Bleeding escrita por caiquedelbuono


Capítulo 14
Confissões.




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— Isso está passando de todos os limites concebíveis! — a voz rouca de Janeth entrava pelos ouvidos de todos os alunos de Shavely — Já é a segunda morte de um aluno em menos de uma semana!

Logan, Sophia, Helena, Tommy e mais os outros estudantes do internato estavam reunidos na quadra de esportes naquela manhã tempestuosa de domingo, depois de serem chamados a pressas por Janeth logo após a diretora tomar conhecimento da morte de Ashley. Todos aparentavam estar com uma ressaca contagiante, com a dor de cabeça se apoderando de seus corpos, resultado possível depois da festa do dia anterior. Mark não estava reunido junto com os amigos porque simplesmente não conseguiu levantar da cama depois de receber a notícia da morte de Ashley. Logan percebera que ele teve o maior esforço em segurar as lágrimas para não chorar na frente do amigo e ele provavelmente desabara quando Logan abandonou o quarto e se dirigiu para a reunião.

— Meu colégio não se transformará em um recinto para que um serial killer se manifeste! — Janeth estava gritando com a posse de um microfone — Eu me desdobro para preparar uma festa impecável para todos vocês, contrato uma das cantoras mais famosas do país inteiro, e é assim que vocês me agradecem? Matando uma das minhas alunas? Primeiro o meu próprio filho foi morto pelas garras de um assassino covarde e impetuoso! — ela fez questão de olhar para Logan — E agora quem morre é a Ashley, umas das minhas alunas mais inteligentes e que tinha um futuro brilhante pela frente! Eu sei que o assassino está bem aqui diante dos meus olhos e quero que saibam que irei atrás de um detetive nesta tarde! Se há um assassino dentro desse colégio, ele será descoberto e pagará por tudo que cometeu! — Janeth estralou os dedos e fuzilou Logan com o olhar, o qual retraiu levemente os músculos e soltou um pequeno suspiro — Obrigada pela atenção e estão liberados para curtirem o domingo de vocês.

Janeth havia terminado o discurso e os alunos já estavam virando as costas para a diretora e saindo da quadra.

— Mas é uma ordinária mesmo. — disse Helena — Ela acha que adiantará alguma coisa fazer esse discurso ridículo. E vocês perceberam que ela não parou de olhar para o Logan?

Sophia e Tommy acenaram afirmativamente com a cabeça, mas Logan revirou os olhos.

— Ela precisa fazer isso para chamar a atenção.

— E apavorar ainda mais os alunos. — completou Tommy — Ela está espalhando a ideia de que tem algum serial killer por aí.

Sophia umedeceu os lábios.

— Mas é realmente isso que há dentro desse colégio, Tommy. Já mataram o Brian e a Ashley por razões desconhecidas.

Logan se lembrou de como os corpos de ambos estavam em situações completamente semelhantes: abertos, sangrando e com a ausência do coração. Isso era um passo a mais para afirmar a ideia de que era algo sobrenatural.

— Ashley poderia ter evitado tudo isso. — lamentou-se Tommy — Ela já havia sido atacada antes e sabia que seria de novo se fosse à festa. Ela morreu porque quis.

Sophia pareceu ter se arrepiado.

— Credo, Tommy. Não fale assim.

Logan bufou, segurou os amigos pelo pulso e começou a puxá-los.

— Vamos sair daqui. Temos que passar no dormitório e ver como está o Mark.

Logan sabia que o amigo estaria mais do que mal. Pelo o que ele sabia a seu respeito, Mark não teve muitas experiências amorosas e saber que Ashley estava morta deveria ser como uma facada em seu peito. Ele deveria estar sentindo uma dor imensurável. Uma dor de perda a qual Logan já tinha conhecimento.

Helena se desvencilhou e fez um sinal negativo com a mão.

— Nada disso, Loganzinho estressadinho. A vaca velha está vindo aí e eu quero ter uma conversinha com ela.

Janeth estava se aproximando dos garotos e ela parecia estar completamente nervosa. Algumas rugas eram visíveis na pele da sua bochecha e incontáveis fios de cabelo branco reinavam em meio aos poucos fios de cabelo castanho que ainda restavam na cabeça da diretora.

Ela parou diante os garotos e olhou para eles como se fossem algo inferior.

— Ainda estão por aqui? Deveriam ir fazer algo de útil.

Helena estufou o peito e se aproximou vagarosamente da diretora perversa.

— E agora? Vai acusar o Logan pela morte da Ashley também?

Janeth estreitou os olhos e passou a mão pelo queixo. Analisou Logan profundamente e logo em seguida deu um sorriso.

— Ora, o que é isso Helena? Isso são modos de se portar na frente dos seus amigos?

— Deixe de ser cínica e responda a minha pergunta.

Janeth inspirou profundamente e retirou o sorriso do rosto.

— O amiguinho de vocês pode não ter nada a ver com a morte de Ashley, mas eu ainda não tirei da minha cabeça que ele foi responsável pela morte do meu filho. Dei uma trégua durante esse período de festa, mas saiba que o detetive que contratarei irá provar que ele é um assassino.

Helena deu uma risada estridente.

— Então ele morrerá tentando. Você sabia que é impossível provar uma coisa que não é verdade?

— Não é verdade porque ele está influenciando a cabeça de vocês! Parem e vejam o que está bem diante dos seus olhos.

Helena olhou de cima a baixo a diretora e deu um sorriso.

— O que eu estou vendo é uma mulher prepotente que acha que pode obter tudo utilizando a sua autoridade. Uma pessoa como você merecia ser banida da face da Terra. Realmente, eu não sei como você aguenta estar dentro do seu próprio corpo, porque se eu fosse você, sentiria repulsa por ser quem é.

Janeth ficou sem reação. Ela piscava repetidas vezes e tentava abrir a boca para dizer alguma coisa, mas ela permaneceu muda.

Helena assoprou um beijo para a diretora e saiu da quadra, juntamente com Logan, Sophia e Tommy que observavam àquela cena com sorrisos nos lábios.



O sol já estava brilhando intensamente no céu e estava chegando a hora de Logan ir se encontrar com Mary. A tia havia enviado-lhe uma carta contando que estava com saudades do sobrinho e que queria conversar com ele. Logan tinha certo medo de rever a tia. Apesar de saber que ela estava tentando ser legal com o garoto, ele ainda tinha a concepção de que ela havia o deixado em Shavely só para se livrar de responsabilidade de cuidar de um garoto vítima de alguns sintomas de esquizofrenia.

Os garotos já haviam arquitetado um plano para a entrada de Mary no colégio: Sophia e Helena iriam invadir a sala de Janeth e roubar a chave que destrancaria o cadeado do portão. A diretora havia saído para contratar o tal detetive para investigar as mortes no colégio e provavelmente levaria a tarde toda fazendo isso.

Enquanto isso, a missão de Logan e Tommy era ficar no dormitório consolando Mark, que ainda estava deitado no beliche com os cobertores cobrindo sua cabeça.

— Cara, levanta daí. — disse Tommy — O sol está intenso lá fora e você está aí sufocando com esses cobertores.

A voz de Mark estava quase inaudível pelo abafamento dos cobertores.

— Vão embora! Eu quero curtir sozinho a dor de ter perdido a minha namorada.

Logan e Tommy se entreolharam.

— A minha tia vai vir me visitar e você não vai querer ficar sem conhecê-la. Lembra quando eu disse que ela era bonitona?

Tommy colocou a mão na frente da boca para abafar uma risadinha, mas Mark não pareceu demonstrar nenhum sentimento que não fosse tristeza.

— Que bom para você. Quem sabe agora irá tirar da sua cabeça a ideia de que ela é uma vadia que abandona sobrinhos porque não quer cuidá-los. Agora podem ir embora.

— Ah, qual é Mark? — disse Tommy — Também não é o fim do mundo.

Mark não demonstrou nenhuma reação imediata, mas os garotos perceberam que o cobertor começou a se mexer levemente e logo notaram que eram os músculos de Mark tremendo.

De repente, ele se levantou da cama e parecia ter fogo em seus olhos. Logan nunca havia visto Mark tão irritado como ele aparentava estar naquele momento.

— Não é o fim do mundo? A minha namorada está morta e você tem coragem de olhar para mim e dizer que não é o fim do mundo?

— Você disse que nem eram namorados. — respondeu Tommy — Apenas ficantes.

Mark passou o dorso da mão nos olhos e levantou da cama rapidamente.

— Por que está questionando o meu relacionamento com Ashley? E se fossemos apenas ficantes mesmo? Eu não poderia chorar pela morte dela?

Mark ia se aproximando cada vez mais de Tommy, enquanto ele ia se afastando.

— Eu não estou dizendo isso. Só acho que você está exagerando um pouco. Quero dizer, eu não iria ficar enfurnado na minha cama, chorando feito uma criança, só porque a minha namorada morreu.

— Então você não sabe o que é amar uma pessoa.

Mark olhou profundamente para Tommy e parecia estar prestes a partir para cima dele, mas a única coisa que fez foi desviar o olhar e ir em direção ao banheiro e bater a porta com toda a sua força.

— Tommy! — exclamou Logan — As meninas disseram para o consolarmos e não para enchermos a cabeça dele com caraminholas.

Tommy deu de ombros.

— Eu apenas emiti minha opinião.

— Pois emitiu na hora errada. O Mark está sofrendo, não deve estar sendo nada fácil para ele.

Tommy se afastou e foi em direção à janela. Pousou seus braços sobre o parapeito e começou a observar o horizonte. Os raios de sol estavam entrando no dormitório e iluminando o rosto dele.

— Quando minha mãe morreu, eu não derramei nenhuma lágrima. — ele disse carregando uma amargura em sua voz — Não pelo fato de eu ser frio, mas simplesmente porque eu não conseguia.

Logan se aproximou de Tommy e colocou a mão no seu ombro.

— Eu... eu não sabia.

— Nunca contei minha história para ninguém, mas quando você chegou aqui no colégio eu meio que me identifiquei com você, Logan. Nossas histórias de vida são parecidas.

Logan nunca parou para pensar que todos dentro do internato tinham uma história para contar. Todos estavam ali por algum motivo, uns porque foram abandonados pelos parentes, outros porque eram órfãos, outros porque não tinham boa relação familiar, mas nunca se passou pela cabeça do garoto o porquê dos amigos estarem ali. Nunca fez menção em perguntar se os pais de Tommy eram vivos ou se Helena se dava bem com o seu pai.

— Eu deveria ter oito anos quando minha avó me trouxe para cá. Meu pai era um bêbado e ele jamais poderia cuidar de mim. Nunca tive um pingo de amor por aquele verme, ele sempre batia na minha mãe. — uma lágrima escorreu dos olhos de Tommy — E a minha avó... coitada. Ela é sozinha, meu avô morreu antes mesmo de eu nascer e ela mal se sustenta. Não tinha condições de cuidar de mim e como eu não tinha nenhum outro parente vivo, ela decidiu que o melhor para mim seria vir para Shavely.

Logan não sabia o que falar e não poderia imaginar que Tommy havia passado por tudo isso.

Ele tentou abrir a boca para pelo menos dizer que sentia muito, mas Tommy o interrompeu e deu um sorriso.

— Desculpe. Foi apenas um desabafo.

— Você deveria estar feliz, apesar de tudo. Conheceu vários amigos aqui.

— Eu sei, Logan. Eu estou feliz. Queria que soubesse que você é um grande amigo para mim e eu te considero muito.

Tommy estendeu a mão e Logan a apertou com toda a força. Logan sempre fora acostumado a ter mais amizades femininas do que masculinas. Na sua escola antiga, onde ele estudava antes da sua vida se transformar nesse caos, ele tinha apenas um amigo homem. O resto eram meninas que de vez em quando se interessavam por ele e tentavam a todo custo beijá-lo. Ele sentia saudades do tempo em que era popular em um colégio. Agora, a única coisa que era em Shavely era o principal suspeito de um assassinato que ele não cometera.

A porta do quarto se abriu e Helena e Sophia apareceram com a posse de uma pequena chave metálica na mão.

— Reviramos a sala daquela cobra por completo, mas conseguimos cumprir nossa missão quase impossível! — exclamou Helena.

Sophia analisou profundamente o quarto.

— Pelo visto, a missão de vocês falhou lindamente, não é? Onde está o Mark?

Tommy engoliu em seco.

— Ele entrou no banheiro.

Logan se aproximou da porta e escutou o barulho do chuveiro ligado e da água escorrendo pelo ralo.

— Está tomando banho. Deve estar esfriando as ideias e tirando aquela cara de derrotado do rosto.

Helena revirou os olhos.

— Então ele vai ficar aí porque a tia do Logan já deve estar esperando lá fora.

Eles assentiram e seguiram Helena para fora do dormitório.

Uma sensação estranha estava percorrendo o corpo de Logan. Ao mesmo tempo em que ele queria ver a tia e matar um pouco as saudades de sua vida antes de entrar em Shavely, ele estava se sentindo um pouco inseguro por ter que vê-la. Ele já havia entendido os fatores por ela ter deixado-o no internato, mas era como se ele não conseguisse aceitar.

Eles já haviam aberto a porta de entrada e Logan conseguiu localizar Mary parada em frente aos portões enferrujados de Shavely. Ela estava mais linda do que nunca: seus cabelos pretos escovados caíam pelos seus ombros como se fossem feitos de ouro e ela estava usando um vestido vermelho que destacava a cor pálida de sua pele.

— Tia... — Logan sussurrou baixinho e correu para encontrar Mary nos portões.

Ela elevou as sobrancelhas e colocou um sorriso no rosto quando percebeu que o garoto estava se aproximando.

— Logan! Que bom vê-lo, meu sobrinho.

Logan tocou as mãos da tia por entre as grades do portão, mas não fez nada além de olhar profundamente nos olhos dela.

— Estava com saudades. — ele disse tão baixinho que não teve certeza se ela o ouviu.

Helena, Sophia e Tommy chegaram alguns segundos depois e a menina ruiva foi em direção ao cadeado e destrancou-o.

— Obrigada, lindinha. — disse Mary, acariciando os cabelos de Helena e entrando completamente faceira nos domínios de Shavely.

Tommy olhava boquiaberto para Mary e ele nem ao menos piscava.

— Cuidado para não entrar um mosquito aí dentro, menino. — ela disse em meio a risadinhas.

Ele balançou a cabeça como se estivesse se libertando de um transe e suas bochechas foram preenchidas por um rubor mais do que aparente.

— Não vai me dizer os nomes dos seus adoráveis amigos, Logan?

Logan assentiu e fez as devidas apresentações. Cada um deles deu um beijo na bochecha de Mary, que sorria cada vez que os lábios se encostavam às suas bochechas.

Ela adentrou pelo colégio, olhando para todos os cantos, admirada com a beleza de Shavely. Logan, Sophia, Helena e Tommy apressaram o passo para segui-la.

— Não estamos correndo risco, não é? — ela perguntou depois de segurar na mão de Logan.

Helena e Sophia exibiram um sorriso.

— É claro que não. — disse a loira — A vaca velha teve que sair e roubamos a chave do colégio na sala dela.

Mary soltou uma gargalhada tão alta que talvez todos os alunos tenham a ouvido.

— Espere aí, como é que vocês a chamam, vaca velha?

— Combina bem com a posição dela. — disse Tommy.

Mary assentiu e ainda existiam alguns respingos de risos em seu tom de voz.

— Ai, as crianças de hoje em dia têm uma imaginação tão fértil.

Eles se mantiveram em silêncio depois desse comentário. Alguns minutos depois e eles já haviam alcançado a sala de estar e Mary despejou o seu corpo elegante sobre o sofá.

Logan sentou ao seu lado, enquanto Helena, Tommy e Sophia ficaram em pé, olhando para eles.

— Nós iremos ver como o Mark está e deixaremos vocês conversarem em paz. — disse Helena — Qualquer coisa é só gritar que viremos aqui salvar vocês.

— Obrigada, querida. — disse Mary — Vocês foram uns amores me ajudando a entrar aqui.

Ela deu um sorriso amarelo e puxou Sophia e Tommy para fora da sala de estar, deixando Mary e Logan completamente a sós.

Mary colocou as mãos sobre os joelhos e parecia não saber o que falar. Mas Logan foi o primeiro a abrir a boca:

— Você realmente acredita que eu não tenho culpa de nada, não é?

Mary acariciou o rosto do garoto e o puxou para um grande e caloroso abraço. Como Logan precisava daquilo... de um abraço de uma pessoa que tinha o mesmo sangue que o dele correndo pelas veias. Mary era o seu único parente vivo e ele estava segurando a emoção para não deixar as lágrimas rolarem dos seus olhos.

Depois que eles se desvencilharam, Mary enxugou as lágrimas que já banharam seus olhos e acariciou o cabelo do sobrinho.

— Você é sangue do meu sangue e eu jamais te deixarei desamparado. Iremos enfrentar Janeth juntos e provaremos que você não é culpado de nada.

Logan se sentia completamente grato por a tia estar ao lado dele.

— Obrigado por estar comigo. Não sei o que seria de mim se você não...

Mas Mary impediu que ele continuasse falando e colocou a mão sobre a boca dele.

— Você tem uma família aqui agora. Amigos com os quais você realmente pode contar.

— A minha única família é você.

— Famílias não precisam ser compostas por pessoas do mesmo sangue. Existem vários tipos de famílias, Logan. A família que você construiu aqui é muito mais importante do que essa velha tia aqui.

Isso não era verdade. Logan podia não admitir, podia esconder isso dele mesmo, mas ele sabia que amava Mary. Ter amigos era completamente diferente de ter um pai, uma mãe, uma tia. Ele precisava muito de uma família de verdade.

— Todo dia eu ficava pensando se você não me enfiou aqui porque me odiava ou porque eu tinha essas crises de fúrias. Por dias eu fiquei pensando que você queria distância de mim, mas quando você me enviou aquelas coisas essa concepção começou a mudar.

Mary fitou o chão.

— Eu só estava pensando no melhor para você, meu querido. Talvez se você ficasse morando lá comigo, sempre vendo coisas relacionadas aos seus pais, faria com que você ficasse pior.

Mary não estava errada em achar que a casa dela lembrasse a Logan os seus pais. Havia vários porta-retratos dos seus pais e alguns objetos que ficaram na casa deles foram trazidos para a casa de Mary.

— Eu peguei um porta-retratos deles quando descobri que você ia me trazer para cá.

— Eu sei. Era a foto mais bonita deles.

Uma agonia começou a percorrer o peito de Logan e imagens dos seus pais começaram a assombrar a sua mente. Ele se lembrou do pai lhe buscando na escola quando levara a sua primeira suspensão e dando lições de moral no garoto no caminho, lembrou da sua mãe preparando o seu bolo preferido e dando uma tapinha na mão dele quando ele tentou pegar a cobertura do bolo com o dedo. E de repente, nada mais daquilo existia.

Um choro imensurável percorreu o garoto e ele abraçou Mary o mais forte que pôde. Agarrou a tia como se sua vida dependesse daquilo.

— Eu estou aqui com você. — ela dizia enquanto afagava o cabelo de Logan. — Não vou deixar nada de ruim lhe acontecer.

Logan respirou fundo e engoliu o choro.

— O que eu devo fazer agora?

Mary olhou para ele e sorriu.

— Nada. A vida se encarregará de fazer o que tiver que ser feito. Anote uma coisa, querido: Deus escreve certo por linhas tortas. A vida será justa com quem fizer por merecer e será perversa com quem plantou o mal.

Uma calma percorreu o corpo de Logan ao ouvir aquilo e ele teve a certeza de que no fim tudo acabaria bem. Ele tinha a tia ao lado dele e ele não precisava de mais nada.


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