O café da manhã foi tenso, muito tenso.

Thalia, Luke e eu estávamos sentados na mesa tomando café da manhã. Luke tinha um sorriso de canto feliz enquanto comia – era incrível como ele comia tudo normalmente, nem parecia um fantasma.

Eu não me sentia nem um pouco bem enquanto comia meu café da manha pelo simples e mortíferos olhares que Thalia me lançava a cada momento em que ela tinha oportunidade, enquanto saboreava seu ovo mexido ou bebendo seu suco.

Esses olhares mortíferos eram para eu ficar de boca fechada. Digamos que ontem eu presenciei um lado da Thalia que eu duvido que alguém além de mim já tenha presenciado isso, então ela me ameaçou de varias formas para eu não contar oque aconteceu e não vou contar porque jurei que não contaria nada sobre ontem à noite a ninguém.

Resolvi ficar de boca fechada porque Thalia realmente cumpriria sua promessa se eu contasse algo. O olhar dela dizia que ela não estava mentindo quando me fez a ameaça. Como diz o velho e bom ditado. Melhor prevenir do que remediar.

– Então... – Thalia me olhou com os olhos semicerrados me fazendo rolar os olhos. – Temos que ir ajudar na festa, mais um festival esta acontecendo aqui em Mystic Falls, que a Caroline falou ontem na escola pra gente. – falei pegando os talheres sujos da mesa e os coloquei na pia. Arregacei as mangas e comecei a lavar a louça

– Que festival é esse? – perguntou Thalia se juntando a mim para lavar a louça. Não temos empregados, todos tem que ajudar. Luke por exemplo estava guardando as coisas que usamos para fazer o café da manhã. Que fantasma eficiente.

– Festival em honra a noite da iluminação, iniciada pelos fundadores há 150 anos. – respondi.

– Ainda vai existir uma coisa que você não possa responder. – comentou Thalia com falsa voz de esperança me fazendo rolar os olhos.

– Se você prestasse atenção aos professores não teria me feito essa pergunta. – contra argumentei e ouvi Luke rir.

– Annabeth também esta com a língua mais afiada, hein. – disse Luke divertido. Thalia fechou a cara e me lançou mais um olhar mortal.

Maravilha, não faço nada de mais e ainda recebo mais olhares mortais.

Depois de terminarmos de levar e arrumar a mesa trocamos de roupa, Thalia e eu ainda estávamos com a roupa que fomos dormir, pegamos nossas bolsas, bom eu peguei já que Thalia não tinha uma e fomos embora.

Para a minha alegria, o meu carro estava em perfeito estado, não tinha nem um arranham.

Liguei para Caroline para saber a onde ela estaria e segui na direção que ela falou. Luke estava estranhamente silencioso olhando para a cidade, Thalia ligou o radio do carro e colocou em uma estação que estava tocando Green Day e eu estava querendo me livrar desses dois.

Santo mal humor que pairou agora.

Virei à esquina e vi Caroline e Bonnie ao lado de uma arvore colocando as lanternas. Matt estava do outro lado da rua colocando alguma coisa entre as varias lanternas que estavam na traseira da caminhonete e não estava com um rosto muito feliz.

Acenei para ele quando ele se virou em nossa direção e parei o carro atrás da caminhonete.

– Bom dia. – falei sorrindo descendo do carro. Luke simplesmente apareceu do meu lado enquanto que Thalia não saiu do carro. Matt pareceu não notar que Luke estava do meu lado. Será que só Thalia e eu poderíamos ver Luke?  – Como estão suas mãos? – perguntei deixando minha duvida do momento de lado.

– Bom dia. Estão muito melhores, obrigado. – disse Matt vindo para perto de mim e deu um beijo em minha bochecha. Olhou para o carro e acenou para Thalia que deu o aceno mais desanimado do mundo. – Ela esta bem? Esta com uma cara péssima.

– Deveria ter visto a cara dela ontem a noite. – comenta Luke divertido rente ao meu ouvido. –Se bem que se ele tivesse visto como ela estava ontem a noite ele estaria com uma cara péssima na hora do velório dele.

– Hurum... – pigarreio para disfarçar a vontade de rir enquanto Luke não parava de rir ao meu lado. Miserável. Porque sorrir tem que ser contagioso? – Então, deixa ela pra lá. Thalia não teve uma noite muito boa e os efeitos vão durar o dia inteiro se tivermos sorte.

– Se tivermos sorte? – Matt arqueou uma sobrancelha duvidoso.

– Se tivermos sorte. – repeti assentindo uma vez.

– Parece que sim e seu carro? – perguntou Matt me olhando e depois para o meu carro com um sorriso de canto. – Thalia não o bateu em um poste.

– Graças aos Deuses, não bateu e não tem nem um arranham. – falei sorrindo e acenei para Bonnie e Caroline do outro lado quando as duas acenaram para mim.

As duas fizeram menção de atravessar a rua, mas o ronco de um carro as fez parar. Um conversível azul vinha pela rua em nossa direção e o motorista era um mal-humorado Damon Salvatore. Serio, a cara que ele estava no momento era pior do que a de Thalia.

Damon deu um sorriso seco em nossa direção e parou perto de Bonnie e Caroline engatando uma conversa. Seja lá o que ele falou para elas não foi uma coisa muito boa pelas expressões dos rostos delas.

– O que será que aconteceu com ele agora? – perguntou Thalia se colocando ao lado de Matt e Luke riu ao meu lado. Com um estalo de dedos eu entendi.

Com um arranco Damon seguiu pela rua. Bonnie olhou para a gente, pra gente não, para Matt com tristeza. Olhei para Matt e ele estava com o rosto triste novamente. Bonnie disse alguma coisa para Caroline, que assentiu, antes de ir para perto da arvore e pegar uma bolsa, eu acho.

– Venham aqui. – chamou Caroline fazendo sinal com uma mão.

– Seja lá o que for, não foi bom. – disse Matt indo em direção a Caroline.

– Não mesmo. – murmurei seguindo Matt com Thalia e Luke ao meu lado.

– Sabe de alguma coisa? –perguntou Thalia pra mim.

– Talvez. Mistyc Falls falei olhando pelo canto dos olhos para Luke.

– Algum problema? –perguntou Matt quando chegamos perto de Caroline.

– Hum, Damon nós disse umas coisas sobre Mason o ter o amarrado e o empalado com ferro quente. – soltou Caroline.

– Uau. – disse Thalia surpresa. – Quero conhecer esse Mason. – completou com um sorriso de canto no rosto olhando para Luke como se ele fosse o próximo a ser empalado com ferro quente.

– Thalia! – repreendi ela que só deu de ombros enquanto Caroline e Matt olhavam assombrados para a filha de Zeus. – Não liguem para ela e Thalia Mason já morreu.

– Ah, é verdade. – disse ela parecendo... desapontada? Rolei os olhos. Uma coisa assim tinha que ter vindo da Thalia. – Então continua Caroline. – pediu Thalia.

– Como Annabeth disse, Mason morreu, então seria o fantasma dele, mas Bonnie disse que isso não seria possível e... – ela olhou para Matt. – Bom, você viu a sua irmã de novo? – perguntou com cautela Caroline e Bonnie voltou para perto da gente deixando sua bolsa no chão ao seu lado.

– Não tenho visto a Vicki, eu juro. – disse Matt com o semblante mais triste. É, as coisas não estavam nada fáceis para ele. Também quem poderia culpa-lo, tudo aconteceu noite passada. É cedo demais para superar tudo isso. – Mandei-a de volta como pediu.

– Tem certeza? – perguntou Bonnie cruzando os braços. – Porque ela assombraria Damon tanto quando Mason...

– Ela se foi, Bonnie. – disse Matt, sua voz soando um pouco embargada. – Eu saberia se não tivesse ido.

– Porque acha que é Vicki e não Mason? – perguntou Caroline olhando para Bonnie.

– Porque se outro fantasma além de Vicki Donovan tiver um ponto de apoio do nosso lado, significa que Damon estava certo e algo está muito errado. – respondeu Bonnie.

– Damon esta certo. – murmurou Thalia emburrada fazendo todos encara-la. Luke parado um pouco atrás dela sorriu de canto e fez “tchauzinho” com uma mão mesmo tendo somente eu que estava o vendo.

– Ok, pra mim não dá. – disse Matt chacoalhando um pouco a cabeça. – Já tive o suficiente disso pela vida toda. Podem me deixar de fora dessa. – não foi um pedido.

Matt olhou para cada uma de nós e deu as costas caminhando com os braços rentes ao corpo e as mãos fechadas em punho com força.

– Eu me sinto tão mal por ele. – disse Caroline. – Exigiu muito dele mandar a irmã embora.

– É. – disse Bonnie com um suspiro triste.

– Tão forte, como homem. – disse Caroline com um tom de segunda intenção que fez Thalia e eu a encararmos com uma sobrancelha erguida.

– Perdemos alguma coisa? – perguntou Thalia e Caroline deu de ombros olhando para Bonnie.

– Preciso cuidar de um fantasma, Caroline. – disse Bonnnie um pouco desanimada. – Deixe o monologo do Jeremy para depois.

– Saquei. Jeremy vê ex-namoradas mortas. – disse Thalia. Bati a mão na testa e suspirei pesarosamente. Thalia não sabe ser discretas com certos assuntos.

– Acho que já disse isso antes, mas vou dizer mais uma vez. Não liguem para a Thalia. – falei vendo a expressão nada feliz de Bonnie com o que Thalia havia falado.

– Depois que ela responder algumas perguntas. – disse Bonnie assumindo um tom serio. – O que você quis dizer com “Damon esta certo” agora a pouco?

– Temos um fantasma nós assombrando também. – respondeu Thalia dando de ombros e franziu a sobrancelha olhando para mim. – Foi isso que você quis dizer com o “talvez”?

– Sim. – vi as expressões confusas de Caroline e Bonnie e resolvi explicar. – Ontem à noite quando eu estava voltando da casa de Matt um antigo amigo apareceu. – apontei para Luke parado atrás de Thalia no qual elas seguiram com o olhar.

– Não estou vendo nada. – disse Caroline.

– Mas ele esta ali? – perguntou Bonnie e eu assenti. – Se o que Damon falou é verdade e o que vocês estão falando também, temos que resolver isso. Não podem ficar aqui.

– Concordo plenamente. – disse Thalia cruzando os braços. – E já vão muito tarde.

– Não seja tão dura. Você me ama, Thalia. – disse Luke sorrindo de canto e Thalia se virou olhando mortalmente para ele com o rosto corado. Vou dizer que é de raiva se não vou parar no Mundo Inferior.

– Cala sua maldita boca, Castellan. – disse Thalia por entre os dentes. Luke levantou as mãos para cima em forma de rendição, mas ele mantinha um sorriso no rosto o que deixou Thalia mais brava ainda. – Maldito filho de Hermes traidor.

– Nossa. – disse Caroline assustada com a atitude de Thalia. –Tem certeza que ele é um amigo?

– Acredite. Ele é um amigo. – falei e Thalia bufou.

– Só se for seu.

– Ok, vamos seguir o conselho de Annabeth e ignorar a Thalia. – disse Bonnie e Thalia sou “Hei” indignada. – Brincadeira, mas temos que ir pesquisar para saber o que vamos fazer. – continuou ela e se abaixou para pegar sua bolsa. Quando Bonnie puxou sua bolsa o zíper dela acabou abrindo e derrubando suas coisas no chão.

– Que livro velho. – murmurou Thalia olhando para o grimório de Bonnie fazendo a gente rir. Bonnie se abaixou para pegar suas coisas, mas o seu grimório abriu de repente assustando a gente.

– Seu grimório acabou de...

– Eu... Acho que sim. – disse Bonnie sem deixar Caroline completar sua frase. Nós entreolhamos um pouco assustadas antes de Bonnie se abaixar e pegar seu grimório.

– Diga que é uma receita de biscoitos de Bruxa. – disse Caroline parecendo ainda estar assustada.

– Melhor, uma receita de torta. – disse Thalia sorrindo. – Estou com vontade de comer torta. Pode ser qualquer uma.

– Não. Infelizmente não Thalia. – disse Bonnie olhando concentradamente para o grimório. – É um feitiço de manifestação. É usado para revelar matéria oculta.

– O que seria matéria oculta nesse mundo? –perguntou Thalia franzindo o cenho.

– Fantasmas. – respondeu Bonnie olhando para nós três.

– Finalmente vão todos me ver. – disse Luke passando um braço sobre os meus ombros.

– Deixa de ser folgado. – falei batendo a mão no braço de Luke e ele me soltou.

– O que devemos fazer agora? – perguntou Thalia olhando mal-humorada para Luke, mas logo virou o rosto olhando para Bonnie. – Vamos há algum clube das Bruxas para fazer esse feitiço?

– Pode se dizer que sim. – disse Bonnie pensativa. – Tem uma casa, um pouco longe da cidade. Lá dá para fazer esse feitiço sem que ninguém nós interrompa.

– Essa casa é muito velha e mal-assombrada? – perguntou Thalia com um sorriso maroto no rosto olhando para mim.

– Eu posso dizer sim para as duas coisas. – respondeu Bonnie olhando confusa para Thalia.

– Hein, eu não fiz e disse nada, porque esta me olhando assim? – perguntei não gostando nada desse olhar da Thalia.

– Nada demais, mas acho que Annabeth não vai com a gente. – disse Thalia e eu podia ver que ela estava se segurando para não gargalhar.

– E porque eu não iria? – perguntei ultrajada. – É só uma casa velha que.... – Minha voz morreu aos poucos e meus olhos se arregalaram quando eu entendi o que Thalia estava pensando.

– Isso ae, filha de Atena. – disse Thalia ampliando seu sorriso. – Casa velha é o mesmo que dizer casa cheia de aranhas.