-VOCÊ TRAÇOU A TAYLOR?

 Matt perguntou, de olhos arregalados, de frente para seu amigo Zacky. Ele negou com a cabeça, de testa franzida.

-Não!

-Não ainda, olha a cara de safado.

  Jimmy falou, balançando suas sobrancelhas, de braços cruzados perto deles. Todos na sala riram, e ate Zacky deixou transparecer um sorrisinho sutil em seus lábios.

-O que ela falou quando você falou de seus sentimentos para ela?

  Johnny fingiu interesse, piscando seguidas vezes, apoiando os cotovelos nos joelhos e encostando o queixo na palma das mãos, fingindo ser uma menina.

-Eu não falei nada. Ela percebeu.

-TAYLOR PERCEBEU? ALELUIA SENHOR, SABIA QUE ESSE DIA IA CHEGAR!

  Matt o caçoou o amigo novamente, erguendo os braços para o céu. Zacky riu, balançando a cabeça.

-Acha que ela está na sua? Tipo, gostar de você?

  Jimmy perguntou, pegando uma cerveja na geladeira.

-Acho.

-Esse “acho” é um “acho” de quem quer tirar onda ou você acha mesmo?

  Zacky pensou um pouco. Taylor tinha deixado claro a vontade de sexo, mas não era só o que Zacky queria.

-Bom, Taylor é uma viciada em sexo então isso não seria problema.

-A menos que você não se garanta. Aquela garota já transou com metade da nação, é melhor dar o seu melhor, anão.

  Jimmy o sacaneou, fazendo todos os outros rirem, menos Zacky que lhe tacou uma almofada.

-Mas eu não sei... A Taylor nunca foi amada realmente, nem os pais.  Fraternalmente, maternalmente... Ela nunca sentiu o gosto disso, ela foge dessa necessidade com sexo.

-Mas ela tem você desde os 10 anos, certo? Você é um irmão.

-Mas é ela quem não sabe expressar amor, retardaddo.

  Matt respondeu Johnny, que deu-lhe um empurrão.

-Olha, Zacky, tenho que ir porque a minha ursinha das montanha está me esperando no shopping.

  Todos ficaram em silencio, encarando Matt.

-Depois que ele começou a sair com a Val ficou mais gay.

  Alguém comentou, mas Matt nem seu ouvidos e saiu da casa.

  Taylor esperava Zacky na porta da casa dele. Ele dissera que estava na casa dos meninos da banda, mas já estava a caminho. Sentada no degrau perto da porta, ela esperava-o com um cigarro na mão.

  A porta da casa se abriu, sem dispersar a atenção de Taylor da fumaça do cigarro.

  Sue, a mãe de Zacky, sentou-se do meu lado.

-Você é realmente uma cachorra, não é, garota?

  Ela falou, olhando para Taylor.

-Sou chamada assim em horas melhores. Entre quatro paredes.

  Taylor falou sem descer do salto, encarando-a.

-O que você espera pegar de Zacky? Ele não é rico, como você.

-Ele é meu amigo.

  Taylor falou, se irritando.

-Amigo, tá bom...

  Sue riu, como se fosse cômico.

-Vadias como você não tem amigos!

  Isso machucou Taylor. A fez parar, e pensar um pouco.

  Ela realmente não tinha amigo nenhum, com exceção de Zacky, claro. Nem na escola, local onde ela provavelmente nunca iria mais, nem na Ponte... em lugar algum.

  Ela por um momento ficou paralisada, pensando.

  Até olhar para a velha novamente e, com amargura, dizer:

-Vacas mal amadas também não. Alias, vacas mal amadas não tem nada.

  Sue a encarou séria, engolindo a seco.

-Taylor.

  Zacky a chamou, de dentro do carro, de testa franzida olhando para as duas. Taylor se levantou, lançando um olhar mortal para a mãe dele, entrando no carro e se sentando no banco da frente.

-Tudo bem com você?

-Tudo.

  Taylor falou, gesticulando para que ele dirigisse.

  Zacky, claro, não acreditou, porém, achou melhor esperar chegar em casa para perguntar.

  Mas, assim que chegaram, Taylor se sentou no sofá velho no centro da sala, tateando a mesinha procurando seus cigarros. Zacky ficou parado em pé, encarando-a, pendurando as chaves num parafuso enroscado de mal jeito na parede.

-Você tem que parar de fumar tanto assim, Tay.

-Eu estou bem.

-Por enquanto. Isso não é bom, devia parar de vez.

-De fumar?

  Zacky fez que sim com a cabeça, mesmo sabendo que ela não tinha visto, pois agora enfiava a cabeça para debaixo do sofá.

-Achei você.

  Ela disse, sorrindo, pegando o maço de cigarro e retirando um.

-Você quer?

  Ele negou com a cabeça. Ela assentiu e acendeu o cigarro, encostando a cabeça no sofá, olhando para o teto.

  Zacky se jogou no espaço do seu lado, fazendo o mesmo, olhando para cima.

-Eu pensei uma coisa nessa noite.

  Taylor tirou o cigarro da boca.

-O que?

  Ela suspirou.

-Eu também não quero que... aconteça só porque eu ou você ou os dois estavam com vontade.

  Ela virou a cabeça para ele, que virou para ela.

  Zacky não podia acreditar que Taylor estava falando que não queria fazer sexo. Era um momento marcante.

-Eu acho que... bom, acho que vamos ser eu e você, sozinhos no mundo, vivendo perigosamente na cidade grande durante muito tempo.

-Eu gosto disso.

-É, eu também.

  Ela sorriu, erguendo a mão e acariciando seu rosto.

-Enfim, eu acho que devíamos esperar. Se tiver que acontecer, vai acontecer.

  Ela colocou os pés para cima, deitando sobre o peito de Zacky.

  Ele mal sabia que o propósito de Taylor ter dito aquelas coisas era por que ela estava com medo de se apaixonar por ele. Ela não sabia dar continuidade a uma relação com amor, simplesmente tudo desandava.

  E ela não queria estragar sua amizade com Zacky.

  Era tudo o que ela tinha.