que eu estava fazendo. Então o primeiro nome era Frank? Bom saber. – E aí, tudo certo?

   Reparei logo que seu rosto estava bem mais roxo que o meu, e em vários pontos. Sua boca estava inchada devido a um corte profundo. Obviamente que não estava tudo certo.

- É, na medida do possível. – ele sorria ainda mais e eu me sentia cada vez mais desconfortável. Queria que aquela conversa acabasse ali. - Cara, conheci seu irmão hoje! Foi ele quem me disse que talvez eu te encontrasse por aqui.

   “Maldito Mikey!” foi tudo o que eu consegui pensar, junto com uma montanha de palavrões que se atravancavam para sair da minha boca. Eu os engoli e tentei prosseguir com o diálogo. Mas eu, sinceramente, não sabia o que dizer.

   Porém, como algo divino, ouço o sinal que anunciava o fim do intervalo para os alunos do primeiro ano, o que significava que Frank, que pelo visto estava na mesma sala que meu irmão, teria de se despedir. Eu ouvi um AMÉM?

- Bom, ahn... Acho que eu tenho que ir... – observei ele perder um pouco de toda aquela energia infantil com a qual ele me abordara, mas logo voltando a se agitar, retirando algo de sua mochila e empurrando para minhas mãos. Era um CD. – Como eu vi que você gosta de Misfits, achei que também gostaria dessa banda. – e eu li no encarte: - The Smashing Pumpkins. Pode ouvir sem pressa, ok? Vou querer saber o que achou depois.

   E com um breve aceno, da mesma forma que ele veio até mim, ele desapareceu entre os estudantes mais novos que passavam pelo corredor. E eu lá, parado feito bobo, com o tal CD na mão, no meio do corredor. No fim, ele não forçara nenhum tipo de aproximação, não me colocara em nenhuma encrenca, ninguém viera me encher por estar falando com ele... simplesmente nada de ruim acontecera. E por um segundo eu vi o quanto eu estava sendo idiota fugindo de um garoto que tinha metade do meu tamanho e o dobro da minha coragem. E também, talvez um pouco da culpa que eu estava sentindo por tê-lo tratado de uma forma tão fria quando ele se preocupou em me trazer um CD que talvez me agradasse tenha influenciado um pouco meus pensamentos. Mas como eu disse, foi apenas por um segundo.

   E depois daquilo, o intervalo e as duas aulas que se seguiram depois dele não foram mais do que uma montanha de acontecimentos sucessivos dos quais eu não entendera metade. Era engraçado como ele tinha essa... coisa... de conseguir modificar minha rotina com apenas alguns segundos de conversa. Até meus pensamentos estavam uma bagunça só, e eu tentava ignora-los com uma força de vontade sem tamanho, mas sempre um ou outro escapava para o meu nível de consciência, e todos os outros vinham em seguida como uma enxurrada.

   Ainda meio atordoado, e notando que o sinal havia tocado novamente, segui para o meu segundo intervalo, sem saber exatamente para onde ir. Dessa vez, pensando em tantas coisas, nem dei atenção à grande quantidade de pessoas em frente à porta, empurrando várias delas para que conseguisse finalmente passar. Andei pelos corredores cheios de alunos com as mãos nos bolsos e, pela primeira vez em muito tempo, sem me preocupar com quem estava ao meu redor. Eu simplesmente queria andar para

arejar minhas idéias, não estava me preocupando com mais ninguém além de mim.

   E eu estava tão absorto em pensamentos que demorei a notar a grande sombra que se formava lentamente sobre mim, denunciando que alguém às minhas costas se aproximava.

   E quando eu notei já estava sendo prensado contra um armário.

- E aí, Way! Quanto tempo! – ele sorria sarcástico pra mim. O mesmo cara que batera em Frank e me dera o soco, com os mesmos dois comparsas sem cérebro atrás dele, rindo.

   Eu sabia que ele viria atrás de mim! Merda!

- O que foi? Não vai mais me ameaçar, Way? – o sorriso se estendera em seu rosto, e eu não pude fazer nada se não continuar parado, encarando-o, suando feito um porco e tentando ocultar o medo que exalava por cada centímetro do meu corpo. Mas ele conseguia fareja-lo. – Parece que aprendeu a lição com o estrago que eu fiz no seu rosto, não é, idiota?

   Enquanto seu braço esquerdo me empurrava pelo pescoço para mais perto os armários, apenas observei ele levantar a mão direita em direção ao meu olho e apertar um pedaço da pele arroxeada com o indicador.

- Para com isso, porra! – eu gritei, a dor era intensa. Comecei então a me debater, tentando incessantemente tirar aquele aperto da minha garganta, mas não tive sucesso.

- Ah, será que aquele soco não foi o bastante? – ele sorria ainda mais com a minha agonia.

   Os alunos começaram então a se aglomerar em nossa volta, se acotovelando para ter a melhor visão do espetáculo. Eu estava desesperado, meu coração batia em um ritmo frenético e eu sentia a adrenalina correr pelas minhas veias como se eu já não tivesse mais sangue. O ar faltava na medida em que o aperto em minha garganta se intensificava, e eu sentia que não agüentaria muito mais se eu não saísse daquela situação logo. De repente, tudo começou a ficar apertado demais, quente demais, meu corpo começou a ficar mole e eu sentia que iria desmaiar.

- Olhem só, a donzela vai desmaiar de medo! – ele ria escancaradamente, e eu, com a pouca consciência que me restava, assistia os brutamontes atrás dele e a maioria dos alunos no meio daquela aglomeração o acompanhar. – Coitada... não sabe o que vai acontecer com ela enquanto não estiver mais entre nós.

   E aquilo para mim foi o bastante. Meu medo era maior que qualquer coisa naquele instante, e eu decididamente não queria acordar em uma cama de hospital sem saber o que havia acontecido comigo, sem saber direito onde eu estava e quem eu era, sem saber como havia ganhado tantos hematomas que eu mal conseguia contar. Não de novo.

   Tirando forças sabe-se lá de onde, a última coisa que senti antes de cair sentado no chão foi meu pé colidindo contra algo.

- Maldito! – ele gritava à minha frente deitado em posição fetal, com as duas mãos entre as pernas. Se eu ainda não estivesse tão fora de mim, acho que eu sorriria medonhamente de orelha a orelha.

   O que me assusta às vezes é como eu perco o controle sobre mim tão de repente. Quando me dei conta, minha expressão de medo não havia sumido, mas eu estava literalmente montado em cima de meu agressor, lhe desferindo socos e mais socos no rosto e aonde mais minhas mãos conseguiam alcançar. Eu não sabia de onde havia vindo tanta raiva, nem porque ninguém havia apartado a briga ainda, sendo que o cara embaixo de meu corpo chorava como um bebê e o nariz quebrado jorrava sangue no piso e em suas roupas. Sai de cima dele, mais assustado do que já estava, e escorei-me nos armários, os olhos arregalados sem entender direito o que viam. Observei ele se levantar cambaleante, procurando seus dois comparsas e não os encontrando mais. Levou então as mãos ao nariz e lançou-me um olhar mortal ao ver o sangue escorrendo pela bela face que agora as garotas não iriam mais querer: ela havia sido quebrada por um zé ninguém, um perdedor. E na hora que ele saiu correndo pelo corredor, empurrando todos que se colocavam em sua frente, eu soube que ele não contaria para ninguém o acontecido... Alguém com o ego daquele tamanho não seria capaz de feri-lo daquela maneira.

   Mas eu sabia, sentia em meu íntimo novamente que aquilo ia ter volta.

   Continuei na mesma posição enquanto via a aglomeração de alunos se dissipar e o sinal para a entrada dos mesmos bater logo em seguida. Dirigi-me, ainda visivelmente abalado, para a sala e recebi um olhar penetrante de Ray, observador como sempre, que rapidamente notou que eu não estava normal... Estava muito longe disso.

   O que mais me surpreendeu naquele dia, decididamente, foi o que aconteceu então. Não foi Frank, não foi a briga que eu havia “ganhado” ou a guerra que eu havia comprado. O mais surpreendente de todo o meu dia foi ver Ray dispensar seus falsos amigos e seus sonhos de popularidade por um instante para vir falar comigo, com um semblante genuinamente preocupado.

- Cara, o que aconteceu? – eu ainda olhava para ele, atônito, dividido entre a surpresa e a avalanche de sensações de alguns minutos atrás. – Fala alguma coisa! Você ta me assustando! – ele me chacoalhava levemente pelos ombros.

- Eu... Eu... – eu devia estar parecendo um retardado, isso sim. Meus olhos não tinham foco e eu ouvia a voz de Ray muito longe de meus ouvidos. – Eu quebrei o nariz dele, Ray.

- Quebrou o nariz dele? Do que você está falando, Gerard? – ele continuou a me chacoalhar, dessa vez mais forte, e eu fui retomando a consciência aos poucos.

   Quando a ficha realmente caiu, eu segurei os braços de Ray, minha cara devia ser de puro terror.

- Eu estou muito fodido, Raymond! Absolutamente e completamente fodido! – nós caminhamos até o fundo da sala que, pela ausência do professor, ainda estava vazio. Todos os alunos estavam fora de seus lugares. – Sabe aquele cara que bateu no garoto e me deu o soco? – eu passava a mão trêmula pela testa na tentativa de enxugar o suor frio, a outra mão posta na cintura.

- O Greg? Lembro, claro. – ele cruzou os braços esperando que eu prosseguisse e apenas observou minha cara de ódio por tamanha intimidade com o meu futuro carrasco. – O que ele fez com você?

- Ele veio pra cima de mim agora no intervalo... Ele me imobilizou contra os armários e, cara, eu não sei o que deu em mim, eu juro que não sei o que deu em mim! – ele permaneceu calado me incentivando a continuar e apenas me vendo em meu desespero andando de um lado para o outro e passando as mãos freneticamente pelos cabelos. – Eu estava com tanto medo, tanto medo... Ray! Eu pensei que aquilo fosse acontecer de novo! – eu parei todos os meus movimentos e o encarei. Ele me olhava com a face surpresa, porém séria.

- Mas... Por quê? Como?

- Eu não sei, eu apenas via tudo se repetindo na minha cabeça... A ambulância, o hospital, minha mãe chorando me pedindo desculpas... – fiz uma pausa e engoli o nó em minha garganta. Tudo ainda parecia muito recente, como uma ferida aberta com a carne vermelha e sensível exposta. – Eu só sei que do nada eu explodi! – fiz um gesto amplo com as mãos, sem me importar com quem me olhava em tom de reprovação. – Quando eu me dei conta eu já estava em cima dele! Soquei tanto o rosto dele que acho que ele quebrou o nariz... E tinha sangue na cara dele toda, no chão, na roupa dele... – e foi então que eu notei alguns respingos em mim também, principalmente em minhas mãos, e logo tentei limpa-las no blazer azul marinho do colégio. – Ray, eu não sei o que deu em mim, mas eu tenho certeza de que essa merda toda que eu fiz hoje vai ter volta!

   Terminei meu discurso, meio ofegante, meio suplicante, esperando alguma reação de Ray. Qualquer uma servia, desde que não fosse a de sair correndo e gritando, me chamando de psicopata e derivados. Olhei em seus olhos buscando alguma resposta, e então ele se pronunciou:

- É você ta mesmo fodido! – e minha face deve ter retornado ao desespero, porque era nesse estado em que a minha cabeça se encontrava. Porra! E a merda do apoio moral, onde fica? – Mas, cara, se acalma! Talvez depois de ter batido no Greg, ninguém mais te encha o saco por aqui. Você sabe que ele é todo respeitadinho na escola.

- Não, Ray. Ele vai voltar! Não vai deixar barato a humilhação que eu o fiz passar. Não do modo como eu deixei barato! – apontei meu indicador em riste para meu próprio rosto. Eu devia estar deplorável. Encurralado como ratinho em frente ao grande e malvado gato pronto para enfiar seus dentes do meu pequeno pescoço de roedor.

- Olha, sério... Não sei muito bem o que você deve fazer, mas o primeiro de tudo com certeza é se acalmar. – ele colocou uma das mãos em meu ombro direito tentando me confortar. – Só faltam duas aulas e já vamos embora. Eu aviso a minha mãe que não vou para casa almoçar, a gente espera o Mikey e conversa com calma, ok?

- Ok... – eu concordei, sem ter muita certeza se essa atitude realmente estava correta, mas aquilo realmente havia feito eu me acalmar um pouco.

   E nesse exato instante, o professor adentrou a sala. Todos se sentaram enquanto o senhor de cabelos muito brancos retirava seu material e o organizava sobre sua mesa. Eu, que já estava quase que em meu nível normal de estresse, voltei a me sobressaltar quando sua voz roufenha tocou em um assunto do qual eu não queria mais saber.

- Gente, que manhã, não? Estão sabendo da briga que aconteceu no corredor agora a pouco? – Ray olhou significativamente para mim, que tremia em minha carteira, as mãos segurando fortemente a madeira como se eu tivesse medo de que ela sumisse.

   E logo todos os alunos estavam exaltados, perguntando-se sobre o que havia acontecido, mas aparentemente ninguém – daquela sala. – havia presenciado nosso pequeno show.

- Quem bateu no Greg, professor? – uma das garotas, trajando um uniforme de líder de torcida, perguntou exaltada em seu lugar, enquanto tentava calar a boca de suas amiguinhas que não paravam de cochichar. Meu estômago revirou e embrulhou ao ouvir a frase e imaginar a resposta para ela.

- Bom... Quem foi eu não sei, querida. – ele disse, suspirando logo depois. E eu suspirando aliviado por ele não saber nada sobre mim. – Mas deve ter sido alguém realmente forte. O senhor Gregory passou exaltado por mim pelos corredores e tinha bastante sangue em seu rosto.

   O rosto do professor se contorceu levemente em uma careta e ele apenas meneou a cabeça negativamente em desaprovação. Enquanto isso os alunos cochichavam ainda mais, e não acho que seja preciso dizer que nem eu nem ninguém prestou atenção nas aulas que se seguiram até que o sinal que anunciava o final das aulas tocasse.

   Mesmo depois que todos saíram da sala, e nela só permanecemos Ray e eu, eu não conseguia me levantar do meu lugar. Aquela sensação de que a morte estava próxima não deixava a minha cabeça de forma alguma, assim como a sensação de ter feito algo ao mesmo tempo extremamente errado e absolutamente certo.

   Eu me sentia um monstro por ter batido em Gregory daquela forma tão... animalesca. Mas não conseguia me sentir culpado, como se ele não merecesse tudo aquilo.

- Vem. – disse Ray, tocando de leve meu ombro e chamando minha atenção. Ele já havia juntado meu material e o seu e me estendia minha própria mochila. Peguei-a e caminhamos em silêncio até a saída, onde Mikey nos esperava... Com alguém em seu encalço.

   Como se já não bastassem os problemas que eu tinha, Mikey vinha trazendo novos deles para me conhecer. Era demais para uma cabeça só agüentar. Um passo errado de quem quer que fosse, e eu acho que teria um colapso ali mesmo.


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Notas finais do capítulo

E aí, o que acharam?
Eu estou curiosa para saber o que aconteceu com o Gerard no passado! Que história louca é essa de hospital? Enfermeiras? Mãe? Gente, que coisa!
E o que será que vai acontecer com ele daqui pra frente? Me parece um futuro bem incerto se ele não fizer nada a respeito.
Espero que eu mereça comentários, apesar de ter demorado um pouco para postar (e ter consciência disso, desculpem D:)
Aceito sugestões, elogios e receitas de bolo.
Obrigado por ler até aqui!
Beijos ♥