-Não vai mais falar comigo sem ser grosso?

-Posso ser irônico, também.

  Respondeu, seco, respirando fundo. Pegou um cigarro que estava pousado em cima da cama, acendendo-o e dando uma tragada, fechando os olhos e soltando a fumaça para cima, em seguida fitando a garota novamente. Taylor deu uma risada de desdém, rápida, fechando a cara em seguida.

-Você precisa parar de ser um babaca teimoso.

-E você precisa parar de ser uma idiota mal amada.

  Ele encarou a figura da menina novamente. Saltos altíssimos agulha nos pés, short e uma blusa maior que ele.

-É melhor ir, deve estar atrasada para o seu compromisso.

  Soltou a fumaça para cima novamente, encarando-a com um olhar de tédio. Taylor fechou a cara, numa expressão de raiva, se levantou e falou, seca:

-Quando você parar de palhaçada e se tocar que está sendo um babaca comigo, é melhor nem me procurar, Zachary.

-Ok.

  Disse, apenas, como se não ligasse, jogando o corpo para trás e colocando novamente o cigarro na boca.

  Taylor, ainda mais irritada, saiu do quarto e bateu a porta.

  Quando olhou para frente, Lola encarava-a com um olhar hesitante e de dó. Taylor fez questão de ignorá-la e adentrou a cozinha, abrindo a geladeira e tirando de lá uma garrafa ainda fechada de whiskey.

-Vamos?

  Lola respirou fundo, assentindo. A morena pegou as chaves e saiu da casa, batendo a porta com ainda mais força.

...

  Quando chegaram no Studio de tatuagem, Taylor já tinha bebido quase metade da garrafa, com a ajuda de Lola, claro.

  Empurraram as portas com insulfilme roxo e a fecharam em seguida. Taylor bebeu um gole, vendo todos presentes no lugar olharem para ela.

  Uma musica conhecida rolava lá dentro, e Taylor identificou por ser Carry On My Wayward Sons, do Kansas. Lola, por sua vez, mantinha seus olhos fixos em sua amiga, cheios de preocupação que uma bêbada não pode perceber.

-Lola O’Donnel! Pensei que estivesse na Inglaterra.

  Um homem alto e parecido com Matt em matéria de músculos se aproximou. Seus braços não tinham muitas tatuagens; apenas dois revólveres envoltos de cobras e algumas coisas escritas.

-Quem é a beberrona?

-É uma amiga minha, Taylor. Taylor, Jensen, Jensen, Taylor.

  O rapaz ergueu a mão para a menina, que lhe lançou um olhar sugestivo, e depois apertou-a. Jensen deu um sorriso maldoso no canto de sua boca, rindo consigo mesmo.

-Então, o que vai fazer hoje?

-Na verdade, eu só vim pra colorir de novo uma tatuagem que eu fiz na Inglaterra.

-Me trocando por ingleses de nariz em pé, Lola?

  A loira revirou os olhos, negando com a cabeça.

-Quem vai fazer uma hoje é a dona beberrona aqui.

  Lola apoiou a mão no ombro de Taylor, que deu um pequeno sorriso amarelo.

-Hm, que ótimo. A primeira?

-É.

  Taylor bebeu da garrafa novamente, fazendo o homem erguer as sobrancelhas e olhar para Lola, que deu de ombros.

-E o que vai ser?

  Taylor ergueu os braços, dando de ombros, dizendo:

-Estou em suas mãos.

  Jensen sorriu de novo, erguendo uma sobrancelha.

-Corajosa, eu gostei. Lola, vou chamar Kat para ver sua tatuagem. Eu cuido do desenho da sua amiga.

  Jensen gesticulou para que as duas o seguissem.

  Conforme andavam, algumas pessoas falavam com elas. Uma mulher de cabelos pretos e piercings em tudo que é lugar sorriu para Taylor, que acenou, já mais pra lá do que pra cá.

  Uma outra mulher, loira com mechas vermelhas, se aproximou de Lola e lhe deu um abraço apertado, rindo e falando algumas coisas.

-Kat, que bom te ver!

-Por onde andou, loira?

  As duas andaram em direção de uma cadeira mais afastada, onde tinham pastas com desenhos e uma pistola de tinta.

  Alguém assobiou, chamando a atenção da morena. Jensen já estava sentado em uma das cadeiras, com a máscara na mão e uma pasta na outra. Taylor andou calmamente até ele, se sentando e olhando em seus olhos.

-Quer ver alguns desenhos?

-Não.

  Jensen fez uma careta de diversão.

-Vai me deixar escolher a tatuagem?

-Pode tatuar o seu numero.

  O moreno riu, abaixando a cabeça enquanto Taylor abria um pequeno sorriso.

-Onde vai ser?

-Onde você quer que seja?

  Fez outra careta maliciosa, reprimindo um sorriso.

-Você precisa parar de se insinuar, posso entender errado.

  Sussurrou, olhando fundo nos olhos dela.

-O que eu mais quero é que alguém me entenda errado, Jensen.

  De longe, Lola observava os dois enquanto Kat coloria novamente a sua tatuagem do antebraço.

-Dá pra sentir o clima sexual dos dois daqui.

  Riu, fazendo a tatuadora rir também.

-Não me faz rir, cacete, vou borrar isso.

-Mas é sério, Kat!

  Kat riu novamente de sua amiga doida. Lola parou por um segundo de falar e rir, ficando sérias, algumas memórias retornando à sua cabeça.

~~~~FLASHBACK ON.

  Ela tinha 17 anos e Taylor 16. A mais nova passava um batom roxo escuro na boca, em pé em cima de seus saltos, inclinada para frente do espelho. Lola apenas a encarava, deitada na cama, ambas escutando os solos rápidos e perfeitos de Brian, do outro lado do quarto sentado no chão com sua guitarra no chão.

-Você sabe que não pode ficar enganando o coitado, né, Tay?

  Lola perguntou, cantarolando, como sempre. A menina, sem desgrudar os olhos de seu reflexo no espelho, se analisava. Era linda, desde pequena; os cabelos escuros e lisos agora batiam na altura de seu busto, mas nesse momento estavam presos em altos rabos de cavalos.

-Do que está falando?

-Do Zacky. Ele corre atrás de você feito criança atrás de doce. E você só fica se divertindo com ele, enquanto transa com Brian a noite toda.

  Brian, com um cigarro pendurado a boca, sorriu consigo mesmo. HB

 er

-Não estou manipulando ele, Lola.

  Taylor falou, dando de ombros.

-Claro que sim!

-EU NÃO ESTOU.

  Taylor falou ainda mais alto que ela, batendo o batom fechado na mesa, irritada. Não gostava quando falassem isso dela com Zacky; era uma relação complicada.

  Brian ergueu os olhos e as sobrancelhas, parando de tocar e encarando as duas. Lola mantinha sua expressão travessa e suas sobrancelhas no alto, como quem se diverte.

  Ela se levantou calmamente da cama, equilibrando-se em seus saltos. Parou perto de Taylor, olhou no fundo de seus olhos e falou, erguendo seu rosto com a ponta do dedo indicador:

-Ele a ama. Mas não vai correr atrás de você para o resto da vida.

  Abaixou a mão e lhe deu um beijo na bochecha, saindo do quarto.

~~~~~~Flashback off

  Lola balançou a cabeça, tirando a memória de sua cabeça.

  Bom, agora ela sabia que o que falou estava sendo posto a prova. O amor que Zacky sente por Taylor. Era algo lindo de se ver, é verdade, mas também triste aos olhos de quem está prestes a testemunhar isso se acabando.

...

  Bom, no final das contas, Taylor tatuou em sua nuca um frasquinho pequeno, com um liquido até a metade e com uma etiqueta presa em sua tampa de rolha, escrito “Pecado” em inglês, “Sin”.

  E com certeza estava dando para o Jensen, já que demorava tanto para sair do estúdio enquanto Lola já estava do lado de fora, com sua tatuagem colorida novamente.

  Quando Taylor saiu do lugar, com o batom mais claro que antes e borrado, abotoando a blusa e cabelos despenteados, Lola teve sua afirmação da pouca vergonha que se passara na saleta de Jensen.

-Sua puta.

  Lola falou, revirando os olhos. Não tinha um tom de brincadeira. Alias, fora um tom que não deixara Taylor nada nada feliz.

-Que foi? Não se pode ter um pouco de diversão aqui, é?

-Você nem conhecia ele!

  Lola falou, aumentando ainda mais a voz.

-E daí? Você já fez isso também, sair com estranhos!

-Mas eu sei pelo menos de onde eles são, quem eles são! Taylor, foi assim que você se enfiou nesse buraco com Kid, e eu não quero que faça isso de novo. Estou avisando. Jensen é como Kid, ele é perigoso. Pare já.

  Taylor ergueu as sobrancelhas, olhando paralisada para a moça.

-Não é nada.

-É sério. Jensen é agiota, vive matando quem não lhe paga o dinheiro que empresta. Por favor, por favor, diz que vai ficar longe.

  Taylor encarou no fundo dos olhos da amiga loira. Em seguida, estreitou os mesmos, erguendo o dedo indicador.

-Eu sei por que está falando isso.

  Lola revirou os olhos novamente, cruzando os braços, esperando.

-Zacky.

  Lola riu descaradamente da declaração da menina.

-Taylor, pelo amor! O que o Zacky tem a ver com isso?

-Eu não sei, mas de repente todos vocês não querem me deixar fazer nada, sempre falando algo sobre o Zacky...

-É porque todos nós sabemos que essa distancia está fazendo mal. Aos dois.

  Taylor desviou os olhos, pegando um cigarro e o isqueiro rosa choque de dentro da bolsa, acendendo-o e tragando-o.

-Que merda, heim? Isso de ficar falando que “eu estou mal por causa do Zacky”. Que coisa chata, você já foi mais divertida.

-Bom, não posso falar que isso é falta de sexo, não é?

  Ambas riram, entrando no carro.