Ao chegarem em casa, deram de cara com Brian jogado no sofá, dormindo, com a cabeça encostada no colo de uma loira.

  Espere.

  Aquela era Michelle?

-Michelle?

  Taylor ergueu as sobrancelhas, e a própria abriu um sorriso, sem parar de acariciar os cabelos de Brian, que dormia feito um bebê. Lola fechou a porta, parando do lado da amiga, estreitando os olhos minimamente para a loira, tentando se lembrar de onde a conhecia.

-Hey, Taylor, tudo bem? Desculpe, não consigo levantar com um marmanjo de quase dois metros no meu colo.

  Taylor sorriu, simpática, apesar de bêbada, e foi até a mulher, lhe dando um abraço sem jeito.

-Essa é a Lola, minha amiga.

  Chelle sorriu para a garota, que continuava com um ponto de interrogação acima da cabeça. Taylor revirou os olhos, completando:

-Lola, essa não é a Valary. É a irmã dela.

  A menina olhou para Taylor, só então entendendo.

-AHHH SIM! NOSSA, VOCÊS SÃO IDENTICAS.

  Bateu na própria testa, fazendo Chelle rir. Logo depois disse que ia para o quarto do garoto, sem se der conta de que a namorada dele estava ali. Esta, claro, corou ao escutar isso.

-Então, vocês voltaram?

  Chelle sorriu pequeno, assentindo com a cabeça.

-Sim. Nem sei como consegui ficar todo aquele tempo sem ele. Foi surreal viver sem o Brian. Achei que fosse explodir. Mas foi bom, você sabe, para enfim eu perceber o quão ele é importante para mim.

  Aquelas palavras acertaram Taylor me cheio. Ver Chelle olhar para Brian com tanta doçura, tanto amor nos olhos... Sentia falta de quem a fazia ficar assim também, sentia muita falta...

-Ele disse coisas tão lindas... Coisas que eu pensava que ele nunca fosse dizer, confesso.

  Ela riu, passando a mão na bochecha do garoto.

-Coisas como as que Zacky diz pra você, sabe? Coisas românticas e apaixonadas, ele nunca me fez sentir-me tão especial quanto agora. Você é mesmo muito sortuda por escutar juras de amor todo dia, Taylor.

  Ela riu, olhando enfim para a garota.

  Esta tinha os olhos repletos de água, olhava o nada a sua frente. Apenas escutava o que ela dizia, enquanto pensamentos atordoados vagavam em sua mente. Como podia ser tão burra? Ela tinha o homem perfeito sempre ao seu lado, sempre a sua mão... E fora tão rude com ele, tão insensível quando apenas ignorava as lindas frases que ele falava...

-Taylor, você está bem? Ah, desculpe, eu disse algo errado?

  Chelle franzia a testa, inclinada para mais perto de Taylor, olhando-a nos olhos, culpando-se.

  Taylor piscou, fazendo a primeira lágrima cair, virando-se para a gêmea.

-Ah, não. Meus olhos estão lacrimejando demais, Huntington Beach está ficando com o clima muito seco, não acha?

  Chelle a encarava, equivocada, sem entender o que a morena dizia. Taylor apenas se levantou, balbuciando um “com licença” fraco e quase sem som, enquanto rumava o banheiro.

  Se sentou no chão, respirando fundo, levantando a cabeça para o alto.

  Como iria concertar o que fez? Não se tratava mais apenas das coisas que escondeu de Zacky sobre Kid. Envolvia toda a grosseria que fez a ele ao longo desses anos. Todos os anos que o maltratou sendo uma sem coração.

  Que burra, que burra!

  Limpou as lágrimas com as mãos tremulas, e seu olhar de repente avistou algo reluzente que a fez pensar em memórias que já estavam esquecidas.

  Um segundo depois ela já estava esticando o braço para pegá-lo.

                        ...

-Por que agente tem que parar na casa da mãe da Taylor?

  Zacky perguntou à Jimmy, que estacionava no meio fio da casa da velha que transformara a vida da morena deles em um inferno.

  Querendo ou não, aquela casa fora palco de muitas coisas. Principalmente para Zacky.

-Porque ela está ficando sem roupas.

-Está bisbilhotando o armário dela, seu pervertido?

  Zacky olhou para ele, saindo do carro em seguida, batendo a porta. Jimmy, franziu a testa, negando violentamente com a cabeça.

-Claro que não, seu ridículo! Ela comentou que precisava pegar umas roupas, mas não queria dar de cara com a Sra. Clarisse.

-E porque agente tem que fazer isso?

-Por que, não sei você, mas eu sou amigo dela.

  Zacky abaixou a cabeça, soltando o ar preso nos pulmões, resmungando alguma coisa que Rev não conseguira identificar. Este revirou os olhos, ignorando o amigo, rumando a casa.

  Tocou duas vezes a campainha e ninguém nem apareceu. Tocou mais uma vez e esperou, enfiando as mãos nos bolsos da jaqueta de couro preta.

-Onde ela foi hoje de manha?

  Zacky perguntou, vermelho pela pergunta, mas não conseguindo mais conter sua curiosidade. Ou preocupação. Rev o olhou com pena, em seguida rumando os olhos para os próprios pés, falando, em tom alto pelo barulho da ventania que acontecia:
-Foi fazer uma tatuagem com a Lola.

  Mais uns minutos de silencio prosseguiram.

-Será que ela saiu?

-O carro dela está ali.

  Zacky respondeu, apontando para o Chevy Impala velho na entrada da garagem da casa. Rev e ele trocaram olhares, até o mais alto encostar-se à maçaneta e ver que a porta estava aberta.

-Hey, Rev, feche isso!

-Não, ué, está aberta.

-Isso é invasão de domicilio, cara.

-Relaxa, só vamos pegar umas roupas da Taylor. Se aventure mais, porpeta.

  Rev adentrou a casa, sendo seguido por Zacky, mesmo hesitante e achando isso uma total falta do que fazer. A real é que não queria mais entrar numa casa tão marcante em sua historia com a morena.

  Enquanto Rev andava mais rápido, ele apenas caminhava, olhando para todos os cantos do lugar. A cadeira de onde Taylor o empurrara, brincando, e o fizera deslocar o maxilar ainda estava lá. O velho sofá, o mesmo da primeira vez que roubou um selinho da garota de sua vida...

  Era tudo tão nostálgico.

  Até seus devaneios serem interrompidos por Jimmy e sua voz.

-Puta que... ZACKY!

  Aquilo não era seu tom de voz normal. Zacky correu até onde vinha a voz, chegando na cozinha e sentindo-se gelar da cabeça aos pés.

-Santo Deus, o que aconteceu aqui?!