Intrusa escrita por Carola
_Estava caído no penhasco principal do monte Fibs. – Ele abaixou a cabeça e não disse mais nada. Tive a impressão de vê-lo suspirar tristemente.
_ Por que quer saber? – Ele permaneceu calado e de cabeça baixa. – Por que tem seu nome dentro dele? – Ele levantou a cabeça repentinamente:
_ Você viu?
_ Na verdade, a Lauren viu primeiro.
_ Ah! - Ele exclamou pesadamente.
_ Steph, o que está acontecendo? – Coloquei as mãos em seu rosto e o levantei. – Pode me dizer.
_ Não posso te dizer agora.
_ Por quê?
_ Simplesmente não posso. Na hora certa, eu te falo.
_ Tudo bem. – Lhe dei um beijo na testa. – Quer entrar?
_ Pode ser. - Entramos. – Quer beber algo?
_ Pode deixar, eu pego. – Subi para o quarto pra terminar de me arrumar.
_ Steph está lá em baixo Lau.
_ Ah, já vou descer.
Terminei de enrolar as pontas do cabelo que ainda faltavam, calcei os sapatos e desci.
_ Ta uma gata amiga! – Lauren disse com seu jeito extravagante.
_ Obrigada. – Dei uma risadinha sem graça.
Stephan me esperava na ponta da escada.
_ Você ta linda mesmo. – Ele disse, mas não olhava para meu rosto e sim para as feridas que eu tanto tentava esconder de Lauren.
_ Então vamos?
_ Vamos onde? – Stephan disse expressando toda ingenuidade que possuía.
_ Ué, não vai pra festa com a gente?
_ Aé, tem a festa do tal de Derick né? Eu nem to arrumado.
_ Quê que tem? Sua roupa ta ótima!
_ Ah não, vai na frente que eu encontro vocês lá.
Saímos de casa, Stephan foi andando para casa e nós entramos no carro e fomos para casa de Derick.
_ Você gosta dele né?
_ Acho que sim. – Eu estava bastante pensativa.
_ E por que vocês ainda não estão juntos?
_ Ah, eu preciso pensar em tudo, colocar a cabeça no lugar depois de uns negócios que aconteceram e ver se vai dar certo...
_Que besteira!
_ Fica na sua e vai dirigir.
Ficamos em silêncio.
_O quê que aconteceu? – Ela perguntou.
_ Não posso te contar por enquanto. – Coloquei a mão em cima da ferida do braço esquerdo.
_ Tem a ver com essas suas marcas?
_ Ahn, que marcas? – Gelei quando ouvi isso, eu jurava que ela não tivesse visto.
_ Não se faz de idiota Carol, eu já vi essas marcas que você tem por quase todo o corpo faz muito tempo!
Eu abaixei a cabeça e fiquei em silêncio.
_ O que aconteceu? Você sabe que pode confiar.
_ Depois eu te conto, vamos curtir hoje e deixar o resto pra depois.
_ Você quem sabe.
Quando chegamos em frente à casa de Derick, não havia nenhuma vaga.
_ Odeio isso, tudo tem placa de proibido estacionar, e onde pode tá lotado. – Lauren deu um soco no volante e a buzina tocou. Todos que estavam na rua olharam.
_ Olha o mico! Se controle Lauren Castle!
_ Ta bom! – Ela ainda estava irritada.
Finalmente depois de uns 10 minutos, ela encontrou uma vaga.
_ Aleluia!
_ Estaciona logo.
Logo que ela estacionou, eu abri a porta pra descer, mas ela segurou meu braço.
_ Ai Lauren, que saco, olha onde você ta pegando, isso dói! – Sentei de novo e fechei a porta.
_ Desculpa, me esqueci!
_ O quê que você quer?
_ Tem certeza que não quer me falar agora?
_ Absoluta. – Eu estava olhando fixamente para a ferida do braço onde Lauren pegou, latejava.
_ Foi um corte bem feio. – Lauren olhou de perto a ferida.
_ É, mas vamos deixar isso pra lá. – Abri a porta e sai do carro.
_ Vamos entrar logo?
_ Está com tanto pressa por quê?
_ Nada.
Quando chegamos na porta, alguns amigos que estavam com Derick avisaram que tínhamos chegado.
_ Ca, que bom que você veio! – Ele veio me abraçar, mas parou na metade do caminho. – Você ta irresistivelmente linda! – Ele pronunciou o elogio com mais empolgação que o resto das palavras.
_ Obrigada Der. – É eu o chamava de Der e era engraçado.
_ Vamos entrar meninas.
Derick nos levou para a área da piscina. Bem, Derick era um menino super lindo que estudava comigo desde o primário. Tinha cabelos pretos, olhos caramelo e a pela levemente bronzeada. Era muito lindo mesmo. Ele sempre gostou muito de mim e Lauren sabia disso, então ela resolveu dar uma desculpinha pra poder se retirar:
_ É, eu vou ali cumprimentar o resto do pessoal. – Ela não esperou que questionássemos e saiu andando rapidamente.
Ficamos em silêncio. Um silêncio constrangedor.
_ Mas então, quer beber algo? – Ele quebrou o silêncio.
_ Ah pode ser.
_ Vou lá pegar pra nós dois. - Ele saiu andando e eu fiquei lá.
Abri minha bolsinha de mão e procurei meu smartphone. Eu olhava as horas à cada 5 minutos e torcia para olhar para porta e ver Steph lá. Mas nada dele chegar. Derick voltou e entrou na minha frente, tampando completamente a visão da porta e bem na hora que Steph chegou, então eu não o vi ali.
_ Trouxe um drink pra você.
_ Obrigada Der. – Ele envolveu meus ombros com um braço e me guiou para uma mesa onde sentamos.
De onde Steph estava a cena parecia outra e ele acabou se aborrecendo. Lauren veio perto de mim e me chamou no canto.
_ Carol, o Steph chegou, te viu com o Derick e acho que ele não gostou muito não.
_ Ai meu Deus, você ta brincando.
_ Pior que não.
_ Distrai o Derick que eu vou lá resolver. – Saí correndo.
Derick levantou da cadeira e correu até Lauren.
_Derick, ela foi ao banheiro e já volta.
_ Ah, então ta. – Ele saiu pra pedir uma música ao DJ.
Comecei a ir em todos os lados da casa procurando Stephan mas não o encontrava. Eu já ia desistir pensando que ele tivesse ido embora, quando o vi sentado na grama, junto com Kate. Exatamente na hora que eu cheguei, pro meu azar, ela foi pra cima dele e o beijou.
Eu não sei bem o que eu fiz, por um lado fiquei muito triste, por outro com muita raiva. Andei em direçao aos dois, e cutuquei as costas de Steph. Ele virou assustado.
_ Carol, nao é o que parece, eu posso exp... – Interrompi sua fala com um tapa na cara.
_ To vendo como eu sou importante pra você. – Sai correndo pelo jardim e fugi pra rua.
Derick chegou com Lauren ao jardim, e perguntaram por mim.
_ Ela saiu correndo.
_ Mas por que?
_ Ela presenciou nosso super beijo. – Kate disse revirando os olhos.
_ Ai Kate, você me dá nojo. – Lau disse revirando os olhos também.
Minha amiga saiu para me procurar e impediu que qualquer outra pessoa a seguisse.
Eu carregava os sapatos na mão, e chorava. Eu nem sabia para onde estava indo. Estava tudo escuro. Parecia que alguém estava me seguindo. Olhei para trás e não havia ninguém.
A sensação de perseguição continuou. Olhei para trás novamente e nada.
Quando virei para frente para continuar minha caminhada, dei de cara com Stephan e logo atrás, Lauren.
_ Sai da minha frente. - Eu disse bastante furiosa.
_ Carol, me escuta, por favor.
_ Não! Sai da minha frente!
_ Carol, espera, escuta o que ele tem pra dizer. – Lauren me segurou pelos braços. É, doeu.
_ Que droga Lauren! Olha onde você pega! Já te disse! – Soltei o sapato que caiu no chão e passei as mãos nas feridas.
_ Ih Carol, desculpa, ainda não me acostumei com esses seus cortes misteriosos.
_ Carol, por favor, me escuta. – Steph quase implorou.
_ Então fala Stephan.
_ Lauren, pode nos dar licença? – Stephan perguntou.
_ Mas...
_ Por favor.
_ Ai, ta bom. – Ela saiu pisando duro e sumiu nas sombras.
_ Fala logo Stephan porque eu quero ir embora.
_ Eu sei que você não gostou do que viu.
_ Descobriu sozinho?
_ Para com a ignorância e me deixa falar!
Antes que eu pudesse responder, ele tampou minha boca.
_ Só me escuta.
Revirei os olhos.
_ Eu te vi com aquele garoto e pensei que vocês estivessem juntos
_ Ah, e ai saiu beijando a primeira vadia que viu na frente não é?
_ Me deixa falar droga! – Ele estava começando a ficar muito irritado.
_ Ai ta, fala logo! – Revirei os olhos.
_ Ah não Carol, não da pra conversar com você desse jeito. Depois eu te explico. – Ele saiu pisando duro.
Eu virei para trás e gritei antes que ele sumisse nas sombras:
_ Talvez eu seja ignorante porque tive um coração despedaçado ao ver o menino que eu amo beijando outra. Já parou pra pensar? – Não contive as lágrimas.
Ele parou de andar, mas não se virou. Estávamos a uns 5 metros de distância. Tudo permaneceu em um silêncio desagradável, até que ele virou de frente e então pude perceber como seus olhos brilhavam de tantas lágrimas que brotaram.
_ Eu não esperava ouvir isso. – Ele disse perplexo.
_ Ta vendo como você não é capaz de perceber as coisas mais óbvias ao seu redor? – Foi inevitável não chorar.
Ele abaixou a cabeça, chateado. Eu não tive a intenção de magoá-lo, mas eu estava machucada e eu queria que ele pudesse entender o quanto doía.
Stephan não disse mais nada. Virou de costas e saiu andando de cabeça baixa, me deixando sozinha naquele lugar completamente escuro.
Sai andando em meu caminho. Minha casa era a algumas quadras dali. A cada dia que passava menos eu entendia as coisas e sempre vinha adiando os assuntos, para não precisar lidar com histórias delicadas.
Quando eu estava na metade do caminho, Lauren passou de carro e buzinou:
_ Entra ai amiga!
Entrei no carro sem pensar duas vezes. Eu devia estar com uma cara horrível porque Lauren se assustou.
_ Ei, o que houve? – Ela arrancou o carro.
_ Ah, só estou chateada, não quero falar disso agora.
_ Tudo bem, mas acho que guardar tanta coisa pra você não é o melhor a se fazer.
Passamos o resto do caminho sem dizer uma palavra.
Lauren parou o carro em frente minha casa e disse:
_ Quer que eu fique aqui?
_ Não, pode deixar, preciso pensar um pouco.
_ Então, se precisar me liga. Tchau. – Ela arrancou o carro e desapareceu.
Entrei para casa e Pim veio logo me receber.
_ Ei garota, vem aqui. – A peguei no colo, tranquei a porta e subi para o meu quarto. Tudo que eu mais queria era deitar e pensar.
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