Bleeding escrita por caiquedelbuono


Capítulo 13
Festa.


Notas iniciais do capítulo

Atenção: esse capítulo é especial!
Eu sei que essa fic não é uma songfic, mas mesmo assim eu coloquei trechos de uma música intercalados com a narração. Ao lerem o capítulo, vocês entenderão o porquê. õ/



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/173532/chapter/13

Apesar de todo o tumulto causado pelo suposto atentado à Ashley, os garotos terminaram de trajar suas fantasias e desceram as escadas até a entrada da cantina.

Logan e Sophia estavam trajando suas fantasias de vampiro: o menino escovara o cabelo para trás e passara maquiagem preta debaixo dos seus olhos, a dentadura que Helena havia arremessado em Tommy estava dentro da sua boca e ele usava uma roupa inteiramente preta envolta por uma capa ainda mais negra; já Sophia estava com o cabelo loiro completamente alisado e uma maquiagem que lhe deixava um aspecto sombrio, uma dentadura também estava presente e a capa que usava era vermelha.

Tommy estava trajando a fantasia de lobisomem, completamente calorenta e felpuda e ele já podia sentir o suor escorrendo pelo seu corpo todo. Com certeza, Helena havia separado a pior fantasia para ele.

Mark estava completamente envolto por ataduras brancas e ele era o mais nervoso entre o grupo de amigos, olhando nervosamente para todos os cantos. Talvez estivesse procurando por Ashley.

Helena estava mergulhada em sua fantasia de feiticeira: um chapéu negro e pontudo estava sobre a sua cabeça, seus cabelos ruivos estavam lindamente escovados, um vestido negro e repleto de babados preenchia o seu corpo e as unhas postiças e vermelhas destacavam a sua mão pálida.

Diante à porta da cantina estava o maior rebuliço de gente que Logan já vira na vida. Todos os alunos do internato, fantasiados de diferentes tipos de monstros e criaturas de Halloween, estavam em frente à porta, gritando e pedindo para que Janeth desinterditasse logo a entrada.

— Ainda vai demorar muito? — perguntou Tommy com a voz abafada por causa da enorme fantasia — Estou fritando aqui dentro.

Helena revirou os olhos.

— Será que você só sabe reclamar? Tem que agradecer e se sentir honrado por estar usando a fantasia que era do meu pai.

— Quem tem que agradecer é seu pai por não ter morrido derretido por debaixo dela. — Tommy disse tão baixo que Logan não teve certeza se Helena havia ouvido.

— Eu ouvi isso! — disse a feiticeira, arrumando o chapéu sobre a sua cabeça.

Mark se elevou na ponta do pé e esticou o pescoço.

— Algum de vocês viu a Ashley?

— Não se preocupe, Mark. — disse Sophia — Ela com certeza está no meio da multidão e quando a porta se abrir, você encontrará com ela na festa.

Mark assentiu e aparentou ficar mais calmo.

Depois de alguns minutos de espera, a porta finalmente se abriu com um clique e a multidão de alunos fantasiados, que estavam esperando ansiosamente do lado de fora, correu feito uma manada de bois para dentro da cantina.

Logan, Tommy, Helena, Sophia e Mark esperaram que a multidão de pessoas desesperadas entrasse no ambiente que ainda estava escuro e logo em seguida começaram a se aproximar da porta a passos largos.

O queixo de Logan caíra quando entrou na cantina e não reconhecia mais o lugar em que ele se encontrava. Todas as mesas haviam sido arrancadas e colocadas ao fundo da cantina. Sobre elas estavam pratos com os mais variados tipos de petiscos, desde canapés até taças com ponches. Garçons segurando bandejas perambulavam pelo salão inteiro e havia um espaço reservado para a pista de dança ao lado direito. Um palco havia sido montado do outro lado da cantina e Logan imaginou se haveria algum show especial naquela noite. A decoração da festa também estava esplêndida: flashes de luzes vermelhas e azuis se alternavam pelo salão todo e a música já estava tão alta que Logan podia sentir seu corpo tremer, nas paredes havia candelabros com velas e algumas miniaturas de fantasmas pendiam do teto, enquanto algumas abóboras devidamente enfeitadas estavam espalhadas por todo o canto da cantina.

— Está simplesmente divino! — exclamou Helena.

Tommy e Mark nem ao menos pararam para deixar algum comentário e logo se embrenharam em meio à multidão na pista de dança.

— Não vai ir dançar com eles, Helena? — perguntou Sophia, logo depois de olhar para Logan.

— Eu sei que os vampirinhos querem ficar sozinhos, mas será que vocês podem esperar pelo menos eu me acostumar com tudo isso?

Uma lâmpada pareceu se acender na cabeça de Sophia e ela piscou para Logan antes de voltar sua atenção novamente para Helena.

— Eu acho que você deveria aproveitar que a Ashley está sumida e ir atrás do Mark.

Helena olhou para ela indignada.

— Do que você está falando? Por que eu iria atrás daquele idiota em forma de múmia?

— Lembra o que você me contou no quarto depois que expulsou o Logan e o Tommy naquele dia? Acho que isso é motivo suficiente.

— Sophia! Você tinha prometido... — Helena olhou para todas aquelas pessoas dançando e o sermão que estava prestes a passar desapareceu completamente — Ah, quer saber? Que se dane. Vou é ir atrás daquele menino gostoso. Tchau.

E ao dizer isso, a menina ruiva mergulhou no meio da multidão e desapareceu da visão deles.

Sophia olhou para Logan e deu uma risada profunda. Ela estendeu a mão e ele a puxou para mais perto dele.

— Será que a minha vampira preferida está com sede?

Sophia colocou a mão no peito de Logan.

— Só se for de um grande e gelado copo de suco de sangue.

Ele segurou na mão dela e apontou para a mesa com os petiscos e os drinques.

— Então vem comigo.

Havia poucas pessoas em volta das mesas (entre as quais se podiam destacar os nerds e algumas das pessoas mais avantajadas), enquanto a maioria dos alunos estava dançando.

Logan procurou por uma taça de ponche e a entregou para Sophia.

— Você não vai beber nada? — ela perguntou depois de dar o primeiro gole.

— Não, ainda não estou com sede.

Logan ainda pensava em como se aproximar de Sophia. Todas as vezes em que eles quase se beijaram, fora ela quem havia tomado a iniciativa e dessa vez ele queria que fosse diferente. Ele sabia o quanto era importante para qualquer garota que o garoto tomasse a atitude de beijá-la. E com Sophia também deveria ser assim.

A cada gole que Sophia dava no ponche, ela mandava um sorriso para Logan e ele sabia muito bem o significado de cada um deles. Ele já percebera que Sophia sempre enviava mensagens através do seu olhar e dos seus sorrisos.

Logan respirou fundo e se aproximou de Sophia. Ela deixou o copo sobre a mesa e também começou a se aproximar dele. Mas qualquer toque ou aproximação maior entre ambos foi interrompido por uma voz rouca e familiar.

— Os vampirinhos estão se divertindo?

Logan olhou para trás e percebeu que a voz havia saído de Janeth. Ela estava com uma fantasia parecida com a de Helena, mas a da diretora com certeza não era uma fantasia de feiticeira.

— Vai nos infernizar até na festa? — perguntou Sophia.

Janeth a ignorou de imediato e procurou por algum petisco na mesa. Escolheu uma barca de siri repleta de patê de atum e a levou inteiramente à boca.

— Apenas queria saber se aprovaram a decoração e os petiscos.

Logan a olhou com desprezo.

— Parabenizo-lhe pela decoração. Está tudo muito bonito.

— Ainda bem que você pelo menos é capaz de reconhecer.

Logan fechou os olhos e contou mentalmente até o número três. Ele não iria se estressar com a diretora. Não ali, na festa e na frente de Sophia.

De repente, as luzes começaram a se direcionar para o palco que ainda estava vazio. A música cessou e todo mundo parou de dançar e desviou o olhar para as luzes que brilhavam ainda mais forte.

— Venham, garotos. — Janeth segurou na mão de Logan e Sophia e os puxou para a pista de dança — A surpresa que eu preparei vai começar.

Logan e Sophia se entreolharam, mas seguiram a diretora e se posicionaram entre o mar de pessoas que olhavam atônitos para o palco.

As luzes pararam num ponto fixo do palco e a figura de uma mulher apareceu. Ela era bastante alta e seus cabelos eram pretos e lisos. Várias tatuagens preenchiam o seu corpo e Logan quase soltou um grito quando se deu conta de quem era a identidade da mulher.

— É a Pitty! — gritou uma voz por entre a multidão.

Logan olhou para Janeth e ela estava exibindo um sorriso de satisfação. Ter contratado Pitty para cantar na festa seria a melhor coisa que ela poderia ter feito...

O coração de Logan já estava acelerado e quando ele olhou novamente para o palco, Pitty estava arrumando o microfone e se preparando para esbanjar toda a sua linda voz em um show que seria o mais perfeito de todos.

Mas antes de começar a cantar, Pitty pigarreou diante do microfone e todos olharam para ela.

— Boa noite, estudantes de Shavely! — a voz dela era tão maravilhosa quanto poderia ser nas músicas — É com enorme prazer que estou aqui para fazer com que essa festa seja inesquecível para vocês! Eu estou muito emocionada com o carinho de todos vocês e é com a maior satisfação que eu declaro: som na caixa!

Logan estava tão emocionado que ele mal conseguia falar. Ele sempre fora fã de Pitty, admirava suas músicas mais do que tudo e ele jamais poderia imaginar que algum dia ele poderia conhecê-la. Um de seus maiores sonhos estava se realizando e, por mais irônico que pudesse ser, era graças à Janeth.

Sophia estava ao lado dele e ainda estava um pouco hipnotizada com tudo aquilo. Pitty já havia começado a cantar a primeira música e aquela era a preferida de Logan.

Às vezes se eu me distraio, se eu não me vigio um instante, me transporto pra perto de você.

Logan olhou para os olhos de Sophia e permitiu que a música lhe controlasse. Permitiu que seus pulmões se enchessem de ar e se aproximou de Sophia. Deixou que suas mãos tocassem a dela e sentissem o tato macio da garota.

Já vi que não posso ficar tão solta, me vem logo aquele cheiro, que passa de você pra mim num fluxo perfeito.

O cheiro de Sophia estava percorrendo as narinas de Logan: um cheiro de flores do campo que deixava o cérebro dele entorpecido. Ele permitiu que seus músculos se afrouxassem e colocou seus braços em volta do pescoço de Sophia, que estava balançando levemente o corpo e sorrindo intensamente para ele.

E enquanto você conversa e me beija, ao mesmo tempo eu vejo as suas cores no seu olho tão de perto.

Os rostos de Logan e Sophia estavam quase colados e ele percebeu o quão verde e vibrante eram os olhos da garota. Eram invasivos e ao mesmo tempo acolhedores. Ele não precisaria de nada além de olhar profundamente naqueles olhos para se sentir completamente curado de todas as suas frustrações.

Me balanço devagar, como quando você me embala, o ritmo rola fácil, parece que foi ensaiado.

Sophia estava tão bonita naquela noite que Logan ficava perdido olhando para ela. Suas bocas estavam quase se encontrando e ele podia sentir a respiração dela ofegante. Ela deu o último sorriso antes de tocar aqueles lábios vermelhos e convidativos.

E eu acho que eu gosto mesmo de você, bem do jeito que você é.

Logan não podia acreditar que o beijo de Sophia poderia ser tão bom. A língua dela ia invadindo a boca dele e transferindo todo o gosto doce que emanava daquele beijo, que seria capaz de deixar seu cérebro entorpecido durante vários segundos. Logan não queria se desvencilhar de Sophia. Queria ficar ali para sempre, sentindo a energia calorosa que resplandecia do beijo da menina mais linda do mundo.

Eu vou equalizar você, numa frequência que só a gente sabe.

Quando Logan e Sophia se afastaram e ele olhou em volta, tudo estava diferente. Era como se uma aura mágica estivesse preenchendo os seus olhos. Aquele beijo ficaria guardado para sempre dentro da sua memória.

Eu te transformei nessa canção, pra poder te gravar em mim.

— Eu te amo, Logan. — Sophia apertou a mão do garoto.

Ele olhou para ela e teve a maior certeza de toda a sua vida: ele a amava mais que tudo. Ainda mais agora.

— Eu também te amo.



Aquele com certeza fora o melhor dia da vida de Logan. Além do fato de ter conhecido Pitty, a sua banda de rock preferida, ainda tinha dado um beijo em Sophia. O que mais poderia ser melhor que aquilo?

O show já havia terminado e havia bem menos pessoas na pista de dança. Vários alunos já haviam ido para seus dormitórios, descansarem seus pés nervosos de tanto dançar, e Logan e Sophia estavam em um canto do salão, curtindo um ao outro.

— Fazia muito tempo que você desejava isso? — perguntou Logan enquanto acariciava o cabelo dela.

— Desde quando eu te vi pela primeira vez completamente perdido. Você deve se lembrar como eu agarrei sua mão e quase não soltei mais.

Um sorriso preencheu os lábios de Logan e ele logo se lembrou do primeiro dia dele em Shavely. Ele tinha achado Sophia uma estranha, mas sua concepção logo mudou quando ele passou a conhecer melhor a garota.

— Eu lembro bem da sua mania de perseguição. — disse Logan.

Sophia riu.

— Eu não conseguia ficar sem te ver. Acho que senti amor à primeira vista por você.

Logan arrumou uma mexa do cabelo dela atrás da orelha.

— Você é linda. Não consigo parar de te olhar.

As bochechas de Sophia se avermelharam levemente, mas ela transportou as mãos aos cabelos de Logan e começou a enrolar alguns fios em seus próprios dedos.

— E você é um bobo.

— Adoro quando me chamam de bobo.

Logan se aproximou de Sophia e permitiu que suas bocas se encontrassem novamente. Aquele beijo o deixaria viciado e provavelmente ele não poderia ficar mais um dia sequer daqui para frente sem experimentá-lo. Era como se ele liberasse uma substância no corpo de Logan que o deixasse completamente arrepiado e alucinado.

A boca de Sophia era tão macia quanto a sua pele e tudo aquilo apenas confirmava o quanto ela era perfeita para ele. Logan lamentava-se por ter percebido tão tardiamente que ela era a garota que ele sempre sonhou.

— Você é tudo o que eu sempre quis. — ele disse depois que se afastaram e um segurou a mão do outro.

Sophia deu uma risadinha e fitou o chão.

— Você é especialista na matéria me deixar sem graça.

Logan colocou a mão sobre o queixo de Sophia e empurrou levemente a cabeça dela para cima a fim de seus olhos se encontrarem.

— Sophia, eu queria que você soubesse o quanto é especial para mim. — a voz de Logan estava falhando — Quando eu te conheci, pensei que não seríamos nada além de colegas de escola e aquela sua mania de aparecer do nada nos lugares me incomodava. Mas, depois eu fui percebendo o quanto você era companheira, conselheira e divertida e eu comecei a ver que o meu sentimento por você era diferente. Eu não sentia por você a mesma coisa que eu sentia pela Helena, por exemplo. Eu ainda não sabia o que era, mas ao longo do tempo eu fui notando que estava apaixonado por você.

— Logan, eu...

— Espere. Deixe-me terminar. Eu só quero que saiba que eu estarei para sempre ao seu lado e, acima de tudo, você pode sempre contar com a minha amizade.

— Eu sei disso, Logan. E faço minhas as suas palavras. Meu carinho por você é indescritível.

Ele respirou fundo pela última vez naquela noite e reuniu coragem para falar aquilo que estava entalado na sua garganta desde que ele a beijara pela primeira vez.

— Eu queria fazer um pedido para você. Sophia, você quer...

Mas as palavras de Logan foram interrompidas por um grito agudo e profundo. As poucas pessoas que ainda estavam dançando congelaram e se entreolharam nervosas.

O grito havia vindo do lado de fora e Logan teve a certeza de que já havia ouvido aquela voz fina e aguda. Ele segurou a mão de Sophia e a puxou com toda a sua força e eles começaram a correr até a porta da cantina.

Logan e Sophia se entreolharam antes de abrirem caminho e a mão da menina estava suada. Lá fora tudo estava escuro e parecia o mais calmo possível, mas Logan sabia que algo havia acontecido.

Eles saíram do salão de festa e começaram a percorrer todo o espaço livre que havia do lado de fora. Logan estava com as mãos na frente do corpo, tentando tatear qualquer coisa que pudesse estar na sua frente. Sophia havia ido do lado oposto e deu um grito quando seu pé topou com alguma coisa.

Logan correu até ela e percebeu que Sophia estava tremendo. Ela parecia não ter forças para abaixar-se e certificar-se do que os seus pés haviam tocado. Ou talvez ela apenas não quisesse fazer isso. O garoto fez um sinal para que ela desse alguns passos para trás e se agachou diante de uma coisa que ele desejou não ter visto jamais: o corpo de Ashley completamente sangrando e sem vida.

O peito da garota estava completamente aberto e poças de sangue a envolviam. Logan dessa vez não precisou tocar em nada e suas mãos não ficaram ensopadas daquele líquido viscoso. O coração de Ashley, assim como o de Brian, havia sido arrancado e o rosto dela estava travado em uma expressão de completo terror. Logan passou a mão nos olhos da garota e fechou-os.

— Ela está morta. — disse Logan, depois de se levantar e envolver Sophia, que já estava chorando, em um abraço — Morta exatamente do mesmo jeito que o Brian.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!