Bleeding escrita por caiquedelbuono


Capítulo 16
Investigação.


Notas iniciais do capítulo

Oi leitores de Bleeding. Espero que não tenham pensado que eu abandonei a fic, mas o que realmente aconteceu foi que o meu pc queimou e então não tinha como eu escrever e muito menos postar. Fiquei todo esse tempo na casa da minha avó e lá tinha um notebook e graças a ele consegui escrever dois capítulos (o 16 e o 17). Agora, voltarei a escrever e a postar regularmente. Espero que eu não tenha perdido nenhum leitor, rs.



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Logan acordou na terça-feira e ele ainda podia se lembrar dos sonhos agradáveis que tivera com Sophia. Agora que ela era sua namorada, tudo estava diferente e ele não conseguia parar de pensar nela por um só segundo. Ainda podia sentir o cheiro dela por entre suas roupas, podia sentir o gosto doce do seu beijo, do toque macio de suas mãos, do seu olhar invasivo e ao mesmo tempo penetrante...

Era como se ele estivesse vivendo um sonho. Uma aura dourada envolvia o mundo a sua volta e ele não precisava de mais nada para se sentir completamente realizado.

Mas a voz do seu companheiro de quarto chamando por ele fez com que despertasse desse transe e se levantasse rapidamente da cama quente e macia.

— Hoje você não pode reclamar. — disse Logan — Acordei mais cedo que o usual.

Mark, que estava trajando apenas uma calça jeans e estava com o peito despido, olhou para Logan e deu um sorriso risonho.

— Mas mesmo assim ainda não é o suficiente. Já estou quase pronto e você ainda está aí de pijamas, com a cara amassada, com marcas de baba nos cantos da boca e com os cabelos desgrenhados.

Logan tentou imaginar seu reflexo no espelho e ele teve medo do resultado. Ninguém podia discordar quando ele dizia que era horrível quando acordava.

Mark estava com uma camiseta sobre os ombros e ele estava a ajeitando para que pudesse colocá-la em seu corpo, mas Logan olhou com cuidado para as costas do amigo e percebeu que havia duas marcas vermelhas sob a sua pele. Pareciam ser ferimentos recentes e eram levemente profundos.

— Esses ferimentos em suas costas são resultados do ataque da Helena? — perguntou Logan.

Mark terminou de vestir a camiseta e olhou para Logan.

— Eu sabia que a Helena era maluca, mas eu não sabia que ela era uma selvagem. — a voz dele estava levemente falhando — Ela estava tão tarada ontem que acabou arranhando-me diversas vezes.

— Você deveria denunciá-la para a Janeth. — as palavras de Logan estavam se misturando com o seu riso — Uma tarada selvagem não pode ficar impune.

Mark enrijeceu os músculos e contorceu a boca numa expressão de medo.

— Acho que ela não merece enfrentar a vaca velha por causa disso. Depois nós pregamos uma peça nela.

Logan esfregou as palmas das suas duas mãos.

— Tem algo em mente?

Mark deu um sorriso e se aproximou da porta do dormitório.

— Sempre tenho. Agora, sugiro que vá se arrumar caso queira comer alguma coisa no café antes que o guloso do Tommy coma todo o pão que é servido.

Ele abriu a porta e saiu do dormitório, deixando Logan sozinho com seus pijamas listrados e seus cabelos desgrenhados cobrindo seus olhos.



— Ah, por favor! Eu não fiz nada de mais! — Helena exclamava durante a hora do almoço — Apenas corri atrás do que me interessa.

Logan, Sophia, Tommy e Mark estavam sentados à mesa juntamente com a menina ruiva, que tentava explicar a todos a sua voracidade durante a tentativa fracassada em dar um beijo em Mark.

— Helena, você está ficando completamente obcecada com isso. — disse Sophia — Quando vi você passando toda aquela maquiagem pensei que usaria métodos civilizados para obter o que quer.

Helena deu de ombros.

— Você diz isso porque agora está namorando o Logan. E além do mais, eles estão exagerando. Eu nem fui tão voraz assim.

Mark olhou para ela indignado.

— Você arranhou minhas costas!

— Aquilo não foi nada. As minhas unhas não estavam nem compridas. — ela afastou o olhar de Mark e deu um gole no seu suco de caju antes de virar o rosto para Sophia — Falando nisso, vou precisar daquele seu esmalte vermelho emprestado, Sophia. O meu acabou quando eu pintei as unhas postiças para a festa.

— Você pinta unhas postiças? — perguntou a loira.

— É claro. Aquelas unhas estavam velhas e precisavam de um up.

— Você é inacreditável.

Helena deu um sorriso e empinou levemente o nariz.

— Vou tomar isso como um elogio.

Mark e Logan se entreolharam e os meninos deram um sorriso travesso. Um sinal positivo emanou da mão de Mark e ele respirou alguns litros de ar antes de começar a falar.

— Por um acaso você contou ao Tommy o que disse dele antes de deixar o nosso dormitório, Helena?

O garoto estava entretido no seu prato de macarrão com almôndegas e parecia não estar prestando atenção à conversa, mas quando ouviu seu nome sendo citado, levantou rapidamente o olhar e deixou escapar um fio de macarrão pelo canto da boca.

— Estão falando de mim?

— A Helena quer te falar uma coisa. — disse Mark.

Um rubor percorreu o rosto da garota.

— Eu? Por que eu teria algo a falar para o Tommy?

— Vamos, Helena! ­— disse Logan — Você não vai querer que eu fale o que você disse, não é?

Helena enrijeceu as sobrancelhas numa expressão de ira.

— Vocês querem parar com isso? Estou ficando constrangida.

Mark estava sentado ao lado de Tommy e colocou seus braços sobre os ombros dele.

— Ela disse coisas horrendas sobre você, meu amigo. Você não tem nem noção de como a sua moral foi rebaixada pelas palavras que saíram da boca maligna dessa menina ruiva carnívora e...

Mark se interrompeu quando uma almôndega acertou em cheio a sua cabeça e ficou presa pelos seus cabelos castanhos. Uma expressão de nojo percorreu o seu rosto e ele levou a mão à cabeça fazendo com que a almôndega caísse sobre o seu prato.

— Vocês estão tirando uma com a cara dela e usando meu nome em vão! ­— exclamou Tommy quando percebeu que Logan e Mark estavam gargalhando.

— E ainda me devem uma almôndega. — completou Helena.

Eles mostraram a língua como se fossem vomitar depois que Mark comeu a almôndega que Helena jogara e eles se mantiveram em silêncio até que barulhos de salto altos invadissem a cantina e todos pudessem ver a presença indesejável de Janeth.

A diretora estava trajando um vestido antiquado típico de senhoras de meia-idade e ela parecia estar estressada. Logan estaria surpreso caso ela não estivesse assim.

— Logan, poderia me acompanhar? — perguntou Janeth assim que alcançou a mesa onde os meninos estavam almoçando.

Sophia olhou para Logan e acenou com a cabeça, encorajando-o a levantar da cadeira e seguir a diretora onde quer que ela quisesse levá-lo.

Ele assentiu e começou a seguir a diretora. Ele arriscou um último olhar para os amigos, que carregavam uma preocupação nos olhares. Com certeza, eles imaginariam que boa coisa Janeth não poderia querer para chamá-lo no meio da hora do almoço.

As paredes de pedra indicavam que eles estavam se aproximando da sala de Janeth. A diretora nem ao menos olhava para Logan durante o caminho e ele nem se importava. Quanto menos tempo ele passasse sem olhar para aqueles olhos ameaçadores, melhor seria para ele.

Eles finalmente alcançaram a porta de madeira e Janeth a abriu e fez um sinal para Logan entrar. Ele se lembrou perfeitamente do dia em que entrou por aquela porta e viu Brian com um falso machucado no olho, mas ao invés do garoto loiro, quem estava dentro da sala da diretora, sentado em uma das cadeiras em frente à mesa, era um homem alto e magro, trajando uma roupa preta social e um chapéu acinzentado sobre a sua cabeça. Seus bigodes também eram um acessório que se destacava em sua aparência.

— Então esse é o garoto, Janeth?

A diretora acenou com a cabeça e entrou na sala, fechando a porta vagarosamente. Logan olhava para aquele homem estranho e franzia a sobrancelha. Ele não entendia o que estava fazendo dentro daquela sala.

— Cumprimente o detetive John, Logan. — disse Janeth — Ele está aqui para investigar as mortes que vêm ocorrendo nesse colégio.

John estendeu a mão para Logan e ele hesitou levemente antes de apertá-las. Os olhos do detetive eram pequenos e lacrimejantes e ele parecia fazer força para poder enxergar.

— Como vai, meu jovem rapaz? — a voz extremamente rouca fez os ouvidos de Logan arder.

— Eu poderia estar melhor. — ele olhou secamente para Janeth, que retribui o olhar amargo.

John se levantou da cadeira e começou a andar pela sala, analisando cada ponto como se estivesse procurando por alguma coisa escondida por entre as paredes atijoladas.

— Realmente, sua vida poderia estar melhor se não fosse o principal suspeito desses assassinatos, não é mesmo?

O sorriso cínico que escapou da boca de John fez com que a ira de Logan gritasse dentro do seu cérebro.

— Vejo que nossa ilustre diretora já fez a sua cabeça.

— Ela apenas me contou as evidências, meu jovem. — John estreitou os olhos miúdos — Evidências que, inclusive, fazem muito sentido.

Logan estralou os dedos e tentou controlar sua raiva. Não poderia ter um ataque de fúria bem ali, na frente do detetive.

— Tudo bem. Suponho que não me chamaram aqui por nada.

Janeth se aproximou do detetive.

— É claro que não. John tem algumas perguntas a fazer.

Ele retirou um bloco de papel e uma caneta do bolso do seu paletó e olhou para Logan como se esperasse que ele se manifestasse.

— Um interrogatório? — o garoto perguntou sarcasticamente.

— Não leve isso para o lado pessoal. Isso aqui é apenas uma informalidade.

Janeth apontou para a mesa.

— Vocês não quererão fazer isso em pé. Por que não sentamos?

John assentiu e se dirigiu até a cadeira que antes ocupava. Janeth e Logan o seguiram e fizeram o mesmo.

— Vamos começar. — disse John — Pergunta clássica: onde você estava quando Brian foi assassinado?

Logan se sentiu ridículo ao ter que responder essa pergunta. Ele olhava para Janeth que mantinha aquele sorriso falso no rosto e ficava com ódio quando lembrava que ela sabia que ele estava na sala dela, passando um pano molhado no chão, quando Brian foi morto.

— Eu estava aqui com Janeth, cumprindo uma punição que ela me passara.

— Muito cômodo para você dizer isso. Eu me lembro como você fez todo o serviço rápido demais e parecia estar com muita pressa para sair. Pode muito bem ter ido à biblioteca depois que saiu daqui para matar friamente o meu filho.

— Cale a boca. — disse Logan — Você sabe que isso não é verdade.

Janeth parecia que ia perder a cabeça quando pegou a primeira coisa que estava ao seu alcance sobre a mesa e levantou o braço para jogá-la em Logan, mas John a segurou.

— Por favor, isso é apenas uma conversa. Se querem que eu realize meu trabalho, precisam ficar calmos.

Janeth assentiu e afundou sobre a sua cadeira.

— Tudo bem, rapaz. Havia sangue na cena do crime, correto?

Logan revirou os olhos.

— Você não é perito criminal. Pelo o que eu sei, você é apenas um detetive que está enchendo minha paciência com perguntas fúteis.

John soltou um suspiro longo e demorado.

— Eu fiz metade da faculdade de perícia, mas tive que trancá-la por falta de capital para continuar pagando. Creio que meus conhecimentos adquiridos durante esse período sejam suficientes para serem aplicados nesses assassinatos.

Logan tentou ao máximo não demonstrar sua apatia com John, mas o detetive estava pedindo ao máximo que ele perdesse a compostura.

— Não me lembro de ter perguntado nada a você, mas eu devo ter esquecido que detetives assim são exibidos demais para conversarem normalmente.

John amarrou a cara e logo em seguida olhou para Janeth.

— Acho que não conseguiremos nada aqui. Talvez seja melhor eu ir até as cenas dos crimes para ver se encontro alguma pista.

Ele e Janeth se levantaram e a diretora apertou a mão do detetive.

— Eu peço desculpas pelo comportamento deplorável do meu aluno.

— Tudo bem. Vejo você mais tarde.

Seus olhos faiscaram quando olharam pela última vez para Logan, mas saiu rapidamente da sala antes que ele fizesse coisa pior do que simplesmente olhar para o garoto com ódio.

Janeth fechou a porta novamente e voltou a sentar na sua cadeira giratória. Logan já estava levantando para sair daquela sala infectada pela prepotência da diretora, quando a voz de Janeth voltou a inundar seus ouvidos.

— Ainda não acabamos o nosso papo, Logan. Não te chamei aqui apenas para que conversasse com o detetive.

— No que mais posso lhe ser útil, então?

Janeth deu um sorriso e apontou para o canto do teto. Logan nunca havia prestado atenção naquele canto, mas seu corpo inteiro congelou quando ele percebeu que havia uma câmera instalada ali. Logan começou a sentir o medo escorrendo pelo seu corpo e ele já podia imaginar o que Janeth havia visto naquela câmera.

— Venha ver uma coisa aqui no computador.

Logan se aproximou relutantemente da tela e logo após Janeth apertar algumas teclas a imagem de Helena e Sophia procurando pela chave dos portões de Shavely invadiu os seus olhos.

Ele esfregou as duas mãos pelo rosto e naquele momento percebeu o quão encrencados estariam. Como eles puderam ser burros o suficiente para não perceberem que havia uma câmera instalada naquela maldita sala?

— Como podem ver, Logan, você e suas amigas nojentas não podem passar a perna em mim.

A raiva já transbordava do seu cérebro e ele não conseguiu impedir que o seu tom de voz se elevasse.

— Nojenta é você!

Janeth esticou o braço e concentrou toda a sua força para dar um tapa na cara de Logan.

— Você ainda me deve respeito, seu moleque!

Logan ia responder, mas se manteve calado. Ele estava afagando o local onde a mão de Janeth havia lhe estapeado e provavelmente as marcas dos dedos da diretora haviam ficado em seu rosto.

— Como vocês podem imaginar em me desafiar desse jeito? Insultaram minha inteligência ao entrarem nessa sala e imaginar que eu não desconfiaria que a chave dos portões do meu colégio havia sido roubada para que uma vadia qualquer invadisse os meus domínios.

— Você não tem o direito de falar assim com a minha tia!

— Será que você não vê um palmo do que está diante do seu rosto? Nunca percebeu uma agitação diferente quando estava na casa da sua tia? Você deveria saber que ela é uma prostituta que recebe dinheiro de homens para poder sobreviver.

Logan não podia acreditar no que estava ouvindo. Janeth havia perdido completamente a sanidade mental para dizer uma coisa daquelas.

Seus músculos corporais já estavam tremendo e seus punhos estavam cerrados, mas ele respirou profundamente e concentrou suas energias em apenas dizer:

— Você está fora de si e eu não vou ficar aqui escutando as suas sandices.

Logan se levantou e já estava indo em direção à porta, quando a voz de Janeth novamente fez com que ele parasse de andar.

— Chame suas amigas aqui. Quero conversar com aquelas ladras.

— Não! Você não irá puni-las. Eu assumirei toda a responsabilidade.

Janeth cruzou as duas mãos sobre a mesa.

— Uma imagem vale mais que mil palavras, Logan. — ela deu um sorriso — Se não quer chamá-las, tudo bem. Eu sei muito bem onde é o dormitório delas e quando eu estiver menos ocupada, vou até lá para ter uma conversinha com elas.

Logan se aproximou da mesa e colocou suas duas mãos cerradas sobre ela.

— Você já fez muito mal à Sophia revelando o segredo dela na frente do colégio inteiro. Humilhou a ela e destruiu sua imagem perante os alunos. Você não está em condições de fazer nada a ela. Eu não sou uma pessoa de fazer ameaças, mas se você machucá-la física ou moralmente, eu garanto que não sossegarei até todo o mal que você espalha às escondidas por esse colégio seja descoberto. E eu tenho certeza que você pagará muito caro por tudo o que você já fez.

Logan não esperou nem ao menos uma resposta da diretora e saiu rapidamente da sala, fechando a porta num estrondo que fez o colégio tremer.

A cabeça do garoto estava explodindo de dor e ele precisava ficar um pouco sozinho antes que se estressasse ainda mais. Ultimamente, Logan estava controlando os seus ataques de fúria, mas ele nunca sabia quando um poderia começar a ocorrer.

As aulas daquela tarde haviam sido canceladas para que a investigação do detetive John pudesse ser feita devidamente. Logan achava que tudo aquilo seria desnecessário e que Janeth estava fazendo tempestade em copo d’água. Ele duvidava que John fosse encontrar qualquer vestígio dos crimes na biblioteca ou em frente à cantina. Tudo aquilo seria inútil e todos voltariam para a estaca zero e Logan continuaria levando a culpa por um crime que não cometera.

As pernas de Logan o moveram diretamente para o dormitório de Sophia e Helena. Apesar de querer ir para o próprio dormitório tomar uma ducha gelada, ele tinha que avisar às amigas que Janeth sabia da invasão à sala. Ele tinha certeza que Janeth bolaria uma punição barra pesada para as meninas.

Logan bateu duas vezes na porta e a figura loira de Sophia apareceu por detrás dela.

­— Oi Logan! ­— ele pôde ver a felicidade e o brilho nos olhos da garota — O que o traz aqui? Estava com saudades?

— Eu... eu preciso falar com vocês.

Helena esticou o pescoço por trás de Sophia.

— Eu não fiz nada, ok?

O olhar de Logan continuou sério e Sophia fez um sinal para que ele entrasse no dormitório.

Ele sentou sobre a cama e analisou as meninas, que estavam o olhando como se ele fosse um estranho.

— Esse seu olhar está me assustando. — disse Helena

Sophia sentou ao lado dele e segurou em suas mãos. Ele logo começou a sentir a vibração que escapava das mãos macias e suaves dela, levando descargas elétricas para o seu cérebro.

— O que está acontecendo?

Logan soltou um longo suspiro de lamúria.

— Havia uma câmera no teto da sala da Janeth e ela sabe que vocês vasculharam a sala dela.

As meninas contorceram a boca e seus olhos se preencheram com um terror aparente.

— Ela vai matar a gente! — berrou Helena.

— Helena, sem exageros. — pediu Sophia — O máximo que ela pode fazer é aplicar uma punição rigorosa.

Helena levou a mão à boca e começou a roer a unha do seu dedo indicador.

— Não, eu a conheço. Ela não irá admitir que tenhamos investigado a sala dela. Eu vou estar dormindo e ela me despertará segurando uma faca prestes a acertar em cheio o meu pescoço...

— Helena! — exclamou Logan — Pare de falar por apenas alguns segundos e preste atenção.

A menina ruiva assentiu e sentou ao lado de Logan na cama.

— Ela disse que virá aqui mais tarde para conversar. Não importa o que ela disser, quero que me avisem logo depois que ela for embora.

— Tudo bem, Logan, mas o que ela poderia fazer contra a gente?

Ele suspirou novamente e fitou a janela aberta, prestando atenção na linha do horizonte por trás das montanhas.

— Eu não sei.

Sophia se aproximou ainda mais de Logan e ele envolveu o corpo dela em um abraço. Traçou uma linha de beijos pelo seu braço, até que seus lábios tocassem seus cabelos macios e reluzentes. Ele queria poder livrá-la dessa suposta ameaça de Janeth, queria protegê-la de tudo que ameaçasse sua segurança.

Helena bufou e levantou rapidamente da cama.

— Eu vou ao banheiro antes que a melação do casal me faça vomitar.

Sophia e Logan soltaram uma risadinha e observaram Helena alcançar a porta do banheiro batendo os pés rapidamente.

Eles se entreolharam e aproximaram suas cabeças lentamente, cada um sentindo a respiração ofegante do outro. Seus lábios já estavam a alguns centímetros de se encontrarem quando um grito de Helena os interrompeu.

Ela saiu do banheiro completamente desesperada e começou a gritar e a apontar para a porta.

— Vejam! Olhem a calamidade que há dentro daquele banheiro!

Logan e Sophia se levantaram e andaram lentamente até o banheiro. Logan foi à frente e colocava suas mãos para trás para garantir que Sophia ficasse em uma distância segura do suposto banheiro ameaçador.

Quando Logan abriu a porta e viu a causa do grito de Helena, ele se sentiu surpreso. O espelho do banheiro das meninas estava pichado com uma tinta vermelha e pelo vidro podia-se ler a palavra “ASSASSINA”, exatamente do mesmo modo que acontecera no espelho do banheiro de Logan.

— Por que alguém escreveria isso no espelho? — perguntou Sophia.

Logan tentou encaixar os fatos e tentar entender o que estava acontecendo. Quando Brian morrera, Janeth o acusou de ser o responsável e todos no colégio ficaram contra ele. A revolta ficara tão grande que alguma pessoa misteriosa escrevera a palavra “assassino” no espelho do banheiro dele. A segunda morte havia sido de Ashley, uma menina que Helena odiava e dividia o amor e a atenção de Mark.

— É claro! — ele gritou — É exatamente isso que está acontecendo.

— Do que é que você está falando? ­— perguntou Helena.

— O verdadeiro assassino está desviando a atenção dele para nós. Pensem comigo, eu era a única pessoa que supostamente teria motivos para matar o Brian e, quando ele morreu, alguém escreveu no espelho do meu banheiro que eu era um assassino. Agora, quem morreu foi a Ashley e a morte dela seria útil apenas para você, Helena. E acabaram de fazer com você exatamente o mesmo que fizeram comigo.

As sobrancelhas de Helena se enrijeceram e ela estreitou os olhos numa expressão de ira.

— Não acredito que você está me acusando de tê-la matado.

— Eu não estou dizendo isso. É que isso é apenas o que os outros pensam.

— Eu não me importo com o que os outros pensam. Eu podia odiar profundamente a Ashley azedinha, mas eu seria incapaz de matá-la.

Sophia se colocou entre Logan e Helena e colocou suas mãos no peito de cada um.

— Nós sabemos disso, Helena. O que o Logan está dizendo é que o assassino está querendo fazer com que todos acreditem que o Logan matou o Brian e que você matou a Ashley, porque ambos tinham motivos para fazer isso, mesmo que não tenham feito porque não são psicopatas. Mas vocês têm que prestar atenção: quem pichou o banheiro do Logan foi a mesma pessoa que pichou o nosso banheiro. A mesma tinta, o mesmo local, o mesmo tipo de provocação.

— Ela tem razão. — disse Logan — O assassino está nos provocando. Ele quer que a gente faça exatamente isso: brigue entre a gente para que nos desconcentremos de descobrir sua identidade.

Helena fungou e acenou afirmativamente com a cabeça.

— Tudo bem, agora eu entendi o que o Logan quis dizer, mas ainda acho que está faltando alguma coisa. Algo não faz sentido.

— Os corpos foram encontrados sem coração. — disse Sophia — É irracional da parte de todo mundo considerar que vocês pudessem fazer uma crueldade dessas.

Logan transportou seus pensamentos para o detetive que Janeth contratara. Ele não levava muita fé que ele fosse descobrir alguma coisa, talvez porque os corpos já houvessem sido recolhidos e não restassem mais vestígios de que naqueles ambientes ocorreram alguns crimes.

— Será que o detetive descobrirá algo? — ele perguntou, por fim.

— Eu duvido. — respondeu Helena — Qualquer coisa que venha da Janeth para mim é podre.

— E ela está fazendo isso para te afrontar, Logan. — completou Sophia — Aposto que esse tal de John não é detetive coisa nenhuma. Ela deve estar pagando-o para fingir isso.

Logan passou as mãos pelo cabelo.

— Chega de falar disso. Acho que deveríamos sair desse dormitório e ir aproveitar o final da tarde na piscina.

— Ótima ideia! — disse Helena — Estou precisando de um bronzeado.

— Acho que agora é a hora que vocês me expulsam do quarto, não é?

Helena deu um sorriso.

— Elementar, Sherlock! Vá chamar o Tommy e o Mark e nos esperem na piscina.

Logan assentiu e ele deu um selinho em Sophia antes de Helena o empurrar violentamente para fora do dormitório e bater com a porta na cara dele.



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